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poderá reverenciá-lo mais do que alguém que se coça venha a
reverenciar a coceira. A complacência temporária que uma mulher
tola dispensa a uma criança mimada, que na realidade é
complacência própria — sua boneca viva enquanto isso durar —,
tem muito menos chance de “se tornar um deus” do que a profunda
e estreita devoção de uma mulher que (na realidade) “vive para seu
filho”. Também tendo a pensar que o tipo de amor que um homem
tem por seu país, que é exercitado com muita cerveja e cantoria
patriótica, não o levará a fazer muito estrago (ou bem) à sua pátria.
Esse patriotismo estaria plenamente satisfeito quando se pedisse
outra cerveja e se unisse ao coro dos que homenageiam a pátria.
E isso, claro, é o que se esperaria. Nosso amor não faz nenhuma
reivindicação à divindade até que essa reivindicação se torne
plausível. E ela não se tornará plausível até que haja uma
semelhança real com Deus, com o próprio Amor. É importante não
cometer erro nenhum neste ponto. Nossos amores-Dádivas são
verdadeiramente semelhantes a Deus e entre eles — aqueles que
são mais generosos e dispostos a dar são os mais semelhantes a
Deus. Tudo que os poetas dizem sobre eles é verdadeiro. Sua
alegria, sua energia, sua paciência, sua disposição em perdoar, seu
desejo pelo bem da pessoa amada — enfim, tudo isso é real e nada
mais é do que a adorável imagem da vida Divina. Em sua presença,
somos justificados ao agradecer a Deus, aquele “que deu tal
autoridade aos homens”. Podemos dizer, de maneira honesta e
inteligível, que aqueles que amam de forma grandiosa estão mais
próximos de Deus. Mas, claro, isso é “proximidade por semelhança”.
Isso não produzirá “proximidade de abordagem”. A semelhança nos
foi concedida, e ela não possui nenhuma conexão necessária com
aquela abordagem lenta e dolorosa que deve constituir a nossa
própria tarefa (embora nunca sem assistência). Enquanto isso,
porém, a semelhança é um esplendor. É por isso que poderíamos
confundir Semelhança com Igualdade. Poderíamos dar aos nossos
amores humanos uma aliança incondicional do tipo que devemos
somente a Deus. Então, nossos amores se tornariam deuses e, por
consequência, demônios. Depois nos destruiriam e, também, a si
mesmos, pois amores naturais que têm a pretensão de se tornar
deuses não permanecem como amores. Eles são ainda assim