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1982-As_CEBs_das-quais-muito-se-fala-pouco-se-sabe

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<strong>As</strong> <strong>CEBs</strong> ... <strong>das</strong> <strong>quais</strong> <strong>muito</strong> <strong>se</strong> <strong>fala</strong>, <strong>pouco</strong> <strong>se</strong> conhece -<br />

A TFP as descreve como são<br />

inquilinato, em favor dos locatários<br />

transformados em proprietários dos<br />

espaços que ocupam, e uma redistribuição<br />

do espaço, de sorte que cada<br />

pessoa, empresa ou família, só ocupe a<br />

área arbitrada como vitalmente necessária<br />

pela repartição pública encarregada.<br />

De maneira que haja área construída<br />

suficiente para todos (5).<br />

.. . da clas<strong>se</strong> dos Não é difícil entrever que a CNBB<br />

empresários preconize ainda uma reforma empre-<br />

sarial análoga às reformas agrária e<br />

urbana que pleiteia.<br />

* * *<br />

Ü quadro que assim <strong>se</strong> patenteia<br />

aos olhos dos brasileiros causa espan- três Poderes ?.,<br />

to. Pois ele nos desvenda a situação de<br />

um Estado declarado implicitamente<br />

em situação de minoridade pela CN-<br />

BB. Isto é, de carência de <strong>sabe</strong>doria,<br />

M inoridade d os<br />

(5) No documento Igreja e problemas da<br />

terra, aprovado pela 18.ª <strong>As</strong><strong>se</strong>mbléia Geral da<br />

CNBB, em 1980, o órgão episcopal tratava de<br />

modo específico da Reforma Agrária, e prometia<br />

para breve um outro estudo consagrado<br />

especialmente ao solo urbano. Entretanto, na<br />

19.ª <strong>As</strong><strong>se</strong>mbléia Geral, realizada em fe ve reiro<br />

de 198 1 ( quando <strong>se</strong> achava no prelo , pronto<br />

para sair, o livro Sou católico: posso <strong>se</strong>r contra<br />

a Reforma Agrária?), o tema não foi tratado.<br />

Debateu-o a 20.ª <strong>As</strong><strong>se</strong>mbléia, de 9 a 18 de<br />

fevereiro de <strong>1982</strong>, confirmando inteiramente<br />

os receios aqui enunciados e já manifestados<br />

no livro supra-citado (p. 100).<br />

O documento Solo urbano e ação pastoral<br />

(Coleção Documentos da CNBB, n. 0 23, Edições<br />

Paulinas, São Paulo, <strong>1982</strong>, 48 pp.), aprovado<br />

pelos Bispos brasileiros nessa ocasião,<br />

relativiza ao máximo o direito de propriedade,<br />

pondo em xeque o próprio título jurídico<br />

legítimo de propriedade e tentando justificar as<br />

ocupações e mes mo as invasões de terras: " No<br />

caso de muitas ocupações lentas e até nas<br />

'invasões', o título legítimo de propriedade,<br />

derivado e <strong>se</strong>cundário, deve <strong>se</strong>r j ulgado diante<br />

do direito fundamental e primário de morar,<br />

decorrente <strong>das</strong> necessidades vitais <strong>das</strong> pessoas<br />

humanas" (doe. cit., n. 0 79) . Ê <strong>muito</strong> significativo<br />

que o documento da CNBB ponha<br />

aspas na palavra "in vasões", como <strong>se</strong> não<br />

fos<strong>se</strong>m de fato in vasões! Sobre o que pe nsar<br />

destas, ver Parte II, Cap. III, 8.<br />

E, adiante, o documento continua: "Tendo<br />

pre<strong>se</strong>nte a lição de João Paulo li, <strong>se</strong>gundo [sic]<br />

a qual sobre toda propriedade particular pesa<br />

uma hipoteca social, concluimos que o direit o<br />

natural à moradia tem primazia sobre a lei<br />

positiva que preside à apropriação do solo.<br />

Apenas um título jurídico sobre uma propriedade<br />

não pode <strong>se</strong>r um valor absoluto, acima<br />

<strong>das</strong> necessidades humanas de pessoas que não<br />

têm onde instalar <strong>se</strong>u lar" (doe. cit. , n.º 84).<br />

Falar de falta de lugar para <strong>se</strong> instalar num<br />

país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados,<br />

60% dos <strong>quais</strong> inteiramente desocupados<br />

(terras devolutas), é realmente assombroso!<br />

Quanto tal relativização do direito de propriedade<br />

discrepa da doutrina tradicional da<br />

Igreja, é fácil ve r comparando-<strong>se</strong> com os bem<br />

conhecidos textos pontifícios sobre a matéria<br />

(cfr. PuN10 CoRR!'.A DE OuvEIRA E CARLOS PA­<br />

TR1c 10 DEL CAMPO, Sou católico: posso <strong>se</strong>r contra<br />

a Reforma Agrária?, Editora Vera Cruz,<br />

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