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Badauí: Não é fácil, acho que assim, se você tem
opção de tocar em datas importantes no Brasil, eu
prefiro tocar aqui do que ir lá e ganhar dinheiro só
de camiseta vendida. Faria isso também se fosse à
única opção, por isso que eu respeito muito, mas sei
lá. Das vezes que a gente foi, rolou cachê, com uma
estrutura legal, cachê reduzido, claro, mas não foi
para passar roubada.
Dynamite: Agora vou falar contigo Heitor, novo
membro. Quer dizer, novo não mais, já faz um
tempo que você está na banda. Como está a experiência
de trabalhar com a rapaziada?
Heitor Gomes: Cara, está demais, está sendo
uma experiência muito produtiva, tenho aprendido
Badauí: Cara, é um prêmio que veio em muita boa bastante, tenho vivido uma outra cultura do rock
hora para a gente, porque esses prêmios que tem também, uma cultura mais clássica, punk rock. Eu já
hoje em dia a gente não participou muito deles ulti- tinha um pouco dessas influências, mas aqui dentro
mamente, e esse é um prêmio que ele é avaliado e do CPM eu pude me aprofundar mais, em bandas
votado por pessoas do meio, por jornalistas, críticos do estilo, de skapunk, até de outros estilos, como
e músicos, além de ter uma bandeira internacional, o rockabilly e tal. Enfim, estou escutando bastante
muito importante que dá um know how grande para a coisa assim e a experiência com o público foi animal
banda, porque a gente já teve essa experiência com cara, porque quando eu cheguei, eles me deram uma
o “Cidade Cinza”. Nesse momento, com esse disco baita moral, eu soube lidar com isso, sendo grato,
do jeito que foi, seria muito interessante ganhar esse trabalhando em cima, realizando shows com extrema
prêmio. Ganhar um Grammy é melhor do que ganhar dedicação, com vontade, além de estar naquele mo-
qualquer outro tipo de prêmio na música.
mento fazendo e tal. Isso é importante, para consoli-
Dynamite: Falando dessa carreira internacional, dar essa minha entrada e ao mesmo tempo, valorizar
vocês fizeram uma turnê com o “Cidade Cinza”, toda essa moral que eles me deram. Foi bem legal a
foram para a Europa e Estados Unidos?
adaptação, a experiência está sendo animal e poder
Badauí: A gente fez Estados Unidos duas vezes na estar pegando esse final de transição da banda. En-
mesma turnê, emendando com a do disco ao vivo e a fim, o entendimento de que o projeto para 2013 seria
do “Cidade Cinza”, depois a gente foi para Londres e o acústico e estar vendo isso acontecer lado a lado
Portugal, já tinha tocado no Japão também. Po, legal, com o Badauí, com o Luciano, com o Japinha, com a
uma experiência bem boa assim, a maior parte do banda, vendo essa atmosfera sendo gerada. Porque,
público era de brasileiro, mas sempre vai um gringo por exemplo, “Depois de Um Longo Inverso” tem um
ou outro, e também de repente a brasileirada que conceito que já é novo dentro do CPM, mas bem
não vê muito o quê está acontecendo aqui de perto. conceitual, com bastante propriedade e agora nesse
Mas Portugal foi legal porque tinha meio-a-meio, acústico, com certeza também vai dar uma renovada,
bastante público português que veio de outros esta- vai ficar mais rica ainda a banda, musicalmente falandos
e outras cidades.
do e vocês vão ver, vai ser animal.
Dynamite: E é a mesma língua também, isso Dynamite: Você também está participando da
ajuda bastante.
criação com o trabalho novo?
Badauí: Sim, fizemos uma amizade legal com o Heitor Gomes: Participando, aprendendo muito com
pessoal do Fitacola, que é uma banda que repre- o Badauí e com a galera da banda, escutando muito
senta esse tipo de som lá. Então foi bem legal a os conselhos deles e as experiências. As criações
experiência, além da diversão, o rolê né meu, você estão sendo muito boas também, está animal cara,
poder viajar tocando. A gente poderia ter feito outras animal.
turnês assim, mas é meio complicado você sacrifi- Badauí: É que ele entrou logo depois que a gente
car shows importantes no Brasil com cachê melhor, lançou o disco, ele entrou acho que em maio ou
com estrutura melhor no meio da turnê para tocar, junho do ano passado, a gente lançou o disco em
simplesmente para falar que foi para a Europa sabe? abril.
Respeito todas as bandas que tomam esse tipo de Heitor Gomes: Foi em agosto.
atitude, mas sinceramente a gente não está a fim de Badauí: É, ele entrou em agosto. E a gente não
passar roubada em outro país não.
questionava a capacidade dele, a gente sabe que ele
Dynamite: Porque não é fácil.
é um dos melhores baixista do Brasil.
Novembro-Dezembro/2012 23