ARTIGO RESUMO A casca de coco verde é considerada um resíduo de complexa degradação, podendo ser também foco de proliferação de doenças. Com base nessa premissa e com a necessidade de se estudarem novas fontes renováveis de energia, a utilização de resíduos de casca de coco verde como fonte energética apresenta aspectos benéficos, desde que seja viável econômica e tecnicamente. Assim, este artigo visa avaliar o potencial energético da casca do coco verde por meio da produção de briquetes. Foram realizadas análises das características físico-químicas dos briquetes e da biomassa in natura. Como resultados, foram encontrados poder calorífico de 13,6 MJ/kg para biomassa in natura; já para os briquetes, com aglutinantes água e amido, os valores foram de 15,6 e 11,7 MJ/kg, respectivamente. O poder calorífico da biomassa in natura não resultou valores inferiores quando comparados com a literatura de referência, porém sua umidade e teor de cinzas se apresentaram bastante elevados. Para os briquetes produzidos, esses valores se reduzem e o poder calorífico é considerado alto e eficiente para fins de geração de calor. Dessa forma, verifica-se o potencial de utilização dos resíduos da casca como alternativa energética, além das vantagens socioeconômicas e ambientais. Palavras-chave: briquetes; biomassa; casca de coco verde; potencial energético. Hoje em dia, esse resíduo já é usado para algumas finalidades, como a produção de fibras vegetais, de substrato orgânico, de mantas para uso em aplicações arquitetônicas e de engenharia etc. Muitas empresas usam a casca de coco verde como cobertura morta de solo nos coqueirais. A casca do coco é composta de fibras muito rígidas, difíceis de decompor, por isso para a sua reutilização é preciso usar técnicas e equipamentos específicos. No estado do Ceará, pesquisadores da EMBRAPA Agroindústria Tropical desenvolveram um conjunto de equipamentos composto de um triturador, prensa e um classificador, conectados de forma contínua, para beneficiamento da casca de coco verde e obtenção de fibra e pó. Segundo Grapiúna (2012), 65% do coco corresponde à noz e seu conteúdo (albúmen sólido e água), enquanto os 35% restantes correspondem à parte fibrosa (casca). As fibras são compostas de hemicelulose, lignina e celulose. Esta última forma longas cadeias de alto grau de polimerização, que apresentam grande resistência mecânica. Assim, para seu aproveitamento, as opções incluem produção de objetos artesanais, confecção de lembranças, utilização da fibra em filtros naturais, produção de energia INTRODUÇÃO Atualmente, com o padrão de consumo da população, os produtos tendem a ser descartados antes do fim de seu ciclo de vida, sendo destinados aos lixões e aterros. Uma vez que a falta de reaproveitamento desses resíduos afeta a vida útil dos aterros, os estudos para reutilização de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) estão cada vez mais frequentes, buscando soluções inteligentes para um futuro sustentável. Os pesquisadores da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) acreditam que sejam descartados no Brasil cerca de sete milhões de toneladas de cascas de coco por ano. A casca do coco verde é considerada um resíduo de complexa degradação, podendo ser também foco de proliferação de doenças, causar mau cheiro, degradar a paisagem e colocar em risco o meio ambiente. Com isso, as cascas do coco verde, enquanto matérias-primas não utilizadas, apresentam custos e impactos para a sociedade e o meio ambiente, ao passo que o seu aproveitamento agrega valor ao resíduo e pode trazer benefícios para o meio como um todo. 44 www.REVISTABIOMAIS.com.br
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