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[GENTE COM BOSSA]<br />
Imagem: Getty Images<br />
Um por todos,<br />
todos por um<br />
Nenhum ser humano é uma ilha, diz<br />
a frase do poeta inglês John Donne.<br />
Cada um de nós é uma fração da humanidade.<br />
Ações, reações, as dores,<br />
as alegrias; o que acontece com um<br />
reverbera no todo. Em muitos casos,<br />
o altruísmo e a empatia traçam a linha<br />
que separa a vida da morte. Nesta<br />
edição de inverno, a Et cetera celebra<br />
o ato de estender a mão ao próximo.<br />
De ouvir, de compreender e de agir.<br />
Uma reportagem com histórias inspiradoras<br />
de gente à frente de projetos<br />
sociais se dedica a entender a força da<br />
empatia. Afinal, cultivar a habilidade<br />
de se colocar no lugar do outro é um<br />
dos mais sólidos alicerces do altruísmo.<br />
Em seu artigo sobre propósito,<br />
Daniel Motta convoca a filosofia para<br />
discorrer a respeito da essência humana.<br />
“A reflexão atual sobre propósitos<br />
organizacionais (…) é algo intrínseco à<br />
natureza de todos nós: a saga por uma<br />
vida significativa, muito além do cotidiano<br />
e da matéria”, afirma o Senior<br />
Tupinambá Maverick da Bossa.etc.<br />
Nas próximas páginas, a seção Gente<br />
com Bossa traz perfis de pessoas que,<br />
cada uma à sua maneira, dedicam<br />
tempo, esforço e recursos para tentar<br />
garantir bem-estar, segurança, justiça<br />
ou até a sobrevivência a grupos em<br />
diferentes situações de vulnerabilidade.<br />
Elas lutam contra uma corrente<br />
caudalosa, sem perder o fôlego ou a<br />
força de vontade.<br />
Habituada a ouvir “piadas” sobre sua<br />
aparência, a cantora, atriz e ativista<br />
Zezé Motta usava perucas lisas na tentativa<br />
de se encaixar em um padrão de<br />
beleza que não a contemplava. O contato<br />
com o movimento Black Is Beautiful,<br />
nos Estados Unidos, logo no início da<br />
carreira, desencadeou um processo de<br />
autoaceitação que despertou seu lado<br />
ativista. Zezé foi militante do movimento<br />
negro no Brasil e ajudou a criar o<br />
Centro Brasileiro de Informações e Documentação<br />
do Artista Negro (Cidan).<br />
Hoje, no posto de vice-presidente do<br />
Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro,<br />
quer garantir uma vida digna aos residentes<br />
da instituição.<br />
O pianista e maestro baiano Ricardo<br />
Castro gravou seu nome na música<br />
erudita brasileira: venceu um dos principais<br />
concursos de piano no mundo, é<br />
membro honorário da britânica Royal<br />
Philharmonic Society e pertence ao<br />
corpo docente de duas renomadas escolas<br />
de música europeias. Em paralelo<br />
à carreira, Ricardo realizou outro feito<br />
gigante: criou o Neojiba, projeto social<br />
com centros espalhados pela Bahia que<br />
promove a inclusão por meio da música.<br />
Atualmente, o Neojiba, tema de um<br />
documentário que acaba de chegar à<br />
Netflix, conta com 1.970 integrantes<br />
e 4.500 alunos indiretos em ações de<br />
apoio e iniciativas musicais parceiras.<br />
Fenômeno das capas de revistas e campanhas<br />
publicitárias nos anos 1980 e<br />
1990, Luiza Brunet acumulou diversos<br />
dramas pessoais antes de ver seu<br />
nome estampado nas páginas policiais<br />
dos jornais como vítima de violência<br />
doméstica. As brutais agressões deixaram<br />
não apenas costelas quebradas<br />
e hematomas pelo corpo, mas também<br />
a coragem e o desejo de ajudar outras<br />
mulheres. Hoje, a empresária, modelo e<br />
ativista trabalha em prol do combate à<br />
violência, não só contra a mulher, mas<br />
também a brutalidade que afeta crianças,<br />
adolescentes, pessoas com necessidades<br />
especiais e idosos.<br />
O premiado fotojornalista de guerra<br />
André Liohn cresceu em meio à pobreza<br />
e à violência. Morou em barraco, dormiu<br />
ao relento em praça pública, usou<br />
drogas e abandonou cedo a escola. A<br />
vida começou a tomar rumo quando ele<br />
ganhou de uma monja uma passagem<br />
para a Europa, onde descobriu seu talento<br />
para o fotojornalismo. O que leva<br />
André às zonas de combate mais perigosas<br />
do planeta? Ele sabe que, sozinho,<br />
não pode salvar a vida das vítimas<br />
da guerra, mas quer mostrar ao mundo<br />
a gravidade do problema e, quem sabe,<br />
impulsionar um movimento que leve ao<br />
fim da barbárie.<br />
<strong>INVERNO</strong> <strong>2021</strong> | <strong>EDIÇÃO</strong> 4 • PÁG. 35<br />
<strong>INVERNO</strong> <strong>2021</strong> | <strong>EDIÇÃO</strong> 4 • PÁG. 34