Mastocitoma Canino e Leishmaniose Visceral em Cao - Qualittas
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INSTITUTO QUALITTAS<br />
ESPECIALIZAÇÃO NO CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE<br />
PEQUENOS ANIMAIS<br />
MASTOCITOMA CANINO E LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃO<br />
– RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Tatiana Toniolo Tieppo<br />
Cuiabá, julho de 2009.
TATIANA TONIOLO TIEPPO<br />
Aluna do Curso de Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais do Instituto<br />
<strong>Qualittas</strong><br />
MASTOCITOMA CANINO E LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃO<br />
– RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Cuiabá, julho de 2009.<br />
Trabalho monográfico de conclusão do Curso<br />
de Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos<br />
Animais (TCC), apresentado ao Instituto<br />
<strong>Qualittas</strong> como requisito parcial para a<br />
obtenção de título de Pós-graduado <strong>em</strong><br />
Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos<br />
Animais, sob orientação do Prof. Dr. Felipe<br />
Wouk.<br />
2
MASTOCITOMA CANINO E LEISHMANIOSE VISCERAL EM<br />
CÃO – RELATO DE CASO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Elaborado por Tatiana Toniolo Tieppo<br />
Aluna do Curso de clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais do<br />
Instituo <strong>Qualittas</strong><br />
Foi analisado e aprovado com grau:.....................................<br />
Cuiabá, ____ de _________________ de_______.<br />
_________________________________<br />
M<strong>em</strong>bro<br />
_________________________________<br />
M<strong>em</strong>bro<br />
______________________________<br />
Professor Orientador<br />
Presidente<br />
Cuiabá, julho 2009.<br />
3
Aos animais que<br />
tive a grata felicidade de<br />
conviver nestes 12 anos de<br />
profissão,<br />
<strong>em</strong> especial à paciente<br />
“Bruna”, personag<strong>em</strong><br />
principal deste trabalho, minha total<br />
admiração e gratidão. Que eu possa manter<br />
s<strong>em</strong>pre o<br />
brilho no teu olhar!!!!<br />
À Picanha, minha mais sublime vira-lata,<br />
você viverá para s<strong>em</strong>pre no meu coração!!!<br />
À Sofia, minha dogue al<strong>em</strong>ã de 12 anos, já<br />
somos uma só!!! Obrigada por cuidar de mim<br />
por tanto t<strong>em</strong>po.....<br />
4
Agradecimentos<br />
Sou imensamente feliz por ter um pai corajoso, incentivador e orgulhoso de<br />
todo meu trabalho e dedicação à medicina veterinária. Pai, você é meu herói.<br />
Também sou muito abençoada por ter um orientador tão especial quanto é o<br />
Dr. Felipe Wouk. Nada seria s<strong>em</strong> teus ensinamentos, s<strong>em</strong> teu ex<strong>em</strong>plo<br />
profissional que me guia até hoje e que norteia toda minha prática do dia-adia.<br />
Muito obrigada por ter me acolhido na “Ars Veterinária”, aquele ano de<br />
1997 foi fundamental para eu consolidar ensinamentos de disciplina,<br />
responsabilidade e respeito pelos pacientes.<br />
Agradeço de coração a todos meus funcionários do Mondo Cani, <strong>em</strong> especial<br />
à MV. Aryane Carvalho Lima, que me cobre nos momentos de estudo e<br />
cuida com tanto zelo dos meus pacientes.<br />
Não posso deixar de mencionar os proprietários da “Bruna”, Regina e Paulo<br />
Mendonça, que tanta confiança depositam <strong>em</strong> mim e que com isso me<br />
propiciam aprender tanto sobre este novo desafio que é a leishmaniose.<br />
Minha total admiração à minha filha Maria Cristina, que apesar de ser tão<br />
pequenina, já partilha do meu amor pelos animais e aceita com resignação<br />
minhas ausências pelo trabalho e estudo.<br />
Ao meu companheiro Juliano, cada dia é um recomeço!<br />
Á Deus, muito obrigado!!!<br />
5
RESUMO<br />
A leishmaniose é uma doença cada vez mais presente na rotina da clinica<br />
de pequenos animais. O caso apresentado t<strong>em</strong> como característica uma<br />
d<strong>em</strong>ora no diagnóstico definitivo, o que foi causado <strong>em</strong> parte pelo<br />
desenvolvimento de um mastocitoma grau II e também pela vacinação<br />
contra leishmaniose não ter sido precedida por um exame sorológico mais<br />
confiável que o método ELISA isoladamente.<br />
Vários fatores são relevantes no presente trabalho, como a resolução de um<br />
mastocitoma grau II com ressecção cirúrgica e quimioterapia com sulfato<br />
de vincristina e prednisona, e o tratamento da leishmaniose com<br />
antimoniato de n-metil glucamina (Glucantime) associado ao alopurinol e<br />
outras supl<strong>em</strong>entos imunológicos e vitamínicos. A paciente foi apresentada<br />
inicialmente com um nódulo na pele, de crescimento rápido, indolor, e foi<br />
submetida à biópsia excisional e o material foi encaminhado para<br />
histopatologia, sendo o resultado de mastocitoma grau II. Iniciou-se<br />
quimioterapia com sulfato de vincristina e prednisona. Durante o<br />
tratamento, iniciou quadro dermatológico, com prurido e crostas<br />
melicéricas e h<strong>em</strong>áticas, que levaram a suspeita de quadro paraneoplásico.<br />
Após vários exames, não sendo observado nenhum local de metástase<br />
tumoral, foi realizada uma punção de medula óssea, onde foram<br />
observadas inúmeras formas amastigotas de Leishmania sp. Este resultado<br />
impressionou, pois o animal <strong>em</strong> questão já estava vacinado contra<br />
leishmaniose. Aos proprietários foram explicadas todas as questões<br />
envolvidas, sendo então optado pelo tratamento da paciente, como exposto<br />
neste trabalho. Até o momento, o quadro clínico do paciente é bom, com<br />
função hepática e renal adequadas e quadro h<strong>em</strong>atológico satisfatório.<br />
O objetivo deste relato é alertar sobre as falhas no programa de vacinação,<br />
falhas no diagnóstico pré-vacinal, e também mostrar como o tratamento<br />
pode ser viável e proporcionar uma boa qualidade de vida ao paciente.<br />
Palavras-chave: leishmaniose, mastocitoma, Leishmania sp.<br />
6
ABSTRACT<br />
A growing number of cases of leishmaniasis are occurring on small<br />
animals. The case study presented in this article shows a delay on a<br />
definitive diagnosis, partly because of the concurrent development of a<br />
mast cell tumor grade II and also because the leishmaniasis vaccination<br />
was not preceded by a more reliable sequence of serologic testing than<br />
ELISA assay alone.<br />
Several factors are relevant to the case. For the treatment of the mast cell<br />
tumor grade II, surgical resection was performed combined with<br />
ch<strong>em</strong>otherapy with vincristine sulfate associated to prednisone. For<br />
leishmaniosis, antimoniate n-metil-glutamine was used. The patient<br />
initially presented a rapid growing, painless intracutaneous nodule. An<br />
excisional biopsy and histopatological findings were important for the<br />
tumor grade II diagnosis.<br />
During the treatment, the patient dermatological manifestations,<br />
eryth<strong>em</strong>atous nodules and pruritus, pointed to the possibility of<br />
paraneoplastic syndrome, which was investigated. After several tests and<br />
no metastase tumor being observed, a bone marrow aspiration was<br />
performed, when the presence of amastigote forms of Leishmania sp was<br />
observed.<br />
This was an unexpected result since the animal had been<br />
vaccinated against Leishmaniosis. The owners were then informed of the<br />
possible options and outcomes. They opted by immediate treatment as<br />
presented on this article. At the time of this writing, the animal is<br />
stable, with adequate renal and hepatic functions and h<strong>em</strong>atological panel<br />
within normal ranges.<br />
The purpose of this article is to alert for possible flaws on the<br />
immunization programs and on pre-immunization diagnosis, as well as to<br />
present a viable treatment that may provide the patient with good quality of<br />
life.<br />
Key-words: mastocytosis, mast cell tumors, leishmaniosis, Leishmania sp.<br />
7
1 MASTOCITOMA<br />
SUMÁRIO<br />
1.1 Definição ______________________________________________________ 11<br />
1.2 Função ________________________________________________________ 11<br />
1.3 Etiologia _______________________________________________________11<br />
1.4 Sinais clínicos ___________________________________________________11<br />
1.5 Diagnóstico _____________________________________________________12<br />
1.5.1 Histopatologia _________________________________________________ 12<br />
1.5.2 Citopatologia __________________________________________________ 12<br />
1.6 Estadiamento clinico ______________________________________________ 13<br />
1.7 Prognóstico ______________________________________________________14<br />
1.8 Tratamento ______________________________________________________ 14<br />
1.8.1 Tratamento Cirúrgico _____________________________________________14<br />
1.8.2 Radioterapia ____________________________________________________14<br />
1.8.3 Quimioterapia __________________________________________________ 14<br />
1.8.4 Criocirurgia _____________________________________________________15<br />
1.8.5 Terapia de suporte ________________________________________________15<br />
2 LEISHMANIOSE<br />
2.1 Definição ________________________________________________________16<br />
2.2 Etiologia _________________________________________________________16<br />
2.3 Aspectos imunológicos e patogênese ___________________________________17<br />
2.4 Sinais Clínicos ____________________________________________________ 18<br />
2.5 Diagnóstico _______________________________________________________21<br />
2.6 Diagnóstico diferencial ______________________________________________22<br />
2.7 Tratamento _______________________________________________________ 23<br />
2.8 Prognóstico ______________________________________________________ 24<br />
3 OBJETIVOS<br />
3.1 Geral ___________________________________________________________ 25<br />
3.2 Específico _______________________________________________________ 25<br />
4 METODOLOGIA _________________________________________________ 26<br />
8
5 RELATO DE CASO ______________________________________________27<br />
6 DISCUSSÃO ____________________________________________________ 32<br />
7 CONCLUSÃO ___________________________________________________34<br />
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 35<br />
9 ANEXOS _______________________________________________________ 39<br />
9
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1 – Aspecto da face da paciente no dia 24/06/2009. ____________________ 39<br />
Figura 2 – Aspecto da porção distal do m<strong>em</strong>bro torácico da paciente no dia<br />
24/06/2009. _________________________________________________________ 39<br />
Figura 3 – Aspecto da região do flanco esquerdo da paciente. Observar a cicatriz da<br />
exérese do mastocitoma. Data: 24/06/2009 _________________________________ 40<br />
Figura 4 – Vista geral da paciente, uma s<strong>em</strong>ana após internação, no dia 30/06/2009. 40<br />
Figura 5, 6 e 7 – Aspecto geral no dia 20/07/2009.________________________ 41,42<br />
Figura 8 – data: 14/08/2009. Início reepilação. _____________________________ 42<br />
Figuras 9 e 10 – data 04/09/2009. alerta e responsiva._________________________43<br />
10
1 MASTOCITOMA<br />
1.1 DEFINIÇÃO<br />
Os mastócitos são oriundos de células h<strong>em</strong>atopoiéticas e do tecido conectivo. Estão<br />
presentes <strong>em</strong> todo organismo, particularmente pele e tecido subcutâneo, parênquima<br />
pulmonar e trato gastrintestinal (estômago e fígado, principalmente). Desenpenham um<br />
importante papel <strong>em</strong> reações alérgicas e processos inflamatórios (Ogilve et al, 1995). A<br />
proliferação desordenada de mastócitos pode ser local ou sistêmica. No ultimo caso,<br />
denomina-se mastocitose sistêmica, que se caracteriza por aumento inexplicável de<br />
mastócitos <strong>em</strong> tecidos específicos como medula óssea, pulmão e estômago. Denominase<br />
mastocitoma uma neoplasia quase que exclusivamente de pele, por vezes única ou<br />
múltipla, não encapsulada, localizada <strong>em</strong> geral nos m<strong>em</strong>bros e troncos dos animais,<br />
altamente infiltrativa para as camadas mais profundas da pele. (Daleck et al, 2009)<br />
1.2 FUNÇÃO<br />
Os mastócitos des<strong>em</strong>penham papel fundamental na expressão da resistência do<br />
hospedeiro a determinados parasitas. Também são fundamentais para determinadas<br />
respostas cutâneas dependentes de imunoglubulina E (IgE). Após a formação do<br />
complexo antígeno-IgE na superfície dos mastócitos, ocorre a ativação celular, com<br />
liberação dos conteúdos dos grânulos, como histamina e heparina. As reações alérgicas<br />
da pele são as manifestações mais freqüentes atribuídas aos mastócitos e suas<br />
características lesivas depend<strong>em</strong> do local da pele onde o processo ocorre. Quando o<br />
paciente é exposto a uma estrutura estranha à pele, o linfócito passa a produzir<br />
imunoglobulina que se liga a superfície do mastócito. Em seguida, o antígeno pode se<br />
ligar na IgE e desencadear o processo de desgranulação. As conseqüências deste<br />
processo são aumento da permeabilidade vascular e chegada de células leucocitárias,<br />
principalmente eosinófilos, neutrófilos, macrófagos, linfócitos e plasmócitos. (Daleck<br />
et al, 2009).<br />
1.3 ETIOLOGIA<br />
Desconhece-se a causa dos mastocitomas; no entanto, predisposição racial,<br />
inflamação crônica e vírus pod<strong>em</strong> exercer o papel. Os boxers são mais predispostos.<br />
(Graham et al, 2003). Há evidências de hereditariedade <strong>em</strong> raças predispostas. Porém, o<br />
desenvolvimento do tumor provavelmente depende de outros fatores, como agentes<br />
carcinogênicos e infecção viral. Partículas virais tipo C têm sido observadas <strong>em</strong> células<br />
tumorais e na medula óssea de cães com mastocitoma. Observou-se o desenvolvimento<br />
desse tumor a partir de dermatites ou lesões crônicas, o que pode explicar o<br />
comportamento maligno de alguns mastocitomas que inicialmente são benignos<br />
(Daleck et al, 2009). Acomet<strong>em</strong> cães velhos (média de idade: 9 anos) s<strong>em</strong> predileção<br />
sexual. Contudo, mastocitomas também já foram descritos <strong>em</strong> cães com 6 meses de<br />
idade (Ogilve et al, 1995).<br />
1.4 SINAIS CLÍNICOS<br />
Os mastocitomas apresentam-se nas formas cutânea e extracutânea. O cutâneo<br />
normalmente cursa como um nódulo único, <strong>em</strong>bora 11 a 14 % dos cães apresente lesões<br />
11
múltiplas. Aproximadamente 50 % dos mastocitomas cutâneos localizam-se no tronco e<br />
nas regiões perineal, genital e inguinal, 40 % nos m<strong>em</strong>bros e 10 % na cabeça e pescoço.<br />
O mastocitoma sistêmico ocorre <strong>em</strong> cães e normalmente precede uma lesão cutânea<br />
primaria indiferenciada e, nesse caso, as principais alterações observadas são<br />
linfoadenopatia, esplenomegalia e hepatomegalia. Não é raro observar efusões<br />
peritoneal e pleural (Daleck et al, 2009). A maioria dos mastocitomas cutâneos é<br />
apresentada como nódulos intracutâneos que variam de 1 a 10 cm de diâmetro, mas<br />
pod<strong>em</strong> tornar-se maiores. Alguns são ulcerados, outros erit<strong>em</strong>atosos, alopécicos ou não,<br />
firmes ou flutuantes. (Ogilve et al, 1995). Ocasionalmente, há histórico de prurido. Os<br />
que se originam do tecido subcutâneo são pouco circunscritos, elevados e moles, s<strong>em</strong><br />
alterações erit<strong>em</strong>atosas e ulcerativas, ass<strong>em</strong>elhando-se a lipomas. Por essa razão, não é<br />
possível identificar uma lesão cutânea como mastocitoma baseando-se apenas na sua<br />
aparência (Daleck et al, 2009). Os sinais clínicos decorr<strong>em</strong> da liberação de histamina,<br />
heparina e outras aminas vasoativas. A manipulação mecânica do tumor durante exame<br />
físico induz a desgranulação dos mastócitos, resultando <strong>em</strong> erit<strong>em</strong>a e formação de<br />
pápulas (sinal de Darier) (Daleck et al, 2009). T<strong>em</strong>-se descrito ulceras duodenais <strong>em</strong> ate<br />
80 % dos cães com mastocitomas e acredita-se que isso se relacione com a liberação de<br />
histamina. Esses animais pod<strong>em</strong> apresentar anorexia, vômito, diarréia e melena<br />
(Graham et al, 2003). Os proprietários pod<strong>em</strong> relatar alterações de tamanho do tumor<br />
<strong>em</strong> períodos curtos (Ogilve et al, 1995). A patogênese da ulceração gastrintestinal<br />
associada com o mastocitoma canino parece decorrer da combinação do dano vascular,<br />
aumento da produção de acido gástrico e hipermotilidade (Daleck et al, 2009). A<br />
liberação de heparina e enzimas proteolíticas por parte dos mastocitomas no momento<br />
de uma cirurgia pod<strong>em</strong> prolongar os t<strong>em</strong>pos de coagulação e retardar a cicatrização<br />
(Graham et al, 2003).<br />
1.5 DIAGNÓSTICO<br />
1.5.1 Histopatologia<br />
A biopsia é fundamental para a classificação do grau do tumor. Os<br />
mastocitomas são classificados histologicamente considerando-se o grau de<br />
diferenciação celular e a natureza do estroma produzido pelas células neoplásicas. São<br />
três graus: mastocitoma b<strong>em</strong> diferenciado ou grau I, <strong>em</strong> que os mastócitos neoplásicos<br />
são <strong>em</strong> geral uniformes e figuras de mitose são raras. Grau II ou intermediário significa<br />
que esse tipo de tumor é muito s<strong>em</strong>elhante ao grau I ou b<strong>em</strong> diferenciado, mas com<br />
variação na forma e no tamanho das células neoplásicas. No grau II ou indiferenciado,<br />
as células neoplásicas apresentam alto grau de anaplasia. É de fundamental importância<br />
ressaltar que a histopatologia poderá visibilizar características dos diferentes sist<strong>em</strong>as<br />
de gradação <strong>em</strong> uma mesma neoplasia. Quando isso acontecer, recomenda-se que se<br />
leve <strong>em</strong> consideração as características predominantes, ou seja, as que melhor<br />
represent<strong>em</strong> uma graduação. Exceto quando aparecer<strong>em</strong> características de graduação<br />
III, deve prevalecer esta graduação. Esse procedimento deve ser seguido também na<br />
gradação citopatológica (Daleck et al, 2009). O grau histopatológico condiciona o<br />
prognóstico: os tumores de grau baixo são menos prováveis de recidivar ou<br />
metastatizar. Os cães com tumores de grau baixo apresentam períodos de sobrevivência<br />
aumentados (Graham et al, 2003)<br />
1.5.2 Citopatologia<br />
No caso do mastocitoma, a técnica mais utilizada é a de citopunção com aspiração<br />
(citologia aspirativa por agulha fina) (Daleck et al, 2009).<br />
12
1.6 ESTADIAMENTO CLÍNICO<br />
Qualquer mastocitoma é capaz de desenvolver metástases e, assim, todos os cães<br />
acometidos dev<strong>em</strong> ser submetidos ao estadiamento clinico a fim de se avaliar a<br />
localização primaria e a diss<strong>em</strong>inação da neoplasia, b<strong>em</strong> como o estado clinico geral.<br />
Tal procedimento está intimamente relacionado ao delineamento da terapia apropriada,<br />
ao prognóstico e à resposta ao tratamento.<br />
SISTEMA DE ESTADIAMENTO CLÍNICO PARA O MASTOCITOMA<br />
CANINO, SEGUNDO ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)<br />
Estádio 0: tumor único, incompletamente excisado da derme, identificado<br />
histologicamente, s<strong>em</strong> envolvimento de linfonodos regionais:<br />
Subestádio a: s<strong>em</strong> sinais de doença sistêmica<br />
Subestádio b: com sinais de doença sistêmica<br />
Estádio 1: tumor único confinado a derme s<strong>em</strong> envolvimento dos linfonodos<br />
regionais.<br />
Subestádio a: s<strong>em</strong> sinais de doença sistêmica<br />
Subestádio b: com sinais de doença sistêmica<br />
Estádio 2: tumor único confinado a derme com envolvimento dos linfonodos<br />
regionais.<br />
Subestádio a: s<strong>em</strong> sinais de doença sistêmica<br />
Subestádio b: com sinais de doença sistêmica<br />
Estádio 3: tumor dérmico múltiplo ou tumor amplamente infiltrado, com ou s<strong>em</strong><br />
envolvimento dos linfonodos regionais.<br />
Subestádio a: s<strong>em</strong> sinais de doença sistêmica<br />
Subestádio b: com sinais de doença sistêmica<br />
Estádio 4: qualquer tumor com metástases distantes ou recorrência com metástases,<br />
incluindo envolvimento sanguíneo ou da medula óssea.<br />
Embora o sist<strong>em</strong>a de estadiamento clinico tenha sido desenvolvido para se<br />
estimar o prognostico, o aumento de estádio não significa, necessariamente, pior<br />
prognóstico (Daleck et al, 2009)<br />
Alguns procedimentos são importantes para o estabelecimento do estadiamento<br />
clinico. H<strong>em</strong>ograma, perfil bioquímico e urinálise dev<strong>em</strong> ser incluídos na rotina de<br />
qualquer animal com suspeita de neoplasia. Cães com mastocitoma pod<strong>em</strong> apresentar<br />
eosinofilia <strong>em</strong> vista da produção de fatores quimiotáxicos e interleucina-5 pelos<br />
mastócitos. An<strong>em</strong>ia pode estar presente, secundariamente a hiperesplenismo ou<br />
sangramento intestinal (Daleck et al, 2009).<br />
A aspiração de medula óssea deve ser considerada no exame dos pacientes com<br />
mastocitoma, pois a presença de muitos mastócitos (mais de 10/1000 células nucleadas)<br />
indica neoplasia sistêmica. A presença de eosinofilia na medula óssea deve ser um<br />
indicativo de alerta para o clinico deste paciente (Ogilve et al, 1995).<br />
13
1.7 PROGNÓSTICO<br />
Os fatores prognósticos mais importantes no mastocitoma canino são a classificação<br />
histopatológica e a completa excisão cirúrgica. Além disso, a localização anatômica, o<br />
estadiamento clínico, velocidade de crescimento tumoral, predisposição racial, sinais<br />
sistêmicos, recorrência, idade do paciente e tamanho do tumor também influenciam o<br />
prognóstico.<br />
1.8 TRATAMENTO<br />
O tratamento inclui excisão cirúrgica, radioterapia, quimioterapia e criocirurgia.<br />
O tipo de tratamento instituído depende primariamente do grau histológico e do<br />
estágio clinico do tumor. Em geral, o t<strong>em</strong>po médio para a recorrência do mastocitoma<br />
canino é de quatro meses, variando de acordo com o tratamento e a resposta individual<br />
à terapia (Daleck et al, 2009).<br />
1.8.1 Tratamento Cirúrgico<br />
A excisão cirúrgica ampla é indicada para todos os mastocitomas. Embora estes<br />
tumores se apresent<strong>em</strong> como massas macroscopicamente delimitadas,<br />
microscopicamente estend<strong>em</strong>-se além das bordas palpáveis (Daleck et al, 2009). Desse<br />
modo, admite-se que as margens de segurança para a excisão devam ser de no mínimo<br />
(3) três cm. As margens profundas são tão importantes quanto as margens laterais e<br />
dev<strong>em</strong> incluir a fáscia sadia, a qual se r<strong>em</strong>ove <strong>em</strong> bloco com o tumor.<br />
Exist<strong>em</strong> padrões estabelecidos para a excisão cirúrgica, de acordo com o estádio<br />
clinico e o grau histológico.<br />
Estádio 1, com grau histológico I e II: excisão completa, com margens de<br />
segurança. Se não for possível excisão completa, associa-se radioterapia.<br />
Estádio 1, com grau histológico III: excisão completa associada com<br />
prednisona. Excisão incompleta, associar radioterapia e prednisona.<br />
Estádio 2, com grau histológico I e II: excisão completa e incompleta, associada<br />
com radioterapia, prednisona, ciclofosfamida e vincristina.<br />
Estádio 3 e 4: terapia com prednisona, ciclofosfamida e vincristina.<br />
Todo tecido excisado deve ser submetido à histopatologia, inclusive as margens<br />
lateral e profunda. No entanto, margens livres do tumor à histopatologia não descartam<br />
a recorrência da neoplasia, principalmente no que se refere aos mastocitomas de graus<br />
II e III.<br />
1.8.2 Radioterapia<br />
Essa modalidade de tratamento é extr<strong>em</strong>amente efetiva na eliminação de<br />
r<strong>em</strong>anescentes tumorais microscópicos após excisão incompleta de mastocitomas graus<br />
I e II. Infelizmente, cães com mastocitomas grau III não respond<strong>em</strong> b<strong>em</strong> à radioterapia<br />
(Daleck et al, 2009).<br />
14
1.8.3 Quimioterapia<br />
Recomenda-se quimioterapia <strong>em</strong> casos de mastocitose sistêmica, tumores nãoresseccionáveis<br />
ou excisados incompletamente e tumores de grau III (Graham, 2003).<br />
Os fármacos mais recomendados para o tratamento do mastocitoma canino são os<br />
glicocorticóides, pois produz<strong>em</strong> uma marcante redução do número de mastócitos e<br />
promov<strong>em</strong> alterações citoplasmáticas de vacuolização e aglutinação de grânulos nas<br />
células r<strong>em</strong>anescentes.<br />
O uso de corticosteróides intralesionais também t<strong>em</strong> resultado benéfico,<br />
devendo ser utilizada a triancinolona na dose de 1 mg/cm tumoral a cada duas s<strong>em</strong>anas,<br />
com doses máximas de 10 a 40 mg.<br />
Uma ótima combinação de fármacos para combate ao mastocitoma é a<br />
vimblastina na dose de 2 a 3 mg/m² por via intravenosa no primeiro dia de tratamento, a<br />
ciclofosfamida na dose de 50 mg/m² por VO no oitavo ao décimo dia de tratamento e a<br />
prednisona na dose de 1 mg/kg, VO, do primeiro ao décimo primeiro dia. A vimblastina<br />
e a ciclofosfamida pod<strong>em</strong> ser administradas por até seis meses. A prednisona deve ser<br />
diminuída de modo gradativo após quatro meses de terapia.<br />
Vincristina, vimblastina, doxorrubicina e ciclofosfamida têm pouca eficácia no<br />
tratamento do mastocitoma quando utilizadas de forma isolada.<br />
Outra opção é o protocolo com vincristina, doxorrubicina e ciclofosfamida<br />
(protocolo VAC). Os animais receb<strong>em</strong> no primeiro dia ciclofosfamida na dose de 200<br />
mg/m², VO ou IV, uma vez ao dia e doxorrubicina na dose de 30 mg/m² (para cães com<br />
mais de 10 kg) ou na dose de 1 mg/kg, IV, uma vez ao dia (para cães com menos de 10<br />
kg). Realiza-se a repetição do ciclo por três a seis tratamentos.<br />
1.8.4 Criocirurgia<br />
Pode ser útil quando se apresenta múltiplos tumores. Exige margens amplas de,<br />
no mínimo, 1 cm, para reduzir a chance de recorrência tumoral (Daleck et al, 2009).<br />
1.8.5 Terapia de suporte<br />
Animais com mastocitoma primário amplo, com evidências de metástases ou<br />
sinais sistêmicos, dev<strong>em</strong> ser tratados com fármacos que bloquei<strong>em</strong> os efeitos<br />
decorrentes da liberação de histamina. Assim, os antagonistas H2 (cimetidina,<br />
ranitidina e famotidina) pod<strong>em</strong> ser utilizados de forma preventiva. Alternativamente, o<br />
omeprazol pode ser <strong>em</strong>pregado, pois inibe a bomba de prótons das células parietais,<br />
diminuindo a secreção do acido gástrico. O uso de sucralfato também é indicado para<br />
cães com evidências de sangramento gastrintestinal (Daleck et al, 2009).<br />
Deve-se administrar um antihistaminico imediatamente antes da cirurgia para<br />
reduzir os efeitos da liberação histaminica a partir do tumor (Graham et al, 2003).<br />
15
2 LEISHMANIOSE<br />
2.1 DEFINIÇÃO<br />
A leishmaniose canina é uma doença de grande importância para a saúde pública<br />
por se tratar de uma zoonose. A forma visceral, também conhecida de Calazar acomete<br />
tanto a população canina quanto a humana, sendo que quando o hom<strong>em</strong> está inserido no<br />
ciclo de transmissão do parasito, esta passa a ser considerada uma antropozoonose<br />
(RATH et al.; 2003).<br />
O vetor desta zoonose é um inseto flebótomo conhecido vulgarmente como<br />
mosquito palha, tatuquira e birigui. No Brasil, duas espécies de flebotomíneos são<br />
responsáveis pela transmissão da leishmaniose, são elas: Lutzomyia longipalpis e<br />
Lutzomyia cruzi, as quais pod<strong>em</strong> ser encontradas nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e<br />
Centro-Oeste. Estes insetos viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> pequenos números nas florestas tropicais, ou <strong>em</strong><br />
acúmulo de entulhos. Antigamente eram encontrados apenas nas matas das regiões<br />
Norte e Nordeste. Na seqüência ocorreu adaptação do inseto <strong>em</strong> ambiente rural, sendo<br />
que atualmente encontram-se difundido <strong>em</strong> centros urbanos (MELO, 2004).<br />
A leishmaniose é uma doença conhecida como própria de área de clima seco e<br />
de ambiente composto por vales e montanhas, onde se encontram os chamados<br />
boqueirões e pés-de-serra. Mas, com a urbanização é cada vez mais comum a<br />
ocorrência da doença <strong>em</strong> faixas litorâneas (Ministério da Saúde, 2004).<br />
O local propício para a ocorrência da LV é um ambiente de pobreza,<br />
promiscuidade, escassez de saneamento básico, prevalente <strong>em</strong> áreas rurais e periferias<br />
dos centros urbanos. Contudo essas características estão mudando, o que pode ser<br />
observado nos estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde a doença se encontra<br />
urbanizada (Ministério da Saúde, 2004).<br />
A participação dos cães na epid<strong>em</strong>iologia da <strong>Leishmaniose</strong> foi destacada por<br />
Leão (1997), ao afirmar que não há evidencias de transmissão da Leishmania sp<br />
hom<strong>em</strong> a hom<strong>em</strong>, e que a maioria das infecções humanas dev<strong>em</strong> ser adquirida através<br />
da picada de flebotomíneos que teriam anteriormente picado cães infectados.<br />
Há t<strong>em</strong>pos, de acordo com Krauspenhar (2007), a leishmaniose canina, do ponto<br />
de vista epid<strong>em</strong>iológico, é considerada mais importante que a doença humana, uma vez<br />
que, casos humanos são precedidos de casos caninos, além do fato de esta espécie<br />
apresentar alta prevalência da infecção, sendo um reservatório importante, pois há um<br />
grande contingente de animais assintomáticos que albergam o parasito na derme, e<br />
desta forma, atuando como fonte de infecção para o vetor durante o repasto sanguíneo.<br />
Padilla e colaboradores (2002) e Silva (2007), relatam que clinicamente, a<br />
doença pode se manifestar na forma tegumentar, denominada de <strong>Leishmaniose</strong><br />
Tegumentar (LT), que acomete isoladamente ou <strong>em</strong> associação, a pele e as mucosas<br />
causando danos consideráveis, e na forma visceral denominada de <strong>Leishmaniose</strong><br />
<strong>Visceral</strong> (LV) ou Calazar, que é mais grave, sendo caracterizada por desnutrição, febre<br />
de longa duração, além de hepatoesplenomegalia e que pode ser fatal se não tratada,<br />
pois, o hospedeiro falha <strong>em</strong> montar uma resposta protetora eficiente contra o parasito.<br />
2.2 ETIOLOGIA<br />
A leishmaniose é causada pelo protozoário do gênero Leishmania, que pertence à<br />
ord<strong>em</strong> Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e possu<strong>em</strong> ciclo biológico<br />
16
heteroxênico, ou seja, necessitam de dois hospedeiros, um vertebrado e um<br />
invertebrado (CARVALHO et. al, 2005).<br />
De acordo com Braga (2006), as Leishmanias são intracelulares obrigatórios,<br />
multiplicando-se nos fagócitos do sist<strong>em</strong>a mononuclear fagocítico. São organismos<br />
pleomórficos, ou seja, apresentam as formas promastigota, nos hospedeiros<br />
invertebrados e a forma amastigota nos vertebrados. A amastigota possui aspecto<br />
ovóide, presente no interior das células endoteliais dos tecidos e do sist<strong>em</strong>a<br />
mononuclear fagocitário, principalmente no baço, fígado, medula óssea e gânglios<br />
linfáticos. A forma promastigota, de acordo com Falqueto e Sessa (2002) é a forma<br />
infectante, encontrada no tubo digestivo do vetor, t<strong>em</strong> aspecto fusiforme com as duas<br />
extr<strong>em</strong>idades afiladas, apresentando um flagelo. Ambas as formas multiplicam-se pelo<br />
processo de divisão binária (Cissiparidade), dando orig<strong>em</strong> à infecção. Pereira (2002) e<br />
Teixeira e colaboradores (2005) compl<strong>em</strong>entam que os agentes da doença completam<br />
seu ciclo biológico envolvendo obrigatoriamente mamíferos considerados hospedeiros<br />
definitivo.<br />
A Lutzomya longipalpis não faz seu ciclo larvar na água, mas sim na presença de<br />
matéria orgânica úmida (SANTA-ROSA e OLIVEIRA, 1997).<br />
Os machos se alimentam de substâncias açucaradas de excreções de afídeos<br />
(pulgões). Já as fêmeas, além de se alimentar<strong>em</strong> de carboidratos, os quais são<br />
importantes para o desenvolvimento da Leishmania no tubo digestivo do inseto,<br />
inger<strong>em</strong> também sangue do vários animais, transmitindo a leishmaniose. O repasto<br />
sangüíneo é executado geralmente no crepúsculo ou à noite. (MARCONDES, 2001). A<br />
fêmea faz postura de aproximadamente 40 a 70 ovos <strong>em</strong> local úmido, que contenha<br />
matéria orgânica e protegido de luz (MARCONDES, 2001). Nas estações de chuvas<br />
aumenta a população de L. longipalpis, o que causa também um aumento da<br />
transmissão da leishmaniose (FRANÇA-SILVA et al, 2005). As picadas nos animais<br />
ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> áreas com poucos pêlos, como focinhos, orelhas e região genital<br />
(MARCONDES, 2001).<br />
2.3 ASPECTOS IMUNOLÓGICOS E PATOGÊNESE<br />
A leishmaniose canina pode ser considerada como uma doença imunomediada<br />
devido à capacidade do parasito de modificar o sist<strong>em</strong>a imunológico do hospedeiro.<br />
Durante a infecção, as formas promastigotas são fagocitadas por neutrófilos, que são as<br />
primeiras células do sist<strong>em</strong>a mononuclear fagocitário a migrar<strong>em</strong> para o local da<br />
infecção, atuando como células apresentadoras de antígenos, e estimulando os<br />
linfócitos (CD4+) T helper (Th) tipo 1 ou Th tipo 2 (FEITOSA et. al., 2000;<br />
BACELLAR, 2005)<br />
Dos fatores conhecidos, a resposta dos linfócitos T é que exerce a maior influência<br />
sobre a infecção. Como a Leishmania é um parasito intracelular obrigatório, as defesas<br />
do hospedeiro são dependentes da atividade dessas células, que se encontram reduzidas<br />
durante a infecção (Ministério da Saúde, 2004).<br />
Na infecção por Leishmania, as células do sist<strong>em</strong>a mononuclear fagocitário<br />
infectadas por parasitas atuam como células apresentadoras de antígenos, estimulando<br />
os linfócitos T auxiliares do tipo I (T1) ou do tipo II (T2). Quando ativadas, as células<br />
T1 produz<strong>em</strong> citocinas que ativam macrófagos. Os macrófagos ativados estimulam a<br />
imunidade celular pela ativação de outras células ou por proliferação, dessa forma<br />
pod<strong>em</strong> eliminar a infecção. Entretanto, quando a infecção está associada com a indução<br />
17
de linfócitos T auxiliares do tipo II, ocorre a proliferação de células B e a produção de<br />
anticorpos. (Ikeda, F. A. et al 2003).<br />
A proliferação intensa de linfócitos B e a produção de anticorpos são abundantes,<br />
porém é deletéria e não protetora; portanto o aparecimento dos sinais clínicos vai<br />
depender da imunocompetência do animal (Ministério da Saúde, 2004).<br />
A IL-4 está relacionada com a produção de anticorpos da classe IgE, IgG1 e IgG4; a<br />
IL-5 é importante para diferenciação, multiplicação e ativação de eosinófilos, enquanto<br />
a IL-10 inibe a síntese de citocinas produzida pelos macrófagos, diminuindo a função<br />
destas células como apresentadoras de antígeno, além de inibir eventos metabólicos<br />
associados a sua ativação, interferindo na atividade leishmanicida do macrófago<br />
(PEREIRA, 2002; BACELLAR; CARVALHO, 2005).<br />
Segundo Ikeda e colaboradores (2003), os imunocomplexos na circulação pod<strong>em</strong><br />
ligar o compl<strong>em</strong>ento às células sangüíneas diminuindo a meia vida, e pod<strong>em</strong> estar<br />
associados ao desenvolvimento de patologias como trombocitopenia e an<strong>em</strong>ia<br />
imunomediada.<br />
Segundo Bacellar e Carvalho (2005), na LV, assim como na LT, a principal<br />
alteração imunológica é a incapacidade de linfócitos ativar<strong>em</strong> os macrófagos para<br />
destruir o parasita invasor. Isso ocorre <strong>em</strong> virtude da ausência da IFN-γ, antígenoespecífico.<br />
Esta citocina, ativa a oxido nítrico sintetase (NOS ou NOS2), levando ao<br />
estímulo da ação microbicida mediada pelo óxido nítrico (NO). A liberação de NO leva<br />
a morte dos parasitos nos macrófagos.<br />
Os histiócitos, que <strong>em</strong> outras circunstâncias proteg<strong>em</strong> o organismo, por envolver e<br />
destruir corpos estranhos ou microorganismos presentes no meio interno transformamse,<br />
neste caso, <strong>em</strong> extenso campo de cultura para a Leishmania, aumentando ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se estende o parasitismo (Rey, L. 2002).<br />
Na medula óssea ocorre um bloqueio na produção com hipoplasia mielóide<br />
eritroblástica e granulocítica que evolui com diminuição do tecido adiposo para aplasia<br />
granulocítica e eritroblástica, e com desaparecimento dos megacariócitos e diminuição<br />
das plaquetas (Leão, R. N. Q. 1997). Também na medula óssea, os macrófagos<br />
parasitados substitu<strong>em</strong>, gradualmente, o tecido h<strong>em</strong>opoético. Existe também um<br />
comprometimento dos linfonodos (Rey, L. 2002).<br />
Nos rins, ocorre infiltração histoplasmocitária e hipotrofia glomerular com<br />
deposição de imunocomplexos. Estes pod<strong>em</strong> determinar glomerulonefrite (Leão, R. N.<br />
Q. 1997).<br />
Os pêlos pod<strong>em</strong> desaparecer por infiltração histiocitária e linfocítica com<br />
distribuição de células plasmáticas <strong>em</strong> torno dos vasos, glândulas sebáceas e folículos<br />
pilosos, que sofr<strong>em</strong> hipertrofia (Leão, R. N. Q. 1997).<br />
A imunossupressão pode promover a ocorrência de infecções concomitantes, tais<br />
como pneumonias bacterianas e d<strong>em</strong>odicose. Conseqüent<strong>em</strong>ente, o quadro clínico pode<br />
ser complicado. Infecções combinadas com Erlichia, Babesia e Dirofilaria são muito<br />
comuns se a infecção por Leishmania ocorrer <strong>em</strong> regiões onde estes organismos<br />
também são endêmicos (CIARAMELLA et al, 1997; SCHAER, MEYER, YOUNG,<br />
1985).<br />
2.4 SINAIS CLÍNICOS<br />
Os cães infectados pela Leishmania são classificados por Ministério da Saúde<br />
(2004), da seguinte maneira:<br />
- Cães assintomáticos: ausência de sinais clínicos sugestivos da infecção por<br />
Leishmania;<br />
18
- Cães oligossintomáticos: presença de adenopatia linfóide, pequena perda de peso e<br />
pêlo opaco;<br />
- Cães sintomáticos: todos ou alguns sinais mais comuns da doença como as alterações<br />
cutâneas (alopecia, ecz<strong>em</strong>a furfuráceo, úlceras, hiperqueratose), onicogrifose,<br />
<strong>em</strong>agrecimento, ceratoconjuntivite e paresia dos m<strong>em</strong>bros posteriores.<br />
As manifestações clínicas da leishmaniose variam conforme o período de<br />
incubação, que pode ser de um mês a sete anos (GREENE, 2006; NELSON e COUTO,<br />
2006). A infecção causa a produção elevada de imunocomplexos que ficam circulantes,<br />
até se depositar<strong>em</strong> nos tecidos. A deposição destes nos vasos sangüíneos é a causa das<br />
principais complicações da leishmaniose, como vasculite, poliartrite, uveite e<br />
glomerulonefrite. (GREENE, 2006).<br />
De acordo com Almeida e colaboradores (2006), os animais assintomáticos<br />
pod<strong>em</strong> viver até sete anos s<strong>em</strong> apresentar nenhum sintoma.<br />
Na fase inicial ocorre adenopatia (inflamação) dos gânglios próximos à picada<br />
do mosquito. Nessa ocasião, sendo feita punção desses gânglios inflamados, deverá ser<br />
encontrada as formas infectantes do protozoário. O gânglio linfático inflamado se<br />
necrosa, e assim lesado acaba por expelir o material purulento, ficando <strong>em</strong> seu local<br />
uma úlcera, denominada de cancro espúndico (Thadei, Carmello, 2006).<br />
Os sinais clínicos mais comumente observados na leishmaniose canina são<br />
lesões cutâneas (alopecia, lesões crostosas, descamação furfurácea, dermatites, úlceras<br />
cutâneas, onicogrifose), sinais oculares (conjuntivites, ceratoconjuntivites, blefarites,<br />
uveítes) e afecção visceral (febre, linfoadenopatia local ou generalizada, perda de peso<br />
progressiva, poliúria, polidipsia, indisposição, an<strong>em</strong>ia, hepatoesplenomegalia,<br />
glomerulonefrites e falência renal crônica) (GÁLLEGO, 2004; IKEDA et. al., 2005).<br />
Com o progredir da doença, acentua-se a an<strong>em</strong>ia e há marcada tendência às<br />
h<strong>em</strong>orragias. As epistaxes são freqüentes, assim como tosse seca ou com expectoração;<br />
raramente, broncopneumonia. As perturbações do apetite e o <strong>em</strong>agrecimento tend<strong>em</strong> a<br />
conduzir, progressivamente, a um estado de desnutrição grave. Em casos não tratados,<br />
esplenomegalia segue aumentando, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que cresce o esgotamento<br />
geral e atonia muscular (Rey, L. 2002).<br />
Silva e colaboradores (2001) afirmam que o alongamento anormal das unhas,<br />
comumente encontrado na leishmaniose, t<strong>em</strong> sido explicado pelo estímulo da matriz<br />
ungueal pelo parasito, além do fato de grande parte dos animais acometidos<br />
apresentar<strong>em</strong> outros sinais clínicos associados como apatia, <strong>em</strong>agrecimento,<br />
incoordenação motora e dificuldade para andar, que pod<strong>em</strong> contribuir para a<br />
diminuição do desgaste natural das unhas.<br />
De acordo com Silveira e colaboradores (2003), a doença pode ser classificada<br />
<strong>em</strong> vários períodos: período de incubação, <strong>em</strong> média, varia de 3 a 8 meses, podendo ser<br />
mais prolongado; período inicial, que pode ser súbito, com febre de longa duração do<br />
tipo irregular, com sintomas característicos, evolui por 30 a 60 dias, finalizando com<br />
agravamento do estado geral; período de estado, <strong>em</strong> que se observa o agravamento do<br />
quadro clínico do animal e melhor definição da sintomatologia.<br />
Evans e Rebelo (1996) afirmam que, <strong>em</strong> geral, ocorre hepatoesplenomegalia<br />
com presença de parasitas nas células de Kuppfer, além do baço apresentar consistência<br />
fibrosa, cápsula espessada e polpa vermelho pálida. A medula óssea apresenta aspecto<br />
difluente e <strong>em</strong> alguns casos h<strong>em</strong>orrágico. Além disso, de acordo com Stanley (1975) e<br />
Ettinger (1992), os pulmões, a via gastrintestinal, os pâncreas, os testículos e outros<br />
órgãos também pod<strong>em</strong> ser acometidos nos casos mais intensos.<br />
Segundo Silva (2007), os animais infectados freqüent<strong>em</strong>ente apresentam<br />
an<strong>em</strong>ia, <strong>em</strong> geral grave, devido à diminuição da eritropoiese decorrente de hipoplasia<br />
19
ou aplasia medular, associada à destruição celular no baço. Esse quadro anêmico pode<br />
ser agravado por perda de sangue ou diminuição da meia vida das h<strong>em</strong>ácias associadas<br />
à produção de auto-anticorpos. As contagens de eritrócitos pod<strong>em</strong> ser muito baixas,<br />
sendo a an<strong>em</strong>ia, na maioria dos casos, normocítica, normocrômica. No que se refere às<br />
alterações na série leucocitária na fase inicial da doença ou <strong>em</strong> animais infectados que<br />
apresentam bom estado clínico, desenvolv<strong>em</strong> linfocitose, enquanto animais <strong>em</strong> estágio<br />
mais avançado da doença, com quadro clínico grave, apresentam linfopenia (IKEDA et.<br />
al, 2003; FEITOSA et. al., 2000).<br />
Padilla e colaboradores (2002) relatam que o <strong>em</strong>agrecimento ocorre devido à<br />
diminuição progressiva na síntese de albumina e conseqüente baixa das proteínas<br />
plasmáticas, <strong>em</strong> parte devido a defeitos de absorção ou perda decorrente dos fenômenos<br />
inflamatórios catarrais dos intestinos. O comprometimento do estado geral é<br />
progressivo, de acordo com Acher (2002), ocorre ed<strong>em</strong>aciamento, palidez<br />
cutaneomucosa, linfoadenopatia sistêmica, pele seca e áspera, estomatite, ed<strong>em</strong>as de<br />
m<strong>em</strong>bros inferiores, podendo chegar a anasarca e o abdome torna-se volumoso e, o<br />
período final que cursa com ascite volumosa, derrame pleural, hepatoesplenomegalia e<br />
h<strong>em</strong>orragias sistêmicas.<br />
Em muitos animais com leishmaniose verifica-se uma atrofia muscular<br />
inicialmente nos músculos das fossas t<strong>em</strong>porais, seguida, sucessivamente, pelo resto da<br />
musculatura do corpo (LONGSTAFFE et al, 1983). Muitos animais apresentam<br />
diminuição da atividade física, associada aos distúrbios de locomoção, que pod<strong>em</strong> ser<br />
decorrentes de neuralgia, poliartrite, polimiosite, fissuras nos coxins, úlceras<br />
interdigitais, ou mesmo lesões osteolíticas ou periostite proliferativa (NOLI, 1999).<br />
A deposição de imunocomplexos nos rins eventualmente resulta <strong>em</strong><br />
glomerulonefrite proliferativa e, <strong>em</strong> muitos casos, <strong>em</strong> nefrite intersticial, podendo levar<br />
à insuficiência renal, que é, muitas vezes, a principal causa de mortes <strong>em</strong> cães com<br />
leishmaniose (NIETO et al, 1992; POCAI et al, 1998). As leishmanias também se<br />
multiplicam <strong>em</strong> macrófagos do fígado, produzindo hepatite ativa crônica e,<br />
ocasionalmente, hepatomegalia, vômitos, poliúria e polidipsia, anorexia e perda de peso<br />
(NOLI, 1999). Apenas 1 a 5% dos cães infectados mostram sinais de icterícia, apesar da<br />
ocorrência de hepatite <strong>em</strong> muitos deles (VALLADARES et al, 1997). As alterações<br />
hepáticas e renais levam à hipoalbumin<strong>em</strong>ia que, juntamente com fatores vasculares<br />
locais, pode levar à formação de ed<strong>em</strong>a de m<strong>em</strong>bros. Nas fases finais da doença<br />
também pod<strong>em</strong> ser observados ascite e ed<strong>em</strong>a generalizado. Alguns animais<br />
apresentam quadro de diarréia crônica e melena, <strong>em</strong> decorrência da presença de<br />
ulcerações de mucosa <strong>em</strong> estômago, intestino e cólon. A enterite pode ser resultado de<br />
um dano parasitário direto, ou conseqüência de uma insuficiência renal (FERRER et al,<br />
1991).<br />
No sist<strong>em</strong>a nervoso observam-se depósitos de antígenos de Leishmania e de<br />
imunoglobulinas no plexo coróide, levando a uma coroidite, além de alterações<br />
histológicas nas regiões do encéfalo e do cerebelo, tais como deposição de substância<br />
amilóide e degeneração neuronal (GARCIA-ALONSO et al, 1996a). Na fase final da<br />
doença pod<strong>em</strong> ocorrer ed<strong>em</strong>a e paresia de m<strong>em</strong>bros pélvicos (GENARO, 1993).<br />
Segundo alguns autores, a incidência de probl<strong>em</strong>as locomotores <strong>em</strong> casos de<br />
leishmaniose visceral chega a 30%, que pod<strong>em</strong> ser decorrentes de poliartrite, sinovite,<br />
polimiosite e osteomielite. Nestes casos, é possível a identificação da Leishmania sp no<br />
líquido sinovial. Acredita-se que a causa da poliartrite seja o depósito de<br />
imunocomplexos circulantes no líquido sinovial (BURACCO et al, 1997;<br />
WOLSCHRIJN et al, 1996; YAMAGUCHI et al 1983).<br />
20
2.5 DIAGNÓSTICO<br />
O diagnóstico da leishmaniose canina é s<strong>em</strong>elhante ao diagnóstico da doença na<br />
espécie humana, e pode ser feito com base nas características clínicas apresentadas<br />
pelos animais, pela d<strong>em</strong>onstração do parasita <strong>em</strong> punções aspirativas de órgãos<br />
linfóides, por provas sorológicas e por meio de métodos moleculares (reação <strong>em</strong> cadeia<br />
da polimerase – PCR) (NOLI, 1999).<br />
Dentre as provas sorológicas, as mais <strong>em</strong>pregadas atualmente são a<br />
imunofluorescência indireta, o ELISA, a fixação de compl<strong>em</strong>ento e a aglutinação<br />
direta. Estas provas geralmente apresentam alta sensibilidade e especificidade, no<br />
entanto, pod<strong>em</strong> apresentar resultados falso-positivos ou falso-negativos<br />
(SLAPPENDEL, 1990).<br />
O Elisa apresenta uma sensibilidade muito boa na detecção de casos de calazar,<br />
contudo, com os antígenos atualmente <strong>em</strong>pregados, pode ocorrer reações cruzadas, ou<br />
seja, falso-positivos (NEVES, 2000).<br />
A Reação de fixação do compl<strong>em</strong>ento é menos sensível, porém mais específica do<br />
que a RIFI, não originando reações cruzadas, mas pod<strong>em</strong> ocorrer soros<br />
anticompl<strong>em</strong>entares (NEVES, 2000).<br />
A RIFI, teste indicado pelo MS para levantamentos epid<strong>em</strong>iológicos e diagnósticos<br />
da LV canina, reúne essas características: valores elevados de sensibilidade (90-100%)<br />
e valores menores de especificidade (80%) para amostras de soro. Adicionalmente é<br />
conhecido que a identificação de indivíduos falsos positivos pela RIFI se deve a reações<br />
cruzadas entre LV e duas outras importantes zoonoses: LTA e doença de Chagas<br />
(ALVES, BEVILACQUA, 2004).<br />
As técnicas parasitológicas possu<strong>em</strong> especificidade de 100%, no entanto, sua<br />
sensibilidade pode ser muito baixa. A identificação de Leishmania <strong>em</strong> preparações<br />
citológicas feitas a partir de punções aspirativas de linfonodos é rápida e fácil<br />
(FERRER et al, 1995). As formas amastigotas são facilmente reconhecidas por sua<br />
forma esférica a ovóide, med<strong>em</strong> de 2 a 5 μm e contêm um núcleo arredondado e um<br />
cinetoplasto alongado (POCAI et al, 1998). O diagnóstico parasitológico é o método de<br />
certeza e se baseia na d<strong>em</strong>onstração do parasito que é abundante nos órgãos linfóides e<br />
fígado. Na prática, a mais utilizada é a punção medular (esterno, crista ilíaca e tíbia) por<br />
ser procedimento mais seguro e permite colheita de material para mielograma, ficando<br />
a punção de gânglios restrita aos casos <strong>em</strong> que estes são volumosos (Leão, R. N. Q;<br />
1997).<br />
Recent<strong>em</strong>ente, desenvolveu-se a técnica de PCR, que é uma prova diagnóstica<br />
altamente sensível e específica, com a qual é possível identificar e ampliar<br />
seletivamente o DNA do cinetoplasto do parasita. Infelizmente, só é possível a<br />
realização da técnica de PCR <strong>em</strong> laboratórios especializados (NOLI, 1999). A reação<br />
<strong>em</strong> cadeia da polimerase (PCR) permite a amplificação seletiva de seqüências do DNA<br />
do parasito, o que conseqüent<strong>em</strong>ente viabiliza um instrumento diagnóstico espécieespecífico<br />
para doenças infecciosas (FERREIRA e ÁVILA, 2001) e, segundo Rey<br />
(2001), mostra-se muito sensível para detectar casos incipientes de leishmaniose. A<br />
PCR pode ser feita com o DNA extraído da medula óssea, biopsias cutâneas, aspirados<br />
de linfonodos, sangue, cortes histológicos de tecidos parafinados e também no vetor<br />
(GREENE, 2006; FERRER, 1999). Ferreira e Ávila (2001) afirmam que a técnica da<br />
PCR é b<strong>em</strong> eficiente para detectar os estágios iniciais de infecções, enquanto as<br />
técnicas sorológicas são mais eficazes para diagnosticar estágios avançados. Por este<br />
motivo, os autores acreditam ser possível que a PCR venha a se constituir num método<br />
21
padrão para o diagnóstico da leishmaniose. No entanto, Rey (2001) afirma que as<br />
condições para sua realização, o alto custo, a disponibilidade dos agentes e de<br />
equipamentos e a pouca adaptabilidade do método ao campo, limitam seu <strong>em</strong>prego na<br />
rotina médica.<br />
Um aspecto importante, que provavelmente está associado com o insucesso do<br />
controle da LVA, refere-se aos critérios usados para a seleção dos cães a ser<strong>em</strong><br />
eliminados, que se baseia no diagnóstico por técnicas sorológicas (IFA e ELISA). Essas<br />
metodologias apresentam baixas sensibilidade e especificidade, acarretando taxas de<br />
infecções subestimadas e conseqüent<strong>em</strong>ente permitido a manutenção de animais<br />
infectados nas áreas endêmicas (SILVA et al, 2005).<br />
O diagnóstico clínico da leishmaniose visceral canina é difícil de ser determinado<br />
devido a grande porcentag<strong>em</strong> de cães assintomáticos ou oligossintomáticos existentes.<br />
A doença apresenta s<strong>em</strong>elhança com outras enfermidades transmissíveis que acomet<strong>em</strong><br />
os cães permitindo somente que o diagnóstico seja possível quando o animal apresenta<br />
sinais e sintomas comuns à doença. No entanto, <strong>em</strong> áreas cujo padrão socioeconômico é<br />
baixo, outros fatores pod<strong>em</strong> estar associados dificultando o diagnóstico clínico,<br />
especialmente as dermatoses e a desnutrição, mascarando ou dificultando o quadro<br />
clínico da doença (Ministério da Saúde, 2004).<br />
O h<strong>em</strong>ograma fornece subsídios importantes quanto à resposta orgânica do cão<br />
portador de leishmaniose, particularmente quanto à an<strong>em</strong>ia. Já a associação de an<strong>em</strong>ia,<br />
monocitose e hiperprotein<strong>em</strong>ia, quando detectada <strong>em</strong> cães de áreas enzoóticas, suger<strong>em</strong><br />
a pesquisa do parasito L. chagasi (Ikeda, F. A. et al. 2003). Pode ocorrer uma<br />
diminuição do número total de h<strong>em</strong>ácias, leucopenia com linfocitose relativa e<br />
plaquetopenia, b<strong>em</strong> como inversão da relação albumina/globulina (Rath, S; et al. 2006).<br />
Outro método laboratorial é o isolamento <strong>em</strong> meio de cultura mediante diluição do<br />
material aspirado <strong>em</strong> solução salina (NaCl a 0,9%) e inoculação de 0,1 ml dessa<br />
solução <strong>em</strong> tubo de cultivo. As culturas dev<strong>em</strong> ser mantidas entre 24 e 26ºC e são<br />
observadas <strong>em</strong> microscópio ótico, s<strong>em</strong>analmente, até 4 s<strong>em</strong>anas. Os tubos positivos<br />
dev<strong>em</strong> ser encaminhados para laboratórios de referência para identificação da espécie<br />
(Santa Rosa, I. C. A; Oliveira, I. C. S. 1997).<br />
O exame histopatológico é realizado a partir da biópsia das lesões, com fragmentos<br />
de 4 a 7 mm de diâmetro das lesões mais recentes. Ao exame, pod<strong>em</strong>-se evidenciar<br />
alterações inflamatórias, mas somente após a visualização do parasita, geralmente<br />
encontrados <strong>em</strong> vacúolos citoplasmáticos dos macrófagos, é dado o diagnóstico<br />
positivo para leishmaniose. A sensibilidade desta prova aumenta quanto mais recente<br />
for o caso (BRAGA; ALVES, 2006).<br />
2.6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL<br />
O diagnóstico diferencial, segundo Noli (1999), é muito amplo, devido a grande<br />
variedade de manifestações clínicas. Nos cães, as dermatites associadas a sinais<br />
sistêmicos da doença, pod<strong>em</strong> ser similares a d<strong>em</strong>odicose, pioderma, e alterações na<br />
queratinização.<br />
Nunes (2001) afirma que as lesões ulcerativas dev<strong>em</strong> ser diferenciadas de lúpus<br />
erit<strong>em</strong>atoso, outras causas de vasculites, micoses profundas, tuberculose cutânea e<br />
neoplasia cutânea.<br />
Os nódulos que pod<strong>em</strong> estar presentes na doença possu<strong>em</strong> diagnóstico diferencial a<br />
vários tumores de pele, granulomas e dermatofibrose nodular. Qualquer enfermidade<br />
22
pustulosa, como pioderma, pênfigo foliáceo e a d<strong>em</strong>odicose, faz<strong>em</strong> parte do<br />
diagnóstico diferencial (SILVEIRA et. al., 2006).<br />
Ainda citando Noli (1999), os sinais sistêmicos da leishmaniose dev<strong>em</strong> ser<br />
diferenciados da erliquiose, visto que esta última promove diminuição plaquetária,<br />
an<strong>em</strong>ia e observam-se freqüent<strong>em</strong>ente h<strong>em</strong>orragias e petéquias. O lúpus erit<strong>em</strong>atoso<br />
sistêmico (LES), assim como na leishmaniose, apresenta glomerulonefrites e lesões<br />
ulcerativas na pele.<br />
Devido à s<strong>em</strong>elhança do quadro clinico, Torres (2006) relata que a prescrição de<br />
antifúngicos, que possu<strong>em</strong> relativa ação contra o protozoário, leva a uma cura clínica<br />
t<strong>em</strong>porária, o que mascara ainda mais o diagnostico clinico da doença.<br />
2.7 TRATAMENTO<br />
De acordo com Almeida e Oliveira (1997), não existe tratamento comprovado<br />
que possibilite a cura dos animais. Os tratamentos utilizados promov<strong>em</strong> a redução dos<br />
sinais clínicos e aumento da sobrevida do animal, porém, este continua como fonte de<br />
infecção da doença. Além disso, o custo do tratamento é bastante elevado e os<br />
medicamentos não são encontrados facilmente, o que dificulta a realização do mesmo<br />
(COSTA, 2005).<br />
No entanto, o conhecimento de que a doença canina não é uniform<strong>em</strong>ente fatal e<br />
que alguns cães pod<strong>em</strong> apresentar cura espontânea, levou a comunidade científica de<br />
Médicos Veterinários à experimentação de tratamentos <strong>em</strong> animais (RIBEIRO;<br />
MICHALICK, 2003).<br />
De acordo com Ribeiro (2001), atualmente quatro drogas são utilizadas no<br />
tratamento da leishmaniose canina: os antimoniais pentavalentes, o alopurinol, a<br />
aminosidina e recent<strong>em</strong>ente, a anfoterecina B.<br />
Os antimoniais pentavalentes são a primeira linha de medicamentos usados para<br />
o tratamento da leishmaniose visceral ainda que não sejam medicamentos ideais,<br />
exigindo administração prolongada e acompanhando-se, muitas vezes, de recaída. Em<br />
todas as regiões endêmicas encontram-se casos que não respond<strong>em</strong> ao tratamento.<br />
Segunda linha de medicamentos compreende o isotiocianato de pentamidina, a<br />
anfoterecina B e o alopurinol, que são mais tóxicos que os antimoniais pentavalentes<br />
(Rey, L. 2002).<br />
O antimoniato de N-metilglucamina e estibogluconato de sódio são<br />
considerados leishmanicidas, pois interfer<strong>em</strong> na bioenergética dos amastigotas de<br />
leishmanias. Tanto a glicólise quanto a oxidação dos ácidos graxos, processos<br />
primariamente localizados <strong>em</strong> organelas peculiares (glicossomos) são inibidos. Após<br />
administração parenteral ating<strong>em</strong> concentrações plasmáticas elevadas. Visando<br />
padronizar os esqu<strong>em</strong>as, a OMS, recomendou que a dose do antimonial fosse calculada<br />
<strong>em</strong> mg/kg/dia (Leão, R. N. Q. 1997).<br />
O Alopurinol inibe o metabolismo das purinas, exercendo efeito inibitório no<br />
crescimento das Leishmanias “in vitro”. Acredita-se que este efeito “in vivo” seja mais<br />
leishmaniostático que leishmanicida. A utilidade desta droga t<strong>em</strong> sido d<strong>em</strong>onstrada no<br />
controle das recidivas da doença. Efeitos colaterais são incomuns e a via de<br />
administração é oral (BRASIL, 2005; RIBEIRO; MICHALICK, 2003).<br />
A aminosidina é um antibiótico aminoglicosídeo com ação <strong>em</strong> protozoários,<br />
incluindo a Leishmania. Seu mecanismo de ação é complexo e inclui a inibição da<br />
síntese protéica e alteração da permeabilidade da m<strong>em</strong>brana plasmática dos parasitos. A<br />
via de administração pode ser subcutânea ou intramuscular. Os efeitos colaterais<br />
23
conhecidos são principalmente a nefrotoxicidade e surdez por lesão no VII nervo<br />
craniano (RIBEIRO, MASCHERETTI; 2003).<br />
Badaró (2002) afirma que t<strong>em</strong> se obtido bons resultados <strong>em</strong> protocolos<br />
associados ao glucantime e o alopurinol.<br />
A anfotericina B, segundo Moura (2002) é utilizada no tratamento das infecções<br />
micóticas, atua rompendo a m<strong>em</strong>brana celular e provocando a morte dos parasitos. É<br />
altamente nefrotóxica e quando utilizada, necessita rigorosa monitorização do paciente.<br />
De acordo com Ribeiro e Michalik (2003), este medicamento t<strong>em</strong> alcançado 93% de<br />
cura clínica, queda de sorologia e normalização da fração albumina/globulina. A<br />
anfoterecina B encapsulada <strong>em</strong> lisossomos t<strong>em</strong> sido descrita como mais efetiva e<br />
menos tóxica no tratamento da leishmaniose humana e pode no futuro ser utilizada no<br />
tratamento da doença canina.<br />
Segundo Ribeiro (2003), outras drogas pod<strong>em</strong> ser prescritas de acordo com cada<br />
caso. Medicamentos que estimulam a resposta celular como levamisol, extratos<br />
protéicos de Leishmania sp, extratos virais, bacterianos e interferon-γ.<br />
Imunossupressores como corticóides pod<strong>em</strong> ser necessários para impedir lesões<br />
oriundas da formação de imunocomplexos circulantes <strong>em</strong> cães com elevada resposta<br />
humoral.<br />
Algumas medidas pré-tratamento dev<strong>em</strong> ser consideradas:<br />
1. Avaliação Clínica do Paciente: quadro clínico do paciente com dados de h<strong>em</strong>ograma,<br />
perfil bioquímico, sorologia, proteinograma (eletroforese das proteínas séricas) e<br />
diagnóstico parasitológico.<br />
2. Informação ao Proprietário: explicação detalhada da doença (caráter crônico e<br />
incurável), possibilidade de transmissão, adoção de medidas profiláticas e custos do<br />
tratamento com medicação e serviços veterinários.<br />
3. Critérios de Tratamento:<br />
PROPRIETÁRIO<br />
� �<br />
Colaborador Não colaborador<br />
� � �<br />
azot<strong>em</strong>ia rim sadio eutanásia<br />
� � �<br />
eutanásia cão jov<strong>em</strong> cão velho<br />
� �<br />
Tratamento eutanásia<br />
2.8 PROGNOSTICO<br />
Torres e colaboradores (2006), afirmam que o prognóstico é variável, pois a<br />
recidiva da doença é freqüente. Os cães que apresentam insuficiência renal durante a<br />
manifestação da enfermidade têm prognóstico desfavorável, sendo desaconselhado o<br />
tratamento.<br />
24
3. OBJETIVOS<br />
3.1 GERAL<br />
O presente estudo t<strong>em</strong> como objetivo relatar um caso de mastocitoma seguido<br />
de leishmaniose visceral canina <strong>em</strong> cão, boxer, fêmea, de 6 anos de idade, discorrendo<br />
sobre etiologia, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento e prognóstico destas afecções.<br />
3.2 ESPECÍFICO<br />
Descrever aspectos acerca do mastocitoma e da leishmaniose <strong>em</strong> relação à<br />
terapia no caso acompanhado e salientar a importância do diagnóstico pré-vacinal da<br />
leishmaniose.<br />
25
4. METODOLOGIA<br />
Tipo de estudo<br />
O procedimento metodológico utilizado para o estudo fundamentou-se na<br />
realização de pesquisa <strong>em</strong> literatura técnico-científica especializada e no<br />
desenvolvimento do relato de caso. Este último foi baseado no período de<br />
acompanhamento do animal, possibilitando descrição da etiologia, sinais clínicos,<br />
diagnóstico, tratamento e discussão acerca da terapêutica para o mastocitoma e a<br />
leishmaniose visceral canina.<br />
Caracterização da Área de Estudo<br />
O estudo foi realizado na cidade de Cáceres, no Estado do Mato Grosso; na<br />
Clínica Veterinária Mondo Cani, situada à Rua Tiradentes, n° 402, Centro.<br />
26
5. RELATO DE CASO<br />
Um cão boxer, de nome “Bruna”, fêmea castrada, de cinco anos de idade,<br />
pesando aproximadamente 32 kg, foi atendido na Clinica Veterinária Mondo Cani, no<br />
dia 05/11/2008, com histórico de doença dermatológica com hipotricose,<br />
principalmente na face, com crostas melicéricas, prurido moderado, com acometimento<br />
do pavilhão auricular bilateral. No restante do corpo, as lesões eram menos intensas.<br />
Nesta ocasião, apresentava um nódulo na área de flanco esquerdo, com início há,<br />
aproximadamente, 1 mês e crescimento rápido. Indolor a palpação.<br />
O animal foi então submetido à biopsia excisional no mesmo dia, sendo<br />
anestesiado com quetamina, xilazina e diazepam. A anestesia transcorreu s<strong>em</strong><br />
transtornos, mas a cirurgia apresentou-se bastante cruenta, e o tumor muito infiltrado<br />
nos tecidos adjacentes e musculatura. O material retirado foi fixado <strong>em</strong> formol 10 % e<br />
encaminhado a histopatologia, no laboratório Veterinária Preventiva, <strong>em</strong> Curitiba/PR<br />
Como tratamento pós-operatório, foi prescrito cefalexina 1 g/BID/15 dias,<br />
meloxican 3 mg/SID/4 dias, limpeza da ferida cirúrgica com Tergenvet® e pomada<br />
cicatrizante a base de alantoína, clorhexidine, oxido de zinco, citronela e aloe vera,<br />
manipulada na Drogavet (farmácia de manipulação).<br />
No dia 12/11/2008, ocorreu deiscência de pontos na ferida cirúrgica, sendo<br />
então recomendado à manutenção do tratamento já prescrito e associou-se o<br />
Kuraderm® spray, duas vezes ao dia.<br />
Na histopatologia, as alterações observadas foram tumoração constituída por<br />
células neoplásicas pleomórficas, de núcleos redondos a ovalados, e citoplasma<br />
exibindo granulações basofilicas esparsas. A lesão atinge toda derme e também<br />
panículo adiposo. As figuras mitóticas são freqüentes. Estroma tumoral apresentando<br />
focos de colagenólise e eosinófilos freqüentes. O diagnóstico foi de mastocitoma grau<br />
II (segundo Patnaik et al), estádio 1 com subestádio b.<br />
Em 29/11/2008, iniciou-se protocolo de quimioterapia com vincristina e<br />
prednisona, além de supl<strong>em</strong>entação com vitamina E 800 UI/dia e Promun Dog®.<br />
Foram realizadas 4 aplicações de vincristina s<strong>em</strong>analmente e mais 2 aplicações a cada<br />
15 dias, totalizando 6 aplicações. A prednisona foi reduzida gradativamente e mantida<br />
durante 3 meses. Na ultima sessão de quimioterapia, o animal voltou a apresentar lesões<br />
dermatológicas e também quadro gastrintestinal com <strong>em</strong>ese pós-prandial. Foi prescrito<br />
o retorno da cefalexina e omeprazol 20 mg/SID pela manhã.<br />
Em 04/02/2009, apresentou dificuldade para levantar e deambular, apatia<br />
discreta, novamente quadro dermatológico com prurido. Foi associado ao tratamento<br />
antihistaminico (dexclorfeniramina) e sulfato de condroitina. A paciente pesou, nesta<br />
consulta, 35 kg.<br />
No dia 14/02/2009, foi apresentada para consulta com ed<strong>em</strong>a de face,<br />
inapetência, apatia e prurido. Suspeitou-se de síndrome paraneoplásica e instituiu-se<br />
tratamento com ciproheptadina e retorno da prednisona.<br />
Em 09/03/2009, apresentou ferida crostosa na face, próxima ao focinho e ao<br />
redor dos olhos. Também uma conjuntivite leve. Novamente, foi prescrito cefalexina<br />
associada ao uso de Hexadene xampu.<br />
Em 28/04, a proprietária relatou muito prurido, automutilação, e foi então<br />
prescrito o retorno da prednisona <strong>em</strong> dias alternados e antihistaminico.<br />
Como se suspeitava de síndrome paraneoplásica, iniciou-se uma série de exames<br />
na tentativa de detectar o local da metástase.<br />
Em 20/04/2009, foi feita radiografia de tórax, onde se observou aumento de<br />
radiopacidade de campos pulmonares <strong>em</strong> lobos direito e cranial esquerdo, de padrão<br />
27
misto, intersticial e bronquial, sugerindo bronquite, metástase ou obesidade. Também<br />
se observou calcificação das cartilagens costais e das junções costo-condrais. Discreta<br />
calcificação de anéis traqueais. Nesta mesma ocasião, realizou-se ultra-som abdominal,<br />
sendo percebido hepatomegalia discreta, esplenomegalia moderada e ausência de<br />
linfoadenomegalias.<br />
O laudo do ecocardiograma feito <strong>em</strong> 20/04/2009 cita: des<strong>em</strong>penho sistólico do<br />
ventrículo esquerdo preservado; câmaras cardíacas com dimensões preservadas;<br />
espessura das paredes ventriculares normais; valvas s<strong>em</strong>ilunares e atrioventriculares<br />
com abertura e mobilidades normais; pericárdio normal. Estrutura cardíaca preservada e<br />
ventrículo esquerdo com des<strong>em</strong>penho sistólico normal.<br />
Em 16/05/2009, veio para consulta com histórico de respiração ofegante,<br />
inquietude à noite, lesões erit<strong>em</strong>atosas e prurido acentuado <strong>em</strong> todo corpo. A ausculta<br />
cardio-pulmonar não revelou nenhuma alteração. Foi prescrito: Promun dog (3 cp/SID),<br />
loratadina 10 mg (1 cp/SID/30 dias), prednisona 20 mg SID, aminofilina 300 mg BID,<br />
vitamina E 800 UI SID.<br />
Como o primeiro RX de tórax não foi conclusivo, foi repetido outro <strong>em</strong><br />
09/06/2009, onde nenhuma alteração radiográfica foi percebida. Como o quadro<br />
dermatológico estava piorando muito, foi colhido material de pelos e crostas para<br />
cultura bacteriana e micológica. O raspado de pele resultou negativo. Também foi<br />
realizada uma punção de medula óssea para citologia.<br />
O resultado da citologia foi: presença de abundantes formas amastigotas intra e<br />
extracelulares de Leishmania sp no material analisado. Foi então prescrito o uso de<br />
alopurinol BID, levamisol 150 mg /SID/10 dias e complexo vitamínico e mineral<br />
contendo cloridrato de arginina 300 mg, sulfato de zinco 18 mg, selênio 150 mcg e<br />
vitamina A 10.000 UI (1 cápsula ao dia). A prednisona foi reduzida para 10 mg ao dia<br />
a partir do dia 16/06/2009.<br />
Vários exames laboratoriais foram realizados no decorrer dos atendimentos,<br />
sendo os resultados listados na tabela 1.<br />
A cultura bacteriana resultou <strong>em</strong> Staphylococcus coagulase negativo com<br />
sensibilidade à amoxicilina-clavulanato e cefalosporinas.<br />
A cultura fúngica resultou positiva para Tricophyton sp. e Microsporum sp.<br />
Como houve a piora do quadro geral, o animal foi internado para tratamento no<br />
dia 23/06/2009. Apresentava muita apatia, diminuição do apetite, febre intermitente,<br />
relutância <strong>em</strong> se movimentar. Foram instituídos banhos diários com cetoconazol e<br />
clorhexidine 4 % até o dia 27/06, quando então estes banhos passaram a ser <strong>em</strong> dias<br />
alternados, até o dia 08/07/2009.<br />
Nos primeiros 3 dias de internamento, a paciente foi submetida a fluidoterapia<br />
com protetor hepático (Ornitil), cimetidina, omeprazol e vitamina B12. Foi utilizado<br />
ciproheptadina durante os primeiros 13 dias, na dose de 20 mg BID, como estimulante<br />
de apetite. Como antibioticoterapia, utilizou-se amoxicilina-clavulanato de potássio<br />
BID, durante 10 dias. Após este período, foi utilizado Convenia®, na dose total de 3,5<br />
ml, via subcutânea. Como antifúngico, foi <strong>em</strong>pregado griseofulvina SID, durante 8<br />
dias, sendo então utilizado itraconazol 300 mg SID, durante 20 dias. A prednisona foi<br />
utilizada na dose de 10 mg <strong>em</strong> dias alternados até o dia 06/07, quando então foi<br />
definitivamente suspensa.<br />
O alopurinol foi utilizado na dose de 400 mg BID durante 15 dias, sendo depois<br />
reduzida a dose para 350 mg BID.<br />
No dia 06/07/2009, foi iniciado o tratamento com glucantime, na dose de 3,5 ml<br />
IM, BID, durante 21 dias.<br />
28
Para o tratamento dermatológico, após o termino do antibiótico e do antifúngico,<br />
foi recomendado a utilização do spray fitoterápico Dermafito Plus®, SID, durante 30<br />
dias.<br />
A paciente recebeu alta da clinica no dia 27/07/2009, com a seguinte prescrição:<br />
alopurinol 300 mg BID, Eritrós® (1 cp/SID/30 dias), complexo com arginina e<br />
associações (SID), levamisol 60 mg( SID/10 dias – repetir 3 ciclos de tratamento, com<br />
pausa de 20 dias), Promun Dog®, Cloresten® xampu (uma vez na s<strong>em</strong>ana).<br />
No dia 27/07/2009, foi colhido material de pelos e crostas para cultura<br />
bacteriana e fúngica, sendo ambas negativas.<br />
Em 14/08/2009, foi iniciado protocolo de imunoterapia com Leishmunne® <strong>em</strong><br />
dose duplicada, com três aplicações com intervalo de 21 dias.<br />
Até o presente momento, o animal apresenta-se estável, com pouco ou nenhum<br />
efeito colateral das medicações que estão sendo administradas.<br />
29
DATA 22/10/2008 16/01/2009 04/02/2009 09/03/2009 20/04/2009 16/05/2009 09/06/2009 23/06/2009<br />
H<strong>em</strong>ácias 4 2,86 2,88 2,96 4,15 2,85 4,56 2,7<br />
H<strong>em</strong>oglobina 9,8 6,8 8 8 9,2 7,5 11 7,5<br />
Ht 33 % 28 % 26 % 27 % 28 % 25 % 34 % 23 %<br />
VCM 82,5 97,90 90,28 91,22 67,46 87,72 74,56 85,19<br />
CHCM 24,5 24,29 30,77 29,63 32,85 30 32,35 32,61<br />
Leucócitos 6.600 3.300 5.600 5.600 4.300 12.300 11.300 9.100<br />
Bastonetes 3 % 5 % 3 % 3 % 0 3 % 0 15 %<br />
Segmentados 65 % 79 % 73 % 67 % 91 % 72 % 86 % 74<br />
Eosinófilos 1 % 2 % 1 % 2 % 3 % 1 % 6 % 2%<br />
Linfócitos 29 % 12 % 21 % 25 % 3 % 23 % 3 % 4%<br />
Monócitos 2 % 2 % 2 % 3 % 3 % 1 % 5 % 5%<br />
Plaquetas 221.000 176.000 110.000 152.000 172.200 91.000 147.000 125.000<br />
Reticulócitos - - 1,75 % - 0,4 % - - -<br />
ALT - 233,15 390 180,29 466 202,87 1440,50 80,14<br />
F. A. - 503,82 190 348,36 76,5 456,87 190,3 -<br />
Creat. - 0,68 - - 0,8 0,59 0,6 0,85<br />
uréia - - - - - - 28,7 -<br />
PPT - - - - 10 - 8,6 -<br />
albumina - - - - - - 1,8<br />
globulina - - - - - - 6,8 -<br />
Relação a/g - - - - - - 0,26 -<br />
H<strong>em</strong>atozoários - - - - - - Negativo -<br />
30
DATA 06/07/2009 14/07/2009 27/07/2009<br />
H<strong>em</strong>ácias 3,32 4,67 4,01<br />
H<strong>em</strong>oglobina 9 9,4 11<br />
Ht 28 % 29 % 34 %<br />
VCM 84,33 62,09 84,78<br />
CHCM - 32,41 32,35<br />
Leucócitos 6.100 10.100 4.200<br />
Bastonetes 0 0 % 0 %<br />
Segmentados 63 % 71 % 83 %<br />
Eosinófilos 8 % 6 % 3 %<br />
Linfócitos 22 % 20 % 9 %<br />
Monócitos 7 % 3 % 5 %<br />
Plaquetas 294.300 212.000 239.000<br />
Reticulócitos - - -<br />
ALT 109,5 83,8 94,2<br />
F. A. - - -<br />
Creat. 0,5 0,8 0,7<br />
uréia 26,5 26,5 20,6<br />
PPT 9,7 9,8 10,2<br />
albumina 1,6 2,2 2,2<br />
globulina 8,1 7,6 8<br />
Relação a/g 0,19 0,29 0,27<br />
H<strong>em</strong>atozoários - - -<br />
31
6. DISCUSSÃO<br />
O presente relato apresenta vários aspectos interessantes sobre a dificuldade<br />
do diagnóstico definitivo da doença deste animal.<br />
Como se trata de um paciente que foi vacinado previamente contra<br />
leishmaniose (no dia 20/03/2008), não na clinica do presente relato, mas na clinica da<br />
cidade onde os proprietários moram, a leishmaniose não entrou na lista do<br />
diagnóstico diferencial. Isto atrapalhou sobr<strong>em</strong>aneira na conduta do tratamento<br />
imposto e até na d<strong>em</strong>ora do diagnóstico definitivo.<br />
Na ocasião da vacinação contra leishmaniose, o único exame solicitado pelo<br />
médico veterinário foi a sorologia Elisa, o que de acordo com o SLAPPENDEL<br />
(1990) apresenta muitos falso-negativos. Em alguns casos observamos que animais,<br />
apesar de soro negativo, pod<strong>em</strong> ser portadores de amastigotas na medula óssea.<br />
Provavelmente este animal estava infectado, s<strong>em</strong> anticorpos (ou por infecção recente,<br />
ou como "portador são") no momento da vacinação.<br />
A histopatologia do tumor não revelou formas amastigotas, mas talvez o local<br />
do desenvolvimento do mastocitoma tenha sido o local da picada do flebótomo, pois<br />
segundo Daleck (2009) o mastocitoma pode se desenvolver a partir de dermatites ou<br />
lesões crônicas. Esta teoria é baseada no papel dos mastócitos que, segundo Ogilve<br />
(1995), t<strong>em</strong> um papel muito relevante nas reações alérgicas e processos inflamatórios.<br />
De acordo com Braga e Alves (2006), talvez não tenham sido visualizados os<br />
parasitas na histopatologia por se tratar de uma infecção não tão recente, o que<br />
diminui a sensibilidade do exame.<br />
O animal estava com a sua resposta imune celular alta por causa da vacinação,<br />
controlando a infecção. Com o aparecimento do mastocitoma e conseqüente<br />
tratamento quimioterápico, houve queda na resistência do organismo o que diminuiu<br />
a resposta e o animal apresentou os sinais clínicos da leishmaniose. Esta observação<br />
vai de encontro com o citado pelo Ministério da Saúde (2004), que diz que o<br />
aparecimento dos sinais clínicos vai depender da imunocompetência do animal.<br />
O tumor apresentado neste caso está <strong>em</strong> conformidade com Daleck (2009),<br />
que cita que estes tumores são altamente infiltrativos nos tecidos adjacentes.<br />
Quanto à etiologia do mastocitoma do caso apresentado, a raça boxer do<br />
paciente <strong>em</strong> questão é citada como mais predisposta por Graham et al (2003).<br />
Os sinais clínicos do mastocitoma sistêmico citados por Daleck et al (2009)<br />
como linfoadenopatia, esplenomegalia e hepatomegalia, além da lesão cutânea<br />
primária foram observados na paciente do presente relato. O prurido neste animal foi<br />
significativo, assim como o sinal de Darier e a deiscência de pontos da sutura<br />
cirúrgica, confirmando a citação de Graham <strong>em</strong> 2003.<br />
A an<strong>em</strong>ia foi verificada desde o inicio do diagnóstico do mastocitoma, o que<br />
poderia ser explicada tanto pelo mastocitoma quanto pela leishmaniose, conforme<br />
citado por Ikeda (2003), que cita a presença dos imunocomplexos na circulação como<br />
responsáveis pela trombocitopenia e an<strong>em</strong>ia imunomediada.<br />
A terapia de suporte <strong>em</strong>pregada foi de acordo com o proposto por Daleck<br />
(2009), mas não foi administrado um antihistaminico prévio a cirurgia como o<br />
recomendado por Graham (2003).<br />
Com a completa excisão cirúrgica, respeitando as regras gerais da cirurgia<br />
oncológica citadas por Daleck e Rodaski (2009), aliada a classificação histológica <strong>em</strong><br />
grau II e ao estadiamento clinico (estádio 1, subestádio b), além do tratamento<br />
instituído com prednisona e vincristina, esperava-se por resolução da sintomatologia,<br />
mas isto não foi observado. Sendo assim, a punção de medula óssea foi solicitada<br />
32
para avaliar a possibilidade de metastase sistêmica, mas foi somente nesta ocasião<br />
que o diagnóstico foi confirmado como sendo de leishmaniose e não de mastocitose<br />
sistêmica.<br />
As infecções concomitantes de pele observadas na paciente foram causadas<br />
pela imunossupressão, conforme o citado por Ciaramella <strong>em</strong> 1997. O<br />
desaparecimento dos pelos também corresponde à citação de Leão (1997).<br />
Conforme o Ministério da Saúde (2004), <strong>em</strong> relação à leishmaniose, a<br />
paciente foi classificada como assintomática na apresentação para consulta do<br />
mastocitoma, e com a evolução do tratamento quimioterápico, como sintomática.<br />
Todos os sintomas citados pelo Ministério da Saúde (2004) foram observados<br />
nesta paciente, exceto o <strong>em</strong>agrecimento. De acordo com Padilla e colaboradores<br />
(2002) houve diminuição progressiva na síntese de albumina e conseqüente baixa das<br />
proteínas plasmáticas. A hepatoesplenomegalia observada na ultrassonografia é citada<br />
por Evans e Rebelo (1996) como sintoma da leishmaniose. Verificou-se uma atrofia<br />
nos músculos das fossas t<strong>em</strong>porais, conforme citado por LONGSTAFFE et al (1983),<br />
mas não pelo restante da musculatura do corpo.<br />
Na ocasião do internamento, quando a paciente apresentou relutância a se<br />
locomover, isto pode ser atribuído a atonia muscular e poliartrite, conforme citado<br />
por Rey (2002).<br />
A ausência de lesões renais como glomerulonefrites citada por Nieto et al<br />
(1992) foi o motivo principal pela decisão pelo tratamento desta paciente contra<br />
leishmaniose.<br />
No presente relato, a citologia de medula óssea foi 100 % especifica e fácil de<br />
realizar, conforme citado por Ferrer et al (1995).<br />
O tratamento foi realizado de acordo com o protocolo de Ribeiro (2001), e<br />
obteve bons resultados, conforme Badaró (2002).<br />
Todas as medidas pré-tratamento preconizadas por Ribeiro (2001) foram<br />
consideradas, inclusive a explicação detalhada da doença e a possibilidade de<br />
transmissão aos proprietários.<br />
As vacinas bloqueadoras de transmissão, com ao Leishmunne® utilizada no<br />
presente relato, são uma das estratégias de controle para doenças de protozoário<br />
transmitidas por vetor. Anticorpos desenvolvidos no hospedeiro vacinado evitam o<br />
desenvolvimento do parasita no vetor inseto. Esses anticorpos, apesar de não estar<strong>em</strong><br />
envolvidos na proteção do hospedeiro vertebrado individual, ajudam na interrupção<br />
das epid<strong>em</strong>ias.<br />
33
7. CONCLUSÃO<br />
Profissionais e pesquisadores esbarram na escolha de método apropriado,<br />
simples, sensível e específico, que possibilite o diagnóstico, não apenas dos casos<br />
avançados, mas também dos iniciais, oligossintomáticos e assintomáticos da<br />
leishmaniose visceral canina.<br />
As provas sorológicas mais utilizadas para o seu diagnóstico, têm apresentado<br />
muitas reações cruzadas com outras doenças muito comuns <strong>em</strong> cães, como, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, babesiose e erliquiose. Por este motivo, dev<strong>em</strong> ser realizados,<br />
concomitantes ao exame sorológico, outros métodos diagnósticos, como por ex<strong>em</strong>plo,<br />
a citologia ou o PCR, buscando, com isso, um resultado mais preciso. A necessidade<br />
de um diagnóstico correto é fundamental para o controle da doença e identificação de<br />
animais portadores, mas assintomáticos, os quais são reservatórios da leishmaniose.<br />
Atualmente, a PCR é o exame com maior sensibilidade e especificidade para a<br />
leishmaniose visceral canina, sendo também a melhor opção diagnóstica nos casos de<br />
falhas das provas sorológicas e de identificação direta do parasita.<br />
A leishmaniose deve ser incluída no diagnóstico diferencial do mastocitoma,<br />
devido a s<strong>em</strong>elhanças do quadro clinico, principalmente <strong>em</strong> animais oriundos de<br />
regiões endêmicas. Mesmo animais vacinados dev<strong>em</strong> ser investigados, dependendo<br />
do exame utilizado para triag<strong>em</strong> vacinal.<br />
Este animal pode viver a vida toda sendo vacinado normalmente, s<strong>em</strong> ser<br />
transmissor, e algumas vezes até negativando os parasitos durante a vida.<br />
34
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38
9 ANEXOS<br />
Figura 1 – Aspecto da face da paciente no dia 24/06/2009.<br />
Figura 2 – Aspecto da porção distal do m<strong>em</strong>bro torácico da paciente no dia<br />
24/06/2009.<br />
39
Figura 3 – Aspecto da região do flanco esquerdo da paciente. Observar a cicatriz da<br />
exérese do mastocitoma. Data: 24/06/2009<br />
Figura 4 – Vista geral da paciente, uma s<strong>em</strong>ana após internação, no dia 30/06/2009.<br />
40
Figura 5, 6 e 7 – Aspecto geral no dia 20/07/2009.<br />
41
Figura 8 – data: 14/08/2009. Início reepilação.<br />
42
Figuras 9 e 10 – data 04/09/2009. alerta e responsiva.<br />
43