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Jornal Paraná Janeiro 2021

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OPINIÃO<br />

Biogás: fator de redução<br />

da pegada de carbono do setor<br />

O potencial de geração é estimado em 82 milhões de metros cúbicos<br />

por dia, mais do que o dobro da capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia<br />

João Guilherme Sabino Ometto*<br />

Desde a década de 1970,<br />

o setor vem implementando<br />

contínuo movimento<br />

de diversificação,<br />

quando se intensificou a produção<br />

de etanol. Esse processo tem sido<br />

o principal fator para viabilizar seu<br />

crescimento e ferramenta de apoio<br />

à superação dos desafios de uma<br />

atividade competitiva, mas, permeada<br />

por distorções, como subsídios<br />

no Exterior, barreiras ao<br />

comércio e outros tipos de intervenção<br />

ao livre mercado.<br />

Na safra 2019/20, no Centro-Sul,<br />

65,7% da cana foram direcionados<br />

para etanol e 34,3% para açúcar. A<br />

flexibilidade passou a ser uma<br />

grande vantagem da indústria brasileira<br />

em relação aos concorrentes.<br />

Isso fica evidente este ano,<br />

quando a queda da demanda por<br />

combustíveis devida ao isolamento<br />

social está sendo superada por alteração<br />

do mix de produção, com<br />

queda significativa na proporção da<br />

cana destinada ao etanol.<br />

O seu mercado continua em expansão,<br />

nos planos doméstico e<br />

externo, à medida que aumentam<br />

a percepção e o reconhecimento<br />

de que é energia quase neutra em<br />

emissões de carbono, de alta densidade,<br />

escalável, replicável, sem<br />

barreira tecnológica e que gera<br />

renda e empregos de maneira descentralizada,<br />

agregando valor a<br />

matérias-primas de biomassa e<br />

estimulando a economia circular. O<br />

etanol é valorizado por ser fator<br />

fundamental de redução da poluição<br />

do ar, contribuindo para amenizar<br />

a morbidade e a mortalidade<br />

causadas por diversas doenças,<br />

incluindo a Covid-19.<br />

No contexto de sua diversificação,<br />

o setor também implementou a<br />

bioeletricidade gerada a partir do<br />

bagaço e da palha da cana. Tal<br />

aproveitamento foi alavancado pelo<br />

enorme esforço de mecanização<br />

da colheita e do plantio, que permitiu<br />

ao ramo sucroalcooleiro alcançar<br />

níveis de sustentabilidade incomparáveis<br />

em todo o mundo,<br />

com a capacitação de colaboradores<br />

para operar equipamentos sofisticados,<br />

que incluem mais computadores<br />

do que a espaçonave<br />

Apollo 11. A cogeração existente a<br />

partir de todas as fontes conta com<br />

18,5 gigawatts de capacidade instalada<br />

em operação comercial,<br />

sendo que a biomassa da cana representa<br />

62% desse total; com gás<br />

natural, 17%, e com licor negro,<br />

14%.<br />

A nova onda de diversificação concentra-se<br />

no desenvolvimento do<br />

potencial do biogás e do biometano.<br />

Sua versão purificada é comparável,<br />

em termos energéticos, ao<br />

gás natural fóssil, com a vantagem<br />

de ser renovável. O potencial de<br />

geração de biogás no Brasil é estimado<br />

em 82 milhões de metros<br />

cúbicos por dia (m3/d), mais do<br />

que o dobro da capacidade do gasoduto<br />

Brasil-Bolívia. Desse total,<br />

56 milhões de m3/d representam<br />

volume a ser gerado pelo setor sucroenergético;<br />

20 milhões, pelo<br />

aproveitamento de resíduos agroindustriais;<br />

e seis milhões, do lixo<br />

urbano. Tal volume equivale a 115<br />

mil GWh por ano, ou 24% da demanda<br />

total de energia elétrica,<br />

44% da relativa ao diesel e 73% do<br />

gás natural fóssil consumido no<br />

País.<br />

Com pequena parcela desse potencial,<br />

o setor poderá tornar-se independente<br />

do uso de diesel em<br />

operações agrícolas, visto que já<br />

há fabricantes de veículos e colhedoras<br />

oferecendo equipamentos<br />

capazes de utilizar esse combustível.<br />

Uma carreta, quando abastecida<br />

com gás gerado por resíduos<br />

agrícolas, reduz em 85% a emissão<br />

de dióxido de carbono (CO 2 )<br />

em relação ao óleo diesel. No trator,<br />

a economia é de 40% no consumo<br />

e diminuição de 50% nos ruídos e<br />

vibrações. Nos dois casos, já temos<br />

protótipos sendo utilizados,<br />

segundo dados da Associação<br />

Brasileira do Biogás.<br />

O Plano Decenal de Expansão de<br />

Energia prevê que, em 2029, a<br />

oferta energética interna para movimentar<br />

a economia será de 380<br />

milhões TEP (milhões de toneladas<br />

equivalentes de petróleo), representando<br />

crescimento de 2,9% ao<br />

ano. As fontes renováveis podem<br />

chegar à participação de 48% do<br />

total. Isso manteria o Brasil em<br />

conformidade com o compromisso<br />

firmado no Acordo de Paris,<br />

de reduzir a emissão de carbono e<br />

promover maior participação de<br />

renováveis na matriz energética.<br />

Tal avanço é viável, considerando<br />

as potencialidades do biogás, como,<br />

por exemplo, ser renovável,<br />

armazenável, aplicável para gerar<br />

energia elétrica ou como combustível<br />

e com possibilidade de produção<br />

regional descentralizada. Também<br />

contribui para o êxito da meta,<br />

o Renovabio, que incentiva a descarbonização,<br />

permite a concessão<br />

de certificação de biocombustíveis<br />

que demonstre a redução<br />

de gases de efeito-estufa e a comercialização<br />

de créditos de carbono.<br />

Em paralelo às iniciativas do setor,<br />

há programas importantes de outros<br />

segmentos, como a Frente<br />

Brasil de Recuperação Energética<br />

de Resíduos, lançada por Abetre,<br />

ABCP, Abiogás e Abrelpe. Estimase<br />

existir potencial de se produzirem<br />

3% do consumo nacional de<br />

eletricidade a partir de gases gerados<br />

nos aterros sanitários de destinação<br />

do lixo.<br />

A pegada de CO 2 do etanol de cana<br />

produzido no Brasil, que já é a mais<br />

baixa do mundo, deverá ser cada<br />

vez mais otimizada, indo na direção<br />

da emissão negativa, quando<br />

for computada a incorporação de<br />

carbono no solo, uma realidade<br />

constatada há décadas, mas ainda<br />

não incluída no cálculo. No contexto<br />

de alterações da matriz energética<br />

e da mobilidade produtiva<br />

relacionada ao álcool, à bioeletricidade<br />

e ao uso do biogás e do biometano,<br />

a contínua diversificação<br />

do setor coloca-o na vanguarda da<br />

sustentabilidade e das exigências<br />

relacionadas ao meio ambiente e à<br />

saúde.<br />

*João Guilherme Sabino Ometto<br />

é engenheiro, empresário do<br />

setor agrícola e membro da Academia<br />

Nacional de Agricultura.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SETOR SUCROALCOOLEIRO<br />

Temor inicial de perdas se<br />

transforma em bons resultados<br />

Produção e preços foram bons e até a contratação de trabalhadores teve saldo positivo<br />

Osetor sucroenergético<br />

tinha tudo para<br />

ficar preocupado no<br />

início de safra, em<br />

abril de 2020, quando a pandemia<br />

provocada pela Covid-<br />

19 mostrava toda a sua força.<br />

O isolamento confinou as pessoas<br />

em casa e reduziu drasticamente<br />

o movimento nas<br />

ruas. Com isso, o consumo de<br />

etanol, um dos principais produtos<br />

do setor, despencou,<br />

conforme reportagem da Folha<br />

de São Paulo.<br />

“Foi um susto para todo mundo,<br />

tanto em termos de saúde<br />

como de consumo, no nosso<br />

caso, de etanol. Mas, gradativamente,<br />

retomamos o consumo<br />

do biocombustível e a<br />

recuperação do preço do açúcar<br />

compensou as perdas fazendo<br />

com que as usinas<br />

paranaenses destinassem um<br />

volume de matéria prima ainda<br />

maior do que o esperado inicialmente<br />

para a produção de<br />

açúcar”, afirma Miguel Tranin ,<br />

presidente da Alcopar. Situação<br />

semelhante ocorreu na região<br />

Centro-Sul.<br />

Por conta disso, analisando os<br />

números do final de ano, vê-se<br />

que o setor acabou sendo um<br />

dos menos prejudicados e a<br />

safra, positiva em todos os aspectos,<br />

desde o resultado da<br />

produção de açúcar e de álcool,<br />

como a geração de energia<br />

e a venda CBios (certificados<br />

de crédito de descarbonização<br />

emitidos pelas produtoras<br />

de etanol).<br />

O saldo líquido de empregos<br />

foi de 34 mil trabalhadores na<br />

região centro-sul, e a moagem<br />

de cana deverá atingir 605 mil<br />

toneladas. A produção de açúcar<br />

subiu para 38,4 milhões de<br />

toneladas e a de etanol será de<br />

30,4 bilhões de litros. O ATR<br />

(Açúcar Total Recuperável),<br />

que é a aferição da qualidade e<br />

do rendimento da cana, subiu<br />

para 144,7 quilos por tonelada<br />

Preço do açúcar compensa perdas e usinas destinam maior<br />

volume de matéria prima para produção da commodity<br />

de cana, o maior patamar desde<br />

a safra 2008/09.<br />

As exportações de açúcar dispararam,<br />

os preços melhoraram<br />

e o consumo interno subiu<br />

próximo de 10%. Confinadas<br />

em casa, as pessoas utilizaram<br />

mais açúcar do que nos anos<br />

anteriores. Já os preços do<br />

etanol não foram tão ruins<br />

como se imaginava. Seguiram<br />

os patamares de 2019.<br />

Mas quem optou pelo açúcar<br />

teve uma remuneração 22%<br />

superior à do etanol, aponta reportagem<br />

da Folha de São<br />

Paulo.<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


A safra da pandemia acabou<br />

não afetando tanto o setor sucroenergético<br />

como ocorreu<br />

com outros, afirma Antonio<br />

Padua Rodrigues, diretor técnico<br />

da Unica (União da Indústria<br />

de Cana-de-Açúcar). A<br />

mobilidade não voltou ao normal,<br />

mas há expectativas de<br />

que isso ocorra até o final da<br />

safra, que termina em março.<br />

“Podemos dizer que tivemos<br />

um ano relativamente bom,<br />

apesar da estiagem que reduziu<br />

a produtividade nesta safra<br />

e pode afetar a próxima também”,<br />

complementa Tranin.<br />

Analistas apontam que a safra<br />

<strong>2021</strong>/22, que se inicia em abril<br />

de <strong>2021</strong>, poderá não ter as<br />

mesmas características da<br />

atual. A oferta de cana pode<br />

ser menor, e a qualidade da<br />

matéria-prima não deverá atingir<br />

os patamares deste ano. A<br />

seca afetou o desenvolvimento<br />

da cana, o que deverá reduzir<br />

a oferta da matéria-prima no<br />

Centro-Sul. Além disso, a aceleração<br />

dos preços dos grãos,<br />

principalmente os da soja e os<br />

do milho, vão ter efeito sobre a<br />

área de cana em toda região.<br />

“Este é um fator que deve<br />

pressionar principalmente as<br />

usinas localizadas em regiões<br />

de terras mais férteis, onde a<br />

concorrência com as lavouras<br />

de soja e milho é forte, o que<br />

nos preocupa”, afirma Tranin.<br />

Para a próxima safra, estimativas<br />

feitas pela Unica apontam<br />

para uma produção 4% menor,<br />

com moagem total de 575 milhões<br />

de toneladas. No etanol,<br />

a queda deve ser de 5,2%, de<br />

27 bilhões deste ciclo para<br />

25,6 bilhões no próximo. Já o<br />

açúcar deve sofrer retração de<br />

10%, dos atuais 38,2 para<br />

34,2 milhões de toneladas. A<br />

seca prolongada e os efeitos<br />

do La Niña são os principais<br />

fatores que explicam estas<br />

projeções aponta o professor<br />

doutor Marcos Fava Neves.<br />

A boa notícia é que parte da<br />

produção de açúcar do próximo<br />

ano já foi comercializada<br />

a preços remunerativos. Segundo<br />

reportagem da Reuters,<br />

as usinas brasileiras, até<br />

o final da segunda semana do<br />

ano, já fixaram preços de açúcar<br />

da safra <strong>2021</strong>/22 em um<br />

volume de 17,25 milhões de<br />

toneladas, ou um patamar histórico<br />

de 69% de uma exportação<br />

projetada em 25 milhões<br />

de toneladas, dados da Archer<br />

Consulting.<br />

O percentual de fixações antecipadas<br />

da safra é recorde para<br />

esta época. No mesmo período,<br />

para a safra anterior<br />

(2020/21), o percentual de fixação<br />

havia atingido 29%. O<br />

valor médio da fixação é de<br />

1,589 reais por tonelada (FOB<br />

Santos, equivalentes a 0,6920<br />

real por libra-peso, ambas já<br />

incluindo o prêmio de polarização).<br />

Também, em vigor desde<br />

2020, a Política Nacional de<br />

Biocombustíveis teve meta de<br />

descarbonização reduzida pela<br />

metade em seu primeiro ano,<br />

passando de 28,7 milhões de<br />

créditos de descarbonização<br />

(CBios) para 15 milhões de toneladas,<br />

além da demora na<br />

emissão de CBios e o impasse<br />

com distribuidoras.<br />

"Foi um ano de aprendizado<br />

para todos os agentes: produtores,<br />

certificadores, distribuidores<br />

e ANP. Mas o RenovaBio<br />

já está em pleno funcionamento.<br />

A pandemia levou o governo<br />

a rever as metas deste<br />

ano, reduzindo-as a 50% das<br />

metas iniciais, o que foi feito<br />

mediante ampla consulta pública,<br />

aberta a todos os agentes<br />

da cadeia", afirma Eduardo<br />

Leão, diretor executivo da<br />

Unica.<br />

“Apesar de todos os contratempos,<br />

tivemos um bom volume<br />

de CBios comercializados,<br />

o que mostra que as energias<br />

alternativas e ecologicamente<br />

corretas têm tomado<br />

conta da pauta energética”, comenta<br />

Tranin.<br />

Valores pagos pelo etanol não<br />

foram tão ruins como se temia<br />

Das 270 usinas de etanol do<br />

Centro-Sul, em que se inserem<br />

grandes regiões sucroenergéticas<br />

como Ribeirão Preto<br />

(SP), 209 obtiveram autorização<br />

para emitir CBIOs, documentos<br />

que atestam a redução<br />

na emissão de carbono e que<br />

já somam R$ 685 milhões em<br />

títulos negociáveis na Bolsa de<br />

Valores.<br />

"Sem dúvida é o maior programa<br />

de descarbonização da<br />

matriz de transportes do mundo,<br />

não tem nada igual com<br />

esse nível de ambição", diz<br />

Leão.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


SETOR SUCROALCOOLEIRO<br />

Perspectiva para <strong>2021</strong> é positiva<br />

“No <strong>Paraná</strong>, vamos ter um ano semelhante em termos de ganhos<br />

econômicos e resultados agronômicos”, diz Miguel Tranin<br />

Ocenário para o setor<br />

sucroenergético em<br />

<strong>2021</strong> deve ser bastante<br />

semelhante a do<br />

ano anterior na avaliação do<br />

presidente da Alcopar, Miguel<br />

Tranin. “No <strong>Paraná</strong>, vamos ter<br />

um ano semelhante em termos<br />

de ganhos econômicos e resultados<br />

agronômicos”, diz. Apesar<br />

da seca severa que castigou<br />

as lavouras do Centro-<br />

Sul, e do temor inicial de que a<br />

colheita só iniciaria em abril no<br />

<strong>Paraná</strong>, por falta de matéria<br />

prima para a tradicional retomada<br />

da colheita mais cedo,<br />

Tranin comenta que já em março<br />

deve ter usinas paranaenses<br />

moendo cana. “As chuvas que<br />

vêm ocorrendo têm recuperado<br />

e potencializado o desenvolvimento<br />

das lavouras e como as<br />

empresas fizeram a sua parte<br />

investindo na renovação dos<br />

canaviais, devemos ter cana<br />

para iniciar a safra mais cedo”,<br />

diz.<br />

A Moody's afirma que o cenário<br />

de açúcar e etanol na América<br />

Latina em <strong>2021</strong> deve ser positivo,<br />

segundo reportagem da<br />

Broadcast. A Moody's cita o<br />

provável aumento de produção<br />

do adoçante na região enquanto<br />

outros países produtores<br />

têm quebra de safra, preços<br />

domésticos mais altos -<br />

tanto do açúcar quanto do etanol<br />

- e um avanço de mais de<br />

9% do Ebitda das empresas do<br />

setor na temporada 2020/ 21.<br />

A produção de açúcar da região<br />

vai subir para mais de 40<br />

milhões de toneladas, avanço<br />

anual de mais de 35%, destaca<br />

a agência. No entanto, "a produção<br />

modesta na Tailândia<br />

torna um superávit menos provável<br />

em 2020/21, embora a<br />

recuperação da produção indiana<br />

aumente o risco para<br />

<strong>2021</strong>/22 e 2022/23", diz o relatório.<br />

Portanto, a maior produção<br />

não deve ter efeito negativo<br />

nos preços.<br />

Na próxima safra, a Moody's<br />

lembra também que o Açúcar<br />

Total Recuperável (ATR) no Brasil<br />

deve cair, o que levaria a uma<br />

menor produção do País. Para<br />

evitar o risco de queda de preços<br />

na próxima safra, a agência<br />

diz que deve haver fixações expressivas.<br />

Os preços para março<br />

de <strong>2021</strong>, 2022 e 2023 estão<br />

em R$ 1.662/tonelada, mais de<br />

7% acima do preço médio do<br />

spot em 2020/21 e 30% a mais<br />

do que em 2019/20, de acordo<br />

com a agência.<br />

Em relação ao etanol, a expectativa<br />

da Moody's é de valorização<br />

de 2,4% em 2020/21.<br />

Embora o preço do petróleo<br />

deva cair - o que costuma<br />

pressionar o biocombustível - e<br />

a demanda esteja baixa em decorrência<br />

da pandemia da<br />

covid-19, a produção brasileira<br />

de etanol deve cair nesta temporada,<br />

já que usinas têm adotado<br />

um mix mais açucareiro<br />

para aproveitar os preços favoráveis<br />

do adoçante.<br />

"O mercado retornou ao equilíbrio<br />

com uma queda de 4 bilhões<br />

de litros na produção de<br />

2020/21", diz a agência. Para<br />

as próximas safras, a expectativa<br />

é de que o etanol aumente<br />

sua participação no mix sucroenergético,<br />

impulsionado pela<br />

recuperação da demanda, pelos<br />

preços do petróleo e pelo<br />

RenovaBio.<br />

Já a maior trading de açúcar do<br />

mundo, a Alvean, joint venture<br />

entre Cargill e Copersucar, projeta<br />

déficit de dois anos da<br />

commodity no mercado global,<br />

o cenário mais “construtivo”<br />

desde 2016 e calcula que a<br />

produção de açúcar ficará<br />

abaixo da demanda em 5 milhões<br />

de toneladas nesta safra.<br />

Esse déficit será seguido por<br />

outro de 6 milhões de toneladas<br />

em <strong>2021</strong>/22.<br />

“A Tailândia enfrenta uma safra<br />

ruim, a produção da Europa diminuiu<br />

e o Brasil deve produzir<br />

menos açúcar depois que a seca<br />

no ano passado prejudicou<br />

o desenvolvimento da cana”,<br />

justifica. Com todos esses fatores,<br />

o mundo dependerá do<br />

açúcar da Índia, onde a produção<br />

está crescendo, embora o<br />

subsídio às exportações aprovado<br />

em dezembro pelo governo<br />

tenha sido menor do que<br />

o esperado pelas tradings.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA<br />

Moagem no Centro-Sul atinge<br />

597,36 milhões de toneladas<br />

No <strong>Paraná</strong>, no acumulado da safra, foram 32,254 milhões de toneladas,<br />

2,9% a menos que o registrado no mesmo período do ano safra 2019/20<br />

Amoagem acumulada<br />

desde o início da safra<br />

2020/<strong>2021</strong> até 1 de<br />

janeiro de <strong>2021</strong> somou<br />

597,36 milhões de toneladas<br />

no Centro-Sul do País -<br />

crescimento de 3,16% no<br />

comparativo com o mesmo<br />

período do último ciclo agrícola.<br />

A produção acumulada de açúcar<br />

no mesmo período atingiu<br />

38,20 milhões de toneladas,<br />

com crescimento de 44,22%<br />

no comparativo com o mesmo<br />

período da safra passada. A<br />

produção de etanol até 1 de janeiro<br />

de <strong>2021</strong>, por sua vez,<br />

atingiu 9,59 bilhão de litros de<br />

etanol anidro (-2,70%) e 19,71<br />

bilhão de litros de etanol hidratado<br />

(-11,60%).<br />

Especificamente na segunda<br />

quinzena de dezembro, a produção<br />

de etanol hidratado foi<br />

25,94% superior a quantidade<br />

observada no mesmo período<br />

no ciclo 2019/20. Esse aumento<br />

se deve, majoritariamente,<br />

ao biocombustível produzido a<br />

partir do milho, que totalizou<br />

88,67 milhões de litros na segunda<br />

metade do mês.<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra 2020/21 até 1 de janeiro<br />

de <strong>2021</strong>, foram produzidos<br />

1,35 bilhão de litros de<br />

etanol de milho, com aumento<br />

de 82,72% em relação ao ciclo<br />

agrícola 2019/20.<br />

Na segunda quinzena de dezembro,<br />

7 empresas encerraram<br />

a moagem. No acumulado<br />

desde o início da safra até 1 de<br />

janeiro de <strong>2021</strong>, já são 258<br />

unidades com safra 2020/21<br />

encerrada, ante 257 verificadas<br />

na mesma data de 2020. Em<br />

janeiro de <strong>2021</strong>, 10 unidades<br />

devem seguir produzindo, sendo<br />

5 exclusivas de etanol de<br />

milho, 3 processando cana-deaçúcar<br />

e 2 unidades flexíveis<br />

que utilizam milho e cana-deaçúcar<br />

como matéria-prima.<br />

No <strong>Paraná</strong>, onde todas as usinas<br />

paralisaram suas atividades<br />

em meados de dezembro, a<br />

moagem de cana realizada pelas<br />

unidades produtoras no Estado,<br />

no acumulado da safra,<br />

somou 32,254 milhões de toneladas.<br />

Comparando com as<br />

33,212 milhões de toneladas registradas<br />

no mesmo período do<br />

ano safra 2019/20, houve uma<br />

redução de 2,9%. Isso resultou<br />

em 2,514 milhões de toneladas<br />

de açúcar e 1,136 bilhão de litros<br />

de etanol, sendo 505,8 milhões<br />

de litros de anidro e 630,1<br />

milhões de litros de hidratado.<br />

Região esmaga 3,16% a mais do que no mesmo período da safra passada<br />

A quantidade de Açúcares Totais<br />

Recuperáveis (ATR) por<br />

tonelada de cana, também no<br />

acumulado da safra 2020/21<br />

ficou 0,6% abaixo do valor observado<br />

na safra 2019/20, totalizando<br />

142,20 kg de ATR/t<br />

de cana, contra 142,99 kg<br />

ATR observados na safra passada.<br />

O volume de etanol comercializado<br />

no Centro-Sul na última<br />

quinzena de 2020 somou 1,5<br />

bilhão de litros, com retração<br />

de -0,86% em relação ao mesmo<br />

período de 2019. Desse<br />

total, as exportações representam<br />

158,57 milhões de litros<br />

(+60,79%) e 1,35 bilhão de litros<br />

(-5,14%) foram negociados<br />

pelas empresas do<br />

Centro-sul no território nacional.<br />

No acumulado desde abril até<br />

o final de 2020, a quantidade<br />

de etanol vendida alcançou<br />

23,31 bilhão de litros do biocombustível,<br />

que representa<br />

uma queda de 10,35% no<br />

comparativo com o ciclo agrícola<br />

2019/2020.<br />

A trajetória crescente de comercialização<br />

de etanol anidro<br />

se manteve na 2ª quinzena de<br />

dezembro, quando foi registrado<br />

aumento de 0,68%, com<br />

483,896 milhões de litros vendidos<br />

em 2020 ante 480,61<br />

milhões de litros comercializados<br />

no final de dezembro de<br />

2019. No acumulado da safra<br />

2020/21, as vendas de etanol<br />

anidro acumulam queda de<br />

2,47%, com 7,62 bilhão de litros<br />

comercializados.<br />

O volume de etanol hidratado<br />

entregue pelas unidades produtoras<br />

do Centro-Sul ao logo<br />

2020 apresentou variações negativas<br />

em todos os meses do<br />

ano. Na última quinzena de dezembro<br />

de 2020, a retração foi<br />

de 1,57% e o volume comercializado<br />

atingiu 1,02 bilhão de<br />

litros. No acumulado desde o<br />

início da safra 2020/21 até 1<br />

de janeiro de <strong>2021</strong>, a queda<br />

nas vendas de etanol hidratado<br />

alcança 13,73%, totalizando<br />

15,70 bilhão de litros vendidos<br />

no último ano.<br />

A despeito da performance negativa<br />

do etanol carburante, o<br />

biocombustível destinado a<br />

outros fins acumula alta de<br />

31,79% no volume comercializado<br />

até 1 de janeiro de <strong>2021</strong>.<br />

Ao todo foram comercializados<br />

994,43 milhões de litros desde<br />

o início da safra 2020/21. “Os<br />

dados da safra 2020/21, observados<br />

até o momento,<br />

estão dentro da nossa expectativa”,<br />

acrescenta o diretor<br />

técnico da UNICA, Antonio de<br />

Padua Rodrigues.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


USINA<br />

Santa Terezinha inova no<br />

Recrutamento e Seleção<br />

A atualização do processo é<br />

realizada em parceria com a<br />

Gupy, uma plataforma de<br />

inteligência artificial<br />

AUsina Santa Terezinha,<br />

alinhada ao<br />

movimento de transformação<br />

digital dos<br />

processos seletivos, conta<br />

agora com uma nova plataforma<br />

para preenchimento das<br />

vagas de emprego: a Gupy,<br />

pioneira em inteligência artificial<br />

para Recrutamento e Seleção<br />

no Brasil.<br />

Dessa forma, os processos<br />

seletivos ganham agilidade,<br />

maior assertividade e transparência.<br />

Agora, os interessados<br />

em fazer parte do time de funcionários<br />

UST poderão se candidatar<br />

por meio da plataforma<br />

Gupy, a qual garante simplicidade<br />

e praticidade durante as<br />

etapas de candidatura.<br />

A novidade permite que o processo<br />

seletivo seja grande<br />

parte online, tornando a plataforma<br />

mais robusta para um<br />

departamento estratégico de<br />

Recursos Humanos. Os gestores<br />

poderão acompanhar os<br />

processos seletivos das suas<br />

vagas, participando ativamente<br />

junto ao RH. Os candidatos recebem<br />

retornos em todas as<br />

etapas, garantindo uma interação<br />

muito mais próxima.<br />

Você pode cadastrar o seu currículo,<br />

acessando: https://usinasantaterezinha.gupy.io/<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

A maior trading de açúcar do<br />

mundo projeta déficit de dois<br />

anos da commodity no mercado<br />

global, o cenário mais<br />

“construtivo” desde 2016.<br />

A Alvean, joint venture entre<br />

Cargill e Copersucar, calcula<br />

que a produção de açúcar ficará<br />

abaixo da demanda em 5<br />

Açúcar<br />

Sem tarifa<br />

milhões de toneladas nesta<br />

safra. Esse déficit será seguido<br />

por outro de 6 milhões de toneladas<br />

em <strong>2021</strong>/22. A Tailândia<br />

enfrenta uma safra ruim, a<br />

produção da Europa diminuiu<br />

e o Brasil deve produzir menos<br />

açúcar depois que a seca no<br />

ano passado prejudicou o desenvolvimento<br />

da cana. Com<br />

todos esses fatores, o mundo<br />

dependerá do açúcar da Índia,<br />

onde a produção está crescendo,<br />

embora o subsídio às<br />

exportações aprovado em dezembro<br />

pelo governo tenha<br />

sido menor do que o esperado<br />

pelas tradings.<br />

Exportação<br />

O Brasil exportou, em 2020,<br />

62,64% mais açúcar e melaço<br />

e obteve uma receita<br />

64,51% maior que a de 2019.<br />

A soma dos dados de dezembro,<br />

divulgados pela Secretaria<br />

de Comércio Exterior<br />

(Secex), com as informações<br />

consolidadas no Agrostat até<br />

novembro mostram que, no<br />

ano passado, o País exportou<br />

31 milhões de toneladas, com<br />

receita de US$ 8,831 bilhões.<br />

Em 2019, foram 19,063 milhões<br />

de toneladas embarcadas,<br />

e a receita totalizou US$<br />

5,368 bilhões. A depreciação<br />

da moeda brasileira e a quebra<br />

de safra em produtores<br />

importantes, como Tailândia e<br />

União Europeia, foram fatores<br />

que impulsionaram a demanda<br />

pelo açúcar brasileiro.<br />

Além disso, como o mix do<br />

Centro-Sul do País foi mais<br />

açucareiro nesta safra, em decorrência<br />

dos preços baixos<br />

do etanol, o Brasil teve um<br />

maior volume do alimento disponível<br />

para embarques.<br />

O governo do Reino Unido<br />

anunciou a criação de uma<br />

cota sem tarifa para importação<br />

de 260 mil toneladas de<br />

açúcar bruto de cana, disse a<br />

Unica, ressaltando que a medida<br />

pode favorecer o Brasil<br />

enquanto fornecedor. A cota<br />

amplia o acesso a um mercado<br />

que era suprido majoritariamente<br />

pelo produto da União<br />

Europeia e foi precedida de<br />

uma consulta pública da qual o<br />

setor produtivo brasileiro participou.<br />

A cota entrou em vigor<br />

dia 1º de janeiro, com duração<br />

de 12 meses. A tarifa aplicada<br />

ao açúcar importado pelo<br />

Reino Unido era a mesma da<br />

União Europeia, de 339 euros<br />

por tonelada. No acumulado<br />

do ano até outubro, o Brasil exportou<br />

186 mil toneladas do<br />

adoçante aos britânicos, volume<br />

que representa mais que<br />

o dobro do total embarcado<br />

em 2019, de 79 mil toneladas.<br />

A Petrobras assinou o contrato<br />

de venda de 50% da<br />

BSBios Indústria e Comércio<br />

de Biodiesel Sul Brasil com a<br />

RP Participações em Biocombustíveis,<br />

no valor de R$<br />

322 milhões. A BSBios é proprietária<br />

de duas usinas de<br />

biodiesel: uma em Passo<br />

Fundo (RS), com capacidade<br />

de produção de 414 mil<br />

BSBios<br />

m³/ano, capacidade de esmagamento<br />

de 1.152 mil toneladas/ano<br />

e de armazenamento<br />

de 120 mil toneladas<br />

de grãos, 60 mil toneladas de<br />

farelo e 7,5 mil m³ de biodiesel;<br />

e outra localizada em<br />

Marialva (PR), com capacidade<br />

de produção de 414 mil<br />

m³/ano e de armazenamento<br />

de 3 mil m³ de óleo vegetal,<br />

1,5 mil m³ de gordura animal<br />

e 4,5 mil m³ de biodiesel.<br />

Fundada em 2011, a RP Participações<br />

em Biocombustíveis<br />

S.A. é uma empresa<br />

controlada pela ECB Group e,<br />

tem como atividade principal<br />

participar e investir em empresas<br />

que produzam e comercializem<br />

biocombustíveis.<br />

O Japão pretende eliminar<br />

os veículos movidos à gasolina<br />

nos próximos 15<br />

anos, disse o governo em<br />

meio a um plano cuja meta<br />

é atingir emissão zero de<br />

carbono e gerar quase 2 trilhões<br />

de dólares por ano em<br />

Japão<br />

crescimento sustentável até<br />

2050. O plano visa substituir<br />

a venda de novos veículos<br />

movidos à gasolina por<br />

veículos elétricos, incluindo<br />

veículos híbridos e movidos<br />

à célula de hidrogênio, até<br />

meados da década de 2030.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Em 2020, a energia produzida<br />

a partir da queima de resíduos<br />

do cultivo da cana no<br />

Brasil foi suficiente para<br />

atender a 5% do consumo<br />

de eletricidade do país no<br />

ano ou 12 milhões de residências.<br />

Em termos de redução<br />

de emissões de<br />

O setor de etanol do Brasil<br />

saiu “mais relevante” do que<br />

entrou na pandemia, à medida<br />

que a sociedade passou<br />

a valorizar produtos que são<br />

Bagaço<br />

Relevância<br />

ambientalmente mais sustentáveis,<br />

disse o presidente da<br />

Unica, Evandro Gussi. Estudos<br />

mostrando relações entre<br />

as mudanças climáticas e o<br />

RenovaBio<br />

A safra 2020/21 da cana no<br />

Centro-Sul do Brasil se encaminha<br />

para o encerramento<br />

tendo como principal avanço a<br />

bem-sucedida implantação da<br />

Política Nacional de Biocombustíveis<br />

– RenovaBio. Atualmente,<br />

65% das empresas produtoras<br />

de etanol no país participam<br />

do programa e estão<br />

certificadas e aptas a emitirem<br />

créditos de descarbonização<br />

(CBios) – essas empresas representam<br />

cerca de 85% da<br />

carbono, é o mesmo que ter<br />

evitado 7 milhões de toneladas<br />

de CO2 que seriam depositadas<br />

na atmosfera do<br />

planeta, segundo a Unica,<br />

marca que somente seria<br />

atingida com o cultivo de 49<br />

milhões de árvores nativas<br />

ao longo de 20 anos. O bagaço<br />

de cana foi capaz de<br />

atender a demanda elétrica<br />

tanto do processo produtivo<br />

do açúcar e do combustível<br />

etanol, como ainda exportou<br />

em benefício de todo o país<br />

22,6 mil GWh neste ano,<br />

crescimento de 1% em relação<br />

ao resultado de 2019.<br />

surgimento de pandemias reforçaram<br />

a importância de<br />

combustíveis que emitem<br />

menos poluentes e gases do<br />

efeito estufa.<br />

produção nacional de etanol. A<br />

Unica estima que até 31 de dezembro<br />

a soma de CBios gerados<br />

seja de 18 milhões. Na safra<br />

2020/<strong>2021</strong>, que vai até 31<br />

de março, esse número pode<br />

atingir 23 milhões.<br />

Safra menor<br />

Os canaviais do Centro-Sul<br />

do Brasil sofreram com a seca<br />

que atingiu a principal região<br />

produtora do país em<br />

2020, e a próxima safra<br />

(<strong>2021</strong>/22) será menor como<br />

consequência, assim como a<br />

produção de açúcar cairá do<br />

recorde alcançado no ciclo<br />

O anúncio da realização de<br />

quatro leilões em <strong>2021</strong> para a<br />

contratação de novos projetos<br />

de geração de energia elétrica,<br />

feito pelo Ministério de<br />

Minas e Energia (MME), representa<br />

uma oportunidade<br />

para o setor sucroenergético.<br />

O cronograma possibilita o<br />

início do planejamento dos<br />

projetos de investimento em<br />

geração a serem inscritos<br />

nos certames. O último leilão<br />

em que a biomassa da cana<br />

participou foi o A-6, realizado<br />

Recorde<br />

atual, afirmaram dirigentes da<br />

Unica. O volume de produção<br />

de açúcar e etanol vai depender<br />

da disponibilidade de cana<br />

e da qualidade da matéria-prima,<br />

mas a expectativa<br />

é de que a produção de açúcar<br />

deve ser reduzida de forma<br />

significativa.<br />

Dados apurados até 1º de<br />

dezembro de 2020 confirmam<br />

a safra 2020/21 como<br />

o ciclo em que a cana cultivada<br />

no Centro-Sul mais<br />

ofertou matéria-prima para<br />

açúcar e etanol. A quantidade<br />

de açúcares totais recuperáveis<br />

(ATR) produzido<br />

pelas empresas até o início<br />

de dezembro, totalizou 86,33<br />

milhões de toneladas, superando<br />

os dados finais registrados<br />

nas safras anteriores.<br />

A projeção para o final do<br />

ciclo é de 87,54 milhões de<br />

toneladas de ATR no acumulado<br />

desde abril de 2020 até<br />

março de <strong>2021</strong>. Essa condição<br />

decorre da maior moagem<br />

de cana e, principalmente,<br />

da melhora na qualidade<br />

da matéria-prima processada<br />

Leilões de energia<br />

em outubro de 2019, juntamente<br />

com empreendimentos<br />

hidrelétricos, eólicos,<br />

fotovoltaicos e termelétricas a<br />

gás natural e biomassa em<br />

geral. Na oportunidade, o gás<br />

natural foi a fonte que mais<br />

comercializou energia no A-6,<br />

de 2019, levando sozinho<br />

40% da demanda total com<br />

três projetos. Os projetos de<br />

bioeletricidade da cana representaram<br />

apenas 4% da demanda<br />

contratada, com seis<br />

projetos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11


PORTO DE PARANAGUÁ<br />

Passa exporta biocombustível<br />

de bagaço de cana<br />

A movimentação de pellets de biomassa de cana de açúcar<br />

possibilita a abertura de novos mercados e negócios futuros<br />

No berço 204, a oeste<br />

do cais do Porto de<br />

Paranaguá, o embarque<br />

de um novo produto<br />

chamou a atenção no<br />

início do ano. A granel, pellets<br />

de bagaço de cana-de-açúcar<br />

encheram os porões do navio<br />

Marina Prince. A biomassa é<br />

produto de exportação que vai<br />

atender o mercado do Reino<br />

Unido na geração de energia<br />

sustentável.<br />

“Ficamos muito satisfeitos<br />

quando novos produtos chegam<br />

e saem pelos portos do<br />

<strong>Paraná</strong>. Nesse caso, é ainda<br />

mais compensador o fato de<br />

se tratar de um biocombustível<br />

que será utilizado em<br />

substituição ao carvão na geração<br />

de energia termoelétrica”,<br />

afirma o diretor-presidente<br />

da Portos do <strong>Paraná</strong>,<br />

Luiz Fernando Garcia.<br />

O produto embarcado pelo Estado,<br />

de origem paulista, é o<br />

bagaço da cana (que sobra<br />

das usinas de produção de<br />

açúcar e etanol) transformado<br />

em pellets, que nada mais é do<br />

que a matéria orgânica (biomassa)<br />

comprimida para se<br />

tornar biocombustível.<br />

O procedimento de embarque<br />

é o mesmo dos demais graneis<br />

sólidos exportados no<br />

porto paranaense. Ou seja, o<br />

produto sai do terminal e, em<br />

esteiras transportadoras, chega<br />

até o shiploader (equipamento<br />

carregador de navios)<br />

que despeja o produto enchendo<br />

os porões da embarcação.<br />

A operação é da Pasa,<br />

em parceria com a Céu Azul.<br />

Segundo o gerente de operações<br />

da Pasa, Eric Ferreira de<br />

Souza, esta é a primeira vez<br />

que o produto é embarcado<br />

pela empresa. “A movimentação<br />

de pellets de biomassa de<br />

cana de açúcar possibilita a<br />

abertura de novos mercados e<br />

negócios futuros. Mostra, também,<br />

o pioneirismo e o potencial<br />

do nosso terminal frente<br />

aos diversos produtos operados<br />

em Paranaguá”, afirma o<br />

gerente.<br />

Segundo a Companhia Nacional<br />

de Abastecimento (Conab),<br />

a cana-de-açúcar é considerada<br />

uma das grandes alternativas<br />

para o setor de biocombustíveis<br />

devido ao<br />

grande potencial na produção<br />

de etanol e seus respectivos<br />

subprodutos.<br />

Produto de exportação vai atender o mercado do Reino Unido na geração de energia sustentável<br />

No Estado, a produção de<br />

energia renovável também é<br />

estimulada. No último mês de<br />

dezembro, através da Secretaria<br />

de Estado da Agricultura e<br />

do Abastecimento e do Instituto<br />

de Desenvolvimento Rural<br />

do <strong>Paraná</strong> – Iapar-Emater (IDR-<br />

PR), o Governo do <strong>Paraná</strong> instituiu<br />

o programa <strong>Paraná</strong> Energia<br />

Rural Renovável.<br />

O programa, que está em fase<br />

de estruturação, dará apoio à<br />

geração distribuída de energia<br />

elétrica a partir de fontes renováveis<br />

em unidades produtivas<br />

rurais. A ideia é criar subsídios<br />

como linhas de crédito e incentivos<br />

tributários para que os<br />

produtores rurais e as agroindústrias<br />

paranaenses invistam<br />

nessa produção.<br />

Segundo o coordenador do<br />

programa, Herlon Goelzer de<br />

Almeida, o principal objetivo é<br />

aproveitar essa matéria prima<br />

– tanto os dejetos animais<br />

quanto os resíduos vegetais<br />

das agroindústrias (principalmente<br />

do setor sucroalcooleiro)<br />

- para geração de energia<br />

dentro do próprio Estado.<br />

“Esses subprodutos podem<br />

ser utilizados em biodigestão<br />

para gerar energia. O setor sucroalcooleiro<br />

é o que mais tem<br />

possibilidade e capacidade de<br />

produção de energia renovável.<br />

Estamos finalizando a estruturação<br />

do programa. Acredito<br />

que nos próximos anos teremos<br />

uma forte adesão do setor<br />

que pode inclusive gerar<br />

energia própria, a partir dessa<br />

biomassa, reduzindo seus<br />

custos e tornando a produção<br />

mais sustentável”, completa<br />

Herlon.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 12

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