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elementos, e na liga que une a alma a técnica. Determinação<br />

e coesão permeiam todo trabalho. Assim continua<br />

nas ótimas “Daredevil”, “Periphery”, “Anything You Want”,<br />

essa de uma densidade etérea, e ainda em “Hot Knife”, com<br />

percussão na base e um vocal agressivo pontuado por alguma<br />

atonalidade. Fiona Apple voltou e continua ótima. Um<br />

dos melhores lançamentos do ano.<br />

leela<br />

Música todo dia<br />

(Pisces records)<br />

Por: humberto Finatti<br />

MMM<br />

Banda ainda com grande<br />

aura “cult” no Rio De Janeiro<br />

(onde nasceu há mais de<br />

uma década, em 2000, das<br />

cinzas do grupo mezzo punk<br />

pop Pólux; hoje, o conjunto<br />

está radicado em Sampa), o Leela demorou muito a lançar<br />

“Música todo dia”, seu terceiro álbum de estúdio e o primeiro<br />

pelo selo Pisces Records. A demora – de cinco longos anos,<br />

já que “Pequenas Caixas”, o anterior, saiu em 2007 – se deu<br />

por conta de zilhões de tretas (entre elas o rompimento com<br />

as majors Emi e Universal, por onde o grupo editou seus<br />

dois primeiros trabalhos, e também com o produtor cafa Rick<br />

Bonadio, dono do selo Arsenal) e o novo CD chegou às lojas<br />

há algumas semanas – tempo que estas linhas bloggers<br />

honestas estão ouvindo, digerindo e tentando equacionar<br />

a seguinte questão: como falar que o novo álbum de uma<br />

banda não é exatamente um bom disco, sem ferir suscetibilidades.<br />

E ainda mais quando você conhece pessoalmente os<br />

músicos em questão e tem certa amizade com eles? Difícil,<br />

mas vamos tentar.<br />

O Leela tem um ótimo guitarrista e compositor, mr. Rodrigo<br />

Brandão (filho de uma lenda do rock brasileiro dos anos 80’,<br />

o baixista Arnaldo Brandão, que tocou com a humanidade e<br />

chegou a ter amizade com os Rolling Stones). Também tem<br />

uma vocalista loira lindona e gracinha, Bianca Jhordão (que<br />

além de cantar na banda é casada com Rodrigo, e também<br />

apresentadora de TV; atualmente ela pode ser vista em<br />

programas no canal pago Play TV). Com o casal, desde a<br />

fundação do grupo, está o baixista super boa praça Tchago.<br />

Ao longo dos anos o autor destas linhas online desenvolveu<br />

razoável amizade com a turma, pois todos são gente finíssima<br />

– Rodrigo, então, é um autêntico gentleman. Fora que<br />

o Leela tocou em um evento produzido pelo zapper rocker<br />

há quase uma década: foi em 2004, quando o blog realizou<br />

a segunda edição do Dynamite Independente Festival na<br />

chopperia do Sesc Pompéia, em Sampa. Em uma época em<br />

que ainda existia vida inteligente na indie scene paulistana<br />

e nacional e esta mesma cena estava no auge em termos<br />

de popularidade os grupos Leela, Gram e Ludov lotaram o<br />

espaço da chopperia (onde cabem oitocentas pessoas) em<br />

uma noite memorável. Isso, em plena quinta-feira!<br />

Isso foi em 2004, ano inclusive em que o Leela lançou seu<br />

primeiro disco e chegou a tocar razoavelmente nas rádios e<br />

também na MTV. O disco era bacana: canções pop ganchudas,<br />

mas com guitarras nervosas e riffs espertos. E Bianca<br />

mandando super bem nos vocais, sempre. Porém, algo<br />

de muito errado aconteceu entre o primeiro e o segundo<br />

trabalho do conjunto e o Leela, que poderia ter sido a nova<br />

bola da vez do pop/rock nacional, inexplicavelmente foi para<br />

a “geladeira”. E lá ficou por cinco longos anos, embora se<br />

mantendo sempre ativo nos palcos e fazendo shows com<br />

32<br />

regularidade.<br />

O que nos leva ao final de 2012 e a este “Música todo dia”,<br />

um CD que o blog, sem mentira nenhuma, está ouvindo há<br />

três semanas. O que o Leela sempre soube fazer está mais<br />

ou menos nas faixas do álbum. Mas talvez por isso mesmo<br />

as músicas soem, hã, datadas, deslocadas no tempo. Além<br />

disso há uma espécie de “calmaria” melódica que domina<br />

boa parte das faixas, o que as impede de decolar e animar o<br />

ouvinte. Isso fica muito claro na faixa-título, que poderia ser<br />

uma ode acelerada e inflamada ao fato de se viver de e na<br />

música (“Dançarinos dançam/Os músicos fazem som/Todo<br />

dia/Música todo dia”), mas que acaba se tornando quase um<br />

lamento melancólico em função de sua melodia arrastada e<br />

nada radiofônica.<br />

As letras escritas por Bianca sempre versaram sobre<br />

temas pop, de amor e sem a preocupação do rebuscamento<br />

textual – mas também sem apelar para o pieguismo<br />

que hoje domina as bandas horrendas do rock brazuca.<br />

Mas o que se nota, aqui, é que ela talvez tenha insistido<br />

em demasia nos mesmos assuntos ao longo das faixas do<br />

álbum. Então se escuta um “Bate um vazio no meu coração/<br />

Nenhum sorriso me chama atenção” em uma música (“Por<br />

um fio”), enquanto que na outra o tema surge recorrente e<br />

novamente: “Você se mandou/Fui em frente/Minha vida não<br />

parou” (em “Cidade sitiada”, que tem inclusive a participação<br />

do poeta e agitador multimídia carioca Fausto Fawcett, o<br />

que no final das contas pouco ou nada acrescenta ao disco<br />

ou irá dizer algo à garotada descerebrada e sem memória<br />

de hoje. Fausto foi muito conhecido na cena carioca há uns<br />

vinte anos, mas atualmente…). E assim o trabalho prossegue<br />

até o final, onde Bianca canta (em “Mais beleza”) “Não,<br />

não, não quero mais/O inferno que você me traz/Me tira<br />

desse filme/Desse roteiro fraco/O que sabe sobre o amor?”.<br />

O disco é bem produzido (pela banda e pelo experiente<br />

produtor Fernando Sanchez). Foi gravado em um dos<br />

bons estúdios de São Paulo (o El Rocha). Há utilização de<br />

instrumentos inusitados, como o Theremin (o Leela, ao lado<br />

do Pato Fu, é uma das únicas bandas do país que domina<br />

sabiamente a utilização do Theremin). Ao vivo a banda<br />

continua mandando super bem (fizeram recentemente o<br />

show de lançamento do CD no StudioSP do baixo Augusta,<br />

e o blog estava lá e achou a performance no palco bastante<br />

satisfatória). O que há de errado, então, com este “Música<br />

todo dia”? Um material algo datado e que simplesmente<br />

não “gruda” na memória auditiva de quem o escuta. E dói a<br />

estas linhas online dizer isso (e talvez por dizer isso o blog<br />

ganhe a antipatia de músicos queridos, que ele considera de<br />

verdade). Talvez seja o caso de o Leela repensar sua música<br />

e já começar a trabalhar em novas composições para,<br />

em 2013, vir com um material realmente novo e empolgante.<br />

Condições para isso a banda possui.<br />

lotus Plaza<br />

spooky action at a distance<br />

(kranky)<br />

Por: humberto Finatti<br />

MMMMM<br />

Se o rock mainstream (ou o<br />

que resta dele) mundial anda<br />

pavoroso, com Killers e Muses<br />

da vida abarrotando estádios<br />

com sua música lixosa e imprestável,<br />

o udi grudi continua respirado e ainda mostrando<br />

bandas e artistas de ótima qualidade. Caso do americano<br />

Novembro-Dezembro/2012

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