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C.S. LEWIS - OS QUATRO AMORES

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INTRODUÇÃO

“Deus é amor”, diz o apóstolo João. No princípio, quando pensei em

escrever este livro, imaginava que essa máxima me mostraria um

caminho sem quaisquer percalços ao abordar o assunto. Pensava

que seria capaz de dizer que os amores humanos mereciam

somente ser chamados de amores pelo fato de terem alguma

semelhança com o Amor que é Deus. A primeira distinção que fiz,

portanto, foi entre aquilo que denominei amor-Dádiva e amor- -

Necessidade. Um exemplo típico do amor-Dádiva seria o amor que

move um homem a trabalhar, planejar e guardar dinheiro para o

futuro bem-estar de sua família, que ele morrerá sem ver ou

desfrutar. Um exemplo do segundo amor é aquele que impulsiona

uma criança sozinha ou assustada para os braços de sua mãe.

Não havia dúvida sobre qual era mais parecido com o Amor que é

próprio de Deus. O Amor divino é o amor--Dádiva. O Pai dá tudo

que é e tem ao Filho. O Filho dá a si mesmo de volta ao Pai, e dá a

si mesmo ao mundo, e pelo mundo ao Pai, e assim dá o mundo (em

si mesmo) de volta ao Pai também.

Por outro lado, o que pode ser menos parecido com qualquer

coisa que cremos a respeito da vida de Deus que o amor-

Necessidade? Ele não tem falta de nada, mas o nosso amor-

Necessidade, como viu Platão, “é o filho da Pobreza”. Em nossa

conscientização, é o reflexo exato da própria real natureza.

Nascemos desamparados. Logo que estamos totalmente

conscientes, descobrimos a solidão. Precisamos dos outros física,

emocional e intelectualmente; precisamos dos outros se queremos

saber qualquer coisa, até de nós mesmos.

Eu esperava escrever elogios fáceis para o primeiro tipo de amor

e depreciações para o segundo. E muito daquilo que pretendia dizer

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