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Quero uma ANI aberta para as organizações e uma verda<strong>de</strong>ira<br />
promotora da cooperação. Para isso, precisamos<br />
<strong>de</strong> uma agência mais inovadora nos processos,<br />
para ser um motor ativo do ecossistema, e não apenas<br />
passivo, a recolher os inputs <strong>de</strong> fora. Queremos ser um<br />
verda<strong>de</strong>iro ator do ecossistema. Quando aqui cheguei,<br />
éramos um espetador. Temos ferramentas e equipa<br />
para fazer mais.<br />
Está cá há um ano, afirmou que a sua meta é que a ANI<br />
atue como uma one-stop shop, uma espécie <strong>de</strong> balcão<br />
único para a inovação com diferentes instrumentos. O<br />
que já foi feito nesta área e como está a correr?<br />
A primeira coisa que fiz foi olhar para tudo <strong>de</strong> forma<br />
integrada, nessa lógica do one-stop-shop. Temos muitas<br />
ativida<strong>de</strong>s, que eram feitas <strong>de</strong> forma estanque, dirigidas<br />
a universos diferentes. Precisamos <strong>de</strong> ser capazes<br />
<strong>de</strong> olhar para isto como<br />
uma panóplia <strong>de</strong> instrumentos<br />
integrados. Este<br />
é o caminho que estamos<br />
a fazer. Mas não se faz <strong>de</strong><br />
um dia para o outro.<br />
A própria ANI tem <strong>de</strong> mudar<br />
internamente…<br />
Claro. Apostando na digitalização,<br />
um caminho<br />
que tinha começado, mas<br />
que nós acelerámos gran<strong>de</strong>mente.<br />
A transição digital<br />
é urgente – e estamos a fazê-la, já com a visão <strong>de</strong><br />
conjunto <strong>de</strong> que falei. Além disso, <strong>de</strong>finimos a tal visão<br />
estratégica para o mandato: a transversalida<strong>de</strong>, do<br />
front office da ANI para o exterior, e o <strong>de</strong>sígnio europeu e<br />
nacional da transição para a sustentabilida<strong>de</strong>, que tem<br />
<strong>de</strong> ser estratégica.<br />
Há imensos <strong>de</strong>safios internos…<br />
Sim. A primeira coisa que fiz, logo no meu primeiro<br />
dia, a 3 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2021, foi lançar um concurso interno<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. E fiz também outra coisa simbólica:<br />
uma reunião Teams com toda a gente, na altura 93 pessoas,<br />
e pedi que todas se apresentassem. Disseram-me,<br />
<strong>de</strong>pois, que isto nunca tinha acontecido. As reuniões<br />
eram, tipicamente, unidirecionais, e não bidirecionais.<br />
Foi aí que lancei o tal programa <strong>de</strong> inovação interno.<br />
Quis dar voz às pessoas…<br />
Quis empo<strong>de</strong>rá-las. Recolhemos as i<strong>de</strong>ias e agora estamos<br />
a estudar como po<strong>de</strong>mos integrá-las. Pedimos às<br />
pessoas para proporem um plano <strong>de</strong> implementação<br />
para as suas i<strong>de</strong>ias.<br />
Os setores tradicionais<br />
portugueses são muito<br />
inovadores, ao contrário do<br />
que as pessoas pensam. A<br />
inovação é transversal<br />
A pan<strong>de</strong>mia contribuiu para que as empresas estejam<br />
a olhar mais para a inovação como aposta estratégica<br />
<strong>de</strong> futuro?<br />
O que posso dizer é que há cada vez mais empresas que<br />
olham para a inovação como sendo crítica para a sua<br />
produtivida<strong>de</strong>. Isso tem crescido, transversalmente.<br />
Temos muitos novos clientes, sobretudo PME, que nos<br />
procuram <strong>de</strong>vido aos nossos sistemas <strong>de</strong> incentivos. A<br />
visibilida<strong>de</strong> da ANI vai ajudar a promover isso.<br />
Tem referido que a inovação é um conceito difícil <strong>de</strong><br />
mensurar. Mas como é que a <strong>de</strong>fine?<br />
Gosto <strong>de</strong> citar Schumpeter, economista austríaco que<br />
em 1934 lançou um livro em que <strong>de</strong>screve a inovação<br />
como fator <strong>de</strong> mudança e crescimento nas organizações<br />
e o empreen<strong>de</strong>dor como um agente <strong>de</strong> mudança<br />
– e não apenas o dono da empresa. Gosto da noção<br />
<strong>de</strong>le, em que a inovação é<br />
uma i<strong>de</strong>ia muito ampla –<br />
inovação na estrutura, nos<br />
processos, nos produtos,<br />
no marketing, etc… Na ANI,<br />
os nossos instrumentos<br />
estão muito ligados à inovação<br />
tecnológica – para<br />
ajudar as empresas a diminuir<br />
o risco dos investimentos<br />
nesta área. Esse é<br />
o nosso papel.<br />
A criação as Zonas Livres<br />
Tecnológicas po<strong>de</strong>rá contribuir para atenuar esse<br />
risco?<br />
Não. As Zonas Livres Tecnológicas são espaços <strong>de</strong> experimentação,<br />
permitem diminuir o tempo <strong>de</strong> chegada<br />
ao mercado.<br />
Quais os setores que mais apostam na inovação?<br />
Há vários. Os têxteis, os mol<strong>de</strong>s, a metalomecânica,<br />
a mecânica <strong>de</strong> precisão – setores que tradicionalmente<br />
não associamos à inovação. Os setores tradicionais<br />
portugueses são muito inovadores, ao contrário do que<br />
as pessoas pensam. Mas a inovação é transversal – e é<br />
isso que nos tem permitido manter a competitivida<strong>de</strong>.<br />
As empresas que não inovem, no longo prazo, estão<br />
con<strong>de</strong>nadas.<br />
E no setor público? Como se inova aí?<br />
Temos uma ferramenta, as Compras Públicas para a<br />
Inovação, que permite introduzir melhorias na função<br />
pública.<br />
Essa é uma das gran<strong>de</strong>s apostas, por causa das verbas<br />
para o PRR?<br />
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