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Revista Biomassa BR ED 66

• Redução da emissão de gases do efeito estufa e melhoria de processos... • Biogás e Sustentabilidade: o caminho da economia brasileira para os próximos 5 anos • Panorama do Biogás no Brasil mostra que o número de plantas que produzem biometano cresceu 82% em 2022 • Biomassa na siderurgia • Circularidade dos resíduos da cadeia agrícola na geração de biocombustíveis

• Redução da emissão de gases do efeito estufa e melhoria de processos... • Biogás e Sustentabilidade: o caminho da economia brasileira para os próximos 5 anos • Panorama do Biogás no Brasil mostra que o número de plantas que produzem biometano cresceu 82% em 2022 • Biomassa na siderurgia • Circularidade dos resíduos da cadeia agrícola na geração de biocombustíveis

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Vol. 06 - Nº 66 - Jul/Ago 2023

www.revistabiomassabr.com

REDUÇÃO DA

EMISSÃO DE GASES

DO EFEITO ESTUFA...

BIOGÁS E SUSTENTABILIDADE:

o caminho da economia brasileira

para os próximos 5 anos

PANORAMA DO

BIOGÁS NO BRASIL

ISSN-2525-7129

BIOMASSA NA

SIDERURGIA



Expediente

Índice

EDIÇÃO

Grupo FRG Mídias & Eventos

DIREÇÃO COMERCIAL

Tiago Fraga

COMERCIAL

Cláudio Fraga

CHEFE DE EDIÇÃO

Dra. Emanuele Graciosa

CONSELHO EDITORIAL

Javier Escobar ― USP, Cássia Carneiro ― UFV, Fernando Santos

― UERS, José Dilcio Rocha ― EMBRAPA, Dimas Agostinho

― UFPR, Luziene Dantas ― UFRN, Alessandro Sanches ― USP,

Horta Nogueira ― UNIFEI, Luiz A B Cortez ― Unicamp,

Manoel Nogueira ― UFPA, Vanessa Pécora ― USP

SUPERVISÃO

Eliane T. Souza, Cristina Cardoso

REVISÃO

Maria Cristina Cardoso

DISTRIBUIÇÃO

Carlos Alberto Castilhos

REDES SOCIAIS

Matheus Vasques (WEB CONECTE)

EDIÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO

Gastão Neto - www.vorusdesign.com.br

COLABORADORES

Dandara P. da S. Guimarães, Evanderson L. C. Evangelista, Humberto

F. de Siqueira, Angélica de C. O. Carneiro, Emanuele Graciosa,

Monique da F. R. Paixão, Juliana L. Paes, Heleno Q. de Lima

DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

Empresas, associações, câmaras e federações de indústrias,

universidades, assinantes, feiras e eventos dos setores de biomassa,

agronegócio, cana-de-açúcar, florestal, biocombustíveis, setor

sucroenergético e meio ambiente.eventos do setor de energia solar,

energias renováveis, construção sustentável e meio ambiente.

VERSÃO:

Eletrônica

www.revistabiomassabr.com

PUBLICAÇÃO:

Bimestral

CONTATO:

Curitiba - PR - Brasil +55 41 3225.6693 - 41 3222.6661

E-MAIL:

contato@grupofrg.com.br

PARA REPRODUÇÃO PARCIAL OU COMPLETA

DAS INFORMAÇÕES DA REVISTA BIOMASSABR É

OBRIGATÓRIO A CITAÇÃO DA FONTE.

04

Redução da emissão de gases

do efeito estufa e melhoria de

processos...

07

Biogás e Sustentabilidade:

o caminho da economia brasileira

para os próximos 5 anos

08

Panorama do Biogás no Brasil

mostra que o número de plantas

que produzem biometano

cresceu 82% em 2022

14

Biomassa na siderurgia

18

Circularidade dos resíduos

da cadeia agrícola na

geração de biocombustíveis

A Revista Brasileira de Biomassa e

Energia é uma publicação do

OS ARTIGOS E MATÉRIAS ASSINADOS POR COLUNISTAS

E OU COLABORADORES, NÃO CORRESPONDEM A

OPINIÃO DA REVISTA BIOMASSABR, SENDO

DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

Revista Biomassa BR

3


Artigo

Redução da emissão de gases do efeito

estufa e melhoria de processos através

do aproveitamento dos coprodutos da

carbonização em sistema fornos-fornalha

Por: Dandara Paula da Silva Guimarães – Mestre Ciência Florestal na Universidade Federal de Viçosa

Evanderson Luis Capelete Evangelista – Engenheiro Florestal na Universidade Federal de Viçosa

Humberto Fauller de Siqueira – Doutor em Ciência Florestal na Universidade Federal de Viçosa

Angélica de Cássia Oliveira Carneiro – Professora no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade

Federal de Viçosa e Doutora em Ciência Florestal

OBrasil é o maior produtor

de carvão vegetal do

mundo, sendo responsável

por 12% da produção

mundial deste insumo

que é amplamente utilizado pelas indústrias

brasileiras do setor siderúrgico

e de ferroligas, consumidoras de

82% do carvão vegetal produzido no

país (IBÁ, 2022; BEN 2022).

O carvão vegetal, segundo maior

produto do setor florestal brasileiro,

pode ser produzido a partir de diferentes

biomassas, porém a principal

matéria-prima utilizada para este fim

é a madeira proveniente de florestas

plantadas (IBÁ, 2022).

Para atender a demanda dos principais

consumidores do carvão vegetal,

a madeira deve ter propriedades

físicas e químicas adequadas para o

seu uso final, sendo o teor de umidade

uma das principais características

que afetam o rendimento, a qualidade

e a competitividade do carvão vegetal,

além de impactar custos de logística,

a produtividade dos fornos e o tempo

de carbonização. Dessa forma, a secagem

da madeira é uma etapa essencial

na cadeia produtiva desse insumo

(ASSIS et al., 2016; FIGUEIRÓ et al.,

2020; CANAL et al., 2020).

O método mais difundido para

secar a madeira é a secagem ao ar livre

em função do baixo custo, porém

implica em longos períodos de estocagem

da madeira em campo, comumente

de 90 a 120 dias, interferindo

o planejamento da produção e, muitas

vezes, não alcançando os níveis

de umidade ideais para a produção

de carvão vegetal (PERTUZZATTI et

al.,2013; ZANUNCIO et al., 2013; SI-

QUEIRA, 2021).

Dentre as alternativas para reduzir

o tempo de secagem da madeira,

têm-se a secagem artificial em sistemas

fornos-fornalha, sistema desenvolvido

por pesquisadores do Laboratório

de Painéis e Energia da Madeira

(LAPEM/UFV) que tem sua tecnologia

baseada na queima dos gases da

carbonização por meio de uma fornalha

acoplada aos fornos de produção

de carvão vegetal. O sistema é composto

por um

conjunto de

quatro fornos

circulares

interligados

por meio de

dutos a um

queimador

de gases central.

A l é m

de trazer ganhos

de rendimento

na

produção, o

sistema for-

nos-fornalha produz um carvão vegetal

de melhor qualidade, sem prejudicar

a saúde de quem opera o forno

e diminuindo a emissão de fumaça e

dos gases do efeito estufa que causam

a mudança do clima. A redução de

metano, por exemplo, é reduzida em

94%.

Com a combustão dos gases na

fornalha, há liberação de energia na

forma de calor, podendo ser aproveitado

para a secar a madeira dentro

do próprio forno de carbonização,

tornando-se uma possível alternativa

para realizar a secagem no menor

tempo possível e de forma eficiente,

sem afetar as propriedades da madeira

e promovendo a utilização de

coprodutos (DONATO et al., 2020;

SIQUEIRA, 2021).

Figura 1. Representação esquemática do sistema para condução

de gases combustos do queimador para o forno de secagem.

Fonte: Guimarães e Evangelista, 2023.

4

Revista Biomassa BR


Artigo

ABGD

Em defesa da geração

descentralizada

e democrática de energia

elétrica.

Somos mais de 600 empresas com

um objetivo comum: fomentar

o mercado de geração distribuída –

a geração de energia junto ou

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JUNTE-SE A NÓS

Defendemos os interesses de pequenas, médias e grandes empresas

de toda a cadeia de geração distribuída, dando legitimidade

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Vila Cordeiro, São Paulo (SP)

CEP: 04583-110

Telefone: (11) 3796-3767

Revista Biomassa BR

5


Artigo

No Sítio de Pesquisa em Carvão

Vegetal Sustentável do LAPEM/UFV,

o aproveitamento dos gases combustos

é feito através do transporte dos

gases do queimador até os fornos utilizados

para a secagem da madeira,

por meio de um exaustor centrífugo

de 0,5 cv de potência, rotação de 2016

rpm controlado por um inversor de

frequência (Figura 1).

Guimarães (2019), ao estudar a

secagem artificial de toras de madeira

de Eucalyptus em sistema fornos-

-fornalha, obteve uma eficiência de

secagem de 38,36% utilizando os gases

combustos do queimador à 120°C

admitidos por 15 horas pela lateral do

forno de secagem, porém com uma

secagem heterogênea, favorecendo

a redução de umidade das madeiras

posicionadas no lado direito do forno,

onde se encontrava o local de admissão

dos gases. Siqueira (2021), ao

utilizar o mesmo sistema de secagem

com os gases combustos sendo admitidos

por 15 horas a 150°C, obteve

uma eficiência de secagem de 30,54%.

Em ambos os trabalhos, a madeira

atingiu teores de umidade abaixo de

40%, conforme recomendado pela

DN 227/2018 para a produção de carvão

vegetal no estado de Minas Gerais,

o maior produtor e consumidor

de carvão vegetal do Brasil.

Nos trabalhos desenvolvidos por

Guimarães (2019) e Siqueira (2021), a

admissão dos gases combustos foi feita

pela lateral do forno de alvenaria e,

apesar de serem métodos de secagem

eficientes, evidenciaram a necessidade

de avaliar outros locais de admissão

dos gases para melhorar a homogeneização

da secagem da carga de madeira.

Posto isso, Evangelista (2023)

realizou um estudo inserindo os gases

combustos pelo piso do forno durante

22,5h a 170°C, obtendo uma eficiência

de secagem de 29,7% e uma secagem

da madeira melhor distribuída no interior

do forno.

Além de reduzir o tempo de secagem

da madeira e, dessa forma,

reduzindo a fase endotérmica da carbonização,

fase em que a energia do

processo está sendo consumida para

a remoção da água (COSTA et al.,

2020), esse tipo de sistema promove a

melhoria da qualidade e do rendimento

do carvão vegetal, como comprovado

por Siqueira (2021) ao carbonizar

as madeiras secas artificialmente. O

carvão vegetal produzido no estudo

teve um rendimento gravimétrico

médio de 36,90%, um teor de carbono

fixo de 82,31% e friabilidade de

7,47%, se adequando aos valores recomendados

para a produção de carvão

vegetal para siderurgia, a maior

indústria consumidora desde insumo

(PEREIRA, et. al., 2012). Ressalta-se

que no trabalho realizado por Siqueira

(2021), o rendimento gravimétrico

em carvão vegetal foi 18% maior do

que na carbonização convencional realizada

pelo autor.

A secagem artificial da madeira

em toras utilizando o sistema fornos-

-fornalha e aproveitando a energia

dos gases combustos da carbonização

é, portanto, uma alternativa tecnicamente

viável para reduzir o teor de

umidade da madeira, além de contribuir

para a produção sustentável do

carvão vegetal, reduzindo as emissões

dos gases do efeito estufa através de

uma produção mais eficiente que contribui

para a melhoria do processo e

do produto final com a utilização de

tecnologias avançadas de aproveitamento

dos coprodutos da carbonização,

garantindo uma produção e consumo

favoráveis ao desenvolvimento

sustentável, alinhada às diretrizes de

mitigação e adaptação ás mudanças

climáticas.

REFERÊNCIAS

FICAS

BIBLIOGRÁ-

ASSIS, M.R.; BRANCHERIAU, L.;

NAPOLI, A.; TRUGILHO, P.F. Factors

affecting the mechanics of carbonized

wood: literature review. Wood

Science Technology, v.50, p.519–536,

2016. DOI: https://doi.org/10.1007/

s00226-016-0812-6

CANAL, W. D.; CARVALHO, A. M.

M.; FIGUEIRO, C. G.; CARNEIRO,

A. C. O.; FIALHO, L. F.; DONATO, D.

B. Impact of Wood Moisture in Charcoal

Production and Quality. Floresta

e Ambiente, v.27, n.1, p.2-7, 2020.

DONATO, D. B.; CARNEIRO, A. D.

C. O.; CARVALHO, A. M. L. M.; VI-

TAL, B. R., MILAGRES, E. G.; CA-

NAL, W. D. Influência do diâmetro da

madeira de eucalipto na produtividade

e propriedades do carvão vegetal.

Revista Ciência da Madeira (Brazilian

Journal of Wood Science), v. 11,

n. 2, 2020.

EPE [Empresa de Pesquisa Energético]

Balanço Energético Nacional

(BEN) 2022: Ano base 2021, 2022.

FIGUEIRÓ, C. G.; CARNEIRO, A. C.

O.; FIALHO, L. F.; MAGALHÃES, M.

A.; RIBEIRO, G. B. D. Wood dryers:

a sustainable alternative for increased

charcoal production. Revista Floresta,

v.50, n.1, p.943-952, 2020.

GUIMARÃES, D. P. S. G. Secagem

artificial de toras de madeira em

fornos de carvão vegetal utilizando

os gases da carbonização. 2019. 47 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado

em Engenharia Florestal)

- Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,

MG. 2019.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁR-

VORES, IBÁ. Ano base 2021. Relatório

anual. 87 p. Brasília: IBÁ, 2022.

PEREIRA, B.L.C.; OLIVEIRA, A.C.;

CARVALHO, A.M.M.L; CARNEI-

RO, A.C.O.; SANTOS, L.C.; VITAL,

B.R. Quality of wood and charcoal

from Eucalyptus clones for ironmaster

use. International Journal of

Forestry Research, [s. l.], v. 2012,

p. 8, 2012.

PERTUZZATTI, A.; TREVISAN, R.;

FIORESI, T.; RABUSKE, J.E.; TRAU-

TENMÜLLER, A.V.; DA MOTTA,

C.I.; NETTO, C.C. Influência do diâmetro

das toras na secagem ao ar

livre de Eucalyptus globulus Labill.

Brazil Journal of Wood Science,

v. 04, n. 02, p. 191-201, 2013. DOI:

10.12953/2177-6830.v04n02a05

SIQUEIRA, H. F. Aproveitamento

dos gases da carbonização para

secagem da madeira e produção

de carvão vegetal. 2021. 116 f. Tese

(Doutorado em Ciência Florestal) -

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,

MG. 2021.

ZANUNCIO, A. J. V.; MONTEIRO,

T. C.; LIMA, J. T.; ANDRADE, H. B.;

CARVALHO, A. G. Drying biomass

for energy use of Eucalyptus urophylla

and Corymbia citriodora Logs. 2013b.

BioResources, v.8, n.4, p.5159-5168,

2013.

6

Revista Biomassa BR


Artigo

BIOGÁS e SUSTENTABILIDADE:

o caminho da economia brasileira

para os próximos 5 anos

Novos modelos de negócios para mercado internacional mais competitivo

Por: Heleno Quevedo de Lima

No cenário agropecuário

brasileiro, a produção de

proteína animal desempenha

um papel vital na

economia do país. Porém, com os

crescentes desafios relacionados à gestão

de resíduos orgânicos, eficiência

e competitividade no mercado internacional,

uma figura emergente está

revolucionando o setor: as empresas

integradoras de sistemas de Biogás.

Estas não apenas estão

transformando

a forma como lidamos

com resíduos,

mas também estão

pavimentando o caminho

para uma

economia mais sustentável

e competitiva,

impulsionando

a produção de bioenergia

a partir de

biomassa residual.

Essas empresas

têm uma missão

clara – conceber, desenvolver

e operar

sistemas anaeróbios

para a produção de

Biogás, um valioso biocombustível

gasoso, a partir dos resíduos orgânicos

gerados na criação de animais. O

grande diferencial está na personalização

dos sistemas para atender às

necessidades específicas de cada produtor.

Essa abordagem considera o

número de animais, tipos de resíduos

gerados e as condições locais, o que

garante uma solução sob medida para

a produção de bioenergia.

A excelência na operação é uma

das pedras angulares dessas empresas.

Elas assumem a responsabilidade pela

operação dos sistemas e garantem que

funcionem de maneira eficaz, maximizando

a produção de Biogás, o qual

se transforma em valiosa bioenergia,

enquanto minimizam os custos operacionais.

Além disso, a manutenção

regular é realizada para garantir a

operação ininterrupta e a produção

contínua de bioenergia.

Além da produção de Biogás e sua

conversão em bioenergia, os integradores

auxiliam os produtores na exploração

de novos modelos de negócios.

Isso inclui a venda de Biometano,

uma variante do Biogás, para a rede

de gás, a comercialização de subprodutos,

como biofertilizantes, e a oferta

de serviços ambientais, como o tratamento

de resíduos. Essas oportunidades

não apenas aumentam a receita,

mas também fortalecem a imagem de

sustentabilidade das operações e consolidam

a produção de bioenergia.

A figura do integrador do setor de

Biogás está se tornando um parceiro

estratégico para suinocultores, bovinocultores,

avicultores e outros produtores

de proteína animal no Brasil.

Além de resolver desafios de resíduos,

essas empresas estão impulsionando

a lucratividade e a sustentabilidade

do setor, contribuindo para a

produção de energia limpa e a gestão

responsável do meio

ambiente, por meio

da produção de bioenergia

a partir de biomassa

residual.

A produção de

Biogás no setor de

proteína animal não

é apenas uma tendência,

mas uma necessidade.

O Brasil pode

se posicionar de maneira

competitiva no

mercado internacional,

ao adotar práticas

sustentáveis, reduzir a

pegada de carbono e

gerar receita adicional

por meio da produção

de Biogás, um valioso biocombustível

gasoso, transformado em bioenergia.

As empresas integradoras de Biogás

desempenham um papel fundamental

nesse processo, conectando a produção

de proteína animal à economia

circular e a uma visão de futuro mais

sustentável. À medida que o setor de

Biogás continua a crescer, essas empresas

prometem fazer a diferença na

economia brasileira nos próximos 5

anos, contribuindo para a produção

de bioenergia a partir da biomassa residual.

Revista Biomassa BR

7


Panorama do Biogás no Brasil mostra

que o número de plantas que produzem

biometano cresceu 82% em 2022

Documento que será lançado pelo CIBiogás reúne informações atualizadas sobre

o crescimento do setor de biogás e biometano no Brasil e traz novas perspectivas para 2024

Aplicação energética das plantas no Brasil.

Foz do Iguaçu, 2023. Em 2022, o

Brasil demonstrou um crescimento na

geração de biogás e biometano. Com a

alta dos investimentos e procura sobre

as fontes alternativas de energia e biocombustíveis,

o Panorama do Biogás

no Brasil em 2022, que será lançado

pelo Centro Internacional de Energias

Renováveis (CIBiogás) no dia 04 de

setembro em uma live no YouTube do

CIBiogás - (Inscreva-se aqui: https://

materiais.cibiogas.org/webinar-panorama-do-biogas-no-brasil-2022),

vai

trazer mais números sobre o desenvolvimento

do setor de biogás e biometano

no Brasil. Nos dias 05 e 06 o

canal no YouTube também vai compartilhar

cases de empresas parceiras

que fizeram a diferença no setor em

2022. Confira a programação nas redes

sociais do CIBiogás: @cibiogasoficial.

Energia elétrica e biometano em

destaque

Confirmando a importância da

fonte para o desenvolvimento da bioeconomia,

o documento revela que,

em 2022, 114 novas plantas de biogás

começaram a operar, o que representou

um crescimento de 15%, em relação

a 2021. Hoje o Brasil possui 936

plantas instaladas, sendo que 885 unidades

estão em operação produzindo

aproximadamente 2,8 bilhões Nm³/

ano de biogás com aproveitamento

energético.

Entre as aplicações energéticas do

biogás o biometano se destacou com

um crescimento de 82% no número

de plantas no país, registrando um

total de 20 plantas em operação em

2022. Estas plantas convertem 22% do

8

Revista Biomassa BR


Revista Biomassa BR

9


biogás produzido no Brasil em cerca

de 359,8 Nm³/ano de biometano,

o equivalente a rodar 3.598 milhões

km/ano com veículos leves e 900 milhões

km/ ano com veículos pesados.

A geração de energia elétrica

apresentou aproximadamente 86%

das plantas em operação no Brasil, o

que representa a geração de 2,08 bilhões

de Nm³/ano, ou seja, 72% do volume

de produção de biogás em 2022.

Rafael González, diretor-presidente

do CIBiogás, relata que o crescimento

reflete o comportamento dos

agentes do setor, que vem investindo

em alternativas renováveis que fazem

evoluir o cenário da matriz energética

brasileira.

“O biogás e o biometano estão se

destacando dentre outras energias. Na

agropecuária, vimos que o crescimento

foi significativo, sendo responsável por

63% do total das plantas que entraram

em operação em 2022. Isso é muito importante,

pois traduz como as fontes

renováveis são essenciais para todo o

tipo de setor e como podem impactar

positivamente várias cadeias produtivas”

afirma o diretor.

O impacto do Saneamento

Apesar do destaque do crescimento

do número de plantas de biogás

a partir de resíduos da agropecuária,

o maior volume de biogás

produzido em plantas que entraram

em operação no ano de 2022 foi protagonizado

pelo setor de saneamento,

que aproveitou energeticamente cerca

de 2,1 bilhões de Nm³/ano de biogás,

o equivalente a 74% do biogás produzido

no país.

Felipe Marques, Diretor de Desenvolvimento

Tecnológico do CIBiogás,

destaca que o volume expressivo

reflete importantes projetos implementados

em aterros sanitários no

país e sinaliza boas expectativas para

o aproveitamento energético em 2023,

pois a cada dia ficam mais evidentes

as oportunidades associadas ao saneamento

ambiental com biogás.

“No Brasil todo o biogás vem ganhando

espaço. O grande trunfo do biogás

está relacionado à diversificação de

fontes, aplicações e distribuição geográfica

no território e estamos vendo isso

acontecer no Brasil. Os impactos à matriz

energética são diversos e de toda

ordem.” ressalta Marques.

O diretor complementa enfatizando

a importância desses dados na

democratização das alternativas renováveis

com apoio dos setores políticos.

“A intenção do CIBiogás com o

Panorama do Biogás 2022 é trazer clareza

sobre como o mercado de biogás

no Brasil vem se desenvolvendo, permitindo

que oportunidades de mercado e

necessidades de avanços em políticas

públicas sejam percebidas. A publicação

é multipropósito e pode atender a

diversos públicos. O Biogás é um energético

estratégico para a economia de

baixo carbono e a transição energética.

O Brasil tem grande potencial e devemos

aproveitar os dados compartilhados

pelo Panorama para voltar olhares

esperançosos para este setor que só tem

a crescer cada ano mais em todos

os estados brasileiros” complementa

o diretor.

Biogás em todo o Brasil

O Panorama do Biogás

no Brasil 2022 ressalta mais

uma vez a permanência de Minas

Gerais como o estado com

mais plantas em operação, totalizando

274, tendo em segundo

lugar, o Paraná, com 198

plantas.

Quando analisamos os estados

que registraram um crescimento

expressivo em relação ao

ano anterior, São Paulo é protagonista,

com aumento de 21% de

plantas e de 27% na produção de

biogás.

Tamar Roitman, gerente exe-

10

Revista Biomassa BR


cutiva da Associação Brasileira

do Biogás (ABiogás), comenta

que para 2024 as expectativas são

muito positivas para o setor, principalmente

para o biometano e

energia elétrica. Com o aumento

da cadeia de fornecimento, houve

um aumento do número de plantas,

que poderia ser muito maior,

mas que depende do amparo de

políticas públicas direcionadas,

além de linhas de financiamento

aplicáveis para diversas formas de

produzir o biogás em diversas escalas.

“Estamos vendo a demanda

por biometano crescendo de forma

bastante importante e os projetos se

direcionando em um bom sentido,

porém ainda faltam incentivos que

ajudam a orientar os investimentos,

aumentando a viabilidade e

tornando os projetos em biometano

mais atrativos para efetivamente

termos um aumento da produção”

ressalta Roitman.

Projetos que alavancam o setor

Nesta edição as empresas Aggreko,

3DI Engenharia e UBE Industries,

associadas mantenedores

do CIBiogás, compartilharam

cases que também estiveram em

operação em 2022 para demonstrar

a eficácia do biogás nas iniciativas

realizadas por empresas que

investem e veem potencial na fonte

como parte expressiva da matriz

energética do Brasil. A oportunidade

é uma exclusividade dos

membros presentes no ecossistema

do CIBiogás.

No Panorama, a Aggreko

dará destaque para um case em

aterro sanitário com 25MW de

capacidade de geração de energia

elétrica a partir do biogás. Sidnei

Guimarães, gerente de operações

da Aggreko, contou como foi a experiência

de compartilhar sobre o

projeto para mais de 1 mil pessoas

que esperam a publicação no setor.

“A cada ano, aguardamos com

grande entusiasmo a atualização

do panorama do biogás, um indicador

crucial para atestar o avanço

do setor nos últimos meses. Em

2023, essa expectativa se mantém.

É com orgulho que a Aggreko tem

a oportunidade de ressaltar sua valiosa

contribuição para o universo

do biogás, destacando as suas soluções

no referido panorama.”

Guimarães destacou que a

inserção reafirma o compromisso

e estratégia de crescimento da

Aggreko que estão vinculados

ao modelo “energy as a service"

(energia como serviço) que solidifica

a presença da empresa neste

cenário elevando o compromisso

com a causa a partir da conexão

com o CIBiogás.

Luciana Balter, Business Development

Specialist South America

da UBE Industries, comenta

que o Panorama do Biogás é um

marco importante do setor, visto

que o documento destaca os avanços

que o setor está alcançando e

que a inserção de cases práticos

se mostra eficaz para fornecer insights

sobre a implementação do

biogás e biometano em diversos

cenários.

“Acredito que compartilhar

essas situações não apenas destacam

as conquistas do setor, mas

também fornece um guia prático

para outros interessados em adotar

e trabalhar com essa tecnologia

limpa, sustentável e principalmente

renovável.”

Lúcio Ricken, Sócio-diretor

da 3DI Engenharia, conta que um

dos objetivos da empresa é a consolidação

da relevância e referência

em purificação e upgrade de

biogás principalmente na américa

latina até 2025, e ressalta a importância

da conexão ao CIBiogás

na criação de network com outras

empresas, como foi o que aconteceu

com 3DI e UBE.

“O fortalecimento do mercado

do biogás será mais promissor se

feito por todos os atores do setor.

Demonstrar mais um case operacional

da 3DI para o Panorama

do Biogás evidencia a percepção

de dever cumprido e de caminhada

pela rota certa em prol do desenvolvimento

econômico e socioambiental

na cadeia do biogás.”

Sobre o CIBiogás

O CIBiogás - Centro Internacional

de Energias Renováveis

e Biogás é uma instituição de Ciência

e Tecnologia com Inovação,

dedicada ao desenvolvimento do

biogás como recurso energético

limpo e competitivo, com o objetivo

de promover o mercado de

energias renováveis.

Iniciado há mais de 10 anos

com a intenção de solucionar as

questões ambientais envoltas na

região Oeste do Paraná, o CIBiogás

surgiu a partir de uma iniciativa

da Itaipu Binacional para

executar ações que desenvolveram

o tema biogás e toda a cadeia

de produção e fornecimento. Até

hoje, as instituições juntamente

com o Parque Tecnológico Itaipu

(PTI) são parceiras em diversos

projetos relacionados ao biogás

e biometano em todo o Brasil e

também de outros combustíveis

avançados e hidrogênio a partir

de biogás.

Na competência de centro

de referência, o CIBiogás desenvolve

a cadeia de biogás, visando

aumentar a oferta e participação

do biogás na matriz energética

brasileira, atuando em todas as

etapas da cadeia. O CIBiogás possui

o 1º Laboratório de Biogás no

Brasil acreditado pela Coordenação

Geral de Acreditação do Inmetro

– CGCRE na norma ISO

17025:2017, para o ensaio de Potencial

Bioquímico de Metano.

O CIBiogas é uma instituição

com atuação especial na questão

de decisão tecnológica e de negócios.

Desta forma, a cada ano temos

participado mais ativamente

da implantação de novos empreendimentos

e atualização tecnológica

de plantas de biogas em operação,

sendo que todo o suporte

está vinculado à modelagem robusta

de negócios.

Revista Biomassa BR

11


SOLAR DO BRASIL

PRODUTOS

GARANTIA

25

ANOS

12

Revista Biomassa BR


Revista Biomassa BR

13


Artigo

BIOMASSA

NA SIDERURGIA

Por: Emanuele Graciosa

1. Introdução

A indústria siderúrgica figura

entre os principais produtores industriais

de dióxido de carbono, contribuindo

com 4–7% das emissões globais.

Em consonância com a transição

para uma economia de baixo carbono,

é imperativa uma reconfiguração nos

métodos de produção de ferro e aço.

Não há uma solução singular para alcançar

a siderurgia livre de CO 2

; pelo

contrário, faz-se necessário um extenso

portfólio de opções tecnológicas, a

serem implementadas isoladamente

ou em combinação, conforme as circunstâncias

locais o permitam.

A busca pelo uso de biomassa na

indústria siderúrgica surge como uma

alternativa reconhecida para reduzir

as emissões provenientes de fontes

fósseis. A transição de combustíveis

fósseis para biomassa visa evitar o aumento

líquido das emissões diretas de

CO 2

, considerando que as plantas em

crescimento capturam o CO 2

da atmosfera

durante seu desenvolvimento.

O programa de bioenergia da Agência

Internacional de Energia (IEA) destaca

que, dentro do ciclo do carbono, a

bioenergia pode ser carbono neutra,

desde que produzida de maneira sustentável.

No entanto, é essencial considerar

toda a cadeia de suprimentos,

incluindo as emissões relacionadas à

produção, processamento, transporte

e uso da bioenergia, com atenção

especial para o uso de energia fóssil

em etapas como colheita, transporte e

processamento.

A fim de garantir a sustentabilidade

da biomassa utilizada, é necessário

comprovar suas credenciais sustentáveis.

A gestão eficaz ao longo da

cadeia de suprimentos é crucial, podendo

a biomassa ser cultivada pelas

próprias empresas siderúrgicas ou adquirida

de produtores terceirizados.

Nesse contexto, iniciativas de gestão

são essenciais para apoiar os usuários

de biomassa, algumas das quais foram

desenvolvidas por organizações

globais, como o Conselho de Manejo

Florestal e o Programa de Biomassa

Sustentável, um esquema de certificação

concebido para biomassa lenhosa.

A aplicação da biomassa na produção

de ferro e aço pode ocorrer várias

formas seja na injeção direta em

altos-fornos na forma de carvão vegetal

por exemplo, ou na incorporação

em misturas de carvão mineral ou

coque para a produção de bio-coque,

bio-compósitos, pellets, bio-sinter,

entre outros.

2. Fontes de biomassa, disponibilidade,

processamento e qualidade

A biomassa é predominantemente

composta pelos cinco elementos

carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio

(O), nitrogênio (N) e enxofre (S),

além de elementos inorgânicos, tais

como Al, Si, K, Ca e Na, presentes em

suas cinzas. A composição da biomassa

varia de acordo com as diferentes

variedades. Em termos gerais, os conteúdos

médios de C, H, O, N e S na

biomassa são de 49,3%, 6,0%, 40,5%,

0,8% e 0,2%, respectivamente. Os teo-

14

Revista Biomassa BR


Artigo

res médios de matéria volátil,

carbono fixo e cinzas são de

77,0%, 18,2%, e 4,8%, respectivamente.

As propriedades da biomassa,

como baixo teor de

enxofre, alta proporção de

carbono e cinzas, e elevada

superfície específica, podem

melhorar a qualidade do

metal e a produtividade dos

fornos. No entanto, a presença

de elementos nocivos

em alguns tipos de biomassas

requer controle rigoroso,

pois pode impactar a qualidade

do metal em alta taxa

de injeção. A distribuição

dos elementos formadores

de cinzas apresenta algumas

variações nas diferentes partes

da madeira. No contexto

dos processos metalúrgicos,

é desejável manter o número

de álcalis e a quantidade de

fósforo o mais baixo possível,

enquanto uma alta proporção

de Ca nas cinzas é favorável

para esses processos (Mousa

et al., 2016).

As propriedades químicas, físicas

e mecânicas da biomassa bruta não

possibilitam sua utilização eficiente

na indústria siderúrgica. Portanto, a

utilização de biomassa pirolisada -

carvões, semi-carvões ou materiais

torrificados - é benéfica, apresentando

características aprimoradas, como

potencial limitado de absorção de

umidade, menor teor de oxigênio e

maior teor de carbono, maior poder

calorífico, maior densidade aparente,

melhor moabilidade (importante para

injeção) e melhor capacidade de esmagamento

(importante para incorporação).

AS PROPRIEDADES

DA BIOMASSA E DOS

COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

VARIAM INERENTEMENTE

ENTRE DIFERENTES

FONTES DE BIOMASSA

As propriedades da biomassa e

dos combustíveis fósseis variam inerentemente

entre diferentes fontes de

biomassa. Destaca-se que, do ponto

de vista dos processos metalúrgicos,

biomassas à base de madeira são as

matérias-primas mais adequadas.

Isso se deve ao geralmente baixo teor

de cinzas e enxofre no caule dessas

biomassas, resultando em níveis viáveis

de elementos prejudiciais (como

K e Na) nas cinzas. Entretanto, ao se

considerar a pirolise de biomassas lenhosas

para uma utilização mais eficiente

em processos metalúrgicos (assumindo

um rendimento de 30%), a

introdução de Na 2

O, K 2

O e P 2

O 5

em

carvões à base de madeira poderia exceder

a introdução desses compostos

prejudiciais quando comparada ao

coque metalúrgico e ao carvão pulverizado.

3. Uso de biomassa em processos

metalúrgicos

Os combustíveis fósseis, carvão e

coque, representam a principal fonte

de energia na indústria siderúrgica.

Substituição parcial de carvão e coque

em alto-forno com biomassa é uma

das abordagens promissoras para mitigar

as emissões de CO 2

.

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Artigo

BIOMASSA OU CARVÃO VEGETAL PROVENIENTES DA PIRÓLISE DA BIOMASSA PODEM

SER ADICIONADOS A UM CARVÃO COQUEIFICÁVEL COM O OBJETIVO DE REDUZIR AS

EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA...

Na planta siderúrgica integrada,

os produtos de biomassa podem ser

aplicados em diversas etapas, incluindo:

(i) na coqueria para a produção

de bio-coque;

(ii) no processo de sinterização

para a produção de bio-sinter;

(iii) na pelletização/briquetagem

para a produção de bio-compostos e/

ou bio-briquetes;

(iv) no mini alto-forno substituindo

o coque pelo carvão vegetal,

ou na injeção de carvão vegetal pulverizado.

Essas aplicações constituem

estratégias viáveis para incorporar

biomassa nas operações siderúrgicas,

visando uma transição

mais sustentável.

3.1. Injeção de biomassa

em alto-forno

Os produtos derivados

da biomassa poderiam ser

introduzidos no alto-forno

por meio de carregamento

superior e/ou injeção através

das ventaneiras, visando minimizar

o consumo de coque e,

consequentemente, as emissões

de CO 2

. A utilização de bio-coque,

bio-sinter, bio-compósito, materiais

torrificados e/ou carvão vegetal seria

adequada para o carregamento superior,

enquanto biochar pulverizado,

carvão vegetal moído, material torrado

moído, bio-óleo e/ou bio-PCI (injeção

de carvão pulverizado) seriam

apropriados para a injeção nas ventaneiras.

O aço brasileiro produzido a partir

de carvão vegetal é obtido em mini

altos-fornos. A baixa altura de trabalho

desses mini altos-fornos permite

a eficiente utilização de uma carga de

menor qualidade (menor resistência

mecânica) em comparação com

os modernos altos-fornos de grande

porte (44.000 m 3 ). Entretanto, os

altos-fornos modernos exigem propriedades

específicas na carga (coque,

sinter e pelotas) para sustentar uma

operação suave e eficiente. Dessa forma,

os bio-aglomerados (bio-coque,

bio-sinter e bio-compósito) precisam

atender aos requisitos mínimos de resistência;

caso contrário, haverá deterioração

na estabilidade do processo,

eficiência e qualidade do metal quente.

Ademais, qualquer alteração nos

materiais de entrada do alto-forno

afetará diretamente o mecanismo de

transferência de calor e massa, perfil

de temperatura e distribuição de gás

dentro do alto-forno.

B i o - massa ou carvão

vegetal provenientes da pirólise

da biomassa podem ser adicionados

a um carvão coqueificável com o objetivo

de reduzir as emissões de gases

de efeito estufa. O produto resultante

de coque, contendo biomassa/carvão,

é comumente denominado bio-coque.

Além dos sólidos como biomassa

e carvão vegetal, outros produtos da

pirólise, como líquidos (óleos e alcatrão)

e gases, também têm sido aplicados

na produção de bio-coque. A

serragem gerada como produto do

corte, retificação ou perfuração de

produtos de madeira representa uma

fonte econômica de biomassa para

esse processo. No entanto, a adição

de materiais de biomassa à mistura

de carvão para produzir bio-coque

com propriedades físicas desejadas

ainda representa um desafio para os

fabricantes de ferro. A adição de qualquer

material estranho à mistura de

carvão durante a coqueificação tem

o potencial de interferir no processo

de grafitização e afetar negativamente

as propriedades físicas e químicas

do produto coque (Suopajärvi et

al. 2018).

Segundo Mousa et al. (2016),

de forma geral adicionar biomassa à

mistura de carvão coqueificável reduz

a densidade aparente e a resistência

mecânica a frio do coque, devido ao

aumento da porosidade do mesmo.

Em resumo, a adição de biomassa

ou carvão vegetal pode reduzir

a fluidez do coque, aumentar

a viscosidade do coque e melhorar

a qualidade e reatividade

do coque, mas diminui

a resistência do coque após a

reação. A proporção de adição

de biomassa às misturas

de carvão coqueificável não

deve ser superior a 5% em peso

para não sacrificar demasiadamente

a resistência do coque.

No entanto, a proporção de adição

de biomassa/carvão vegetal pode ser

aumentada por algumas abordagens,

como o tratamento hidrotérmico

da matéria-prima biomassa e o uso

de carvões de tamanho de partícula

maior.

A injeção de carvão vegetal no

alto-forno pode reduzir as proporções

de coque e escória, melhorando

a qualidade do ferro-gusa. No entanto,

o teor de cinzas no carvão vegetal

é prejudicial à operação do alto-forno

devido a problemas operacionais

relacionados à corrosão e deposição

de compostos de cinzas alcalinas no

interior do alto-forno. Como tal, carvões

com baixo teor de cinzas são altamente

desejáveis para a injeção no

alto-forno.

16

Revista Biomassa BR


Artigo

Pellets de biomassa com minério

de ferro diz respeito a um tipo de

nova matéria-prima para a fabricação

de ferro, composta por biomassa, minério

de ferro e uma pequena quantidade

de materiais aglutinantes, produzidos

em um peletizador ou prensa

de briquetagem. A biomassa utilizada

nesses pellets pode ser biomassa bruta

ou carvão vegetal.

As limitações práticas do uso

de biomassa na siderurgia podem

ser resumidas em quatro pontos

principais:

(i) o menor valor calorífico dos

produtos de biomassa em comparação

ao carvão exige pré-tratamento e

pirólise eficientes,

(ii) dificuldades na injeção de

biomassa em alta taxa devido à natureza

porosa e à baixa densidade,

exigindo otimização para o processo

de injeção,

(iii) distribuição mais ampla do

tamanho das partículas de biomassa

após a moagem, demandando peneiramento

eficiente para obter o tamanho

de partícula adequado para a injeção,

e

(iv) presença de álcalis superiores

em alguns produtos de biomassa,

que devem ser controlados e minimizados

antes da utilização para evitar

seu impacto negativo nos materiais

refratários.

3.2. Potencial para biomassa no

processo de sinterização

A sinterização é um dos métodos

econômicos mais importantes para

a aglomeração de minério de ferro,

envolvendo a transformação de finos

de minério de ferro em aglomerados

grandes, duros e porosos, tornando-

-os adequados para suportar alta pressão

e fluxo de gás no alto-forno. Para

a maioria dos altos-fornos em todo o

mundo, o sinter representa a principal

alimentação de ferro devido a muitas

vantagens em comparação com o minério

de ferro, tais como: aumento da

produtividade do alto-forno, melhoria

da permeabilidade do gás, redução

dos finos de minério de ferro, economia

de coque, ajuste da basicidade

da escória, melhoria da qualidade do

metal quente, eliminação da umidade,

redução das emissões de enxofre

e CO 2

.

O coque, proveniente da triagem

do coque metalúrgico de forno,

é o principal combustível utilizado no

processo de sinterização. Contudo, o

processo contribui com até 10% das

emissões totais de CO 2

em uma usina

siderúrgica integrada. A sinterização

também está associada a várias emissões,

incluindo SOx, NOx, dioxinas e

poeiras finas. Para reduzir as emissões

de CO 2

, está sendo investigada a substituição

do coque por fontes renováveis

de combustíveis. No entanto, a

biomassa não é diretamente adequada

para o processo de sinterização devido

à sua alta umidade, baixo teor de

carbono e baixo valor calorífico. A

pirólise da biomassa é necessária para

produzir biocarvão/carvão vegetal

com alta fixação de carbono e baixos

voláteis.

Comparada com o coque no processo

de sinterização, a biomassa como

combustível apresenta características

diferentes, como baixa densidade, alta

porosidade e alto teor de água. Devido

ao maior conteúdo volátil e melhor

reatividade da biomassa, principalmente

do carvão, a taxa de combustão

da biomassa é mais rápida do que a do

carvão ou coque. No entanto, o impacto

negativo da substituição do carvão/

coque por biomassa em um processo

de sinterização é o aumento do teor

de CO nos gases de combustão, devido

à reatividade de gaseificação significativamente

maior da biomassa em

comparação com o carvão ou coque

(Mousa et al. 2016).

4. Conclusão

Em resumo, a integração da biomassa

na metalurgia apresenta-se

como uma estratégia promissora para

reduzir as emissões de CO 2

e promover

práticas mais sustentáveis na indústria

siderúrgica. O uso de biocombustíveis,

como carvão vegetal e produtos da pirólise

da biomassa, busca melhorar a

eficiência e reduzir o impacto ambiental

nos processos de altos-fornos e sinterização.

Apesar dos desafios, como a

necessidade de otimizar propriedades

mecânicas dos produtos da biomassa,

a pesquisa contínua e o compromisso

com a inovação são cruciais para

impulsionar uma transição bem-sucedida

rumo à sustentabilidade na

metalurgia.

Referências

Mousa, E., Wang, C., Riesbeck, J., &

Larsson, M. (2016). Biomass applications

in iron and steel industry: An

overview of challenges and opportunities.

Renewable and Sustainable

Energy Reviews, 65, 1247-1266.

Suopajärvi, Hannu et al. (2018). Use

of biomass in integrated steelmaking

– Status quo, future needs and comparison

to other low-CO 2

steel production

technologies. Applied Energy, v.

213, p. 384-407.

Revista Biomassa BR

17


Artigo

Circularidade dos resíduos

da cadeia agrícola na

geração de biocombustíveis

Por: Monique da Fonseca Rocha Paixão*, Juliana Lobo Paes**

INTRODUÇÃO

Impulsionado pelo desejo humano de

exploração, o meio ambiente está sendo

esgotado com a finalidade de atender as

necessidades dos homens. Essa exploração

tem trazido consequências cada vez

mais evidentes no cotidiano. Catástrofes

naturais, seca, água contaminada e solos

inférteis tem sido a realidade atual. Setores

produtivos questionam se terão no

futuro próximo matéria prima para produzir

seus produtos ou serviços. A sociedade

vive sob riscos. Riscos esses que

podem comprometer a própria existência

humana, já que a natureza é implacável na

eliminação para sua restauração.

O Brasil ratificou o Acordo de Paris,

comprometendo com toda a comunidade

internacional reduzir essas emissões comparadas

em 2005 em 43% até o ano de

2030, com o objetivo de reduzir a emissão

de gases de efeito estufa (GEE). Para que

isso aconteça, será necessário o estímulo

de pesquisa, inovação e uso de outras fontes

de energia renovável e limpa. Projetos

de transição energética precisam ser estimulados,

pautando na diversificação da

matriz energética e o aproveitamento de

resíduos surge nesse cenário como uma

grande fonte de matéria-prima para novas

tecnologias energéticas. É a natureza

ensinando o ser humano no seu processo

cíclico em que nada se perde e tudo pode

ser recriado e reusado, conforme a Primeira

Lei da Termodinâmica.

Assim, diante das preocupações com

as questões ambientais surgem nas agendas

ambientais mundiais, um debate entre

Governos, setores produtivos e a sociedade

civil com o visando encontrar formas

de sistematizar a cadeia produtiva e de

consumo para que sejam ambientalmente

correta e economicamente viável. Ainda,

que aplique o conceito de sustentabilidade

formulado pela Comissão Mundial em

Ambiente e Desenvolvimento (WCED),

em que as necessidades do presente devem

ser atendidas sem que haja comprometimento

para as gerações futuras.

Atuamente com o modelo Econômico

linear inserido na cadeia produtiva, a

degradação ambiental tem aumentado

substancialmente, comprometendo a restauração

natural dos ecossistemas. Recursos

naturais estão sendo explorados

de forma maciça e os resíduos gerados

É A NATUREZA

ENSINANDO O

SER HUMANO NO

SEU PROCESSO

CÍCLICO EM QUE

NADA SE PERDE

E TUDO PODE

SER RECRIADO E

REUSADO...

18

Revista Biomassa BR


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Revista Biomassa BR

19


Artigo

nos processos de produção estão sendo

eliminados de forma incorreta no

meio ambiente. Esses recursos estão

sendo usados no sistema extrair, usar

e descartar sem que haja aproveitamento.

Não há planejamento para sua

restauração, reutilização ou mesmo

reinserção na própria ou em outras

cadeias produtivas.

Atualmente, verifica-se a inserção

do conceito de economia circular

em processos produtivos. Essa é uma

mudança sistêmica que visa a redução

das externalidades da economia

linear, construindo pilares para que

no longo prazo oportunidades econômicas

surjam melhorando os bens

e serviços oferecidos pelo mercado. A

circularidade de resíduos gerados na

agricultura e transformado em energia

poderá trazer grandes benefícios

não só de cunho econômico, mas

também ambiental e social.

Diante do exposto, objetiva-se

com este trabalho demonstrar que é

possível a inclusão dos resíduos produzidos

na agricultura para a geração

de energia limpa inserindo em outras

cadeias de produção usando as técnicas

e princípios de gestão da Economia

Circular

METODOLOGIA

O presente trabalho utilizou o

método teórico, o qual consiste em

reconstruir teorias e, conceitos, tendo

em vista, em termos imediatos aprimorar

fundamentos teóricos. Assim,

o estudo teórico, analisando os conceitos

e noções fundamentais, as formas

pelas quais a Economia Circular

se organiza e como contribui para a

melhoria da gestão ambiental quando

usada na questão dos resíduos produzidos

na agricultura para geração de

energia limpa como o biogás

Para tanto, utilizou a técnica de

pesquisa bibliográfica, consistindo

na análise e compreensão de artigos,

textos doutrinários especializados no

assunto, livros, jornais, revistas e sites

especializados.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As consequências do desenvolvimento

industrial trouxeram grandes

impactos no meio ambiente. O espírito

do homem pelo desenvolvimento

tem consequências brutais no próprio

ambiente que vive. Essa busca exploratória

é encontrada por toda parte,

seja no ar, na água e no solo. É através

das mãos humanas que a natureza se

deteriora, tirando dela a força de seu

trabalho silencioso.

A revolução industrial trouxe

danos que a natureza de certa forma

conseguiu se recuperar. Entretanto,

hoje a sociedade desafia a fronteira

da exploração dos recursos naturais,

sem quaisquer preocupações com a

próxima geração. Dessa forma, elevados

níveis de irresponsabilidades

são presenciadas cotidianamente seja

nos jornais ou mesmo pelas próprias

consequências em forma de desastres

ambientais.

A sociedade globalizada é centrada

no risco. Risco esse que tem gerado

efeitos perversos para diversas comunidades.

Esse desmedido progresso

tem feito estragos na natureza que talvez

jamais se reverta.

Portanto, é necessária uma mudança

sistêmica nos processos produtivos

para que haja uma economia

baseada em modelos regenerativos

diminuindo o desperdício e a dependência

de recursos naturais.

Assim surge no cenário econômico

o modelo de economia circular

com o potencial de ajudar na gestão

de uso dos recursos primários e dos

resíduos produzidos no processo de

produção. A Economia Circular adota

uma abordagem em que os recursos

são usados em vez de consumidos.

Essa abordagem não trata apenas de

reciclar os materiais, ou reduzir resíduos

para os aterros sanitários. Ela

propõe a eliminação ou a rentabilidade

dos resíduos no design do produto,

amplia a cadeia de valor para abranger

todo o ciclo de vida, envolve todos os

estágios desde o fornecimento de matérias-primas,

fabricação, distribuição

vendas e consumo (WEETMAN,

2019).

A economia circular é regenerativa

desde seu início, ela aproveita ao

máximo os recursos que foram usados

no processo e trata seus resíduos de

forma sustentável, aproveitando em

outras cadeias produtivas. Dessa forma,

as atividades econômicas seguem

o sistema de redução, reutilização e

reciclagem. Entendendo por redução

a diminuição da quantidade de insumos

dispendidos nos processos de

fabricação, já reutilização criar produtos

que tenham sua vida útil aumentada

e reciclar é regenerar os recursos

renováveis que foram usados.

Apresenta-se na Figura 1 como a

Economia Circular atua nos setores

produtivos.

Estimulados pelos princípios da

preservação e aprimoramento do capital

natural, esse modelo econômico

otimiza o uso dos recursos que já fo-

Figura 01 - Fonte : Ellen Macarthur Foundation (2023)

20

Revista Biomassa BR


ram explorados e retirados do meio

ambiente, otimizando o fluxo de bens

e serviços.

Segundo STAHEL (2016), o modelo

de negócio da Economia Circular

pode ser dividido em dois grupos.

O primeiro modelo adota a reutilização

e prolongamento da vida útil por

meio de reparos. Já o segundo modelo,

adota a transformação de bens que

já foram produzidos gerando novos

recursos por meio da reciclagem. É

nesse segundo modelo que introduz

os resíduos da agricultura e pecuária

como forma de alimentar o elo de outras

cadeias produtivas. No caso do

presente trabalho, a abordagem da

importância do uso desses resíduos

na produção de biocombustíveis será

trabalhada.

Na economia circular, é necessário

entender a diferenciação entre

ciclos biológicos e ciclos técnicos. Ciclos

biológicos, trata-se de insumos

biodegradáveis, que são extraídos e

são devolvidos na natureza através do

processo de restauração e uso sustentável.

O ciclo técnico envolve insumos

que não são biodegradáveis, exemplo

metais, plásticos, polímeros. Esses insumos

são reinseridos internamente

na cadeia produtiva realimentando o

sistema através do processo de reciclagem,

que por sua vez pode ser física

ou química. De uma forma geral,

os insumos biológicos são usados no

tratamento anaeróbico e os técnicos

podem participar das atividades de

logística reversa.

Na ecologia industrial, o resíduo

é considerado como matéria primária

cuja finalidade é o atingimento da eficiência

econômica usando estratégias

de menor desperdício criando redes

de processos nas cadeias industriais.

2023/2024, a estimativa da produção

brasileira é da ordem de 119.405

mil toneladas, já a estimativa de área

é de 21.187 mil ha, sendo a estimado

por produção 5.636 kg/há (CONAB,

2023).

De acordo com os dados do último

relatório produzido pela EPE, o total

de emissões antrópicas associadas

à matriz energética brasileira atingiu

423 milhões de toneladas de dióxido

de carbono. A captura e armazenamento

de CO2 de origem na biomassa

(Bio-CCS) é uma das possibilidades

de atendimento ao Acordo de Paris e

contribuir para conter o aquecimento

global abaixo de 2ºC em relação aos

níveis pré-industriais. Ao realizar a

estocagem de um carbono absorvido

da atmosfera pela fotossíntese, Bio-C-

CS pode ser caracterizada como uma

tecnologia de emissões negativas que

está combinada à geração de energia

ou de biocombustíveis (EPE 2023)

A sociedade atual dependente de

combustíveis fósseis, tem buscado novas

maneiras de obter energia limpa e

renovável. Uma alternativa energética

que vem obtendo crescimento não

só no Brasil, mas no Mundo são os

Biocombustíveis. Criados a partir de

fontes renováveis como resíduos provenientes

de criação de animais e da

agricultura, esses combustíveis é uma

forma de substituição aos de origem

fósseis, contribuindo para uma redução

dos GEE e dos efeitos gerados pelas

mudanças climáticas.

Artigo

Nesse cenário, o biogás apresenta

como uma alternativa que está

em crescimento no Brasil. Apesar da

matriz energética brasileira ter a participação

do Biocombustível em apenas

1% (EPE 2022), o biogás possui

um grande potencial de crescimento

no setor energético. De acordo com

ABIOGÁS, a produção do gás gerado

pelo setor sucroenergético é de 21,1

bilhões nm3/ano, da produção agrícola

é de 6,6 bilhões nm3/ano e da proteína

animal é de 14,2 bilhões de nm3/

ano. (ABIOGÁS,2023)

A formação química do biogás

pode ser obtida através de resíduos

provenientes da agricultura e pecuária,

sem que haja grandes investimentos

além de cumprir a legislação

ambiental de resíduos sólidos. Transformando

passivos ambientais em

ativos econômicos. O processo de

digestão anaeróbica é apontado como

alternativa viável. Pode ser utilizado

como opção no tratamento de resíduos

sólidos e líquidos e na redução ao

mínimo do poder poluente e de riscos

sanitários dos dejetos produzindo

biogás e biofertilizantes (SCHWA-

NKE, 2013).

As regiões que mais concentram

a produção de biogás são aquelas que

produzem números substanciais de

matéria orgânica, resíduos agrícolas,

urbanos, industriais, florestais (Relatório

BEN EPE 2023) No Brasil, as

regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte

do Nordeste são as mais promissoras

Assim, alimentos e agricultura

ganham espaço privilegiado no que

diz respeito a regeneração da natureza

e criação de valor na produção de

produtos e serviços. Sistemas agrícolas

podem através de seus resíduos

aumentar lucros e a produção de outros

setores econômicos. O uso desses

subprodutos reduz custos da matéria-

-prima, além de ajudar a restaurar a

biodiversidade. Os números brasileiros

do setor agrícola são significativos,

de acordo com o mapa da CONAB

Figura 02 - Fonte: SNIS (2019)

Na Figura 3, apresenta-se a destinação final dos resíduos sólidos.

Fonte: SNIS (2019)

Revista Biomassa BR

21


Artigo

O BRASIL POSSUI GRANDE POTENCIAL POR CONTA DE SUAS CONDIÇÕES

FAVORÁVEIS TANTO NO QUESITO CLIMA QUANTO DE SUA TOPOGRAFIA. O SETOR DA

AGRICULTURA É BEM DESENVOLVIDO SENDO RESPONSÁVEL POR 27% DO PIB...

na produção de biogás.

Sob o viés da questão dos resíduos

sólidos, a legislação brasileira trata

com base na lei 12.305/2010 (Política

Nacional de Resíduos Sólidos -PNRS).

No Artigo 3, XV os resíduos passam a

ser considerados rejeitos após esgotar

toda e qualquer possibilidade de seu

tratamento e recuperação, devendo

ser depositado em local ambientalmente

adequado. Dessa forma, as diretrizes

das políticas de resíduo sólido

indicam a necessidade do uso e reuso

do que foi já produzido e somente

descartar quando não for mais possível

reinserir na cadeia produtiva. No

Artigo 30 da mesma lei, a abordagem

é sobre a responsabilidade compartilhada

em que toda a sociedade, governo

e setores produtivos incentivem as

práticas socioambientais adequadas.

A realidade brasileira demonstrada

através dos dados do SNIR (Sistema

Nacional de informações sobre

Gestão de Resíduos Sólidos), informa

que o índice de recuperação de resíduos

em 2019 foi de 1,67 %, usando

como base de cálculo a reutilização,

reciclagem e recuperação energética.

Apresenta-se na Figura 2, a quantidade

de resíduos sólidos e o tipo de

tratamento aplicado.

Pode-se interpretar ao analisar

as Figuras 2 e 3, verdadeiro atraso na

questão da gestão dos resíduos sólidos

em solo brasileiro. A maior parte

da massa acaba sendo depositada em

aterros sanitários ou em lixões distribuídos

em todo território Nacional.

Essa massa quando devidamente reutilizada

gera uma melhor qualidade

ambiental e empregos em diversos

outros setores. O problema da disposição

final imprópria acarreta não só

prejuízos para os setores produtivos,

mas também para o meio ambiente.

Sendo esse um dos maiores passivos

ambientais que uma empresa pode

possuir.

Como forma de minimização dos

impactos ambientais o PLANAR prevê

a recuperação e reaproveitamento

dos resíduos sólidos para geração

energética A recuperação energética

é a conversão de resíduos sólidos em

combustível, energia térmica ou eletricidade,

por meio de processos, tais

como digestão anaeróbia, recuperação

de gás de aterro sanitário, incineração

e coprocessamento. Também foi

incluída como uma das possibilidades

para a destinação final ambientalmente

adequada (art. 9º, § 1º) (PLANAR,

2022).

Para minimizar a questão da disposição

final imprópria do setor agrário,

nas próprias áreas rurais instalações

de processamento e geração de

biogás poderão ser construídas para

que esses subprodutos sejam recuperados

e reinseridos na economia,

gerando uma fonte de energia alternativa

para abastecer outros setores

econômicos. Ao elaborar projetos que

reúnam a base da economia circular

e reaproveitamento de resíduos da

agricultura na geração de energia, não

só minimiza os impactos ambientais

como também reduz os custos energéticos.

O Brasil possui grande potencial

por conta de suas condições favoráveis

tanto no quesito clima quanto de

sua topografia. O setor da agricultura

é bem desenvolvido sendo responsável

por 27% do PIB. De acordo com

o CNA, O agronegócio tem sido reconhecido

como um vetor crucial do

crescimento econômico brasileiro.

Em 2020, a soma de bens e serviços

gerados no agronegócio chegou a R$

1,98 trilhão ou 27% do PIB brasileiro.

Dentre os segmentos, a maior parcela

é do ramo agrícola, que corresponde

a 70% desse valor (R$ 1,38 trilhão

(CNA, 2021)

Sob o viés regulatório, esse setor

tem como um dos grandes problemas

o passivo ambiental relacionado

aos resíduos de sua produção, isso

porque os resíduos são proporcionais

aos números da produção. Baseados

nos dados da SNIR, os resíduos que

foram gerados nas atividades agropecuária

e silviculturas em 2019, é

da ordem de 632.106,00 t de massa

gerada. Que destino adequado ambientalmente

poderá ser dado para os

resíduos? Assim, seguindo as novas

tendências de implantação de plantas

de produção de biogás perto da

propriedade rural ou mesmo dentro

dela poderá cumprir fazer cumprir

as diretrizes da legislação brasileira

ambiental.

A responsabilidade com o meio

ambiente é compartilhada com todos,

como preceitua o Artigo 225 da

CRFB/88 Uma transição energética

precisa ser acontecer e o setor produtivo

da agricultura pode ser de grande

utilidade quando usa seus resíduos

para geração energética de outros setores.

Essa transição para uma economia

verde e sustentável já está nas

agendas ambientais mundiais. O Brasil

pode oferecer grandes oportunidades

não só para investidores, como

também para pesquisadores e desenvolvedores

de projetos que usem as

bases e princípios da economia Circular

para alimentar outros elos da

cadeia produtiva industrial. Usar os

resíduos provenientes da agricultura

para geração de energia limpa e renovável

é um dos caminhos que elevam

a invisível força motora da sustentabilidade.

O ano de 2024 será um

marco para o País, visto que será feita

22

Revista Biomassa BR



Artigo

pela primeira vez a emissão de títulos

verdes soberanos para apoiar projetos

de biocombustíveis ou bioinsumos

que venham da agricultura. Inicialmente

esses títulos cobrirão despesas

que estejam relacionados as práticas

de gestão dos recursos naturais e

o uso da terra, de forma a estimular

projetos que incluam os agricultores

na produção de energia renovável

e bioinsumos.

De uma forma geral, as soluções

sobre a transição energética serão

diferentes para cada País. Para Países

desenvolvidos, os carros elétricos

podem ser o início de uma mudança

viável rumo a melhoria ambiental. Já

para os subdesenvolvidos a solução

encontrada poderá ser os biocombustíveis

e o reaproveitamento de resíduos

para sua geração. Não há escolhas

certas, melhores ou piores, mas sim

as que mais se adaptam a cada realidade

local. O Brasil com sua extensão

de territorial de 8.515.759 km2

(IBGE 2023) e sendo o 4 maior produtor

agrícola do Mundo, encontra

na agricultura um modo de usar seus

subprodutos para aumentar e diversificar

sua matriz energética.

A economia ainda é muito dependente

dos combustíveis fósseis, mas

nada impede que haja um aumento

de oferta de outras energias. De toda

forma, uma mudança é necessária e

que a transição energética ganhe força

no futuro próximo. Os resíduos agrícolas

estão disponíveis para serem

usados e transformados em energia.

Sendo uma solução para o passivo

ambiental agrícola, além de fomentar

a economia gerando mais empregos e

diminuindo os custos de processo de

produção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa pesquisa, a união dos pilares

da Economia Circular com a

gestão ambiental dos resíduos auxilia

o processo de transformação em energia,

reinserindo na cadeia produtiva

algo que não teria mais qualquer utilidade.

É Engenharia, administração e

gestão ambiental em conjunto oferecendo

a oportunidade de cumprir os

desafios ambientais assumidos pelo

Brasil, que é a proteção ambiental.

Os resíduos da agricultura aliada

as teorias da economia circular

serão uma chave para a criação de

um mundo mais sustentável e um

repensar nas matrizes energéticas

do País.

REFERÊNCIAS

FICAS

Para tanto, aprimorar o estudo na

implementação da economia circular

visando retornar os resíduos agrícolas

para a cadeia produtiva poderá contribuir

para a melhoria da gestão ambiental.

BIBLIOGRÁ-

ABIOGÁS. Associação Brasileira do

Biogás. Disponível em: https://abiogas.org.br/potencial-do-biogas-no-brasil

Acesso em: 14/10/2023

BRASIL. Infraestrutura - País revoluciona

o uso e a produção de biocombustível.

2011. Disponível em:

http://www.brasil.gov.br/infraestrutu-

ra/2011/12/pais-revoluciona-o-uso-e-

-a-producao-de-biocombustivel.

CONAB – Companhia Nacional de

Abastecimento. Indicadores da Agropecuária.

2016. Disponível em: http://

www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_09_01_16_09_55_

revista_indicadores_da_agropecuaria_agosto_2016_versao_final_internet.pdf

ELLEN MACARTHUR FOUNDA-

TION. Economia Circular No Brasil.

Disponível em: https://ellenmacarthurfoundation.org/

Acesso em:

13/10/2023

EPE. Empresa de pesquisa energética

(2023). Disponível em: https://

www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-748/

topico-681/BEN_S%C3%ADntese_2023_PT.pdf

Acesso em:

13/10/2023

SCHWANKE, C. Energias renováveis

- Energia solar. In: SCHWANKE,

Cibele. Ambiente: Tecnologias: Série

Tekne. [S. l.]: Bookman Editora, 2013.

STAHEL, W. R. Circular Economy.

Nature, p. 6–9, 2016.

* MONIQUE DA FONSECA

ROCHA PAIXÃO

Advogada Especializada em direito

Ambiental e Agronegócio pela

PUC-PR. Presidente da Comissão

de Governança dos Oceanos da

OAB/ Barra da Tijuca. Secretária

Geral da Comissão Especial

de Governança dos Oceanos da

OAB/RJ. Membro da Comissão

Especial de Saneamento, Recursos

Hídricos e Gás encanado da

OAB/RJ, Advogada membro do

LACLIMA, Autora de livros e

Artigos sobre Direito Ambiental e

Saneamento Básico.

E-mail:

moniquefonsecaf@mellofrota.com

** JULIANA LOBO PAES

Graduação em Engenharia Agrícola

e Ambiental (2006), mestrado

(2008) e doutorado (2011)

em Engenharia Agrícola pela

Universidade Federal de Viçosa.

Atualmente é Professora Associada

da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, docente

permanente no Programa de

Pós-Graduação em Agroenergia

Digital da Universidade Federal

de Tocantins e docente colaboradora

no Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Agrícola

e Ambiental da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro.

É coordenadora do Grupo de

Pesquisa GERAR - Grupo de

Energias Renováveis e Alternativas

Rurais e do Laboratório de

Pesquisa Multiusuário do Grupo

de Energias Renováveis e Alternativas

Rurais (LabGERAR) localizado

no Instituto de Tecnologia/

Departamento de Engenharia.

E-mail:

juliana.lobop@gmail.com

24

Revista Biomassa BR


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