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Erich: Foi muito bom, quando você tem oportunidade<br />
de tocar com artistas influentes, porque geralmente<br />
você pega uma casa de show bacana, com uma<br />
infraestrutura boa. Isso infelizmente dentro desse<br />
cenário underground de música pesada brasileira, a<br />
nossa mpb, é difícil para as bandas conseguirem esse<br />
espaço. A gente está acostumado a tocar em lugares<br />
com P.A. ruim, tocar em lugares que não tem retorno e<br />
tal. Essa eu acho que é a principal, a melhor coisa. Mas<br />
tem que ralar muito, para conseguir uma oportunidade<br />
dessas, para algumas bandas de fato cai no colo, é<br />
uma questão astrológica, o cara tem uma conjuntura<br />
de saturno, que sei lá, e cai no colo. No nosso caso a<br />
gente teve que trabalhar muito para conquistar isso.<br />
Dynamite: E vocês estão aí, com quase 10 anos<br />
de batalha né cara, independente.<br />
Erich: Pois é, é um mérito, e legal, as bandas, elas<br />
não querem se comunicar muito né, a gente pensa:<br />
‘Legal vamos conhecer os caras e tal, tomar uma<br />
cerveja’. Mas a galera não quer conversar . O Marilyn<br />
Manson, eu puxei assim e ele olhou, a única<br />
coisa que eu falei foi ‘Backstreet Boys, you are my<br />
Backstreet Boys, ele não entendeu, eu quiz dizer o<br />
seguinte: ‘Eu cresci ouvindo você’. Era aquilo que eu<br />
ouvia quando era pequeno, a criançada ouvia Backstreet<br />
Boys e eu ouvia o Marilyn Manson (risos). Ele<br />
não gostou e foi embora, mas enfim, ele estava no<br />
lugar dele e eu no meu, ele como banda principal e<br />
eu como abertura. Tocamos também com o Faith No<br />
More no Maquinaria, em 2009, infraestrutura nota<br />
1000 do evento. É muito legal cara, a gente ganha<br />
habilidade quando faz isso, você sai um pouco mais<br />
cascudo, mais profissional, porque você pode observar<br />
como trabalha as pessoas que são profissionais.<br />
Dynamite: Você vê o outro lado, o lado de verdade<br />
do negócio.<br />
28<br />
Erich: É, do show business.<br />
Dynamite: Seria legal vocês falarem sobre o clipe<br />
de “Peixes”.<br />
Fernando Dias: A gente estava em uma reuniãozinha<br />
na casa até do meu irmão conversando sobre<br />
o clipe, sobre o próximo, qual seria e onde seria a<br />
locução e tal. O meu irmão por ter trabalhado na<br />
COMLURB, que recolhe lixo no Rio de Janeiro, ele<br />
deu a ideia do Jardim Gramacho que é o lixão que<br />
a gente chama lá. Foi uma ideia bem bacana assim,<br />
até porque quando a gente foi lá gravar éramos as<br />
últimas pessoas que poderiam conhecer lá o local.<br />
Depois que a gente filmou, fecharam o Jardim Gramacho<br />
e agora virou um cemitério de lixo. E foi bem<br />
bacana, foi muito legal, a gente conhecer lá o local, o<br />
cheiro estava uma delícia também (risos). Ficou uma<br />
estética bem bacana, eu achei o final do trabalho<br />
muito legal, falando sobre globalização, sobre o<br />
aquecimento global , sobre tudo. Ficou bem interessante<br />
o trabalho final de “Peixes”. Impactante, muitas<br />
menininhas, minha filha até de 11 anos falou ‘ah,<br />
chorei no final, o urso e tal’, mas no final o ursinho se<br />
salvou, foi bacana.<br />
Dynamite: Ainda há tempo, né?<br />
Fernando Dias: Isso aí, mensagem muito forte.<br />
Erich: Peixes na astrologia significa esperança, significa<br />
você se doar para o próximo e enquanto a gente<br />
não se doar para o planeta e ficar simplesmente<br />
fudendo a porra toda, o futuro, enfim, é incerto.<br />
Dynamite: A impressão que dá assistindo o clipe<br />
é como um tapa na cara da sociedade, porque<br />
você vê o que está acontecendo com o sistema, o<br />
mundo, esse negócio de aquecimento global. Ninguém<br />
se mexer é isso que vai acontecer mesmo.<br />
Erich: E é legal que a gente pôde participar, a gente<br />
participou da edição do clipe porque eu trabalho com<br />
áudio visual, então é muito bom para uma banda<br />
poder mexer em todas essas ferramentas, principalmente<br />
na hora de fazer um vídeo, porque a coisa fica<br />
exatamente da forma como você queria que fosse.<br />
Dynamite: Agora a gente tem aqui algumas<br />
perguntas, que o nosso amigo Adson de Porto<br />
Alegre, do fã-clube da Maldita, pegou da galera da<br />
região. Inclusive, um abraço e valeu pela força.<br />
Erich: Adson, tamu junto!<br />
Fernando Dias: Valeu Adson, irmão!<br />
Dynamite: Vamos lá. Como foi a experiência Erich<br />
de produzir o próprio disco, “Montagem”?<br />
Erich: Cara, foi legal, é uma pergunta meio complexa,<br />
foi o primeiro disco da Maldita que eu produzi,<br />
que eu assinei, e acaba que tem a haver com aquilo<br />
que eu falei do vídeo, é muito legal porque fica<br />
exatamente da forma que você queria que fosse. É<br />
um trabalho muito cansativo, trabalho de formiguinha,<br />
viram-se muitas noites no estúdio, o que eu<br />
Novembro-Dezembro/2012