24.12.2012 Views

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

14 Anabela Gradim<br />

como matéria <strong>de</strong> construção do sistema, aparentando as diversas<br />

teorias especiais do peirceanismo, porque a todas percorrem, da<br />

teoria da realida<strong>de</strong> à lógica da ciência, passando pelo pragmatismo,<br />

realismo, i<strong>de</strong>alismo objectivo, e a <strong>de</strong>scoberta das três ciências<br />

normativas, para mergulharem, no final, naquele que é o seu<br />

princípio unificador <strong>de</strong> on<strong>de</strong> todas po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>duzidas: a metafísica<br />

cosmológica que assenta nos três pilares do sinequismo,<br />

tiquismo e agapismo (tría<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ríamos igualmente fazer correspon<strong>de</strong>r<br />

às categorias). Também Kant estava convencido <strong>de</strong> que<br />

o verda<strong>de</strong>iro princípio da arquitectónica não podia, ao contrário<br />

dos materiais que constituem o sistema, revelar-se ou ser <strong>de</strong>scoberto<br />

logo <strong>de</strong> início. Peirce dá-lhe razão. Por isso a metafísica é<br />

simultaneamente corolário mas também the keystone da arquitectura.<br />

E é a partir <strong>de</strong>sta, e da concepção teleológica por ela veiculada,<br />

que o homem po<strong>de</strong> alcandorar-se no mundo, encontrado que<br />

está finalmente o seu lugar nele.<br />

A partir <strong>de</strong>sta visão <strong>de</strong> conjunto do sistema obtém-se a entourage<br />

que permite a Peirce manifestar as suas convicções éticas, e<br />

compreen<strong>de</strong>r as implicações e alcance <strong>de</strong>sse discurso tão sui generis<br />

a que chamará sentimentalismo. É importante também notar<br />

que sobre este tema Peirce não concretiza. Muito pouco será por<br />

ele explanado ao redor das concepções éticas, caso tanto mais surpreen<strong>de</strong>nte<br />

quanto uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s do estudioso <strong>de</strong><br />

Peirce é o facto <strong>de</strong>ste ter sido tão prolífico. Há, porém, uma razão<br />

para isso, que é, como veremos, o lugar da ética no concerto das<br />

ciências e a estrita separação teoria-praxis que advoga.<br />

Para o nosso propósito interessa apenas que as notas peirceanas<br />

sobre “tópicos vitalmente importantes” 2 são um irresistível<br />

e tentador convite à reconstrução <strong>de</strong> uma ética que coloque no<br />

seu centro a questão da comunicabilida<strong>de</strong>, e possa lidar com o<br />

fracasso iluminista que se segue à <strong>de</strong>struição das éticas heterónomas<br />

tradicionais. Em suma, orienta este trabalho a perspectiva da<br />

reconstrução <strong>de</strong> uma ética peirceana das virtu<strong>de</strong>s que sendo uma<br />

ruminação e aprofundamento das intuições do filósofo, permitisse<br />

2 . Collected Papers, 1.616.<br />

www.lusofia.net

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!