Jornal Paraná Abril 2024
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ARTIGO<br />
Etanol faz Brasil ter recorde de<br />
investimentos de grandes montadoras<br />
País foi pioneiro em energia renovável há quase meio século, com criação<br />
do Proálcool; programa nasceu para proteger Brasil das altas do petróleo<br />
Por Luiz Carlos<br />
Trabuco Cappi (*)<br />
Produzido com canade-açúcar,<br />
milho e derivados,<br />
o etanol é o<br />
biocombustível que<br />
desponta como uma solução<br />
simples, eficiente e competitiva<br />
no esforço pela descarbonização<br />
do planeta. Já consolidado<br />
no mercado, esse combustível<br />
renovável é uma das razões<br />
pelas quais o Brasil se tornou<br />
o epicentro de uma rodada de<br />
investimentos de R$ 117 bilhões<br />
de grandes montadoras<br />
de veículos, um volume recorde.<br />
O programa Mover do governo<br />
federal foi o catalisador desse<br />
movimento ao promover vários<br />
indutores e incentivos. Os<br />
aportes serão realizados até<br />
2030, abrangendo novas plantas<br />
industriais e o desenvolvimento<br />
de uma nova geração<br />
de carros híbridos.<br />
Trata-se de uma vitória da matriz<br />
energética brasileira. O<br />
País foi pioneiro em energia<br />
renovável há quase meio século,<br />
em 1975, com a criação<br />
do Proálcool. Na época, o<br />
Brasil importava 80% dos<br />
combustíveis, hoje é exportador<br />
líquido. O programa nasceu<br />
para proteger o País das<br />
altas do petróleo.<br />
É preciso comemorar. Inicialmente,<br />
o Proálcool consistia só<br />
na adição de etanol à gasolina.<br />
Com o tempo foi ocupando espaços,<br />
com o desenvolvimento<br />
de motores a álcool. O primeiro<br />
protótipo flex surgiu em<br />
1994. Em 2005, a Embraer<br />
anunciou a produção de um<br />
avião movido a etanol.<br />
Os vilões do aquecimento global<br />
são os combustíveis fósseis.<br />
E os veículos com motores<br />
a combustão estão entre<br />
os principais responsáveis<br />
pelas emissões de CO2. Uma<br />
solução apontada é a substituição<br />
dos motores de combustão<br />
pelos elétricos. Todavia, a<br />
matriz energética de diversos<br />
países ainda se baseia no carvão<br />
e outros combustíveis fósseis.<br />
O carro elétrico não emite<br />
gases diretamente, mas a<br />
energia usada nesses países,<br />
sim.<br />
O caminho pragmático seria a<br />
convivência das várias matrizes<br />
de modo a suavizar os<br />
custos e impactos da transição<br />
energética. O etanol torna-se<br />
assim solução rápida e<br />
econômica entre várias alternativas.<br />
A convergência anunciada pelas<br />
montadoras, o governo e o<br />
setor sucroalcooleiro é uma<br />
bússola que aponta na direção<br />
certa. Ela se encaixa na<br />
agenda de prioridades que começa<br />
pelo crescimento econômico.<br />
O desenvolvimento moderno<br />
é o que traz empregos,<br />
renda e medidas de combate à<br />
crise climática.<br />
Ele resulta de confiança no futuro.<br />
E confiança é a soma da<br />
coragem empreendedora, da<br />
estabilidade macroeconômica<br />
e da política que busque o consenso.<br />
Esse contexto propicia<br />
inúmeras oportunidades ao<br />
Brasil, um país que oferece soluções<br />
econômicas, práticas e<br />
opções viáveis de transição<br />
energética, como o etanol.<br />
(*) Presidente do Conselho de<br />
Administração do Bradesco<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
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