24.12.2012 Views

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

COMUNICAÇÃO E ÉTICA O Sistema Semiótico de ... - LusoSofia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A Dimensão Comunicacional da Semiótica <strong>de</strong> Ch. S. Peirce 43<br />

do século passado. Escorando-se no linguistic turn, estrutura-se<br />

como crítica ao solipsismo metodológico, posição que se alheia<br />

da dimensão sígnica da compreensão, e da dimensão histórica e<br />

comunal que esta comporta. Como veremos, estamos perante uma<br />

recusa do racionalismo dogmático da filosofia tradicional, que se<br />

quer substituído por um uso dialógico e crítico da razão.<br />

Isto conduz-nos ao aspecto que hoje me parece mais susceptível<br />

<strong>de</strong> constituir elemento valorizador das propostas e filosofia<br />

<strong>de</strong> Apel: tentando não ce<strong>de</strong>r ao uso monológico e autocrático da<br />

razão, 3 também recusa abandonar-se às variadíssimas formas <strong>de</strong><br />

relativismo que o século que terminou nos <strong>de</strong>u a conhecer. Desconstruindo<br />

o monologismo, consegue, do mesmo passo, reabilitar<br />

figuras caras à filosofia tradicional, como a Razão, Verda<strong>de</strong><br />

e Universalida<strong>de</strong>, numa altura em que os relativismos, anarquismos<br />

e <strong>de</strong>sconstrucionismos metodológicos as haviam minado <strong>de</strong><br />

forma extrema. 4 Ora este hábil navegar entre dois escolhos particularmente<br />

ameaçadores instaurados pela contemporaneida<strong>de</strong> é,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do resultado, um empreendimento cuja gran<strong>de</strong>za<br />

não po<strong>de</strong> ser ignorada.<br />

Por outro lado, po<strong>de</strong> interpretar-se o nicho teórico a partir do<br />

qual Apel erige o seu labor não como um subtil esgueirar entre o<br />

dogmatismo e o relativismo, mas como o prolongamento <strong>de</strong> um<br />

utopismo da transparência e da perfeita comunicabilida<strong>de</strong> e que<br />

sonha ainda e sempre com um universo <strong>de</strong> limpi<strong>de</strong>z e clarida<strong>de</strong><br />

total on<strong>de</strong> a comunicação <strong>de</strong>corre sem atrito, ou com um mundo<br />

i<strong>de</strong>al e arquetípico da comunicabilida<strong>de</strong> pura que a vil matéria<br />

tentaria, enquanto princípio regulador, copiar 5 .<br />

3 . Se o consegue, ou não, é aspecto com o qual não <strong>de</strong>sejo, por ora,<br />

comprometer-me, e que merece discussão mais aprofundada.<br />

4 . Gilbert Hottois, e muito bem, chama precisamente a atenção para este<br />

ponto no seu Du sens commun à la société <strong>de</strong> communication – Étu<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

philosophie du langage (Moore, Wittgenstein, Wisdom, Hei<strong>de</strong>gger, Perelman,<br />

Apel), 1989, Librairie Philosophique Jean Vrin, Paris, p. 191 e ss.<br />

5 . De facto, nada é mais revelador para compreen<strong>de</strong>r as complicadas relações<br />

entre a Comunida<strong>de</strong> I<strong>de</strong>al e a Comunida<strong>de</strong> Real <strong>de</strong> Comunicação estabelecidas<br />

por Apel do que a Alegoria da Caverna platónica, da qual po<strong>de</strong>m ser in-<br />

www.lusosofia.net

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!