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7520-Revista V.7-n.3.indd - CLINICA DE ESTOMATOLOGIA ...

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vascularizados e com potência angiogênica defi ciente e<br />

consequente hipóxia 13 . Ainda, a tensão de oxigênio, um dia<br />

após a irradiação, diminui drasticamente tanto em tecidos<br />

subcutâneos como em medula óssea 5 .<br />

Há evidência de que exista uma capacidade de reserva<br />

na vascularização óssea, o que sugeriria que um decréscimo<br />

moderado na densidade vascular não necessariamente<br />

chegaria a um quadro severo de isquemia. Analisando estas<br />

informações, presumir o papel da injúria vascular após a<br />

radioterapia se torna difícil. Ainda, as mudanças vasculares,<br />

geralmente, ocorrem semanas e até mesmo meses depois<br />

da exposição à irradiação, e aumenta progressivamente,<br />

diminuindo o volume vascular, o fl uxo sanguíneo e a tensão<br />

de oxigênio tecidual.<br />

Vários autores 14 observaram que em ossos irradiados<br />

houve uma diminuição signifi cante da produção do fator<br />

de crescimento endotelial vascular (VEGF) pelas células<br />

osteoblásticas, o que parece ser secundário a um défi cit na<br />

proliferação celular. O VEGF tem papel central e precoce<br />

durante a angiogênese, induzindo a proliferação das células<br />

endoteliais e migração e aumenta a permeabilidade das<br />

paredes dos vasos sanguíneos. Recruta, ainda, as células<br />

progenitoras endoteliais da medula óssea e induz a sua diferenciação.<br />

Nas fases iniciais tumorais e neovascularização,<br />

o VEGF também tem papel crucial 15 .<br />

O uso de radiação, possivelmente, altera a capacidade<br />

de regeneração óssea por apresentar efeito específi co na<br />

capacidade de proliferação de células precursoras, isto é,<br />

diminuindo a proliferação celular e pela morte de células<br />

da medula óssea. As células precursoras necessárias para<br />

regeneração óssea estão localizadas no retículo da medula<br />

óssea e em estruturas peri e endósseas. Os efeitos da radiação<br />

sobre estas estruturas somente aparecerão quando<br />

estas células indiferenciadas forem requisitadas para uma<br />

rápida proliferação em resposta a um estímulo, como por<br />

exemplo, um trauma. Assim, a regeneração óssea somente<br />

será prejudicada quando a população destas células chegar<br />

abaixo de um nível crítico.<br />

Alguns autores 14 , em experimento onde avaliaram<br />

os efeitos da radiação ionizante em osteoblastos in vitro,<br />

relataram que os efeitos seriam a inibição da proliferação<br />

osteoblástica e um aumento na atividade fosfatase alcalina.<br />

É incerto dizer quais seriam os efeitos produzidos por<br />

este mecanismo, mas pode-se relacionar esta alteração na<br />

diferenciação celular e as alterações encontradas no osso<br />

irradiado, resultando em diminuição de osteoblastos e/<br />

ou na capacidade das células precursoras osteoblásticas<br />

em promover o reparo de fraturas. Ainda, os osteoblastos<br />

apresentariam menor produção de citocinas que, provavelmente,<br />

também afetariam o processo de cicatrização.<br />

Como foi observado neste estudo, houve uma diminuição da<br />

produção de fatores de crescimento TGF-� pela irradiação,<br />

contribuindo para um pobre reparo ósseo, uma vez que estas<br />

Revisão da Literatura<br />

Caderno Científi co<br />

moléculas atuam como mediadores centrais no crescimento<br />

e remodelação óssea.<br />

A diminuição de osteócitos no sistema haversiano,<br />

combinado com um aumento da reabsorção osteoclástica,<br />

aumentaria a porosidade óssea, o que seria progressivo em<br />

dosagens de 25, 50 e 100 Gy. As lacunas vazias apareceriam<br />

após irradiação com dosagens equivalentes a 65 Gy 16 .<br />

Ao contrário do que fora citado, os autores 16 examinaram<br />

o osso irradiado em cachorros e constataram a ausência<br />

de lacunas vazias e presença de todos os osteócitos, fato que<br />

enfatiza a sua vitalidade no momento de sacrifício dos animais,<br />

e sugere que estas células maduras indivisíveis sejam<br />

resistentes à radioterapia nas doses clinicamente utilizadas.<br />

Ainda, neste mesmo experimento, grandes áreas multilobulares<br />

foram observadas, todas ocupadas por osteoclastos. Ao<br />

redor dos processos de destruição óssea, foram observadas<br />

áreas parciais de aposição óssea.<br />

Outros autores 17 analisaram os efeitos da irradiação na<br />

atividade osteoblástica e angiogênese em mandíbulas de<br />

coelhos que sofreram um processo cirúrgico de distração<br />

osteogênica. Geralmente, a mineralização óssea ocorre<br />

das regiões periféricas da ferida cirúrgica óssea até a zona<br />

central. Em osso não irradiado, observou-se atividade osteoblástica<br />

bem distribuída, indicando que o processo de<br />

maturação óssea estava em um estágio avançado, e toda a<br />

área onde foi realizada a distração estava passando por um<br />

processo de remodelação óssea. Ao contrário, nas mandíbulas<br />

irradiadas a atividade osteoblástica era muito maior na<br />

região central do que periférica. Aparentemente, a região<br />

periférica estava na fase de remodelação, enquanto na<br />

região central, a atividade osteoblástica ainda estava ativa,<br />

sendo que o tecido ósseo encontrado nesta área era menos<br />

mineralizado e organizado do que o do grupo não irradiado,<br />

ainda com presença de várias ilhas cartilaginosas.<br />

O conceito de dano vascular prévio, relacionado à hipóxia,<br />

poderia ser relacionado às reações celulares, o que<br />

acarretaria em mudanças fenotípicas destas células ósseas.<br />

Desregulação da proliferação de fi broblastos e do metabolismo<br />

deste sistema seriam consequências destes danos 17 .<br />

Recentemente, o autor 18 , baseando-se na cronologia das<br />

lesões após a radioterapia, concluiu que os efeitos surgiriam<br />

primeiro em osteoclastos, antes das alterações conhecidas<br />

no sistema vascular, o que mudaria os conceitos instituídos<br />

por outro autor 19 . Vários autores 20 , em estudo histológico<br />

de espécimes humanos, encontraram após irradiação de<br />

36 Gy, e com algumas semanas de intervalo entre este<br />

procedimento e o exame histológico, uma redução na vitalidade<br />

de osteócitos. Os autores relataram que os efeitos<br />

da radioterapia em células ósseas ocorreriam previamente<br />

às alterações vasculares. Sugeriram ainda que a interação<br />

entre osteoblastos e osteócitos deve ser estudada para se<br />

compreender, com detalhes, os danos por radioterapia e os<br />

riscos para a osteoradionecrose na mandíbula.<br />

REVISTA IMPLANTNEWS 2010;7(3):411-5<br />

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