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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Flávio Lourenço<br />
Porque o Direito em si… é o que os latinos chamam<br />
flatus vocis, uma palavra vácua, um som emitido pela<br />
voz. Moral em si… que sentido tem o vocábulo “moral”<br />
se não há um Deus que me premia e me castiga, o<br />
Qual eu preciso amar porque Ele é Ele? E ainda mesmo<br />
que não me premiasse e não me castigasse, eu O<br />
deveria amar porque Ele é perfeitíssimo e digno de todo<br />
amor.<br />
Isto dá o último sentido da imolação, do senso militar.<br />
Por essa razão a mais bela e nobre forma de guerra que<br />
se possa imaginar é a guerra religiosa.<br />
A guerra das guerras em todos os tempos e a mais perfeita<br />
foi a das Cruzadas para libertar o Santo Sepulcro e<br />
as populações dos católicos do Oriente próximo, que estavam<br />
opressas pelos maometanos. A Cruzada contra os<br />
cátaros e albigenses, as guerras de Religião da Liga Católica<br />
da França, as dos chouans, dos carlistas, dos cristeros<br />
são as mais belas guerras da História, porque tomam<br />
todo o seu sentido no ideal religioso.<br />
E agora vem a mais alta consideração que podemos<br />
fazer: a alma desses guerreiros que morrem pensando<br />
em Deus. De um Roland, par de Carlos Magno, que expira<br />
em Roncesvales, entregando sua alma ao Criador. Essa<br />
alma que O ama tanto é, ela mesma, um reflexo d’Ele,<br />
parecida com Ele, criada à sua imagem. Deus Se espelha<br />
nela e esse heroísmo que há nela é o reflexo de uma<br />
virtude divina. Um reflexo muito mais próximo do que o<br />
leão, o qual é um animal irracional. O herói é um ente<br />
racional e, na sua alma espiritual, o heroísmo já é um reflexo<br />
muito mais próximo de Deus. Porque a alma se parece<br />
muito mais com o espírito do que matéria.<br />
Vitória de São Miguel e seus Anjos contra os demônios - Igreja<br />
de São Lourenço, São Lourenço de Morunys, Espanha<br />
A primeira guerra santa da História<br />
Quantas atitudes de Deus no-Lo mostram como guerreiro!<br />
Ele ordenando a São Miguel Arcanjo que elimine<br />
os demônios que se revoltaram no Céu e os precipite<br />
no Inferno. Que ato supremamente majestoso! Deus,<br />
no fundo de todos os séculos, levantando-Se na sua indignação<br />
e dando a ordem a São Miguel Arcanjo para<br />
expulsar os demônios. Pode-se imaginar esta manifestação<br />
da cólera divina, do desagrado de Deus, da repulsa,<br />
da rejeição, do asco e, depois, o castigo eterno, completo:<br />
“Contra eles o meu ódio implacável. Eu os cancelarei<br />
do local glorioso, a perpétua e feliz permanência na minha<br />
presença, e os atirarei para todo o sempre numa dor<br />
sem remédio, nem diminuição, nem consolação no lugar<br />
do fogo, das imundícies, do asco, da blasfêmia, da tortura,<br />
detestados por Mim por toda a eternidade.”<br />
Imaginem a majestade dessa sentença! A beleza do<br />
triunfo de São Miguel Arcanjo e de todos os Anjos fiéis que,<br />
no Céu, resistiram à prova e, por assim dizer, desfilaram<br />
diante de Deus, recebendo – eles, os bons guerreiros que<br />
empurraram os demônios para o Inferno – o prêmio pela<br />
guerra santa, a primeira da História, que tinham travado.<br />
Que resplendores no Paraíso! Que “paradas”, que “marchas”!<br />
Se, como sabemos, os Anjos entoam um canto espiritual,<br />
o que terão sido os cânticos deles durante a guerra<br />
contra os demônios, e o que poderia ser o cântico de triunfo<br />
dos Anjos fiéis no Céu, mostrando a Deus os demônios derrotados?<br />
Ninguém pode ter ideia da beleza disto!<br />
Mas, com o favor de Nossa Senhora, nós vamos ter<br />
esta ideia. Quando sobre o mundo desolado, devastado,<br />
escangalhado, quase todos ou todos os homens mortos,<br />
a tuba do julgamento final tocar e os corpos<br />
começarem a ressuscitar, e o Verbo de Deus<br />
encarnado baixar à Terra em pompa e majestade,<br />
veremos o Criador dando o final<br />
também da grande batalha da Criação. Ele<br />
vai chamar a Si todos os eleitos que se unirão<br />
a Ele num desfile processional garboso e<br />
marcial. E vai mandar para o Inferno, para<br />
o lugar dos derrotados, os maus que foram<br />
esmagados na luta.<br />
A alma guerreira, santíssima<br />
e perfeitíssima de Nosso<br />
Senhor Jesus Cristo<br />
Então, nós teremos o último cântico de<br />
triunfo da Criação que vai celebrar a alegria<br />
e a majestade da vitória de Deus. Nossa<br />
Senhora vai brilhar com toda sua refulgência,<br />
Ela a Quem a Escritura compara textualmente<br />
a um exército em ordem de batalha,<br />
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