DEFINIDO UMA NOVA ECONOMIA
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Sustentabilidade e convivência digna nos biomas
e territórios
Há 20 anos, a Rio-92 marcou o início das atividades de ONGs e redes articuladas em torno da preservação,
recuperação e integração das populações dos grandes biomas brasileiros, e de territórios especiais, como
zona costeira e unidades de conservação. No inicio do século XXI, houve tentativas de se articular atores
da sociedade e de governos em torno de meso-regiões, além das iniciativas associadas à existência e
ao funcionamento de colegiados, como comitês de bacia hidrográfica e processos de Agenda 21 local
(municipal, estadual, de bairros, de cidades). Mais recentemente, a Plataforma Cidades Sustentáveis
e iniciativas como Nossa São Paulo e Nossa Brasília lidam com territórios urbanos e metropolitanos.
Isso sem falar em processos que não geram redes ou alianças mas abrem-se como oportunidades para
essas oferecerem suas perspectivas, como os de Planos Diretores Municipais Participativos, exigidos
pelo Estatuto da Cidade.
O termo “bioma” admite várias acepções. No sentido aqui empregado, refere-se simplesmente a um
espaço geográfico com certo grau de homogeneidade onde interagem o ambiente físico (incluindo
clima, solo), a flora e a fauna. Neste conceito, “zonas urbanas”, “metropolitanas” tanto quanto
“territórios” e/ou “áreas” e/ou “unidades de conservação” são enclaves inseridos nos biomas e por
eles sobredeterminadas.
O conceito de “convivência”, tal como vivenciado pelas redes, é um processo em plena construção.
Nesse sentido, as recomendações que constam neste documento basearam-se no valioso ativo de nada
menos de duas décadas de experiência prática. É utilizado ao mesmo tempo em que continua sendo
objeto de pesquisa técnico-científica, inclusive de conhecimentos tradicionais, e com forte dose de
experimentação. Baseiam-se também na convicção de que o conceito de convivência remete à busca
de um novo modelo de desenvolvimento e de que:
CAPÍTULOS TEMÁTICOS
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• A coexistência respeitosa só pode existir quando a preservação ambiental e o bem estar social são
tratados como inexoravelmente unidos e como o centro de políticas, e não só como foco de ações
de mitigação.
• Não existe uma única solução para tudo. Precisaremos de soluções específicas para cada região
e bioma, de acordo com demandas e necessidades específicas. Algumas serão de cunho político,
outras mais sócio-culturais e outras mais tecnológicas.
• A discussão sobre economia verde não pode ser vista como algo novo. Os fundamentos e objetivos da
sustentabilidade foram estabelecidos há muito tempo. O que precisamos é sabido e boa parte já está
acordada em instrumentos internacionais. O desafio é colocar a economia como um todo a serviço do
desenvolvimento sustentável, seja ela adjetivada como verde ou de qualquer outra forma.
• Existe o risco de que as discussões na Rio+20 fiquem na superfície, ou seja, debatendo a
implementação mas sem avançar em direção a decisões políticas essenciais para sua efetivação.
• A transição para a economia verde exige a garantia de um papel mais forte para a sociedade civil,
tanto em nível nacional como internacional.
Premissas da convivência sustentável
Segundo as lideranças das entidades participantes do debate, todos os biomas representados estão
ameaçados por pressões oriundas do padrão e modo de crescimento econômico adotados no País e
que estão colocando em risco a resiliência e a própria sobrevivência dos mesmos. Não custa reforçar
que estamos falando de uma pressão que é exercida tanto sobre áreas rurais como urbanas. E não
se trata apenas da dilapidação dos recursos ou do esgotamento da capacidade de recuperação da
natureza: o atual modelo de crescimento tem limites no próprio aspecto econômico-financeiro, como
as recorrentes crises estão demonstrando, e no aspecto social, onde a desigualdade permanece e se
amplia, apesar da crescente geração de riqueza apontada pelos tradicionais critérios de mensuração da
atividade econômica.