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COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

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36 Anabela Gradim<br />

que não exigem nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Ao fazê-lo tinha em<br />

mente, por exemplo, virtu<strong>de</strong>s como coragem, modéstia, e lealda<strong>de</strong>.<br />

O problema principal com a ética filosófica, então, é que as<br />

suas respostas terão necessariamente uma origem radicalmente<br />

diferente da moralida<strong>de</strong>, que se baseia na tradição histórica, sentimentos<br />

e instinto. A ética não filosófica é um aspecto do “senso<br />

comum”, o resultado da experiência tradicional da humanida<strong>de</strong>.<br />

Resume-se a “não confiar no raciocínio em questões <strong>de</strong> importância<br />

vital”, mas antes nos instintos hereditários e nos sentimentos<br />

tradicionais. Os instintos são capazes <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

através <strong>de</strong> experiências internas e externas <strong>de</strong> vários<br />

tipos. A base “instintiva” da ética assegura a sua continuação apesar<br />

da existência <strong>de</strong> pessoas individuais com carácter <strong>de</strong>sprezível.<br />

Para Peirce razoabilida<strong>de</strong>, a admirável generalida<strong>de</strong> que regula<br />

os hábitos, torna-se verda<strong>de</strong>iramente concreta no sentimento<br />

e é inseparável da sua concepção <strong>de</strong> agapê: evolutionary love.<br />

Defen<strong>de</strong>rei pois que existe espaço para a reconstrução <strong>de</strong> uma<br />

moral pós-convencional em Peirce, uma moral baseada no sentimento,<br />

que pugnaria por uma “comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação universal”<br />

<strong>de</strong>dicada ao inquiry, mas escorando-se numa verda<strong>de</strong>ira<br />

socieda<strong>de</strong> aberta. É que o “conservadorismo sentimental” contrasta<br />

a importância dada à comunida<strong>de</strong> com o individualismo,<br />

sustentado no que ele apelida <strong>de</strong> “evangelho da ganância”. Devemos<br />

formar hábitos, sustenta Peirce, que aju<strong>de</strong>m a tornar o mundo<br />

mais razoável e autocontrolado, através dos mecanismos que foram<br />

explicitados na ciências normativas. Em lógica isto significa<br />

que <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>senvolver aqueles métodos <strong>de</strong> pensamento<br />

que mais aceleradamente conduzem ao conhecimento. Que métodos<br />

<strong>de</strong> conduta ou hábitos <strong>de</strong> acção <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>senvolver? Quais<br />

são as consequências práticas <strong>de</strong>sta exigência <strong>de</strong> tornar o mundo<br />

mais razoável? As questões concretas são obviamente importantes.<br />

Uma acção razoável em tais casos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> contextos específicos<br />

e <strong>de</strong> inquirições particulares, mas a existência <strong>de</strong> um<br />

telos universal, <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m cósmica em progressão, ten<strong>de</strong>rá,<br />

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