24.12.2012 Views

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Ch. S. Peirce 49<br />

cepção estrita <strong>de</strong> “cientismo” e do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma ciência unificada<br />

perseguido pelo neo-positivismo, sendo que “unificada” significa,<br />

neste contexto, a imposição dos métodos das ciências positivas,<br />

implicitamente valoradas como superiores, às ciências do espírito.<br />

A estas, para se “unificarem”, bastar-lhes-ia serem anexadas.<br />

A tentação hegemónica do neopositivismo é esconjurada no<br />

<strong>de</strong>curso da busca <strong>de</strong> uma solução para a disputa da relação entre<br />

ciências naturais e humanas. Contra a tese neopositivista <strong>de</strong><br />

uma ciência unificada, na qual as ciências do espírito <strong>de</strong>calcariam<br />

os métodos bem sucedidos das ciências naturais, 18 Apel <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

que inquirição hermenêutica e cientismo se encontram numa relação<br />

<strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>. Sendo a inquirição hermenêutica e<br />

o tipo <strong>de</strong> objectificação dos acontecimentos produzido pelas ciências<br />

naturais, totalmente distintos, complementam-se <strong>de</strong> forma<br />

que é necessário explicitar. Para fazê-lo, Apel retoma a questão<br />

das pré-condições linguísticas <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> e valida<strong>de</strong> das ciências.<br />

O mesmo é dizer que a compreensão nunca po<strong>de</strong> ser obra<br />

<strong>de</strong> um sujeito isolado. Compreen<strong>de</strong>r e explicar algo implicam<br />

um acordo prévio com os elementos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, e esse<br />

acordo é uma condição incontornável para o exercício da activida<strong>de</strong><br />

científica. 19<br />

Este tipo <strong>de</strong> acordo, que é pressuposição das ciências naturais,<br />

como das do espírito, nunca po<strong>de</strong> ser objectificado à maneira<br />

<strong>de</strong> um procedimento científico, <strong>de</strong> forma que o acordo linguístico<br />

18 . Esta é, <strong>de</strong> facto, a gran<strong>de</strong> ambição do positivismo. Recor<strong>de</strong>-se que o<br />

projectado monumento que <strong>de</strong>veria assinalar e concluir o seu trabalho, e a publicação<br />

mais mo<strong>de</strong>sta que se lhe segue, recebe precisamente o nome que evoca<br />

este programa: Foundations of the Unity of Science.<br />

19 . “A natural scientist, as solus ipse, cannot seek to explain something for<br />

himself alone. And in or<strong>de</strong>r merely to know “what” he should explain, he<br />

must have come to some agreement with others about it. As Peirce recognized,<br />

the natural scientists community of experiment always expresses a semiotic<br />

community of interpretation”, in APEL, Karl-Otto, Towards a Transformation<br />

of Philosophy, 1980, Routledge & Kegan Paul, London, c○ Suhrkamp Verlag,<br />

Frankfurt am Main, 1972-73, p. 58.<br />

www.lusosofia.net

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!