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Jornal Paraná Abril 2018

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OPINIÃO<br />

A surpreendente reviravolta do etanol<br />

O mercado de biocombustível<br />

vem atravessando um momento<br />

completamente oposto ao<br />

observado pelo açúcar<br />

LUIZ GUSTAVO<br />

JUNQUEIRA FIGUEIREDO (*)<br />

Nos últimos anos, o<br />

Brasil se tornou um<br />

grande player no mercado<br />

internacional de<br />

açúcar, com volumes que representam<br />

até a metade de tudo<br />

que é transacionado no mundo.<br />

Essa dominância tem gerado<br />

reflexos nem sempre favoráveis<br />

em outros países produtores,<br />

que tentam se defender da alta<br />

competitividade que encontramos<br />

aqui, com uma combinação<br />

de solo e clima que raramente<br />

encontra paralelo em outras<br />

regiões.<br />

Fatores exógenos ao ambiente<br />

de proteção, como políticas públicas<br />

e interesses comerciais,<br />

têm inibido a penetração da<br />

commodity em destinos com<br />

alto potencial de consumo, o<br />

que é um dos maiores desafios<br />

na nossa indústria.<br />

A China, um mercado extremamente<br />

promissor, subiu as tarifas<br />

de importação no ano passado<br />

de 50% para 95%. A Índia,<br />

temendo uma queda de preço<br />

no seu mercado doméstico,<br />

adotou uma tarifa de 100%, o<br />

que torna as exportações do vizinho<br />

Paquistão inviáveis. O aumento<br />

no protecionismo ocorre<br />

em meio a um crescente desejo<br />

desses países em protegerem<br />

seus produtores rurais, na<br />

maioria pequenos lavradores<br />

que dependem da atividade para<br />

sobreviverem. Preços elevados<br />

de matéria-prima, fixados pelo<br />

governo, são amplamente utilizados<br />

para isso.<br />

Apesar do fim nobre, temos<br />

presenciado uma dicotomia<br />

entre preços livres e regulados,<br />

pois, à medida em que se protege<br />

demais um mercado, não<br />

são dados sinais claros para<br />

que haja uma diversificação de<br />

lavoura em anos de superoferta.<br />

Dessa forma, as indústrias desses<br />

países acabam, em algum<br />

momento, não conseguindo<br />

arcar com os pagamentos da<br />

matéria-prima, forçando o governo<br />

a subsidiar pesadamente<br />

a atividade, na forma de exportações<br />

com prejuízos aos cofres<br />

públicos.<br />

Não raro, o mercado doméstico<br />

desses países se torna alvo de<br />

importações via contrabando,<br />

mostrando que excessos de<br />

proteção incitam consequências<br />

indesejáveis. Também espanta<br />

a maneira como os produtores<br />

de açúcar europeus<br />

precificaram a beterraba para os<br />

próximos anos. Muitos contratos<br />

de fornecimento foram feitos<br />

a um preço fixo por até três<br />

safras. Sabemos que o mercado<br />

mundial é notório em surpreender<br />

os agentes em grandes<br />

oscilações de preço. O resultado<br />

dessa política desastrosa<br />

é a manutenção da produção<br />

europeia em níveis elevados,<br />

a despeito de uma<br />

queda colossal de<br />

preços nos últimos<br />

meses.<br />

O mercado de etanol<br />

vem atravessando<br />

um momento<br />

completamente<br />

oposto. Desde que<br />

a política de preços<br />

dos derivados<br />

de petróleo no<br />

Brasil começou a<br />

seguir as cotações<br />

internacionais, tivemos<br />

um enorme interesse dos produtores<br />

em alocar um maior<br />

mix de produção ao biocombustível.<br />

De uma hora para outra,<br />

tivemos um mercado livre,<br />

com efeitos imediatos na demanda,<br />

que respondeu favoravelmente<br />

aos preços praticados.<br />

O robusto crescimento econômico<br />

global, aliado a uma restrição<br />

de oferta de petróleo da<br />

OPEP e da Rússia, colocou os<br />

fundamentos e os preços em<br />

patamares bem melhores do<br />

que se imaginava. Ao mesmo<br />

tempo, o componente dolarizado<br />

do mercado de petróleo<br />

acabou tornando o etanol sensível<br />

ao câmbio. Como a maioria<br />

das usinas possui dívidas em<br />

dólar, ter um produto em estoque<br />

que se valoriza quando a<br />

cotação da moeda americana<br />

dispara é um grande alívio em<br />

momentos de estresse financeiro.<br />

Aliado à grande liquidez, o etanol<br />

não deve nada hoje a commodities<br />

mais sofisticadas,<br />

sendo possível obter proteção<br />

de preço (hedge) de longo<br />

prazo, através de operações financeiras<br />

no mercado de gasolina<br />

internacional. Essa visibilidade<br />

de preços está ajudando<br />

os contratos de derivativos<br />

de etanol a aumentar a<br />

sua liquidez, criando um círculo<br />

virtuoso.<br />

A recente aprovação do RenovaBio<br />

só fez aumentar ainda<br />

mais o interesse dos produtores<br />

em direcionar cada vez mais a<br />

sua produção e os seus investimentos<br />

no combustível renovável.<br />

Temos visto vários anúncios<br />

de ampliação de capacidade<br />

em usinas brasileiras, apesar<br />

de, surpreendentemente, essa<br />

expansão estar sendo atendida<br />

por plantas de milho.<br />

Como o Brasil se tornou um<br />

grande exportador do cereal,<br />

essa abundância de oferta se<br />

traduz em custos de aquisição<br />

extremamente interessantes.<br />

Aliado ao fato de que muitos<br />

equipamentos são comuns aos<br />

dois produtos nas usinas de<br />

cana, o investimento inicial é<br />

baixo, e a produção é complementar<br />

à cana, aumentando o<br />

faturamento com o mesmo número<br />

de funcionários.<br />

Ainda é cedo para<br />

quantificar os efeitos<br />

do RenovaBio<br />

nas decisões de<br />

ampliação, mas,<br />

certamente, a<br />

previsão de crescimento<br />

sustentado<br />

do PIB brasileiro<br />

nos próximos<br />

anos ajudará<br />

muito a criar<br />

um ambiente favorável<br />

a novos investimentos.<br />

Há percalços no caminho?<br />

Sim, e não podem ser desprezados.<br />

Os preços do petróleo<br />

podem sofrer uma forte correção<br />

caso a restrição de oferta<br />

não continue. Além disso, sabemos<br />

da crescente importância<br />

dos carros elétricos e híbridos<br />

na matriz de produção<br />

das grandes montadoras mundiais<br />

nos próximos anos. No<br />

curto prazo, porém, essas<br />

ameaças não parecem conter<br />

o entusiasmo com uma demanda<br />

aquecida e revigorada<br />

de combustíveis no Brasil.<br />

A melhora nos fundamentos do<br />

etanol irá continuar trazendo um<br />

maior interesse dos produtores<br />

em explorar seus atrativos, enquanto<br />

o mercado de açúcar ficará<br />

refém dessas políticas danosas<br />

e ultrapassadas de artificialismos<br />

de precificação de<br />

matéria-prima, tornando mais<br />

lenta e mais dolorida a solução<br />

de sobreoferta mundial que enfrentaremos<br />

neste próximo ciclo<br />

de <strong>2018</strong>/2019.<br />

(*) Diretor Comercial da Usina<br />

Alta Mogiana. Artigo publicado<br />

originalmente na Revista Opiniões<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA<br />

Outono pode ser mais chuvoso<br />

Só quatro usinas do <strong>Paraná</strong> tinham retomado a moagem até 1ª quinzena de março,<br />

e a perspectiva é que a maior parte só opere na primeira quinzena de abril<br />

Até a 1ª quinzena de<br />

março só quatro unidades<br />

industriais do<br />

<strong>Paraná</strong> tinham retomado<br />

a moagem do novo<br />

ciclo, produção contabilizada<br />

ainda como da safra 2017/18.<br />

A perspectiva é que a maior<br />

parte das indústrias só esteja<br />

em operação na primeira<br />

quinzena de abril.<br />

Segundo o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, as usinas<br />

paranaenses têm postergado<br />

a retomada da colheita<br />

nos últimos anos buscando<br />

corrigirem o ciclo do canavial,<br />

além da falta de cana bisada,<br />

que sobra de um ano para o<br />

outro no campo. Também, as<br />

chuvas mais intensas, um<br />

maior período de insolação e<br />

as temperaturas mais altas<br />

aceleraram o crescimento da<br />

cana-de-açúcar, mas, diminuiu<br />

a concentração de açúcar<br />

neste momento.<br />

A preocupação agora é com<br />

relação ao ritmo da safra. A<br />

estação do outono este ano,<br />

iniciada no último dia 20 de<br />

março, pode ser um pouco<br />

mais chuvosa do que o normal,<br />

preveem os especialistas.<br />

No <strong>Paraná</strong>, historicamente,<br />

o outono é uma estação<br />

onde os acumulados das chuvas<br />

começam a diminuir e as<br />

ondas de frio são mais constantes,<br />

favorecendo a maturação<br />

da cana e o andamento<br />

da safra.<br />

Mas a maioria dos modelos<br />

divulgados para o trimestre<br />

abril-maio-junho de <strong>2018</strong> predizem<br />

que a La Niña decairá e<br />

ingressará no ENOS-Neutro<br />

durante outono. O consenso<br />

dos prognósticos também favorece<br />

a uma transição durante<br />

o outono com a condição<br />

de neutralidade até o inverno,<br />

no segundo semestre<br />

do ano.<br />

De acordo com a previsão<br />

disponibilizada pelo Instituto<br />

Nacional de Meteorologia<br />

INMET em meados de março,<br />

observa-se que, para os estados<br />

do Sul, ocorre uma recuperação<br />

das chuvas em<br />

relação aos últimos meses,<br />

ou seja, mesmo com probabilidades<br />

baixas, 35 % a 45%,<br />

há uma expectativa de que<br />

ocorra um pequeno aumento<br />

das chuvas no sul do continente.<br />

Confirmando a expectativa de<br />

safra da Alcopar, até a primeira<br />

quinzena de março tinham<br />

sido esmagadas 36.749.318<br />

toneladas de cana. Embora o<br />

volume de cana seja menor<br />

nesta safra, o rendimento industrial<br />

compensou em parte<br />

com uma produção de etanol<br />

e açúcar maior: 2.916.329<br />

toneladas de açúcar e 1,246<br />

bilhão de litros de etanol,<br />

sendo 570.711 milhões de litros<br />

de anidro e 675.319 milhões<br />

de hidratado.<br />

Para a safra <strong>2018</strong>/19, a expectativa,<br />

diz Tranin, é repetir<br />

os números da safra 2017/18<br />

processando entre 36 a 37<br />

milhões de toneladas de<br />

cana-de-açúcar. O canavial<br />

continua envelhecido e o percentual<br />

de renovação ficou<br />

aquém do considerado ideal.<br />

Tranin comenta ainda que os<br />

canaviais paranaenses têm<br />

sofrido bastante com o avanço<br />

da mecanização da lavoura,<br />

prejudicando a produtividade.<br />

Mas, acredita que o problema<br />

deva ser resolvido assim que<br />

as antigas variedades forem<br />

sendo substituídas por outras<br />

mais adaptadas à mecanização<br />

e for usado os espaçamentos<br />

adequados, além da<br />

entrada de máquinas mais<br />

modernas com avanços tecnológicos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


INVESTIMENTO<br />

Cooperval é pioneira na produção<br />

de etanol de milho no <strong>Paraná</strong><br />

A capacidade atual é de produzir 50 milhões de litros/ano de etanol de cana-de-açúcar<br />

e superará a 100 milhões com a produção adicional do de milho<br />

ACooperval - Cooperativa<br />

Agroindustrial<br />

Vale do Ivaí Ltda, localizada<br />

no município<br />

de Jandaia do Sul - PR, deu<br />

início à operação de uma<br />

planta de produção de etanol<br />

de milho, com capacidade de<br />

150 mil litros por dia, sendo a<br />

pioneira neste segmento no<br />

Estado do <strong>Paraná</strong>.<br />

A capacidade atual de produção<br />

de etanol de cana-de-açúcar<br />

é de aproximadamente 50<br />

milhões de litros/ano e com a<br />

produção adicional de etanol<br />

de milho, a capacidade mais<br />

que dobrará passando a ser<br />

superior a 100 milhões de litros,<br />

segundo o diretor presidente<br />

da Cooperval, Fernando<br />

Fernandes Nardine.<br />

Além da produção de etanol<br />

de cana-de-açúcar e de milho,<br />

a primeira usina flex do Estado<br />

também produzirá cerca de 70<br />

toneladas/dia de DDG (Dried<br />

Destillers Grain), um composto<br />

residual de milho e levedura<br />

que apresenta elevado teor de<br />

energia e proteína, utilizado na<br />

composição de ração animal,<br />

principalmente para alimentação<br />

bovina e suína.<br />

A tecnologia de produção de<br />

etanol e DDG é similar ao processo<br />

utilizado nos Estados<br />

Unidos e Canadá. Para isto, a<br />

Cooperval mantém cooperação<br />

tecnológica com empresas<br />

de projeto e de tecnologias<br />

industriais.<br />

Faturamento será bem maior, dando maior sustentabilidade a cooperativa e a seus cooperados<br />

A nova unidade da usina flex é<br />

composta pelos setores de recepção<br />

e armazenagem de<br />

milho, moagem, cozimento e<br />

propagação de fermento, fermentação,<br />

destilaria e secagem<br />

do DDG. No empreendimento,<br />

foram utilizados<br />

recursos financeiros próprios<br />

e parte dos equipamentos foi<br />

financiada pela linha Finame/<br />

BNDES.<br />

Também, boa parte dos equipamentos<br />

(cozedores, tanques<br />

de propagação, peneiras,<br />

ciclones, tubulações, estruturas<br />

de suportação (pipe-rack),<br />

instalações elétricas, montagem,<br />

etc), foram fabricados e<br />

montados pelos mecânicos,<br />

caldeireiros, operadores e técnicos<br />

da própria Cooperval e<br />

as construções civis (moega<br />

de recebimento do milho, bases<br />

de equipamentos, parte<br />

dos prédios da indústria e pisos)<br />

foram executadas pela<br />

equipe de manutenção civil da<br />

cooperativa.<br />

A diretoria e o grupo gerencial<br />

da Cooperval estão muito otimistas<br />

com o novo empreendimento.<br />

“Nesta oportunidade<br />

queremos elogiar e agradecer<br />

imensamente nossa equipe de<br />

colaboradores pela excepcional<br />

dedicação e pela competência<br />

demonstradas na execução<br />

dos serviços de fabricação<br />

e montagem dos equipamentos”,<br />

disse Nardine. Da<br />

mesma forma, ressaltou “estamos<br />

muito contentes com o<br />

desempenho dos operadores<br />

na partida deste novo processo<br />

industrial”.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Vantagens são muitas<br />

Vários fatores importantes pesaram<br />

na decisão da Cooperval<br />

de implantar uma usina flex<br />

na região. Um deles é que como<br />

essa estrutura pode operar<br />

o ano inteiro, os riscos inerentes<br />

ao segmento sucroalcoleiro,<br />

relativos ao clima (chuvas<br />

em excesso ou falta, geadas),<br />

serão praticamente eliminados,<br />

permitindo produzir<br />

etanol 360 dias por ano, afirma<br />

o diretor presidente da Cooperval,<br />

Fernando Fernandes<br />

Nardine.<br />

A região Norte/Noroeste do <strong>Paraná</strong>,<br />

onde a usina está instalada,<br />

tem grande produção de<br />

milho, o que facilita a sua aquisição<br />

para o processamento e<br />

produção de etanol. Além de<br />

abrir mercado para os produtores<br />

de milho da região do<br />

Vale do Ivaí, a Cooperval possui<br />

muitos cooperados que<br />

além da cana, produzem bastante<br />

milho, sendo duplamente<br />

beneficiados.<br />

Outro ponto fundamental é que<br />

com a produção adicional de<br />

etanol de milho e DDG (ração<br />

animal), o faturamento será<br />

bem maior, o que permite melhor<br />

sustentabilidade da cooperativa<br />

e de seus cooperados. A<br />

comunidade local também será<br />

beneficiada com maior renda,<br />

mais geração de empregos<br />

e desenvolvimento social da<br />

região.<br />

A Cooperval possui 130 cooperados<br />

produtores de canade-açúcar<br />

e a usina de açúcar<br />

e etanol tem capacidade<br />

de processamento de 1,3 milhão<br />

de tonelada de cana por<br />

ano. Com a nova unidade<br />

operando o ano todo, poderá<br />

processar adicionalmente<br />

uma média de 138 mil toneladas<br />

de milho, ou seja, 2,3<br />

milhões de sacas de 60 kg<br />

que serão adquiridas nos<br />

municípios vizinhos.<br />

Usina flex terá capacidade de processar 1,3 milhão de tonelada<br />

de cana por ano e 138 mil toneladas de milho<br />

A Cooperval gera 1.300 empregos<br />

diretos e tem um faturamento<br />

superior a R$ 200<br />

milhões por ano, contribuindo<br />

com aproximadamente R$ 26<br />

milhões em impostos, encargos<br />

sociais e assistência médica/hospitalar.<br />

“Com a nova<br />

unidade, esperamos aumentar<br />

a geração de empregos e proporcionar<br />

maiores oportunidades<br />

de desenvolvimento sucroeconômico<br />

de nossa região”,<br />

afirmou Nardine.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


EVENTO<br />

Usina Bandeirantes e<br />

CTC promovem dia de campo<br />

Foram expostas variedades que estão sendo testadas pela usina e ministrada<br />

palestra sobre o uso de mudas pré-brotadas e meiosi, para reduzir custos<br />

DA ASSESSORIA<br />

DE COMUNICAÇÃO<br />

AUsina Açúcar e Álcool<br />

Bandeirantes<br />

S.A. (Usiban) realizou,<br />

no último dia 2<br />

de março, o primeiro Dia de<br />

Campo para parceiros e fornecedores<br />

de cana, na cidade<br />

de Bandeirantes (PR), em<br />

parceria com o Centro de Tecnologia<br />

Canavieira (CTC), empresa<br />

100% nacional com foco<br />

em pesquisa, desenvolvimento<br />

e comercialização de<br />

variedades de cana-de-açúcar.<br />

Durante o evento, foram expostas<br />

variedades de cana<br />

desenvolvidas pelo CTC e que<br />

estão sob análise da Usiban<br />

para incorporação no seu planejamento<br />

de renovação do<br />

canavial. Os produtores puderam<br />

conhecer mais sobre as<br />

variedades CTC9001,<br />

CTC9005HP, CTC4, CTC20,<br />

CTC9003 e CTC9002, assim<br />

como sobre o trabalho do<br />

CTC, que, por meio de variedades<br />

de alta performance e<br />

atendimento especializado,<br />

busca ajudar o produtor rural<br />

a ampliar a produtividade, a<br />

sanidade e a longevidade do<br />

canavial, resultando em aumento<br />

de receitas e potencial<br />

redução de custos.<br />

Na oportunidade, também foi<br />

ministrada palestra pelo engenheiro<br />

agrônomo Ivo Francisco<br />

Bellinaso, especialista<br />

em Tecnologia Agroindustrial<br />

do CTC, que abordou o uso<br />

de mudas pré-brotadas<br />

(MPB) e do Método Interrotacional<br />

Ocorrendo Simultaneamente<br />

(meiosi) como forma<br />

de redução de custos no plantio<br />

da cana. Durante sua apresentação,<br />

o agrônomo explicou<br />

o uso dessas técnicas<br />

para a redução de custos na<br />

etapa de plantio da cana.<br />

“Os métodos de multiplicação<br />

são muito importantes porque<br />

trazem vantagens para o dia a<br />

dia do produtor. O principal<br />

benefício do sistema de meiosi<br />

é a multiplicação rápida de<br />

materiais novos, sadios e de<br />

alto desempenho agrícola.<br />

Com ele, os produtores economizam<br />

mudas e reduzem<br />

gastos com logística, já que a<br />

muda se encontra no mesmo<br />

local onde será plantada”,<br />

disse Bellinaso.<br />

“Neste dia de campo foi possível<br />

mostrar aos participantes<br />

o que o melhoramento<br />

genético em cana-de-açúcar<br />

pode proporcionar. Por meio<br />

de dinâmicas em campo provamos<br />

a superioridade em<br />

TCH e ATR das variedades<br />

mais novas do CTC, como a<br />

série 9000, frente aos padrões<br />

atuais de mercado”,<br />

avalia Bruno Planas, representante<br />

técnico de vendas do<br />

CTC.<br />

“A Usiban entende que os fornecedores<br />

de cana constituem<br />

a base do setor sucroalcooleiro<br />

e que a união entre<br />

as partes deve ser sempre<br />

desenvolvida com transparência<br />

e confiança. No dia de<br />

campo buscamos fortalecer<br />

os laços com nossos fornecedores,<br />

estimulando o aprimoramento<br />

contínuo de processos<br />

agrícolas e manejo<br />

varietal”, afirma Marcelo Pinheiro,<br />

gerente agrícola da<br />

usina.<br />

O CTC – Centro de Tecnologia<br />

Canavieira é uma empresa<br />

100% nacional com foco em<br />

pesquisa, desenvolvimento e<br />

comercialização de variedades<br />

de cana-de-açúcar e outras<br />

tecnologias. Tem como<br />

acionistas o BNDESPar e os<br />

principais grupos do setor sucroenergético,<br />

representando<br />

mais de 60% da produção de<br />

açúcar e etanol do Brasil.<br />

Foi possível mostrar<br />

aos participantes o<br />

que o melhoramento<br />

genético em canade-açúcar<br />

pode<br />

proporcionar<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


OPORTUNIDADE<br />

Alcopar investe em capacitação<br />

Além do programa de Residência em Engenharia Agronômica no <strong>Paraná</strong>,<br />

inicia em abril o Curso de Especialização em Produção Vegetal<br />

Investir em capacitação<br />

da equipe é investir no<br />

sucesso do negócio,<br />

pois resulta em redução<br />

de custos, menor rotatividade<br />

de pessoal, maior produtividade<br />

e competitividade.<br />

Por isso a Alcopar sempre<br />

prioriza os investimentos<br />

em capacitação dos<br />

profissionais de suas associadas.<br />

Este ano, em parceria com<br />

a Universidade Federal do<br />

<strong>Paraná</strong> (UFPR) e a Universidade<br />

Federal Rural do Rio de<br />

Janeiro (UFRRJ), realiza a<br />

décima edição do programa<br />

de Residência em Engenharia<br />

Agronômica no <strong>Paraná</strong>,<br />

com início dia 1 de abril.<br />

As provas de seleção foram<br />

realizadas em março na<br />

sede da Alcopar em Maringá,<br />

no <strong>Paraná</strong> e na sede<br />

da UFRRJ, no Rio de Janeiro.<br />

Voltado para engenheiros<br />

agrônomos formados<br />

há no máximo três<br />

anos, o programa, que iniciou<br />

em 2005, tem como<br />

objetivo promover o aprimoramento<br />

de conhecimentos,<br />

habilidades e atitudes indispensáveis<br />

ao exercício da<br />

Agronomia especializada<br />

em cana de açúcar, e é desenvolvido<br />

nas usinas sucroenergéticas<br />

paranaenses<br />

através de intensivo treinamento<br />

profissional em serviço,<br />

sob supervisão.<br />

Equipe de profissionais das usinas e professores que participaram da seleção de candidatos a residência<br />

Através da residência já foram<br />

capacitados centenas<br />

de profissionais de todo o<br />

País, servindo de porta de<br />

entrada no mercado de trabalho.<br />

Cerca de 90% dos residentes<br />

foram absorvidos<br />

pelas usinas do Estado, ressalta<br />

o professor da UFRRJ,<br />

Eduardo Lima, coordenador<br />

do programa. “É um trabalho<br />

que se destaca pela<br />

qualidade na formação de<br />

mão de obra. O <strong>Paraná</strong> se<br />

tornou um celeiro de engenheiros<br />

agrônomos especializados<br />

no setor sucroenergético”,<br />

afirmou.<br />

Além das aulas práticas, durante<br />

o primeiro ano será<br />

ofertado aos residentes um<br />

curso de aperfeiçoamento,<br />

com 200 horas aula e o residente<br />

receberá uma bolsa<br />

de estudo no valor equivalente<br />

a, no mínimo, a uma<br />

bolsa de aperfeiçoamento<br />

dos Órgãos Financiadores<br />

de Pesquisa do Governo Federal<br />

e um seguro pessoal.<br />

Em paralelo, em abril iníciará<br />

o Curso de Especialização<br />

em Produção Vegetal<br />

elaborado especialmente<br />

para o setor no <strong>Paraná</strong>. Ministrado<br />

pelos professores<br />

da UFPR E UFRRJ é voltado<br />

para engenheiros agrônomos<br />

vinculados as unidades<br />

industriais paranaenses.<br />

As aulas são ministradas na<br />

Estação Experimental da<br />

Universidade Federal do <strong>Paraná</strong>,<br />

em Paranavaí.<br />

O assunto abordado na especialização<br />

é o mesmo da<br />

residência, mas com um nível<br />

maior de aprofundamento.<br />

O objetivo é capacitar<br />

as equipes das usinas<br />

em novas e modernas tecnologias<br />

da cultura canavieira,<br />

buscando respostas<br />

para os problemas que tem<br />

surgido na cultura. O curso<br />

se encerra em março de<br />

2019.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

7


BIODIESEL<br />

Com B10, produção<br />

deve ser 29% maior<br />

O volume deve chegar a 5,4 bilhões de litros este ano, frente aos 4,2 bilhões de litros no ano passado<br />

Apartir de março,<br />

todo o diesel comercializado<br />

no<br />

Brasil deve ser<br />

B10, com 10% de biodiesel.<br />

A medida, prevista na<br />

Lei 13.263/2016, é mais<br />

um passo rumo à transição<br />

energética para fontes renováveis.<br />

A União Brasileira do Biodiesel<br />

e Bioquerosene<br />

(Ubrabio) calcula que a<br />

evolução da mistura - que<br />

era de 8% - deve elevar em<br />

29% a produção de biodiesel<br />

em <strong>2018</strong>, em relação a<br />

2017, ajudando na recuperação<br />

da indústria e agregando<br />

valor às matériasprimas.<br />

O volume deve chegar a<br />

5,4 bilhões de litros este<br />

ano, frente aos 4,2 bilhões<br />

de litros no ano passado. O<br />

total esperado está dentro<br />

da capacidade autorizada<br />

pela Agência Nacional do<br />

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />

(ANP) para<br />

produção de 7,9 bilhões de<br />

litros por ano.<br />

A preços atuais, a produção<br />

e o consumo de 5,4<br />

bilhões de litros de biodiesel<br />

em <strong>2018</strong> equivalem a<br />

economia de cerca de US$<br />

2,8 bilhões na balança comercial<br />

brasileira, pois cada<br />

litro de biodiesel substitui<br />

um litro de diesel de<br />

petróleo.<br />

Ampliar o uso do biodiesel<br />

significa contribuir<br />

com a interiorização e<br />

verticalização da produção.<br />

Além das externalidades<br />

sociais e ambientais,<br />

o aumento para B10<br />

resultará em benefícios<br />

econômicos mais imediatos,<br />

já que a necessidade<br />

de importação de óleo<br />

diesel será menor.<br />

Também, o aumento no<br />

volume necessário de biodiesel<br />

para suprir a demanda<br />

nacional movimentará<br />

a economia nos setores<br />

de produção e transporte<br />

e contribuirá para<br />

racionalização da logística.<br />

As usinas de biodiesel<br />

estão espalhadas pelo interior<br />

do país em todas as<br />

regiões, enquanto as refinarias<br />

de petróleo estão situadas<br />

majoritariamente<br />

na faixa litorânea.<br />

Além disso, com a perspectiva<br />

de crescimento da<br />

demanda de diesel, o país<br />

precisará importar mais<br />

combustível fóssil, utilizando<br />

uma infraestrutura portuária<br />

que está no limite. O<br />

biodiesel, combustível limpo<br />

e sustentável, será importante<br />

para mitigar essas<br />

limitações.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Mais segurança energética e alimentar<br />

A produção de biodiesel de<br />

soja, no ano, deve ser de 3,7<br />

bilhões de litros, absorvendo<br />

17 milhões de toneladas de<br />

soja, em média 15% dos 110<br />

milhões de toneladas esperados<br />

no Brasil.<br />

Desde sua criação, um dos<br />

pilares do programa de biodiesel<br />

tem sido a inclusão social<br />

através do selo "Combustível<br />

Social", concedido<br />

pela Secretaria Especial de<br />

Agricultura Familiar e do Desenvolvimento<br />

Agrário (vinculada<br />

à Casa Civil da Presidência<br />

da República) aos produtores<br />

de biodiesel que adquirem<br />

matéria-prima da agricultura<br />

familiar e asseguram<br />

assistência e capacitação<br />

técnica.<br />

O selo é o maior programa de<br />

transferência de renda para a<br />

agricultura familiar no Brasil.<br />

São 38 usinas que o detém.<br />

Em 2016, mais de 72 mil famílias<br />

de agricultores forneceram<br />

matérias-primas e receberam<br />

assistência técnica<br />

e insumos. O valor alcançou<br />

R$ 4,3 bilhões em 2016. Este<br />

número deve ser superior em<br />

2017 (ainda não divulgado) e<br />

ainda maior em <strong>2018</strong>, com o<br />

incremento para B10, auxiliando<br />

o desenvolvimento de<br />

regiões envolvidas na cadeia<br />

produtiva do biodiesel.<br />

A ampliação do uso do biodiesel<br />

vai estimular o processamento<br />

interno de soja.<br />

Com as sucessivas safras recordes<br />

de soja, o Brasil possui<br />

capacidade de ampliar o<br />

percentual de processamento<br />

para produzir mais óleo e farelo<br />

para incrementar a produção<br />

de alimentos.<br />

O aumento do consumo de<br />

óleo para biodiesel viabiliza a<br />

expansão da produção de farelo<br />

para a cadeia proteica,<br />

que é a verdadeira demanda<br />

crescente da alimentação<br />

global; dinamiza a produção<br />

de proteínas estendendo a<br />

oferta às demais cadeias derivadas<br />

de proteínas animais:<br />

Só de biodiesel de soja serão 3,7 bilhões de litros<br />

bovinos, aves, suínos, ovos,<br />

lácteos, peixes e derivados.<br />

Produzir mais biodiesel significa<br />

gerar mais segurança<br />

energética e também segurança<br />

alimentar.<br />

Qualidade de vida e do ar<br />

Outro fator destacado pela<br />

Ubrabio é a melhoria na qualidade<br />

do ar e redução de<br />

emissões de gases de efeito<br />

estufa. A substituição de<br />

combustíveis fósseis por renováveis<br />

é uma tendência<br />

mundial. Entre 2005 e 2017,<br />

54 milhões de toneladas de<br />

CO 2 foram evitadas, o equivalente<br />

ao plantio de 395 milhões<br />

de árvores, o suficiente<br />

para ocupar uma área como a<br />

Bélgica.<br />

Ao final de <strong>2018</strong>, serão 63,2<br />

milhões de toneladas de CO2<br />

evitadas, ou 462 milhões de<br />

árvores novas. ¨Isto é qualidade<br />

de vida", explica o diretor<br />

superintendente da Ubrabio,<br />

Donizete Tokarski.<br />

nações públicas decorrentes<br />

da poluição.<br />

Em termos de custos, seriam<br />

economizados cerca de R$<br />

745 milhões nessas regiões<br />

com custo de mortes e mais<br />

de R$ 22 milhões com internações,<br />

apenas na rede pública.<br />

A substituição de combustíveis fósseis por renováveis é uma tendência mundial<br />

O B10 pode reduzir em termos<br />

de custos com internações,<br />

afastamentos do trabalho e<br />

mortes decorrentes de problemas<br />

de saúde causados pela<br />

poluição. Segundo estudo do<br />

Instituto Saúde e Sustentabilidade<br />

(2015), considerando o<br />

uso do B10 durante uma década,<br />

apenas nas regiões metropolitanas<br />

de São Paulo e Rio<br />

de Janeiro, seriam evitadas<br />

4,5 mil mortes e 9,6 mil inter-<br />

Estima-se que serão gerados<br />

47 mil empregos diretos e indiretos<br />

ao longo de toda a cadeia<br />

produtiva, inclusive com<br />

a retomada de empreendimentos<br />

que estão parados. Segundo<br />

estudo realizado pela<br />

FIPE, em comparação ao diesel<br />

fóssil, a capacidade do biodiesel<br />

de gerar empregos é de<br />

113% maior. Já em relação ao<br />

Produto Interno Bruto (PIB), o<br />

potencial é 30% maior.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

Renovabio<br />

A futura negociação de créditos<br />

de descarbonização<br />

estabelecida pelo RenovaBio<br />

tende a ficar restrita a produtores<br />

de biocombustíveis e<br />

distribuidoras, embora uma<br />

eventual participação de outros<br />

agentes pudesse levar liquidez<br />

a esse mercado, avalia<br />

lideranças do setor. Um<br />

primeiro decreto com orientações<br />

gerais foi publicado,<br />

mas ainda serão definidas as<br />

metas de descarbonização e<br />

a forma como serão negociados<br />

os chamados CBIOs,<br />

créditos que as distribuidoras<br />

terão de adquirir junto a<br />

produtores de biocombustíveis<br />

para o cumprimento de<br />

objetivos anuais de redução<br />

de emissões. Pelos termos<br />

do decreto, a distribuidora<br />

que não atingir seu objetivo<br />

anual, comprovado via compra<br />

de CBIOs, poderá ser<br />

multada em até 50 milhões<br />

de reais. A expectativa é de<br />

que o Conselho Nacional de<br />

Política Energética divulgue<br />

essas metas até junho, dentro<br />

do prazo de seis meses<br />

após a sanção da lei.<br />

Toyota<br />

Etanol de milho<br />

Duplicação<br />

A Toyota quer ser a primeira montadora a produzir um veículo<br />

capaz de rodar com gasolina, álcool ou eletricidade. A empresa<br />

apresentou o Prius Hybrid Flex, que ainda é um protótipo. O<br />

desenvolvimento está sendo feito por engenheiros brasileiros,<br />

que já conhecem o sistema bicombustível dos carros nacionais.<br />

O casamento com o motor elétrico ocorre da mesma<br />

forma que no Prius convencional, a gasolina. O protótipo é<br />

capaz de rodar consumindo apenas eletricidade no trânsito urbano.<br />

As baterias são recarregadas durante desacelerações ou<br />

por meio do motor a combustão, mais usado na estrada e nos<br />

momentos em que é preciso mais potência.<br />

CTC<br />

Já iniciou no Brasil o plantio<br />

da primeira cana geneticamente<br />

modificada com genes<br />

de Bt (Bacillus thuringiensis)<br />

para resistência à<br />

broca. De acordo com o<br />

Centro de Tecnologia Canavieira<br />

(CTC), foram implantados<br />

os primeiros 400 hectares<br />

da cultura em 100 unidades<br />

do País. Em um primeiro<br />

momento essa cana<br />

não será moída nesta temporada.<br />

O objetivo é que as<br />

usinas trabalhem primeiro na<br />

sua multiplicação à espera<br />

da aprovação dos países importadores<br />

de açúcar. Projeta-se<br />

um prazo de cerca de<br />

três anos de multiplicação<br />

no campo para só então<br />

atingir o plantio em escala. O<br />

CTC planeja submeter à<br />

CTNBio mais duas variedades<br />

da planta resistente à<br />

broca na safra <strong>2018</strong>/19.<br />

A produção de etanol de<br />

milho deverá atingir 830 milhões<br />

de litros neste ano no<br />

Brasil, 58% mais do que em<br />

2017, conforme estimativa<br />

da consultoria Datagro. Em<br />

2021, a produção deverá<br />

atingir 3 bilhões de litros,<br />

com a utilização de 7,1 milhões<br />

de toneladas do cereal.<br />

Os dados levam em consideração<br />

projetos já em andamento<br />

e os que estão para<br />

ser instalados.<br />

Centro-Oeste<br />

O Centro-Oeste encontrou<br />

no etanol um caminho para<br />

verticalizar parte de sua<br />

crescente produção de milho,<br />

que em sua maior parte<br />

vai para exportação. Agricultores,<br />

usinas de cana e investidores<br />

estrangeiros estão<br />

tirando do papel projetos de<br />

usinas do biocombustível à<br />

base do cereal que deverão<br />

acrescentar mais de 1 bilhão<br />

de litros de capacidade até<br />

2019, volume equivalente a<br />

quase um mês de consumo<br />

de etanol hidratado no país.<br />

Ao menos seis usinas do gênero<br />

deverão ser construídas<br />

ou ampliadas em <strong>2018</strong> na<br />

região, a partir de cerca de<br />

R$ 2 bilhões em investimentos.<br />

Quando todas estiverem<br />

operando a pleno vapor, sua<br />

demanda por milho deverá<br />

superar 3 milhões de toneladas<br />

por ano, ou cerca de 6%<br />

da safra do Centro-Oeste.<br />

Hoje, as usinas que usam<br />

milho para fabricar etanol demandam<br />

aproximadamente 1<br />

milhão de toneladas - 2% da<br />

oferta da região.<br />

Cana transgênica<br />

A FS Bioenergia, a primeira<br />

usina de etanol 100% do<br />

milho do Brasil, iniciou a<br />

obra de duplicação da planta<br />

de Lucas do Rio Verde. O<br />

investimento é de R$ 350<br />

milhões, gerando mais 720<br />

empregos diretos e indiretos.<br />

A planta, inaugurada em<br />

2017, apresenta bons resultados,<br />

surpreendendo positivamente<br />

nas vendas de<br />

DDGS e etanol. Com a ampliação<br />

da planta, a previsão<br />

é que sejam moídas 1 milhão<br />

e 300 mil toneladas de<br />

milho por ano, com produção<br />

anual de 530 milhões<br />

de litros de etanol, 400 mil<br />

toneladas de farelo de milho,<br />

15 mil toneladas de óleo<br />

de milho e capacidade de<br />

cogeração de energia de<br />

132MW/h, suficiente para<br />

abastecer uma cidade de<br />

cerca de 55 mil habitantes.<br />

A Embrapa Agroenergia assinou<br />

contrato de parceria de<br />

quatro anos para a produção<br />

de uma nova variedade transgênica<br />

de cana resistente à<br />

broca, maior praga da cultura,<br />

e ao herbicida glifosato, o mais<br />

usado no setor. A expectativa<br />

é que em até quatro anos a variedade<br />

esteja disponível para<br />

negociações. A diferença dessa<br />

cana será a combinação de<br />

dois modos de ação para ampliar<br />

a proteção contra a broca<br />

e oferecer resistência ao herbicida.<br />

A broca é responsável<br />

por perdas que chegam a R$ 5<br />

bilhões por ano ao reduzir as<br />

produtividades agrícola e industrial<br />

e a qualidade do açúcar,<br />

além de gerar custos com<br />

inseticidas. O objetivo de incluir<br />

a resistência ao glifosato tem<br />

como objetivo diminuir o total<br />

de aplicações do herbicida, reduzindo<br />

o gasto com o produto<br />

e mão de obra no campo. Os<br />

primeiros testes de campo começarão<br />

em dois anos e deverão<br />

durar mais dois anos.<br />

10 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Desafio<br />

O maior desafio aos produtores de cana é recuperar a produtividade<br />

da cultura. Essa foi a avaliação de representantes<br />

do setor reunidos em simpósio realizado pela Embrapa, em<br />

Ribeirão Preto (SP). A produtividade da cultura começou a<br />

recuar após o boom de investimentos no setor, entre 2003<br />

e 2010, após o advento dos veículos flex fuel. A disparada<br />

na produção de etanol trouxe um avanço desordenado no<br />

cultivo das lavouras.<br />

Safra menor<br />

A safra de cana <strong>2018</strong>/19 no<br />

Centro-Sul do Brasil será<br />

“certamente” menor ante a<br />

2017/18, dado o envelhecimento<br />

e o desenvolvimento<br />

não pleno das plantações,<br />

disse o sócio-diretor da consultoria<br />

Canaplan, Luiz Carlos<br />

Corrêa Carvalho. A renovação<br />

inadequada dos canaviais,<br />

12% em vez dos 20%<br />

demandados, reflexo das dificuldades<br />

financeiras pelas<br />

Diesel<br />

quais ainda passa o setor,<br />

tem levado a um envelhecimento<br />

contínuo das plantas,<br />

acarretando em perda de produtividade.<br />

Já o “atraso” é resultado<br />

de uma estiagem entre<br />

setembro e outubro do<br />

ano passado, que retardou o<br />

desenvolvimento da cana no<br />

campo. O quão menor a safra<br />

será neste ano dependerá do<br />

desenrolar climático nos próximos<br />

meses.<br />

A Toyota vai parar de vender<br />

carros a diesel na Europa, iniciando<br />

a eliminação gradual<br />

ainda neste ano. Cada vez<br />

mais cidades europeias estão<br />

investindo em projetos para<br />

melhorar a qualidade do ar urbano,<br />

limitando o número ou<br />

os modelos de automóveis<br />

que podem circular nas zonas<br />

centrais. Grandes cidades,<br />

como Paris, anunciaram planos<br />

para proibir o diesel, enquanto<br />

um dos principais tribunais<br />

alemães abriu, no mês<br />

passado, o caminho para as<br />

cidades também proibirem.<br />

Em julho do ano passado, a<br />

Volvo anunciou que todos os<br />

seus modelos terão motores<br />

elétricos a partir de 2019, o<br />

que a tornou a primeira montadora<br />

de automóveis convencional<br />

a decretar o fim dos<br />

veículos movidos apenas por<br />

motores de combustão. Outras<br />

montadoras fazem movimentos<br />

similares.<br />

Mais quentes<br />

Os três últimos anos, 2015,<br />

2016 e 2017, foram os mais<br />

quentes já registrados, e o<br />

ritmo do aquecimento global<br />

constatado durante este período<br />

foi "excepcional", advertiu<br />

a ONU. É<br />

utilizado o período<br />

1880-1900<br />

como referência<br />

para as condições<br />

existentes na era<br />

pré-industrial. Segundo<br />

os últimos dados, a<br />

OMM constatou que a temperatura<br />

média na superfície<br />

do globo em 2017 e 2015 ultrapassou<br />

em 1,1°C a da<br />

época pré-industrial. Dos 18<br />

anos mais quentes, 17<br />

pertencem ao século<br />

21, e o ritmo de aquecimento<br />

constatado<br />

nestes três últimos<br />

anos é excepcional.<br />

A produção mundial de açúcar<br />

deve atingir recorde de<br />

178,698 milhões de toneladas<br />

na safra atual 2017/18,<br />

que termina em setembro<br />

deste ano segundo a Organização<br />

Internacional do Açúcar.<br />

O aumento da oferta no<br />

ciclo será de mais de 6%, ou<br />

10,470 milhões de toneladas<br />

O Supremo Tribunal Federal<br />

(STF) julgou constitucional o<br />

Código Florestal de 2012. Dos<br />

22 dispositivos questionados<br />

nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade<br />

da Procuradoria-Geral<br />

da República e do<br />

PSOL, apenas dois foram declarados<br />

inconstitucionais e<br />

Com maior demanda, etanol<br />

tem preço mais rentável, enquanto<br />

açúcar apresenta<br />

queda no preço desde 2017.<br />

Setor prevê menos cana na<br />

lavoura, mas clima deve ajudar<br />

a manter qualidade da<br />

matéria-prima. Diante de<br />

uma maior procura pelo etanol<br />

nos postos, a região<br />

em relação à safra anterior,<br />

apesar de uma queda "significativa"<br />

da oferta projetada<br />

para o Brasil. Há a expectativa<br />

de "ganhos de produção<br />

maciços" na China, na União<br />

Europeia e na Índia. Para a<br />

Tailândia, em especial, a expectativa<br />

é de produção recorde.<br />

Código Florestal<br />

Investimento mundial em<br />

energia limpa totalizou US$<br />

333,5 bilhões no ano passado,<br />

uma alta de 3% em relação<br />

a 2016 e segundo<br />

maior investimento anual da<br />

história, levando o montante<br />

acumulado desde 2010 para<br />

Recorde<br />

outros quatro receberam interpretação<br />

conforme a Constituição.<br />

Todos os outros temas,<br />

de enorme relevância<br />

para o produtor rural, foram<br />

mantidos intactos pelo STF. O<br />

Supremo pôs término, assim,<br />

a um longo período de insegurança<br />

jurídica.<br />

Energia limpa<br />

US$ 2,5 trilhões. China impulsionou<br />

o investimento<br />

global em energia limpa em<br />

2017 com um crescimento<br />

extraordinário nas instalações<br />

fotovoltaicas. Brasil investiu<br />

US$ 6,2 bilhões, alta<br />

de 10%.<br />

Açúcar<br />

Centro-Sul do país deve deixar<br />

de produzir até 5 milhões<br />

de toneladas de açúcar na<br />

safra <strong>2018</strong>/2019, estima a<br />

Unica, que ainda não divulgou<br />

sua projeção para a<br />

safra <strong>2018</strong>/2019. Segundo a<br />

Datagro, essa produção deve<br />

atingir 577 milhões de toneladas.<br />

FPA<br />

Tomou posse a nova diretoria<br />

que vai compor a gestão<br />

da Frente Parlamentar da<br />

Agropecuária (FPA) em<br />

<strong>2018</strong>. A deputada Tereza<br />

Cristina (DEM/MS) assume<br />

a presidência, no lugar do<br />

deputado Nilson Leitão<br />

(PSDB/MT), que assumiu a<br />

liderança do partido na Câmara<br />

dos Deputados. Tereza<br />

deixa o cargo de vicepresidente,<br />

posição que<br />

ocupou em 2017.<br />

Dobrar<br />

O consumo de biocombustíveis<br />

no Brasil deve dobrar<br />

até 2040 em relação ao patamar<br />

de 2016, o que deve<br />

aumentar a participação<br />

das fontes renováveis na<br />

matriz energética nacional,<br />

de acordo com estimativa<br />

da companhia britânica BP,<br />

em suas previsões para o<br />

mercado global de energia.<br />

A BP estimou que os biocombustíveis<br />

terão uma<br />

participação de 24% em todo<br />

o consumo de combustíveis,<br />

ante 15% em 2016.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11


CANA-DE-AÇÚCAR<br />

<strong>Paraná</strong> demanda maturação induzida<br />

Mas é preciso escolher bem o<br />

maturador para obter o máximo de<br />

eficiência agronômica, atentando<br />

também aos demais fatores<br />

No <strong>Paraná</strong> e na região<br />

sudeste do<br />

Brasil, o processo<br />

natural da maturação<br />

ocorre na entrada do<br />

outono e se intensifica no<br />

inverno, principalmente em<br />

variedades precoces, chegando<br />

num ponto máximo<br />

na curva de maturação em<br />

setembro. A diminuição da<br />

temperatura e redução de<br />

chuvas sinalizam para cultura<br />

a necessidade de acúmulo<br />

de sacarose, acentuando<br />

o processo de maturação<br />

fisiológica natural,<br />

explica o pesquisador e engenheiro<br />

agrônomo, doutor<br />

Anderson Gualberto, da<br />

UEM e diretor do Instituto<br />

de Tecnologia Agropecuária<br />

de Maringá.<br />

Mas, ressalta, nos estados<br />

do <strong>Paraná</strong> e Mato Grosso do<br />

Sul, que apresentam mais<br />

umidade mesmo com a chegada<br />

do inverno, em relação<br />

a outros estados produtores<br />

de cana-de-açúcar, pode se<br />

observar um comportamento<br />

eco fisiológico da cana<br />

menos propenso a maturação<br />

natural. “Levando em<br />

conta os fatores edafoclimáticos,<br />

faz se necessário, praticamente<br />

durante toda a<br />

safra, a técnica de maturação<br />

artificial ou induzida,<br />

com uso de produtos químicos,<br />

denominados maturadores”,<br />

afirma.<br />

No inicio de safra, diz, justifica-se<br />

o uso de maturadores<br />

para reforçar a maturação fisiológica,<br />

antecipando ciclo<br />

e melhorando o acúmulo de<br />

sacarose; no meio de safra,<br />

auxilia a maturação natural; e<br />

no final de safra, para manter<br />

e garantir a qualidade ganha<br />

nos meses anteriores, não<br />

impondo stress vegetativo<br />

irreversível a planta.<br />

O pesquisador explica que<br />

os maturadores alteram a<br />

atividade de enzimas (invertases)<br />

que catalisam o acúmulo<br />

de sacarose nos colmos,<br />

além de promover alterações<br />

morfológicas e fisiológicas<br />

na planta, podendo<br />

implicar em modificações na<br />

qualidade e na quantidade da<br />

produção. Pode diminuir ou<br />

não o crescimento da planta,<br />

aumentar o teor de sacarose,<br />

dar precocidade de maturação<br />

e aumentar a produtividade.<br />

“Sua aplicação no sistema<br />

de produção da cana tem<br />

Gráfico 1. ITAM-UEM, 2017. Relação da ação de maturadores com<br />

produtividade da cana de açúcar em três anos subsequentes.<br />

proporcionado maior flexibilidade<br />

no gerenciamento da<br />

colheita, altamente relevante<br />

para o planejamento da produtividade<br />

da cultura, além<br />

de propiciar a industrialização<br />

de matéria-prima de melhor<br />

qualidade”, destaca Anderson.<br />

A eficiência agronômica dos<br />

maturadores depende da escolha<br />

do produto químico a<br />

ser utilizado, da época de<br />

aplicação, da condição climática<br />

e das características<br />

intrínsecas a variedade explorada.<br />

“É importante monitorar<br />

esses fatores durante a<br />

safra, dividindo em três épocas<br />

distintas para maturar: no<br />

inicio, meio e no final de safra”,<br />

comenta Anderson.<br />

Dentre os produtos para maturação<br />

usados no <strong>Paraná</strong>,<br />

há três grupos distintos: herbicidas,<br />

reguladores de crescimento<br />

e nutricionais. Os<br />

herbicidas atuam sobre sistemas<br />

enzimáticos ou proteínas<br />

específicas das plantas<br />

alterando sua funcionalidade.<br />

Atuam nas rotas fundamentais<br />

para o crescimento e<br />

desenvolvimento vegetal, de<br />

forma que o seu bloqueio<br />

promove a paralisação do<br />

crescimento ou a morte das<br />

plantas. Anderson alerta que<br />

mesmo quando há um bloqueio<br />

parcial destas rotas,<br />

com uso de doses subletais<br />

dos herbicidas, também pode<br />

haver implicações importantes,<br />

alterando o balanço<br />

de processos metabólicos<br />

nas plantas.<br />

Já os reguladores de crescimento<br />

atuam como maturador<br />

e inibidor de florescimento.<br />

Eles reduzem temporariamente<br />

a produção da Giberelina<br />

Ativa (GA1) e induz<br />

a cultura a carrear a maior<br />

parte da sacarose produzida<br />

para o colmo, onde é armazenada.<br />

Provoca a redução<br />

da velocidade de crescimento<br />

nos internódios mais<br />

novos do terço superior do<br />

colmo, mas não afeta significativamente<br />

a produtividade<br />

de matéria prima.<br />

O grupo nutricional é o mais<br />

recente, diz o pesquisador,<br />

sendo registrados como fertilizantes<br />

e tendo em sua<br />

composição principalmente<br />

micronutriente (zinco, cobre,<br />

ferro, manganês, boro e molibdênio)<br />

e aminoácidos.<br />

Ainda é pouco estudado no<br />

<strong>Paraná</strong>.<br />

“É importante classificar e<br />

distinguir os produtos utilizados<br />

como maturadores, pois<br />

têm uma relação análoga,<br />

tem a mesma função, mas<br />

com mecanismo de ação<br />

distintos. Maturadores herbicidas,<br />

mesmo utilizados em<br />

subdoses, induzem a um<br />

stress irreversível na cana. E<br />

no caso do Glifosato, ainda<br />

impõe efeitos indesejáveis<br />

nas soqueiras subsequentes<br />

da cana, ocasionando perda<br />

de produtividade e longevidade<br />

do canavial”, ressalta o<br />

pesquisador.<br />

O gráfico ao lado demonstra<br />

a ação do herbicida Glifosato<br />

aplicado por três anos consecutivos<br />

como maturador e<br />

seu efeito na produtividade<br />

agrícola (TCH).<br />

12 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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