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1982-As_CEBs_das-quais-muito-se-fala-pouco-se-sabe

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Parre I<br />

Introdução<br />

Otimismo e desalento<br />

<strong>se</strong> conciliam<br />

a <strong>se</strong>rviço da inércia<br />

clusivamente pela "esquerda católica"<br />

são noticia<strong>das</strong> como temíveis investi<strong>das</strong><br />

de uma maré montante de indignação<br />

popular liderada por clérigos a<br />

quem as instâncias eclesiásticas superiores<br />

não podem ou não querem refrear.<br />

,<br />

Mas, de outro lado, esta agitação<br />

esquerdista tão noticiada, <strong>pouco</strong>s a<br />

notam no âmbito concreto de sua vida<br />

diária. Deste ângulo, ela parece mais<br />

um fantasma do que uma realidade.<br />

Tanto mais quanto as manifestações<br />

de rua a que esta agitação tem dado<br />

lugar apre<strong>se</strong>ntam <strong>se</strong>mpre diminuto<br />

número de participantes. Sintoma <strong>muito</strong><br />

significativo, que a maior parte dos<br />

noticiários de imprensa mal con<strong>se</strong>gue<br />

disfarçar.<br />

<strong>As</strong>sim, a zoeira publicitária dá do<br />

perigo comunista uma imagem que<br />

parece confirmar, por alguns lados, o<br />

fundo de quadro histórico correntemente<br />

aceito, e a tendência <strong>das</strong> elites<br />

ao desânimo. E, de outro lado, as<br />

ilusões otimistas dessas mesmas elites<br />

parecem confirma<strong>das</strong> pela experiência<br />

pessoal dos que as constituem.<br />

Curiosamente, es<strong>se</strong>s dois estados<br />

de ânimo - um otimista e <strong>se</strong>guro de<br />

que a catástrofe não virá, e o outro,<br />

desalentado e pessimista - coexistem<br />

<strong>se</strong>m choques no espírito da <strong>muito</strong><br />

grande maioria <strong>das</strong> eventuais, ou futuras,<br />

vítimas do socialismo e do comunismo.<br />

É que um e outro estado de<br />

animo convergem para justificar a a­<br />

centuada disposição dessas vítimas<br />

para a inércia. Conforme o noticiário<br />

dos jornais do dia, ou as circunstâncias<br />

concretas, às vezes bastante miú<strong>das</strong>,<br />

que marcam cada hora que passa,<br />

a mesma "vítima" eventual, ora justifica<br />

sua inação ante o perigo comunista,<br />

pensando, e dizendo, que é supérfluo<br />

reagir contra ele, de tão remoto<br />

que é, por enquanto; ora alega,<br />

pelo contrário, que a reação anti-socialista<br />

e anticomunista "não adianta",<br />

"não dá" para <strong>se</strong>r feita, porque o<br />

comunismo vem mesmo.<br />

Em um e outro caso, o que preocupa<br />

o burguês é justificar a <strong>se</strong>us olhos, e<br />

dos outros, a inércia na qual <strong>se</strong> apraz.<br />

A deleitável inércia de quem quer<br />

viver, mais do que tudo, para fruir a<br />

<strong>se</strong>gurança e a fartura de sua situação,<br />

ou satisfazer as apetências e as ambições<br />

infrenes, tão características da<br />

assim chamada sociedade de consumo.<br />

* * *<br />

A descrição desta situação psicológica,<br />

freqüente em nossas elites, sugere-a<br />

antes de tudo a ob<strong>se</strong>rvação<br />

corrente da realidade.<br />

Ademais, a TFP pôde confirmá-la<br />

recentemente com exemplos numerosos<br />

e concretos, colhidos em mais ou<br />

menos todo o território nacional, ao<br />

longo da campanha de suas caravanas<br />

Preciosa experiência<br />

da TFP confirma<br />

este quadro<br />

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