16.03.2022 Views

COMUNICAÇÕES 241 - Joana Mendonça: a arte de cultivar ideias

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Quero uma ANI aberta para as organizações e uma verda<strong>de</strong>ira<br />

promotora da cooperação. Para isso, precisamos<br />

<strong>de</strong> uma agência mais inovadora nos processos,<br />

para ser um motor ativo do ecossistema, e não apenas<br />

passivo, a recolher os inputs <strong>de</strong> fora. Queremos ser um<br />

verda<strong>de</strong>iro ator do ecossistema. Quando aqui cheguei,<br />

éramos um espetador. Temos ferramentas e equipa<br />

para fazer mais.<br />

Está cá há um ano, afirmou que a sua meta é que a ANI<br />

atue como uma one-stop shop, uma espécie <strong>de</strong> balcão<br />

único para a inovação com diferentes instrumentos. O<br />

que já foi feito nesta área e como está a correr?<br />

A primeira coisa que fiz foi olhar para tudo <strong>de</strong> forma<br />

integrada, nessa lógica do one-stop-shop. Temos muitas<br />

ativida<strong>de</strong>s, que eram feitas <strong>de</strong> forma estanque, dirigidas<br />

a universos diferentes. Precisamos <strong>de</strong> ser capazes<br />

<strong>de</strong> olhar para isto como<br />

uma panóplia <strong>de</strong> instrumentos<br />

integrados. Este<br />

é o caminho que estamos<br />

a fazer. Mas não se faz <strong>de</strong><br />

um dia para o outro.<br />

A própria ANI tem <strong>de</strong> mudar<br />

internamente…<br />

Claro. Apostando na digitalização,<br />

um caminho<br />

que tinha começado, mas<br />

que nós acelerámos gran<strong>de</strong>mente.<br />

A transição digital<br />

é urgente – e estamos a fazê-la, já com a visão <strong>de</strong><br />

conjunto <strong>de</strong> que falei. Além disso, <strong>de</strong>finimos a tal visão<br />

estratégica para o mandato: a transversalida<strong>de</strong>, do<br />

front office da ANI para o exterior, e o <strong>de</strong>sígnio europeu e<br />

nacional da transição para a sustentabilida<strong>de</strong>, que tem<br />

<strong>de</strong> ser estratégica.<br />

Há imensos <strong>de</strong>safios internos…<br />

Sim. A primeira coisa que fiz, logo no meu primeiro<br />

dia, a 3 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2021, foi lançar um concurso interno<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. E fiz também outra coisa simbólica:<br />

uma reunião Teams com toda a gente, na altura 93 pessoas,<br />

e pedi que todas se apresentassem. Disseram-me,<br />

<strong>de</strong>pois, que isto nunca tinha acontecido. As reuniões<br />

eram, tipicamente, unidirecionais, e não bidirecionais.<br />

Foi aí que lancei o tal programa <strong>de</strong> inovação interno.<br />

Quis dar voz às pessoas…<br />

Quis empo<strong>de</strong>rá-las. Recolhemos as i<strong>de</strong>ias e agora estamos<br />

a estudar como po<strong>de</strong>mos integrá-las. Pedimos às<br />

pessoas para proporem um plano <strong>de</strong> implementação<br />

para as suas i<strong>de</strong>ias.<br />

Os setores tradicionais<br />

portugueses são muito<br />

inovadores, ao contrário do<br />

que as pessoas pensam. A<br />

inovação é transversal<br />

A pan<strong>de</strong>mia contribuiu para que as empresas estejam<br />

a olhar mais para a inovação como aposta estratégica<br />

<strong>de</strong> futuro?<br />

O que posso dizer é que há cada vez mais empresas que<br />

olham para a inovação como sendo crítica para a sua<br />

produtivida<strong>de</strong>. Isso tem crescido, transversalmente.<br />

Temos muitos novos clientes, sobretudo PME, que nos<br />

procuram <strong>de</strong>vido aos nossos sistemas <strong>de</strong> incentivos. A<br />

visibilida<strong>de</strong> da ANI vai ajudar a promover isso.<br />

Tem referido que a inovação é um conceito difícil <strong>de</strong><br />

mensurar. Mas como é que a <strong>de</strong>fine?<br />

Gosto <strong>de</strong> citar Schumpeter, economista austríaco que<br />

em 1934 lançou um livro em que <strong>de</strong>screve a inovação<br />

como fator <strong>de</strong> mudança e crescimento nas organizações<br />

e o empreen<strong>de</strong>dor como um agente <strong>de</strong> mudança<br />

– e não apenas o dono da empresa. Gosto da noção<br />

<strong>de</strong>le, em que a inovação é<br />

uma i<strong>de</strong>ia muito ampla –<br />

inovação na estrutura, nos<br />

processos, nos produtos,<br />

no marketing, etc… Na ANI,<br />

os nossos instrumentos<br />

estão muito ligados à inovação<br />

tecnológica – para<br />

ajudar as empresas a diminuir<br />

o risco dos investimentos<br />

nesta área. Esse é<br />

o nosso papel.<br />

A criação as Zonas Livres<br />

Tecnológicas po<strong>de</strong>rá contribuir para atenuar esse<br />

risco?<br />

Não. As Zonas Livres Tecnológicas são espaços <strong>de</strong> experimentação,<br />

permitem diminuir o tempo <strong>de</strong> chegada<br />

ao mercado.<br />

Quais os setores que mais apostam na inovação?<br />

Há vários. Os têxteis, os mol<strong>de</strong>s, a metalomecânica,<br />

a mecânica <strong>de</strong> precisão – setores que tradicionalmente<br />

não associamos à inovação. Os setores tradicionais<br />

portugueses são muito inovadores, ao contrário do que<br />

as pessoas pensam. Mas a inovação é transversal – e é<br />

isso que nos tem permitido manter a competitivida<strong>de</strong>.<br />

As empresas que não inovem, no longo prazo, estão<br />

con<strong>de</strong>nadas.<br />

E no setor público? Como se inova aí?<br />

Temos uma ferramenta, as Compras Públicas para a<br />

Inovação, que permite introduzir melhorias na função<br />

pública.<br />

Essa é uma das gran<strong>de</strong>s apostas, por causa das verbas<br />

para o PRR?<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!