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política imperial, melhor será. Quando criança, eu tinha um livro
cheio de figuras coloridas chamado Our IIsland Story [História de
nossa ilha]. O título sempre me pareceu apropriado. O livro também
não se parecia em nada com um livro-texto. O que realmente me
parece tóxico é a grave doutrinação de jovens acerca da história
que sabemos ser falsa ou parcial — a lenda heroica precariamente
disfarçada de fato tirada de um livro-texto. Caso permaneça, é isso
que gera um tipo de patriotismo pernicioso, embora aparentemente
não seja algo que perdure por muito tempo na mente de um adulto
bem-educado. Também surge a pressuposição subentendida de que
outras nações não possuem igualmente heróis; talvez até mesmo a
crença de que possamos literalmente “herdar” uma tradição. E,
claro, isso seria biologicamente muito ruim. Esse tipo de coisas leva
quase inevitavelmente a um terceiro ingrediente, às vezes,
denominado patriotismo.
O terceiro ingrediente não se trata de um sentimento, mas de uma
crença; uma firme convicção, ainda que prosaica, de que a nossa
nação há muito tempo é, e continua sendo, marcantemente superior
às demais. Certa vez, aventurei-me em dizer o seguinte a um velho
ministro da igreja que proclamava esse tipo de patriotismo: “Mas,
meu senhor, não nos dizem que cada povo considera os seus
próprios homens os mais corajosos e as suas mulheres as mais
belas do mundo?” Ele replicou com um tom bem grave — aliás, o
tom não poderia ser mais grave mesmo se ele estivesse
declamando o Credo no altar —, “Sim, mas na Inglaterra isso é
verdade”. Com certeza, essa convicção não tornou meu amigo (que
Deus o tenha!) um vilão; apenas um querido e velho burro. No
entanto, isso pode produzir burros que dão coices e mordem. Na
orla lunática, pode produzir um racismo popular que tanto o
cristianismo quanto a ciência proíbem.
Isso nos leva ao quarto ingrediente. Se nossa nação é de fato tão
melhor assim que as demais, seria possível argumentar que ela
possui tanto os deveres como os direitos de um ser superior quando
comparada as demais. No século XIX, os ingleses se
conscientizaram muito bem desses deveres: o
“fardo/reponsabilidade do homem branco”. Aqueles a quem
chamávamos de nativos eram nossos pupilos, e nós, seus