SAFRA <strong>2021</strong>/22 Colheita deve ir até início de dezembro no <strong>Paraná</strong> Chuvas ocorridas em outubro, um dos mais chuvosos dos últimos anos, fez com que a moagem de cana se prolongasse em praticamente um mês em relação a previsão anterior de término da safra Omês de outubro desse ano foi um dos mais chuvosos dos últimos anos. Em consequência, o grande número de dias parados fez com que o rendimento industrial da colheita de cana-de-açúcar fosse ruim, com um baixo volume de matéria prima esmagada. Segundo o presidente da Alcopar, Miguel Tranin, a maior parte das unidades industriais do estado deveria ter encerrado os trabalhos entre o final de outubro e início de novembro, se não fosse as chuvas ocorridas no mês, que praticamente paralisaram as indústrias. Normalmente, a moagem de cana avança até quase o final do ano. Nos últimos anos, entretanto, por causa da sequência de estiagens que aceleram a colheita e reduzem o volume de matéria prima disponível, a colheita tem se encerrado mais cedo. Com 87,2% da cana disponível para a safra <strong>2021</strong>/22 no <strong>Paraná</strong> já esmagados até o dia 1 de novembro, a colheita avança para sua etapa final. Cinco usinas já finalizaram os trabalhos até o final de outubro e as demais devem paralisar ao longo do mês de novembro, iniciando o período de entressafra e manutenção industrial e das máquinas agrícolas até a primeira semana de dezembro, se o clima for mais seco, favorável à colheita. A moagem de cana realizada pelas unidades produtoras no Estado do <strong>Paraná</strong> até 1 de novembro, no acumulado da safra <strong>2021</strong>/22, foi de 27.429.346 toneladas. Comparando com as 31.516.481 toneladas registradas no mesmo período do ano safra 2020/21, a redução foi de 13%. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana, também no acumulado da safra <strong>2021</strong>/22 ficou 0,7% abaixo do valor observado na safra 2020/21, totalizando 139,7 kg de ATR/t de cana, contra 140,7 kg ATR observados na safra passada. Até 1 de novembro, 56,12% da cana disponível foram destinados à produção de açúcar, 2,9% a menos que no mesmo período da safra passada. Com isso a produção de açúcar totalizou 2.057.244 toneladas, confirmando a tradição açucareira do <strong>Paraná</strong>, que normalmente prioriza a produção de açúcar para exportação. Por conta da melhor remuneração paga ao etanol este ano, em relação ao anterior, cerca de 43,88% da matéria prima disponível no campo foram utilizadas para a produção do biocombustível até 1 de novembro, 4% a mais que no mesmo período da safra passada. Foram produzidos 973,44 milhões de litros de etanol, sendo 475,36 milhões de litros de anidro e 498,08 milhões de litros de hidratado. A expectativa da Alcopar é encerrar a safra com 31.465.386 toneladas de cana esmagadas, 2,322 milhões de toneladas de açúcar, 1,130 bilhão de litros de etanol, sendo 530,55 milhões de litros de anidro e 599,81 milhões de litros de hidratado. Se confirmados esses números, caracterizaria uma perda superior a 12% no ano em relação a previsão inicial para o Estado. “As lavouras sentiram muito com as geadas e principalmente o longo período de estiagem, fenômeno que tem ocorrido de forma sucessiva nos últimos três anos, afetando o desenvolvimento e o rendimento da cultura”, comenta Tranin. Apostando em um novo ciclo positivo de preços para o setor, com maior rentabilidade e redução do endividamento, Tranin ressalta os bons preços pagos para o açúcar, o etanol e a energia da biomassa. “Além de quebras sucessivas de safra de açúcar no Brasil e em outros importantes países produtores, temos os preços do petróleo em alta no mundo todo, além do custo da energia, frente a crise energética existente no Brasil e no mundo”, diz o presidente da Alcopar, manifestando, entretanto, sua preocupação com a falta de insumos agrícolas e a explosão nos preços de vários produtos, que aumentou consideravelmente os custos de produção. Especialistas de mercado apontam que a crise energética global pressiona o mercado de açúcar com os maiores exportadores mundiais convertendo mais cana em etanol. O açúcar atingiu a maior cotação em quatro anos em outubro enquanto a escassez de energia abalava os mercados de commodities, afetando a produção de vários produtos. Com o salto dos preços dos combustíveis, Brasil e Índia devem produzir mais etanol a partir da cana-de-açúcar, o que deve manter a oferta da commodity apertada. “Esses são os dois grandes players no mercado de açúcar, e a pressão sobre eles para produzir mais etanol nos próximos 12 meses é favorável aos preços do açúcar”, disse John Stansfield, operador e analista do Group Sopex. Segundo maior exportador do mundo, a Índia planeja que o etanol responda por 20% da mistura de combustíveis para veículos até 2025, aproveitando o excesso de açúcar que inundou os mercados mundiais nos últimos anos. Essa estratégia pode resultar em queda na produção de açúcar refinado no próximo ano. Com relação a próxima safra, que inicia em abril de 2022, Tranin diz que ainda é cedo para qualquer estimativa. “As chuvas abundantes que ocorreram em todo o Estado em outubro ajudaram na recuperação dos canaviais, que sentiram muito com as repetidas estiagens, mas dependemos de chuvas regulares durante todo o verão para garantir um bom volume de matéria prima para a próxima safra”, comenta. Até a segunda quinzena de janeiro de 2022 a Alcopar deve finalizar sua estimativa de safra para o período 2022/23. “Só aí poderemos avaliar se teremos cana disponível para iniciar a colheita mais cedo, como normalmente fazemos no <strong>Paraná</strong>, incluindo esse volume colhido antes de 1 de abril ainda na safra atual, e qual a quantidade de cana disponível para a próxima safra”, finaliza Tranin. As adversidades climáticas na maior parte do ano, com uma severa seca e geadas, aliado aos incêndios registrados no interior paulista, fizeram a previsão inicial de safra para o centro-sul do país cair de 605 milhões de toneladas para 520 milhões, ou 14%, com predominância do recuo em São Paulo, conforme a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Das 85 milhões de toneladas de cana a menos, 55 milhões estão em São Paulo. O prejuízo no interior paulista, como comparação, praticamente equivale à produção de Minas Gerais ou de todo o Nordeste. No total, 150 usinas já tinham terminado a produção no centro-sul até outubro, muitas com reduções superiores a 20% na moagem de cana. Sete em cada dez delas são de São Paulo, o que significa mais de cem usinas. Com menos matéria-prima a ser processada e a baixa produtividade por hectare, o período de entressafra deve ser mais longo do que em anos anteriores, já que a próxima safra só começará em abril. Entretanto, a Unica alega que não há risco de desabastecimento de etanol. 4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
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