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DEFINIDO UMA NOVA ECONOMIA

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Empregos verdes, trabalho decente, produção e

consumo sustentável

Falar de empregos é estabelecer uma ponte tanto com a crise econômica que afeta Europa e Estados

Unidos, como com a falta de mão de obra no Brasil e a crescente inclusão de trabalhadores nas

emergentes economias de Índia e China. Se por um lado há consenso de que o crescimento econômico

não deve se dar às custas da dignidade do trabalhador e de sua inclusão no sistema produtivo, o que

se percebe, no atual modelo de desenvolvimento, é uma necessidade de investimentos do Produto

Interno Bruto de um país para que haja geração de postos de trabalho, por conta dos enormes avanços

em produtividade conquistados nas últimas décadas. Já em um novo modelo de crescimento, pautado

pela sustentabilidade e pelos princípios da economia verde, o desafio é promover uma transição que

não penalize a mão de obra empregada em setores que tendem a diminuir ou desaparecer, dentro

dessa nova forma de economia.

É com um olho no presente e outro no futuro que foram feitas proposições para a geração de empregos

verdes e trabalho decente. Elas se baseiam na constatação da relação entre pobreza e degradação

ambiental, apontada na Agenda 21, e buscam promover uma intersecção entre a agenda tradicional dos

sindicatos – crise econômica, financeira, de emprego – com a agenda ecológica, tendo como referência

os conceitos de economia verde, produção e consumo sustentáveis.

Princípios e propostas para uma economia verde

CAPÍTULOS TEMÁTICOS

23

A intersecção das agendas ecológica e laboral tem por ponto de partida os itens que devem aportar à

economia verde para que esta seja defendida pelos sindicatos:

• A economia verde deve estar baseada em direitos e respeitar o direitos laborais.

◦◦

As mulheres devem ser contempladas de forma particular, com a promoção de emprego para

trabalhadoras por meio de políticas antidiscriminação e pró-família, cota para mulheres em

empregos não-femininos.

◦◦

Em todo o mundo, são os jovens quem sobre as piores condições laborais. No Sul, a maior

parte dos jovens tem como expectativa um futuro difícil no setor informal. No Norte, a bolha

imobiliária e o resgate dos bancos deixaram um futuro negro para as novas gerações. Sua

inclusão na economia verde é fundamental para que esta seja justa.

◦◦

É necessário prever formação setorial em setores “verdes”e políticas orientadas para reduzir a

brecha salarial.

◦◦

Neste contexto, desafios futuros já devem ser contemplados, a saber: as condições mais

desfavoráveis de novos setores, em relação a indústrias mais maduras, pela ausência de

sindicatos organizados e a consequente ausência de acordos coletivos. A inclusão de cláusulas

ambientais dentro de acordos coletivos poderá ser um caminho rumo a novos padrões de

produção e consumo.

• A economia verde deve cumprir objetivos sociais: nesse contexto, nota-se que tornar a produção

mais limpa exige uma mudança de foco da produção de bens para a prestação de serviços, uma vez

que a satisfação das necessidades dos trabalhadores não exige a posse de um bem (um carro, por

exemplo), mas sim do benefício que ele oferece (transporte) – o que pode ser provido por outras

formas.

◦◦

Eliminar a prática da obsolescência programada em prol da conservação e manutenção dos

produtos também gera empregos no setor de serviços e reduz impactos ambientais da produção.

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