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“Cães e gatos deveriam ser sempre aproximados uns dos outros”,
alguém diz, “isso amplia muito suas mentes”. A Afeição amplia a
nossa mente. De todos os amores naturais, esse é o mais universal,
o menos melindroso, o mais amplo. As pessoas com as quais você
acaba tendo de conviver na família, na faculdade, no refeitório, no
navio, na igreja, desse ponto de vista, são um círculo mais amplo de
amigos, ainda que numeroso, que você mesmo faz no mundo
exterior. Possuir um grande número de amigos não significa que eu
provo ter uma ampla apreciação pela excelência humana. Você
também poderia dizer que eu provo a abrangência de meu gosto
literário ao ser capaz de desfrutar de todos os livros de minha
biblioteca. A resposta é a mesma para ambos os casos: “Você
escolheu esses livros. Você escolheu esses amigos. E, é claro, eles
se encaixam com você”. O verdadeiro gosto abrangente pela leitura
é aquele que o capacita a achar alguma coisa que atenda suas
necessidades na bandeja de livros em liquidação do lado de fora do
sebo. O verdadeiro gosto abrangente em se tratando de pessoas
também encontrará algo apreciável naqueles com quem se deve
interagir a cada dia. Na minha experiência, é a Afeição que cria esse
gosto, primeiro nos ensinando a perceber, depois a suportar, a sorrir
para, a “curtir” e finalmente a apreciar as pessoas “que estão aí”.
Foram elas feitas para nós? Não, graças a Deus. Elas são mais
estranhas do que você poderia supor e muito mais dignas do que
você poderia imaginar.
Chegamos agora bem perto de uma questão difícil. A Afeição,
como já disse, não é arrogante. O amor-Caridade não se orgulha, já
disse o apóstolo Paulo. A Afeição é capaz de amar os repulsivos:
Deus e os seus amam os que não são dignos de amor. A Afeição
“não tem muitas expectativas”, ignora as falhas e recupera-se
facilmente depois de discussões; assim, também, o amor-Caridade
é paciente, bondoso e perdoador. A Afeição abre nossos olhos para
a bondade que não víamos antes, ou que não poderia ser apreciada
sem ela. Da mesma forma, a santidade humilde. Se ficássemos
exclusivamente nesses paralelos, seríamos levados a crer que essa
Afeição não é simplesmente um dos amores naturais, mas é o Amor
em Si (Deus), trabalhando em nossos corações e cumprindo a lei.
Será que no fim das contas os romancistas vitorianos estavam