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AS AVES DO AMBIENTE COSTEIRO DO BRASIL ... - Viva Marajó

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<strong>AS</strong> <strong>AVES</strong> <strong>DO</strong> <strong>AMBIENTE</strong> <strong>COSTEIRO</strong> <strong>DO</strong> BR<strong>AS</strong>IL:<br />

BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO.<br />

Carolus Maria Vooren e<br />

Luciano Ferreira Brusque<br />

Fundação Universidade Federal de Rio Grande<br />

Departamento de Oceanografia<br />

Laboratório de Elasmobrânquios e Aves Marinhas<br />

Rio Grande, RS<br />

Agosto de 1999<br />

125


SUMÁRIO<br />

Capítulo 1: Introdução 4<br />

Capítulo 2: O Ambiente Costeiro: Geografia, Geomorfologia e Hidrografia 7<br />

Introdução 7<br />

A Região Subtropical 8<br />

A Região Tropical Sul 8<br />

A Região Equatorial 9<br />

As Ilhas Oceânicas 9<br />

Capítulo 3: Biodiversidade e Status das Espécies 10<br />

Biodiversidade em geral 10<br />

"Status" das espécies 11<br />

As espécies: ocorrência, migração e nidificação 12<br />

Nidificação nas ilhas oceânicas 13<br />

Nidificação em ilhas costeiras 13<br />

Nidificação na costa continental e no interior 14<br />

Os migrantes costeiros: os Charadrii do norte 16<br />

Os migrantes costeiros: os Charadrii do sul 17<br />

Os migrantes costeiros: os Lari do norte 18<br />

Os migrantes costeiros: os Lari do sul 19<br />

Os migrantes pelágicos do sul: albatrozes e petréis 19<br />

Albatrozes e petréis do sul: os migrantes de inverno 21<br />

Albatrozes e petréis do sul: a fauna de Tristão da Cunha e Gough 21<br />

O caso de Diomedea exulans 22<br />

Os migrantes pelágicos do sul: Spheniscus magellanicus 22<br />

Capítulo 4: A Variação da Biodiversidade no Espaço 23<br />

Os tipos de habitat 23<br />

Grupos taxonômicos e habitats 23<br />

Interrelações entre tipos de habitat, e entre regiões geográficas 24<br />

Variação regional da biodiversidade 25<br />

Áreas secundárias de invernagem para as aves costeiras neárticas 26<br />

Capítulo 5: O Impacto Humano sobre as Aves Marinhas e Costeiras 27<br />

Introdução 27<br />

Interferência humana em ilhas 27<br />

A presença humana nas praias e as aves costeiras neárticas 29<br />

A presença humana nas praias e os Laridae, Sternidae e<br />

Rhynchopidae 31<br />

A captura acidental de albatrozes e petréis na pesca com espinhel 32<br />

As aves marinhas e costeiras e a poluição por óleo 34<br />

As aves marinhas e a poluição por plásticos 35<br />

As aves marinhas e a poluição ambiental por hidrocarbonetos<br />

halogenados 36<br />

126


Capítulo 6: As Unidades de Conservação no Ambiente Costeiro do Brasil 37<br />

Bibliografia citada 40<br />

Tabelas (anexo)<br />

Figura s (anexo)<br />

127


CAPÍTULO 1<br />

Introdução<br />

Uma grande gaivota apareceu, e pousou na coluna de papiro da proa. O pato,<br />

que estava tomando ar ao lado do galinheiro, afugentou-a. A gaivota levantou<br />

vôo. Logo vimo-nos cercados por todo um bando. As aves do mar gritaram, e<br />

as galinhas cacarejaram dentro da gaiola que era para nós a mesa de jantar.<br />

"Eu sei o que aquela gaivota foi contar para as outras", disse Carlo. "Ela<br />

disse que ela tinha achado um ninho de pássaro, boiando em frente do Cabo<br />

Juby".<br />

Assim descreve Thor Heyerdahl (1971) uma cena da sua primeira<br />

viagem transatlântica num barco egípcio de papiro no ano de 1969. No século<br />

19, passageiros e marujos das caravelas inglesas costumam afastar o tédio da<br />

viagem com o tiro aos albatrozes, pescando-os também com anzóis, e<br />

aproveitando a caça para vários fins: os pés, para bolsa para guardar fumo; os<br />

ossos da asa, para cabo de cachimbo; o bico, para prendedor de papéis; a<br />

plumagem, para artigos de vestido; e o ovo eventualmente encontrado na ave,<br />

para uma bem-vinda variação do cardápio de bordo (Medway, 1998). No ano<br />

de 1970, Rodolfo Escalante reside num edifício na orla marítima da cidade de<br />

Montevidéu, e escreve sobre a gaivota Larus dominicanus da costa do Uruguai:<br />

"Esta formosa gaivota é a mais abundante e de permanente presença em toda<br />

a extensão da costa. Seu vôo é direto, avançando velozmente pelo espaço<br />

graças a poderosas e compassadas batidas de asa. Quando há forte vento, se<br />

vê ela planar e outras deslocar-se horizontalmente ou permanecer imóveis<br />

enfrentando a brisa a dez ou mais metros de altura, aproveitando as correntes<br />

de ar que batem em objetos elevados, sejam estes altas encostas ou edifícios<br />

de vários pisos próximos ao mar...É sobretudo um formidável consumidor de<br />

desperdícios, um verdadeiro lixeiro das praias e das águas vizinhas...Nos seus<br />

lugares de nidificação o homem recolhe grande quantidade de ovos que são<br />

logo utilizados em diversas maneiras para sua alimentação" (Escalante,<br />

1970a). Durante sua viagem marítima ao redor mundo pelos recantos insulares<br />

do Commonwealth, a bordo do Royal Yacht "Britannia" nos anos de 1956 a<br />

1959, Sua Alteza Real Príncipe Philip, Conde de Edimburgo, realiza um projeto<br />

de fotografia de aves marinhas, o que resulta num livro (Philip, 1962). Na<br />

Introdução do livro, o Conde explica: "Creio que até aquele momento, eu nunca<br />

na minha vida tinha deliberadamente fotografado uma ave. Minha ignorância de<br />

aves era sublime: quando pressionado, eu teria admitido que, fora as aves de<br />

caça mais óbvias, as outras vinham em três categorias: pardais, gaivotas, e<br />

patos". Com estas referências a gaivotas e albatrozes, fica demonstrado que as<br />

aves marinhas fazem parte do mundo vivenciado pelo ser humano em geral. O<br />

grito da gaivota é ingrediente típico da sonoplastia que acompanha cenas<br />

marítimas nos filmes de cinema, e faz o ser humano relembrar seus dias de<br />

mar e praia.<br />

Ovos dos albatrozes da Ilha de Laysan, no Oceano Pacífico, são<br />

colhidos como matéria-prima para a produção industrial de albumina, e 300 000<br />

aves adultas foram abatidas no ano de 1909 para o comércio de penas<br />

(Ziswiler, 1967). A pequena população humana que existia até o ano de 1930<br />

na Ilha de São Kilda, no Oceano Atlântico frente à Escócia, comia<br />

128


principalmente aves marinhas e seus ovos, e a colheita de ninhegos do petrel<br />

Fulmarus glacialoides no mês de agosto era essencial para a sobrevivência<br />

durante o resto do ano. As aves eram depenadas, evisceradas e salgadas em<br />

barris (Steel, 1975). Nas Ilhas Faroe, a colheita anual de alcas de duas<br />

espécies foi em torno de 300 000 aves e 500 000 ovos na década de 1960. A<br />

alca-gigante Alca impennis do Atlântico Norte tornou-se extinta no ano de 1850,<br />

pela caça e pela colheita dos ovos (Ziswiler, 1967). A presença de aves no<br />

oceano ajuda o pescador a localizar os cardumes de atuns (Chiaradia, 1991).<br />

No Brasil, o biguá Phalacrocorax olivaceus foi considerado como praga,<br />

alegando-se que esta ave comia os peixes cobiçados pelos pescadores<br />

(Teschauer, 1925). O maçarico Calidris canutus rufa nidifica na tundra do Ártico<br />

e migra sazonalmente para o sul pela costa atlântica dos Estados Unidos, onde<br />

grandes números desta ave foram caçados durante o século 19 para<br />

comercialização da sua carne. No ano de 1893, as aves foram vendidas no<br />

mercado da cidade de Boston pelo preço de 10 centavos a dúzia (Bent, 1962).<br />

Gaivotas nidificam em grupos, em lugares descampados onde as aves são<br />

facilmente observadas. O estudo destas aves nos seus ninhais produz avanços<br />

fundamentais no conhecimento das leis do comportamento animal (Tinbergen,<br />

1953, 1974). Com estes exemplos, fica demonstrado o valor cultural e social<br />

das aves marinhas e costeiras. O ser humano interage com estas aves em<br />

muitas maneiras.<br />

O bando do talha-mar Rhynchops nigra que durante o ano de 1998<br />

pousou na desembocadura da Lagoa dos Patos, no sul do Brasil, consumiu<br />

cerca de 500 000 pequenos peixes em um ano (Naves, 1999). No mês de abril<br />

do ano de 1983, bandos do maçarico-de-peito-vermelho Calidris canutus<br />

alimentaram-se intensamente na zona de varrido da costa do Rio Grande do<br />

Sul, com densidade média de uma ave por sete metros de extensão de costa<br />

(Vooren & Chiaradia, 1990). As populações de aves marinhas e costeiras são<br />

importantes elementos na dinâmica dos ecossistemas onde elas vivem.<br />

Todos estes fatos são motivos para a conservação das aves marinhas e<br />

costeiras, no sentido de resguardar a existência das espécies e das suas<br />

populações. Esta conclusão justifica o presente estudo, que tem como objetivo,<br />

a revisão das aves marinhas e costeiras como componentes da biodiversidade<br />

do Brasil.<br />

Os dados foram levantados mediante consulta da bibliografia citada, a<br />

qual inclui livros, revistas técnicas, resumos de congressos, e relatórios de<br />

pesquisa com distribuição restrita. Comunicações pessoais também são<br />

citadas. Nas Tabelas 5 e 9 são lançados os dados básicos sobre a distribuição<br />

espacial de cada espécie, sobre o tipo de habitat onde esta ocorre, e sobre seu<br />

status como ave que nidifica no país ou que ocorre esporadicamente ou como<br />

migrante sazonal. As fontes consultadas na elaboração das Tabelas 1 e 5 são<br />

marcadas com asterisco na listagem da bibliografia citada. As Tabelas 2, 6, 7,<br />

8, 10, e 12 a 16 foram elaboradas mediante o rearranjo dos dados que constam<br />

nas Tabelas 1 e 5. As posições das ilhas oceânicas e costeiras que constam<br />

nos mapas (Fig. 1 a 12 ) e na Tabela 9, e os dados fisiográficos da costa<br />

continental e das ilhas oceânicas que constam no texto, foram encontrados em<br />

publicações da Marinha do Brasil (1976, 1977a, 1977b, 1977c 1984, 1989,<br />

1992) e em Spina (1997, 1998).<br />

As aves consideradas na presente revisão são aquelas que alimentamse<br />

habitualmente de animais aquáticos e/ou de invertebrados da epifauna e<br />

129


infauna da zona litoral. Aves que comem restos animais na praia, ou que<br />

praticam cleptoparasitismo sobre outras aves do ambiente costeiro são<br />

também incluídas. No Brasil não existem aves da Ordem Passeriformes que<br />

vivam exclusivamente desta maneira. Aves desta Ordem não ocorrem<br />

habitualmente em praias (por exemplo, Chiaradia & Vooren, 1990), mas<br />

algumas espécies foram avistadas em manguezais. No canal de Santa Cruz,<br />

uma paisagem estuarina com praia e manguezal na costa do estado de<br />

Pernambuco, Azevedo Júnior (1993) registrou nos anos de 1987 a 1989 o total<br />

de 47 espécies de aves, entre estas, seis Passeriformes. Conirostrum bicolor,<br />

da Subfamília Thraupinae, ocorreu no mangue, que é seu habitat usual (Sick,<br />

1997). A ocorrência das outras cinco espécies tais como, andorinhas que<br />

sobrevoam a praia e manguezal, é interpretada como um transbordar para fora<br />

dos seus habitats interioranos, adjacentes ao manguezal. Para evitar a<br />

dificuldade de decidir sobre a inclusão, ou não, de espécies com este tipo de<br />

ocorrência no ambiente costeiro, as aves Passeriformes não foram incluídas na<br />

presente revisão.<br />

Os nomes comuns das aves são segundo Sick (1997). A nomenclatura<br />

científica das aves é segundo Sick (1997) e, para as espécies que alí não<br />

constam, segundo Harrison (1989) e Hayman et al. (1986), mas Phalacrocorax<br />

olivaceus e as espécies do gênero Catharacta são citadas segundo Harrison<br />

(1983), e Procellaria conspicillata segundo Ryan (1998). As entradas na lista<br />

das espécies de aves registradas no ambiente marinho e costeiro do Brasil<br />

(Tabelas 1 e 5) incluem taxa a nível de sub-espécie. De várias espécies que<br />

ocorrem no país, duas sub-espécies foram registradas. Isto é o caso com<br />

Calonectris diomedea (sub-espécies borealis e edwardsii), Numenius phaeopus<br />

(sub-espécies phaeopus e hudsonicus), e Himantopus himantopus (subespécies<br />

mexicanus e melanurus). Estas sub-espécies são listadas<br />

separadamente na Tabela 1. Para o gênero Catharacta, Sick (1997) reúne<br />

todas as populações dos hemisférios norte e sul na única espécie skua.<br />

Harrison (1989) reserva este nome para as populações boreais, e reconhece<br />

três espécies austrais: chilensis, maccormicki e antarctica. A identificação em<br />

campo destas três espécies é difícil e muitas ocorrências no Brasil das formas<br />

austrais de Catharacta são registradas na literatura como skua. Registros de<br />

Catharacta skua durante o inverno austral são interpretados como ocorrências<br />

das formas austrais. Tais registros constam nas Tabelas 1 e 5 como<br />

Catharacta sp., como referência à provável ocorrência de maccormicki e/ou<br />

antarctica. A ocorrência de Catharacta chilensis no Brasil é documentada por<br />

um exemplar coletado (Vooren, não publicado). O número total de 148<br />

"espécies" de aves no ambiente costeiro do Brasil, citado nas tabelas e no<br />

presente texto, deve ser interpretado de acordo com as considerações<br />

supracitadas. Este número inclui seis sub-espécies de três espécies, e caso a<br />

ocorrência habitual tanto de Catharacta maccormicki como de Catharacta<br />

antarctica for comprovada, o número total de "espécies" aumentará para 149, e<br />

o número de "espécies" com ocorrência habitual, de 111 para 112. A<br />

ocorrência de Anous tenuirostris nas Ilhas Martin Vaz (Luigi & Nacinovic, 1997)<br />

é aqui tratada como registro de Anous minutus, que é citada por Harrison<br />

(1989) como uma espécie distinta, embora minutus é considerado por alguns<br />

como sub-espécie de tenuirostris que segundo Harrison (1989) é restrita ao<br />

Oceano Índico. Oliveira Pinto (1964) e Harrison (1989) citam a sub-espécie<br />

Sterna albifrons antillarum, mas Sick (1997) cita este taxon como a espécie<br />

130


Sterna antillarum. O registro de Sterna albifrons no Atol das Rocas (Azevedo<br />

Júnior, 1992b) é interpretado como ocorrência de Sterna antillarum.<br />

As aves do Brasil vêm sendo estudadas desde o século XVI (Oliveira<br />

Pinto, 1979). No ano de 1925, Teschauer escreve que "o Brasil, segundo o<br />

estado actual da sciencia, aloja não menos de 1680 espécies". Setenta e dois<br />

anos mais tarde, o mesmo número de espécies consta no índice da revisão das<br />

aves do país, elaborado por Sick (1997). Nos seus aspectos faunísticos, as<br />

aves do Brasil são bem conhecidas, inclusive as aves marinhas e costeiras.<br />

Importantes coleções de aves existem no Museu de Belém, no Museu Nacional<br />

do Rio de Janeiro, e no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo<br />

(Sick, 1997), mas informação sobre o acervo de aves marinhas e costeiras<br />

destes museus não é encontrada na literatura. A Fundação Universidade<br />

Federal de Rio Grande, na cidade de Rio Grande/RS, possui uma coleção com<br />

exemplares de 49 espécies do total das 146 espécies de aves marinhas e<br />

costeiras registradas no país. O catálogo das coleções sistemáticas de aves<br />

marinhas e costeiras do Brasil permanece como objetivo de futuros trabalhos.<br />

CAPÍTULO 2<br />

O Ambiente Costeiro: Geografia, Geomorfologia e Hidrografia<br />

Introdução<br />

A costa do Brasil estende-se sobre 39 graus de latitude, desde 05º N até 34º S,<br />

e sobre a distância de mais de 9200 km de linha real (Villwock, 1994). Esta<br />

costa, as águas litorâneas e oceânicas adjacentes, e as ilhas situadas nestas<br />

águas, constituem em conjunto o "ambiente costeiro". Neste ambiente vivem<br />

populações de aves que utilizam os recursos alimentares ali disponíveis. Estas<br />

"aves costeiras e marinhas" são o objeto da presente revisão. Existem<br />

espécies de aves que utilizam principalmente os ambientes terrestres ou<br />

aquáticos do interior do país, e que ocorrem irregularmente ou em pequenos<br />

números no ambiente costeiro. Para tais espécies de aves o ambiente costeiro<br />

não é essencial como espaço de vida, e elas não são componentes típicos e<br />

constantes do ecossistema costeiro. Estas aves não são consideradas no<br />

presente trabalho.<br />

No ambiente costeiro existem aves que ocorrem somente no habitat<br />

emerso ou levemente alagado, outras que ocorrem somente na camada<br />

superficial das águas, e outras que utilizam ambos estes tipos de habitat. Os<br />

habitats emersos localizam-se no mesolitoral e supralitoral da costa oceânica,<br />

das lagunas costeiras, das baías e enseadas, dos estuários e das ilhas. Em<br />

termos de paisagens, estes habitats são as praias oceânicas arenosas com<br />

suas dunas frontais, o litoral rochoso, as planícies arenosas e lodosas de maré,<br />

os marismas e os manguezais. Em todos estes ambientes predomina a<br />

influência marítima em termos da salinidade da água intersticial do solo, e da<br />

energia dos ventos, das ondas e das marés que atuam sobre o solo. O<br />

ambiente costeiro emerso inclui ainda toda a área de superfície das ilhas<br />

costeiras e das ilhas oceânicas. No interior das ilhas podem existir habitats<br />

usados para nidificação ou para pouso por aves que alimentam-se no<br />

131


mesolitoral da ilha, ou no ambiente aquático ao redor.<br />

Os habitats costeiros aquáticos são as águas das lagunas costeiras, dos<br />

estuários, das baías e enseadas e da plataforma continental, e ainda as águas<br />

oceânicas fora da plataforma até a distância de 200 milhas da costa. Esta<br />

distância corresponde com o limite da região oceânica denominada Zona<br />

Econômica Exclusiva (ZEE) do país. A isóbata de 200 m é o limite externo da<br />

plataforma continental.<br />

Para fins da descrição da biodiversidade e da distribuição espacial das<br />

aves marinhas e costeiras, a costa do Brasil é dividida nas quatro regiões<br />

descritas abaixo. Três regiões da costa continental são definidas por limites de<br />

graus de latitude (Fig. 1). Estas três regiões incluem as ilhas costeiras. A quarta<br />

região é o conjunto das ilhas oceânicas. Cada uma das quatro regiões inclui as<br />

águas adjacentes da ZEE.<br />

A Região Subtropical<br />

A Região Subtropical, entre as latitudes de 28º 30' S e 34º 00' S, é a costa do<br />

estado de Rio Grande do Sul e a costa sul do estado de Santa Catarina. A<br />

costa desta região é uma praia arenosa com dunas, sem reentrâncias, e<br />

estende-se sobre a distância de 770 km. Entre as numerosas lagunas costeiras<br />

(denominadas de "lagoas" nos mapas topográficos), as principais são a Lagoa<br />

dos Patos, a Lagoa Mirim, a Lagoa do Peixe, e a Lagoa de Tramandaí. As<br />

conexões entre estas lagunas e o oceano são os principais estuários, com ilhas<br />

estuarinas, marismas, pontais e bancos de areia. Ao longo desta costa, a<br />

amplitude da maré lunar é pequena, em torno de 50 cm. Na "zona de varrido",<br />

invertebrados bentônicos vivem em elevada densidade e constituem recurso<br />

alimentar para aves costeiras (Vooren & Chiaradia, 1990). O nível d'água na<br />

costa e nos estuários é determinado pelas chuvas e pelo vento. O vento do<br />

nordeste predomina ao longo do ano, e causa maré baixa. Períodos com vento<br />

do quadrante sul são frequentes no inverno e causam maré alta na praia e<br />

represamento das águas estuarinas. A Ilha dos Lobos é a única ilha costeira da<br />

região. A plataforma continental da Região Subtropical tem largura de 100 a<br />

170 km. No inverno, a influência das águas subantárticas da Corrente das<br />

Malvinas, e das águas costeiras do Rio da Prata, estende-se sobre a<br />

plataforma continental de toda a região, enquanto águas tropicais da Corrente<br />

do Brasil ocorrem na superfície fora da plataforma. A zona de transição na<br />

margem externa da plataforma, entre as águas subantárticas e costeiras<br />

oriundas do sul, e as águas tropicais da Corrente do Brasil, constitui o limite<br />

oeste da Convergência Subtropical. Durante o verão, esta Convergência recua<br />

para o sul, e a Corrente do Brasil determina as condições hidrográficas nas<br />

águas costeiras e oceânicas da região (Garcia, 1997).<br />

A Região Tropical Sul<br />

A Região Tropical Sul, entre as latitudes de 06º 00' S e 28º 30' S, inclui a costa<br />

dos estados de Santa Catarina até Rio Grande do Norte. O limite sul da região<br />

corresponde com o limite austral da distribuição geográfica de feições<br />

ambientais tropicais tais como, a vegetação do manguezal, e a nidificação das<br />

aves marinhas Fregata magnificens e Sula leucogaster. A costa dos estados de<br />

Santa Catarina, metade norte de São Paulo, Rio de Janeiro, e Bahia até Rio<br />

132


Grande do Norte, inclui feições rochosas, interspersas com praias arenosas,<br />

reentrâncias, baías, sistemas lagunares e estuários. A costa dos estados de<br />

Paraná, metade sul de São Paulo, Espírito Santo e o sul da Bahia, é<br />

predominada por extensas praias arenosas. Importantes complexos de<br />

estuários, lagunas e reentrâncias existem nos estados de Santa Catarina<br />

(Lagoa do Imaruí), Paraná (região de Paranaguá), São Paulo (região de<br />

Cananéia), Rio de Janeiro (Baía de Sepetiba, Baía de Guanabara, Lagoa de<br />

Araruama), Bahia (Baía de Camamú, região de Valença, Baía de Todos os<br />

Santos), Alagoas (Lagoa de Mundaú, Lagoa Manguaba), Pernambuco (região<br />

de Itamaracá) e Paraíba (Barra do Mamanguape). As áreas abrigadas das<br />

reentrâncias e baías são orladas de manguezais. Ilhas costeiras são<br />

numerosas entre as latitudes de 20º S a 30º S. Somente para o estado de São<br />

Paulo, são catalogadas 106 ilhas, 23 ilhotas e 20 lajes (Ângelo, 1989). Não<br />

existe catálogo das ilhas costeiras dos outros estados. Somente para 41 ilhas<br />

da Região Tropical Sul existem informações sobre a avifauna. Estas ilhas são<br />

representadas nas Figs. 2, 5 a 12.<br />

Entre as latitudes de 02º N e 20º S, a Corrente Sul-equatorial flui na<br />

direção oeste desde a África até a costa nordeste do Brasil. Ao atingir esta<br />

costa, a corrente bifurca-se em torno da latitude de 10º S, frente à costa dos<br />

estados de Pernambuco e Alagoas. O ramo Sul é a Corrente do Brasil que flui<br />

para o Sudoeste ao longo de toda a costa da Região Tropical Sul. O ramo<br />

Norte da Corrente Sul-equatorial flui na direção noroeste ao longo da costa da<br />

Região Equatorial (Raymont, 1976). A plataforma continental entre as latitudes<br />

de 24º 00' S e 28º 30' S é larga, estendendo-se até a distância entre 100 e 220<br />

km da costa. Entre as latitudes de 22º S e 05º S a plataforma é estreita, com<br />

largura de 50 a 90 km. Na latitude de 21º S, uma série de bancos denominada<br />

Cadeia Vitória Trindade estende-se no sentido perpendicular à costa sobre a<br />

distância de 1100 km até as ilhas de Trindade e Martin Vaz. Nas latitudes de<br />

16º 00' S a 19º 30' S existe um alargamento da plataforma, até a distância de<br />

220 km da costa, e que inclui o Arquipélago dos Abrolhos.<br />

A Região Equatorial<br />

A Região Equatorial, entre as latitudes de 06º S e 05º N, inclui a costa dos<br />

estados de Rio Grande do Norte a Amapá. Nas latitudes de 03º S a 06º S, a<br />

costa dos estados de Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí é principalmente de<br />

praias arenosas. O litoral dos estados de Maranhão, Pará e Amapá, nas<br />

latitudes de 03º S a 05º N, é de manguezal com numerosas reentrâncias, e<br />

inclui o estuário do Rio Amazonas. A plataforma continental entre estas<br />

latitudes é larga, estendendo-se até 300 km da costa. Ao longo da costa do<br />

Ceará, a distância em torno de 140 km do continente, entre as posições de 39º<br />

W, 02º S e 32º W, 04º S, estende-se a cadeia dos Bancos de Ceará, que tem<br />

sua extremidade leste no Arquipélago de Fernando de Noronha. A hidrografia<br />

das águas costeiras e oceânicas é determinada pela Corrente Sul-equatorial e<br />

pelo aporte das águas da foz do Rio Amazonas.<br />

As Ilhas Oceânicas<br />

Seis ilhas ou arquipélagos constituem o conjunto das Ilhas Oceânicas do Brasil:<br />

Ilha da Trindade, Ilhas Martin Vaz, Arquipélago dos Abrolhos, Arquipélago de<br />

133


Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Penedos de São Pedro e São Paulo.<br />

Na extremidade leste da Cadeia Vitória Trindade são situadas a Ilha da<br />

Trindade e as Ilhas Martin Vaz. Trindade situa-se na posição de 20º 30' S, 29º<br />

19' W, a distância de 1150 km da costa do continente. A ilha tem maior<br />

dimensão horizontal em torno de 6 km, e altitude de 600 m. Situado 50 km ao<br />

leste desta, na posição de 20º 15' S, 28º 55' W, Martin Vaz é um grupo de três<br />

pequenas ilhas e vários rochedos, com altitude de até 175 m. Trindade é de<br />

fácil acesso, e conta com a presença permanente de um destacamento da<br />

Marinha do Brasil. As Ilhas Martin Vaz são inacessíveis e desabitadas (Marinha<br />

do Brasil, 1992). A isóbata de 4000 m é situada a distância de 20 a 30 Km da<br />

costa das ilhas. As ilhas situam-se na margem Sul da Corrente Sul-equatorial.<br />

O Arquipélago dos Abrolhos situa-se na Região Tropical Sul, na posição<br />

de 17º 55' S, 38º 40' W, a distância de 60 km da costa do continente, e no meio<br />

da plataforma continental. Consiste de cinco ilhas, das quais a maior tem<br />

comprimento de 1560 m, largura de 250 m, e altitude de 36 m (Telles, 1998).<br />

O Arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas situam-se<br />

na Região Equatorial, na extremidade leste da cadeia dos Bancos do Ceará, e<br />

na extremidade oeste da Corrente Sul-equatorial. Fernando de Noronha, na<br />

posição de 03º 50' S e 32º 30' W, a distância de 360 km da costa do continente,<br />

é formado por 21 ilhas e rochedos, e tem área total de 26 km 2 . A ilha principal<br />

mede em torno de 7 km de comprimento e 3 km de largura, tem altitude de 323<br />

m e conta com uma população humana permanente (Oren, 1982; PED, sem<br />

data). Na distância de 240 km da costa continental, o Atol das Rocas situa-se<br />

na posição de 03º 50' S e 33º 40' W. O Atol tem diâmetro em torno de 3 km, e<br />

na sua laguna existem duas ilhas com área de superfície de 6 ha em conjunto.<br />

Em uma destas ilhas existe um farol automático e a casa do guarda do Atol<br />

(Maia, 1994b).<br />

Os Penedos de São Pedro e São Paulo, ultimamente chamados de<br />

"Arquipélago", é um conjunto de cinco ilhotas e quatro rochedos, situado na<br />

Região Equatorial, na posição de 00º 55' N e 29º 21' W, a distância de 986 km<br />

do continente. A maior das ilhotas tem 100 m de comprimento, 60 m de largura<br />

e altitude de 17 m, e nela existe desde o ano de 1998 uma estação de<br />

pesquisa com frequente presença humana. Ao redor dos Penedos, o fundo do<br />

mar desce abruptamente para a profundidade de 4000 m da planície abissal.<br />

Os Penedos são o pico emerso de um monte submarino situado no caminho da<br />

Corrente Sul-equatorial e na margem norte da Corrente Equatorial Submersa<br />

(Lubbock & Edwards, 1981; Brusque et al., 1998).<br />

CAPÍTULO 3<br />

Biodiversidade e Status das Espécies<br />

Biodiversidade em geral<br />

Cento e quarenta e oito espécies de aves marinhas e costeiras constituem em<br />

conjunto 8,8% do total das 1680 espécies de aves registradas por Sick (1997)<br />

para o Brasil (Tabela 1). Nove ordens e 29 famílias de aves marinhas e<br />

costeiras são representadas. Ao total das 148 espécies, três ordens contribuem<br />

em conjunto com 81% como segue: Procellariiformes (albatrozes e petréis)<br />

134


26%; Pelecaniformes (fragatas, atobás e afins) 9%; Charadriiformes-Subordem<br />

Charadrii (maçaricos, batuíras e afins) 24%; Charadriiformes-Subordem Lari<br />

(gaivotas, trinta-réis e afins) 22% (Tabela 2). Em cifras redondas, de cada uma<br />

destas ordens, entre uma quinta e uma terça parte das espécies que existem<br />

no mundo, ocorre no Brasil. Do total mundial de espécies destas três ordens,<br />

28% ocorre no Brasil. Das famílias Diomedeidae (albatrozes), Phaetontidae<br />

(rabos-de-palha), Fregatidae (fragatas), Sulidae (atobás), Sternidae (trinta-réis)<br />

e Stercorariidae (gaivotas-rapineiras ou skuas), 46 a 100% das espécies<br />

contidas nelas, têm sido registradas no Brasil, e do total mundial das 87<br />

espécies de Scolopacidae (maçaricos), 26% ocorre no país (Tabela 3). Estas<br />

cifras são evidência da elevada importância do Brasil com relação a<br />

conservação das aves marinhas e costeiras a nível mundial. O Brasil abriga<br />

uma grande parcela da biodiversidade das aves marinhas e costeiras do<br />

mundo como um todo.<br />

"Status" das espécies<br />

O "status" de uma espécie é a maneira na qual ela ocorre no Brasil (Tabelas 4<br />

e 5). Uma espécie que reproduz no país tem status R, ao qual é acrescentado<br />

o símbolo que indica se a ave reproduz na costa continental (CC), em ilhas<br />

costeiras e/ou oceânicas (IL) ou no interior do país (IN). Larus maculipennis e<br />

Himantopus himantopus melanurus nidificam em pântanos, ocorrem na praia<br />

oceânica fora da sua época de reprodução, e têm status RIN. Sterna<br />

hirundinacea nidifica em ilhas costeiras, com status RIL. Haematopus palliatus<br />

nidifica na praia oceânica, e Eudocimus ruber em manguezais, estas aves têm<br />

status RCC. Uma espécie que não nidifica no país e que ocorre somente como<br />

ave migratória tem status M, acrescentando-se o símbolo N para aves que<br />

nidificam no hemisfério norte, e S para aves que nidificam no hemisfério sul.<br />

Por exemplo, Calidris canutus tem status MN, e Catharacta chilensis tem status<br />

MS. O status M indica que a ave ocorre regularmente e periodicamente, e<br />

aplica-se também àquelas aves que ocorrem em pequeno número, ou em<br />

poucas localidades, porém habitualmente. Phoenicopterus chilensis, que ocorre<br />

de maneira habitual somente na Lagoa do Peixe no Rio Grande do Sul, e<br />

Zonibyx modestus que ocorre em pequeno número, porém habitualmente, no<br />

sul do país, são exemplos de aves pouco abundantes, com status MS. Tais<br />

aves são componentes normais do ambiente costeiro do Brasil, e dependem<br />

das condições ambientais desta região para sua sobrevivência a nível de<br />

população ou espécie. A terceira grande categoria são as espécies que<br />

ocorrem esporadicamente e de maneira imprevisível no tempo e no espaço.<br />

Tais aves tem status E, acrescentando-se o símbolo S ou N, o que indica<br />

proveniência de regiões de reprodução no hemisfério sul ou norte,<br />

respectivamente. Exemplos desta categoria são Sterna paradisea, cuja<br />

presença no país foi registrada três vezes e que tem status EN, e Thinocorus<br />

rumicivorus que foi visto apenas uma vez, na Lagoa do Peixe, e que tem status<br />

ES. Tais aves não são componentes normais do ambiente costeiro, e não<br />

dependem do ambiente costeiro do Brasil em termos da sua sobrevivência<br />

como populações ou espécies.<br />

Do total de 148 espécies, 29 espécies têm duas ou três entradas na<br />

coluna "status" da Tabela 5. O status de tais espécies varia entre as três<br />

regiões biogeográficas. Por exemplo, Fregata magnificens ocorre<br />

135


esporadicamente (ES) na Região Subtropical, e nidifica nas ilhas (RIL) nas<br />

regiões Tropical Sul e Equatorial. Sterna maxima nidifica em ilhas (RIL) ao<br />

largo do estado de São Paulo, ocorre no sul do país como migrante<br />

proveniente de ninhais no Uruguai e Argentina (MS) e ocorre esporadicamente<br />

na costa do Pará como EN. Nyctanassa violacea foi vista uma vez (ES) no Rio<br />

Grande do Sul, mas reproduz em manguezais (RCC) ao longo da costa tropical<br />

e equatorial do país. Podiceps major reproduz somente no Rio Grande do Sul<br />

(RIN) mas ocorre como migrante sazonal (MS) na Região Tropical Sul. Estas<br />

variações regionais do status de certas espécies refletem a diversidade das<br />

condições ambientais ao longo do gradiente latitudinal da costa do Brasil.<br />

As espécies: ocorrência, migração e nidificação<br />

Do total das 148 espécies de aves costeiras e marinhas registradas no Brasil,<br />

37 espécies ocorrem esporadicamente com o status de EN ou ES no país<br />

como um todo (Tabela 6). O número de espécies EN ou ES por região é como<br />

segue: Região Subtropical, 23; Região Tropical Sul, 19; Região Equatorial, 17.<br />

Esta variação regional é relacionada com o fato de que das 37 espécies<br />

esporádicas, 23 espécies são ES, e destas, 14 espécies são albatrozes, petréis<br />

e pingüins que nidificam nas ilhas subantárticas e na Antártica e que não<br />

alcançam as latitudes tropicais. Das 17 espécies esporádicas da Região<br />

Equatorial, 12 são EN. Das 14 espécies EN do Brasil como um todo, 6 são<br />

maçaricos da família Scolopacidae, e 6 são gaivotas e trinta-réis das famílias<br />

Stercorariidae, Laridae e Sternidae.<br />

As espécies de aves marinhas e costeiras que nidificam ou ocorrem<br />

habitualmente como migrantes sazonais em, no mínimo, uma das três grandes<br />

regiões biogeográficas do país são em número de 111 (Tabela 6). São estas as<br />

espécies a serem consideradas em termos do manejo ambiental e da<br />

biodiversidade. Destas espécies, 53 nidificam no país, e este número inclui 8<br />

espécies que ao mesmo tempo ocorrem como migrantes, a saber:<br />

Phalacrocorax olivaceus, Podiceps major, Larus dominicanus, Sterna<br />

hirundinacea, Sterna maxima, Sterna eurygnatha e Charadrius falklandicus,<br />

todos eles MS provenientes de sítios de reprodução no Uruguai e/ou Argentina,<br />

e Charadius wilsonia, MN proveniente da costa atlântica dos Estados Unidos.<br />

Do total das 53 espécies que reproduzem, 24 são Pelecaniformes e Lari<br />

(Tabela 7). Poucas Procellariiformes e Charadrii nidificam no Brasil. Destes<br />

grupos, do total das 54 espécies que ocorrem habitualmente no ambiente<br />

costeiro do Brasil, apenas 9 nidificam no país. Das 19 espécies da categoria<br />

"outros" entre as 52 espécies que nidificam, 11 são Ciconiiformes (garças,<br />

socós e afins), e as 8 espécies restantes são Podicipediformes (um<br />

mergulhão), Gruiiformes (duas saracuras), Phoenicopteriformes (um flamingo),<br />

Falconiformes (três gaviões) e Coraciiformes (um martim-pescador). Das 53<br />

espécies que nidificam no país, 20 (ou 38% do total) o fazem exclusivamente<br />

em ilhas (Tabela 7). Esta cifra é evidência da elevada importância das ilhas<br />

marítimas do Brasil, em relação com biodiversidade e conservação das aves<br />

marinhas. Das 20 espécies que nidificam em ilhas, 4 são petréis da família<br />

Procellariidae, 8 são da ordem Pelecaniformes e 8 são da família Laridae.<br />

Treze espécies nidificam somente nas ilhas oceânicas, 5 nidificam somente em<br />

ilhas costeiras e 2 nidificam em ambas as categorias de ilhas.<br />

Sessenta e seis espécies ocorrem como migrantes sazonais. Deste total,<br />

136


31 são migrantes MS, e 19 destes são albatrozes e petréis provenientes das<br />

latitudes frias entre as Ilhas de Tristão da Cunha e o continente Antártico. Os<br />

migrantes MN são em número de 35, e 21 destes são espécies das famílias<br />

Scolopacidae e Charadriidae.<br />

Nidificação nas ilhas oceânicas<br />

Quinze espécies de aves marinhas nidificam nas ilhas oceânicas do Brasil, e<br />

deste total, 13 o fazem no país somente nestas 6 ilhas ou arquipélagos. O<br />

número das espécies que nidificam varia entre 3 nos Penedos de São Pedro e<br />

São Paulo, e 11 no Arquipélago de Fernando de Noronha (Tabela 8). Fora das<br />

águas brasileiras existem nas Regiões Equatorial e Tropical Sul do Oceano<br />

Atlântico apenas 3 sítios de nidificação para 9 das espécies listadas na Tabela<br />

8.<br />

Do petrel Pterodroma hasitata outrora abundante no Mar do Caribe, o<br />

único sítio atual com nidificação confirmada é uma localidade na Hispaniola,<br />

Haiti. Esta espécie é classificada como ameaçada de extinção. Ela foi<br />

encontrada em Trindade e Martin Vaz, e isto é indício de que a espécie<br />

provavelmente nidifica nestas ilhas. Por este motivo, a espécie tem status R na<br />

Tabela 5.<br />

Da espécie nominal Pterodroma arminjoniana arminjoniana, os<br />

conhecidos locais de nidificação no mundo são três ilhas apenas, a saber,<br />

Round Island (próximo a Mauritius) e Reunión, ambos no Oceano Índico, e<br />

Trindade, que é o único local de nidificação no Oceano Atlântico.<br />

Segundo Harrison (1989), Puffinus assimilis é na metade sul do Oceano<br />

Atlântico distribuído na zona temperada entre as latitudes de 30º S e 40º S,<br />

com reprodução nas ilhas Tristão da Cunha e Gough. Os registros da<br />

nidificação desta espécie em Fernando de Noronha citados por Sick (1997)<br />

ficam fora da área habitual da sua distribuição, e correspondem mais com uma<br />

possível ocorrência de Puffinus lherminieri que tem sua área de distribuição<br />

nos oceanos tropicais (Harrison, 1989).<br />

Fregata ariel e Fregata minor têm em Trindade e Martin Vaz seus únicos<br />

sítios de nidificação no Oceano Atlântico, e ocorrem ali como as subespécies<br />

endêmicas Fregata ariel trinitatis e Fregata minor nicolli. As espécies nominais<br />

F. a. ariel e F. m. minor são distribuídas nos Oceanos Índico e Pacífico. Na<br />

metade Sul do Oceano Atlântico, Fregata magnificens nidifica somente nas<br />

ilhas oceânicas e costeiras do Brasil. Fora destas ilhas, Sula leucogaster, Sula<br />

dactylatra e Sula sula contam com apenas um único sítio de nidificação,<br />

Phaeton lepturus e Gygis alba com dois sítios, e Phaeton aethereus, Sterna<br />

fuscata, Anous stolidus e Anous minutus com três sítios (Tabela 8). Para 13<br />

espécies de aves marinhas, os seis sítios oceânicos do Brasil constituem entre<br />

a metade e o total dos seus sítios de nidificação no Atlântico Sul. Estas cifras<br />

são evidência da elevada importância das ilhas oceânicas do Brasil para a<br />

biodiversidade do país e do Oceano Atlântico como um todo.<br />

Nidificação em ilhas costeiras<br />

Nidificação de 10 espécies de aves marinhas tem sido registrada em 26<br />

pequenas ilhas ou arquipélagos da Região Tropical Sul, na costa dos estados<br />

de Espírito Santo (3 sítios), Rio de Janeiro 6 (sítios, incluindo-se um<br />

137


arquipélago e as ilhas da Baía de Guanabara como dois sítios), São Paulo 10<br />

(sítios, incluindo um arquipélago), Paraná 3 (sítios) e Santa Catarina 5 (sítios).<br />

Para as espécies individuais, o número de ilhas ou arquipélagos onde cada<br />

uma nidifica é como segue: 1 para Puffinus lherminieri, Casmerodius albus,<br />

Haematopus palliatus e Sterna maxima, 2 para Nycticorax nycticorax, 8 para<br />

Larus dominicanus; 10 para Fregata magnificens e Sterna eurygnatha; 15 para<br />

Sula leucogaster e Sterna hirundinacea (Tabelas 7 e 9, Figs. 2, 5 a 12). Na<br />

listagem das ilhas costeiras do estado de São Paulo constam 149 ilhas, lajes e<br />

rochedos (Ângelo, 1989), mas não existe informação publicada sobre as aves<br />

que ali vivem. Tais listagens não existem para os outros quatro estados<br />

supracitados, mas é provável que também nestes casos, apenas uma pequena<br />

proporção do número total de ilhas tem sua avifauna citada na literatura. Por<br />

outro lado, o estudo faunístico das aves vem sendo desenvolvido no Brasil<br />

desde o século 16 (Oliveira Pinto, 1979), e já no ano de 1925, tinha sido<br />

registrado o total das 1680 espécies atualmente conhecidas no país<br />

(Teschauer, 1925; Sick, 1997). Conclui-se que importantes concentrações de<br />

aves em ilhas costeiras dificilmente tenham escapado à atenção dos<br />

ornitólogos, e que os 26 sítios supracitados constituem, senão a totalidade,<br />

então certamente a grande maioria dos ninhais insulares de aves marinhas na<br />

costa do Brasil.<br />

O Arquipélago de Itatiaia, na costa do estado de Espírito Santo, é o<br />

único sítio confirmado de nidificação de Puffinus lherminieri na metade sul do<br />

Oceano Atlântico. Sula leucogaster e Fregata magnificens alcançam nas ilhas<br />

costeiras do estado de Santa Catarina o limite sul da sua distribuição<br />

geográfica no Oceano Atlântico (Shuntov, 1972).<br />

Sterna hirundinacea, Sterna eurygnatha, Sterna maxima e Larus<br />

dominicanus nidificam em Uruguai e Argentina no período de primavera e<br />

verão austrais, ou seja, nos meses de setembro a janeiro (Escalante, 1968,<br />

1970a, 1970b, 1973a, 1973b, 1985). Pelo cronograma sazonal da abundância<br />

e das plumagens destas espécies na Região Subtropical do Brasil, onde elas<br />

não nidificam, conclui-se que nesta região as aves ocorrem como migrantes<br />

austrais (Vooren & Chiaradia, 1990). Por outro lado, nas ilhas costeiras da<br />

Região Tropical sul do Brasil, estas aves nidificam no outono e inverno austrais<br />

ou seja, nos meses de abril a agosto, e seu cronograma sazonal de plumagens<br />

corresponde com isto (Escalante, 1973a, 1973b; Maciel & Teixeira, 1984;<br />

Moure et al., 1985; Bege & Pauli, 1988; Escalante et al., 1988; Musso et al.,<br />

1997; Sick, 1997). As populações brasileiras destas espécies são, portanto,<br />

geneticamente isoladas das populações uruguaias e argentinas e são, por este<br />

motivo, elementos distintos e de especial interesse em termos de<br />

biodiversidade e conservação. Este é um dos motivos que justificam a<br />

preservação das ilhas costeiras da Região Tropical Sul do país. Fora da Região<br />

Tropical Sul existem poucas ilhas costeiras. Eudocimus ruber, Casmerodius<br />

albus, Egretta thula, Nycticorax nycticorax e Nyctanassa violacea nidificam na<br />

Ilha Canelas, na costa do Estado do Pará (Roma, 1996).<br />

Nidificação na costa continental e no interior<br />

Trinta e três espécies nidificam na costa continental (RCC) e/ou no interior<br />

(RIN) (Tabela 7). A nidificação esporádica de cinco destas espécies em ilhas<br />

costeiras, citada na Tabela 7, não é considerada na presente análise. Treze<br />

138


espécies nidificam somente na costa e 9 espécies nidificam tanto na costa<br />

como no interior. Do total das 22 espécies da costa, 14 têm o manguezal como<br />

habitat, e 7 nidificam nas praias oceânicas e estuarinas. Sobre a nidificação de<br />

Larus cirrocephalus existe somente evidência circunstancial, e o habitat de<br />

nidificação da espécie é desconhecido (Sick, 1997). Sete espécies ocorrem<br />

exclusivamente na costa de mangue: Nyctanassa violacea, Egretta caerulea,<br />

Eudocimus ruber, Phoenicopterus ruber, Buteogallus aequinoctialis, Aramides<br />

mangle e Ralllus longirostris. Seis espécies nidificam na praia: os quatro<br />

Charadrii Haematopus palliatus, Charadrius falklandicus, Charadrius colaris e<br />

Charadrius wilsonia, e as duas Sternidae Gelochelidon nilotica e Phaetusa<br />

simplex. Vinte espécies nidificam no interior, e 9 destas o fazem também na<br />

costa, a maioria destas (sete espécies) na costa de mangue.<br />

No Rio Grande do Sul, 7 espécies nidificam no interior e vivem nas<br />

praias costeiras durante seu período não-reprodutivo. Himantopus himantopus<br />

melanurus e Larus maculipennis nidificam em pântanos, e Sterna trudeaui,<br />

Sterna superciliaris e Rhynchops nigra intercedens nidificam em praias<br />

ribeirinhas e lacustres (Vooren & Chiaradia, 1990; Belton, 1994). Estas cinco<br />

espécies são migrantes de curta distância com variação sazonal da sua<br />

abundância na costa no sentido de valores máximos no outono e inverno, e<br />

valores mínimos na primavera, quando reproduzem no interior. Larus<br />

maculipennis, Sterna trudeaui e Sterna superciliaris associam-se na praia com<br />

os bandos dos migrantes austrais Larus dominicanus, Sterna eurygnatha,<br />

Sterna maxima e Sterna hirundinacea, repartindo com estas aves os recursos<br />

de alimento e de espaço durante o outono e inverno. Gelochelidon nilotica<br />

ocorre na costa em pequenos números de novembro à março (Belton, 1994).<br />

Em Uruguai, esta ave nidifica nas dunas frontais da costa marítima (Escalante,<br />

1970) e infere-se que isto acontece também no sul do Brasil, embora não há<br />

registros disto. No estado do Pará, esta espécie nidifica em praias estuarinas<br />

do Rio Amazonas (Sick, 1997). Phaetusa simplex nidifica em praias lacustres<br />

desde Amazônia até Rio Grande do Sul, onde nidificação foi também registrada<br />

no ambiente costeiro da Lagoa do Peixe (Lara Resende & Leeuwenberg,<br />

1987). No Rio Grande do Sul, Rhynchops nigra intercedens pousa em bandos<br />

em praias marítimas e estuarinas durante os meses de dezembro a setembro.<br />

Sítios fixos de pouso com constante presença de bandos da ordem de<br />

centenas de aves, foram localizados na Lagoa do Peixe e na desembocadura<br />

da Lagoa dos Patos (Vooren & Chiaradia, 1990; Belton, 1994; Vooren, 1997;<br />

Naves, 1999). Esta espécie nidifica em praias ribeirinhas e ilhas fluviais do<br />

interior desde Amazônia até Rio Grande do Sul (Sick, 1997; Naves, 1999).<br />

Himantopus himantopus melanurus ocorre no sul do país, onde nidifica em<br />

pântanos (Oliveira Pinto, 1964, 1978; Belton, 1994). A nidificação desta ave em<br />

costas de mangue citada por Sick (1997), possivelmente refere-se a<br />

Himantopus himantopus mexicanus, que segundo Oliveira Pinto (1964, 1978)<br />

ocorre nas Regiões Equatorial e Tropical Sul do Brasil.<br />

Para a maioria das espécies de aves costeiras que nidificam na costa<br />

continental e no interior do Brasil, a informação publicada sobre os locais de<br />

nidificação carece de detalhe e consiste de registros a nível de tipo de habitat e<br />

grandes áreas geográficas. Somente quatro espécies do total de 20 da<br />

categoria RCC tem distribuição geográfica restrita e bem definida, citada por<br />

Sick (1997). Charadrius falklandicus nidifica somente na Lagoa do Peixe.<br />

Eudocimus ruber é distribuído sobre a costa de mangue dos estados do<br />

139


Amapá, Pará e Maranhão, e desde o ano de 1982 existe uma pequena<br />

população nos manguezais de Cubatão, no estado de São Paulo (Olmos &<br />

Silva e Silva, 1998). Ninhais desta espécie existem na Ilha de <strong>Marajó</strong> (Sick,<br />

1997), na Ilha Canelas (Roma, 1996), na foz do Rio Gurupí no estado do Pará,<br />

e no trecho entre as cidades de Guimarães e Turiaçu no estado do Maranhão<br />

(Morrison et al., 1987) e na Ilha de Cajual, Baía de São Marcos (Ferraz &<br />

Bacon, 1987; Rodrigues et al., 1994; Hass, et al., 1999). Nidificação de<br />

Phoenicopterus ruber foi registrada somente na costa do estado de Amapá, e<br />

para Charadrius wilsonia e Haematopus palliatus são citadas indicações de sua<br />

reprodução no litoral dos estados de Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia<br />

(Lima et al., 1996; Sick, 1997). Para as espécies que nidificam no interior do<br />

país e que migram para a costa, tais como Rhynchpos nigra intercedens,<br />

Sterna trudeaui, Sterna superciliaris, Larus maculipennis e Himantopus<br />

himantopus melanurus, não se sabe de onde vêm os indivíduos que aparecem<br />

sazonalmente nas praias costeiras.<br />

Os migrantes costeiros: os Charadrii do norte<br />

Do total das 44 espécies das famílias Charadriidae e Scolopacidae que<br />

segundo Hayman et al. (1986) nidificam na América do Norte, 21 espécies, ou<br />

48% deste total, migram sazonalmente para a costa do Brasil (Tabela 10), e<br />

constituem ao mesmo tempo 19% do total das 111 espécies de aves marinhas<br />

e costeiras que ocorrem habitualmente no país. O ambiente costeiro do Brasil<br />

tem papel essencial para o aspecto aves da biodiversidade da América do<br />

Norte, e vice-versa. Das 21 espécies de Charadriidae e Scolopacidae<br />

envolvidas, 17 nidificam exclusivamente nas zonas boreal e ártica, e são<br />

conhecidas na literatura como "aves costeiras neárticas" ("nearctic shorebirds"),<br />

e somente Charadrius wilsonia, Tringa melanoleuca, Actitis macularia e<br />

Phalaropus tricolor nidificam na zona temperada. Sobre um trecho de 16 km da<br />

Praia do Cassino, no extremo sul do Brasil, aves costeiras neárticas,<br />

principalmente Calidris canutus, Calidris fuscicollis e Calidris alba contribuíram<br />

nos meses de fevereiro a abril dos anos de 1982 a 1986 mensalmente de 43 a<br />

66% ao número total de aves de todas as espécies na praia, e de 77 a 91% ao<br />

número total de indivíduos de todas as espécies de Charadrii (Fig. 2 em Vooren<br />

& Chiaradia, 1990). Regionalmente e sazonalmente, Charadriidae e<br />

Scolopacidae que nidificam na América do Norte constituem a grande maioria<br />

das aves presentes na zona litoral da costa do Brasil, em termos de número de<br />

indivíduos.<br />

Informação detalhada sobre números e distribuição espacial das aves<br />

costeiras neárticas na América do Sul como um todo, foi coletada mediante<br />

censo aéreo de toda a costa do continente nos meses de janeiro e fevereiro<br />

dos anos de 1982 a 1986 por Morrison et al. (1989). O número de aves<br />

presentes na costa do Brasil foi de 398 212 indivíduos, perfazendo 14% do<br />

número total de aves encontradas na costa do continente como um todo. A<br />

área mais importante do Brasil foi a costa equatorial entre as latitudes de 00º e<br />

03º S, dos estados de Pará e Maranhão, entre a Baía de <strong>Marajó</strong> e a Baía de<br />

São Marcos. Neste trecho de costa, denominada como Região-Norte-Central,<br />

ocorreram 326 891 aves (Tabela 11). Esta cifra constituiu 82% da abundância<br />

numérica das aves neárticas da costa do Brasil, e 11% das aves neárticas da<br />

costa da América do Sul, nos meses de janeiro e fevereiro. As espécies<br />

140


principais da Região-Norte-Central foram Calidris pusilla e Calidris minutilla,<br />

que constituíram a grande maioria das 192 204 "aves pequenas nãoidentificadas"<br />

que em conjunto constituíram 9% do total desta categoria na<br />

América do Sul. Para quatro espécies, os números presentes na Região-Norte-<br />

Central constituíram proporções do total da América do Sul como segue:<br />

Arenaria interpres 76%, Pluvialis squatarola 54%, Numenius phaeopus<br />

hudsonicus 44%, Catoptrophorus semipalmatus 49%. Estes resultados são<br />

evidência de que a costa equatorial do Brasil é uma das principais áreas de<br />

invernada das aves costeiras neárticas. Os maiores números ocorrem no<br />

trecho de aproximadamente 500 km de costa do estado de Maranhão entre as<br />

cidades de Viseu, na foz do Rio Gurupí, e a cidade de Guimarães, na Baía do<br />

Cuma. Esta área é conhecida pelo nome de Reentrâncias Maranhenses.<br />

A costa do Rio Grande do Sul é uma praia arenosa que estende-se<br />

sobre 640 km entre as latitudes de 29º 18' S e 33º 48' S, no extremo sul do<br />

Brasil. Nesta costa, a maré lunar tem amplitude em torno de 50 cm apenas, e<br />

pequenas moluscos bivalves, crustáceos e poliquetas ocorrem com alta<br />

densidade na zona de varrido (Gianuca, 1983). Morrison et al. (1989), nos<br />

censos aéreos supracitados no mês de janeiro do ano de 1982, constataram<br />

que esta região foi a segunda mais importante da costa do Brasil, com o total<br />

de 25 847 aves. Calidris fuscicollis, Calidris alba e Pluvialis dominica foram as<br />

principais espécies identificadas (Tabela 11). No mês de janeiro, Calidris<br />

canutus não foi encontrado nesta região, mas ocorreu em número de cerca de<br />

150 000 na costa da Patagônia (Harrington, 1982). Trata-se da subespécie<br />

Calidris canutus rufa que nidifica na zona de tundra do Ártico da América do<br />

Norte. Harrington, Antas & Silva (1986), em censos aéreos e terrestres em abril<br />

de 1984, encontraram grandes números desta espécie na praia de Lagoa do<br />

Peixe (31º 21' S), por exemplo 11 000 exemplares no dia 29 de abril. Vooren &<br />

Chiaradia (1990) contaram 8900 indivíduos da espécie no trecho de 16 km de<br />

praia ao sul do Balneário do Cassino (32º 30' S) no dia 17 de abril de 1983. Em<br />

ambas estas praias, as aves realizaram no mês de abril a muda pré-nupcial e<br />

logo em seguida aumentaram seu peso corporal médio de 120 g para 200 g<br />

pela deposição de gordura subcutânea. As aves desapareceram no início de<br />

maio. Harrington (1982) cita que Calidris canutus aparece na costa sudeste dos<br />

Estados Unidos em meados de maio. Pelo conjunto destes resultados, concluise<br />

que para Calidris canutus rufa, a costa do Rio Grande do Sul é uma das<br />

"áreas de condicionamento" ("staging areas" na literatura internacional) da rota<br />

migratória na direção norte entre a região de invernagem na Patagônia, e os<br />

locais de nidificação no Ártico do Canadá. Isto quer dizer que na costa do Rio<br />

Grande do Sul existem condições ecológicas adequadas para que a ave em<br />

aproximadamente um mês realize a muda pré-nupcial e acumule reservas<br />

energéticas suficientes para o vôo migratório sem escalas até a próxima área<br />

de condicionamento na costa sudeste dos Estados Unidos. Para outras<br />

espécies, tais como, Calidris fuscicollis e Calidris alba, esta costa tem a mesma<br />

importância estratégica na migração de retorno ao Ártico (Harrington et al.,<br />

1986, 1991).<br />

Os migrantes costeiros: os Charadrii do Sul<br />

Três espécies de Charadriidae nidificam na Patagônia. Oreopholus<br />

(Eudromias) rufficollis nidifica no interior. Esta espécie ocorre no inverno no<br />

141


interior do Rio Grande do Sul (Belton, 1994) e não é considerada como ave do<br />

ambiente costeiro. Charadrius falklandicus nidifica nas Ilhas Malvinas e na<br />

costa sul da Patagônia. A população das Malvinas é sedentária, mas aves da<br />

Patagônia invernam nas costas do Uruguai e do sul do Brasil (Hayman et al.,<br />

1986). No Rio Grande do Sul a espécie ocorre na praia oceânica de março a<br />

agosto. As aves são solitárias e distribuem-se como indivíduos separados ao<br />

longo da margem superior da zona de varrido em baixa densidade, com média<br />

de uma ave por 1,7 km de praia e máximo de sete aves por km. As aves<br />

realizam em agosto a muda pré-nupcial na área (Vooren & Chiaradia, 1990).<br />

Zonibyx modestus nidifica no interior do sul da Patagônia, ocorre na costa do<br />

Rio Grande do Sul de março a agosto, nas margens de lagunas costeiras e em<br />

pântanos salgados, e faz a muda pré-nupcial em julho. As aves desta espécie<br />

são também solitárias e ocorrem em pequenos números, mas não existem<br />

cifras a respeito (Vooren & Chiaradia, 1990; Belton, 1994). As baixas<br />

densidades populacionais de Charadrius falklandicus e Zonibyx modestus nas<br />

suas regiões de invernada são indício de que as populações mundiais destas<br />

espécies são pequenas, da ordem de poucos milhares de indivíduos. As aves<br />

não se concentram em locais distintos de invernada e de condicionamento, e<br />

ocorrem esparsamente distribuídas sobre toda sua região de invernada. Este<br />

padrão de distribuição espacial é interpretado como indício de baixa densidade<br />

de alimento durante o inverno na costa como um todo. Para a conservação<br />

destas duas espécies, trechos da costa do Rio Grande do Sul com extensão da<br />

ordem de centenas de quilômetros devem ser preservadas.<br />

Os migrantes costeiros: os Lari do norte<br />

Sete espécies da subordem Lari ocorrem como migrantes sazonais<br />

provenientes do hemisfério norte. Stercorarius parasiticus, S. longicaudus e S.<br />

pomarinus nidificam na tundra do Ártico com distribuição circumpolar, e<br />

invernam no hemisfério sul, onde vivem nas praias ou como aves pelágicas em<br />

águas costeiras. As três espécies tem sido registradas ao longo da costa do<br />

Brasil, e os registros incluem indivíduos de S. parasiticus anilhados como<br />

ninhegos na Europa. A região de invernada estende-se até o sul da Argentina<br />

(Cooke & Mills, 1972). No Brasil, S. pomarinus foi avistado na costa do Pará<br />

(Sick, 1997) e no mar ao largo do Rio Grande do Sul (Vooren, registros<br />

fotográficos em dezembro de 1995, não publicados). Stercorarius parasiticus<br />

ocorre habitualmente na Baía de Guanabara e, junto com S. longicaudus, na<br />

costa do Rio Grande do Sul (Sick, 1997; Vooren & Chiaradia, 1989, 1990).<br />

Nesta última região as aves vivem no mar, mas indivíduos solitários<br />

permanecem ocasionalmente na praia, praticando o cleptoparasitismo sobre<br />

bandos de trinta-réis ali pousados. Sterna hirundo nidifica em regiões<br />

temperadas do hemisfério norte. A sub-espécie S. hirundo hirundo nidifica na<br />

América do Norte, na Europa e no Oriente Médio. A população norte-americana<br />

faz invernagem na costa da América do Sul até Peru e a Província de Buenos<br />

Aires (Lara Resende & Leeuwenberg, 1987; Harrison, 1989). No Brasil,<br />

grandes números ocorrem na Região Sul, onde as aves pousam na praia<br />

oceânica e em praias nas desembocaduras de lagunas costeiras. As aves<br />

vivem em bandos, pescam no mar, e pousam na praia, onde elas cuidam da<br />

plumagem, descansam, e dormem durante a noite. Para estas funções vitais,<br />

as aves precisam de sítios em lugares fixos e conhecidos, para onde elas<br />

142


podem retornar sempre após suas saídas para o mar, e reunir-se com seu<br />

bando. Sterna dougalli nidifica na zona temperada do Velho Mundo e da<br />

América do Norte. Sterna antillarum (considerada por alguns autores como<br />

sub-espécie de S. albifrons) e Larus atricilla nidificam na costa atlântica dos<br />

Estados Unidos e nas costas do Golfo do México e dos Mar do Caribe<br />

(Harrison, 1989). No Brasil, estas três espécies ocorrem como migrantes<br />

sazonais na Região Equatorial, e esporadicamente ao sul desta. Não há<br />

informação na literatura sobre a abundância numérica e os sítios de pouso<br />

destas aves.<br />

Os migrantes costeiros: os Lari do sul<br />

Seis espécies da Subordem Lari ocorrem no Brasil como migrantes sazonais<br />

provenientes de regiões ao sul do país. Este número inclui a categoria<br />

Catharacta sp., que é referência à ocorrência de C. antarctica e/ou C.<br />

maccormicki. Estas duas espécies nidificam na costa antártica e em ilhas<br />

subantárticas, e aves ali anilhadas foram encontradas no Brasil mas não<br />

identificadas a nível de espécies. Catharacta chilensis nidifica na costa sul de<br />

Argentina e Chile. Um exemplar desta espécie coletado na costa do Rio<br />

Grande do Sul existe na coleção de aves da Fundação Universidade do Rio<br />

Grande (Vooren, não publicado). Aves do gênero Catharacta ocorrem<br />

regularmente durante o inverno como indivíduos solitários no mar ao largo do<br />

sul do país e na Baía de Guanabara. Pela sazonalidade desta ocorrência<br />

infere-se que estas aves são das espécies austrais de Catharacta, as quais são<br />

por este motivo classificadas como migrantes de inverno no Brasil (Belton,<br />

1994; Sick, 1997). As aves são pelágicas, mas aparecem esporadicamente na<br />

praia desde a região sul do país até o estado do Pará (Oliveira Pinto, 1964;<br />

Sick, 1997). Larus dominicanus, Sterna hirundinacea, S. eurygnatha e S.<br />

maxima reproduzem no inverno em ilhas costeiras da Região Tropical Sul do<br />

Brasil, e populações austrais destas espécies nidificam na primavera nas<br />

costas do Uruguai e Argentina (Escalante, 1970a, 1970b, 1973). Aves destas<br />

populações ocorrem como migrantes de inverno nas Regiões Subtropical e<br />

Tropical Sul do Brasil. As aves pousam nas praias oceânicas em bandos<br />

multiespecíficos que também incluem três espécies que nidificam no interior do<br />

Brasil, a saber, Larus maculipennis, Sterna trudeaui e Sterna superciliaris<br />

(Escalante, 1968, 1970a; Vooren & Chiaradia, 1990; Rosário, 1996; Novelli,<br />

1997; Sick, 1997).<br />

Os migrantes pelágicos do norte<br />

Do total das 111 espécies de aves marinhas e costeiras que ocorrem<br />

habitualmente no país, 24 são encontradas somente no habitat aquático das<br />

águas costeiras e oceânicas, e são classificadas como aves "pelágicas" que<br />

ocorrem como migrantes sazonais e que não nidificam no país. A categoria é<br />

constituída por 4 albatrozes, 19 petréis e um pingüim. Quatro petréis nidificam<br />

no Hemisfério Norte, e as outras 20 espécies são migrantes austrais. Os<br />

migrantes do norte são Puffinus puffinus, Calonectris diomedea borealis,<br />

Calonectris diomedea edwardsii e Oceanodroma leucorhoa. Estas aves<br />

nidificam em ilhas da zona temperada entre as Ilhas de Cabo Verde a Islândia.<br />

Puffinus puffinus faz invernagem ao largo da Argentina e na sua migração para<br />

143


esta região, as aves passam pelas águas costeiras do sul do Brasil nos meses<br />

de setembro a novembro. Indivíduos mortos são encontrados frequentemente<br />

na praia durante estes meses (Jehl, 1974; Vooren & Fernandes, 1989). Inferese<br />

que isto é sintoma de mortalidade natural que ocorre durante a migração.<br />

Calonectris diomedea borealis nidifica nas Ilhas Selvagens, nos Açores, nas<br />

Ilhas Canárias e Arquipélago da Madeira. A região de invernagem desta ave<br />

estende-se desde o sudeste do Brasil até o norte da Patagônia (Jehl, 1974;<br />

Harrison, 1989; Vooren & Fernandes, 1989). No Brasil, a espécie ocorre nas<br />

águas oceânicas fora da plataforma continental. Aves anilhadas nas Ilhas<br />

Selvagens foram registradas no Brasil (Sick, 1997). Calonectris diomedea<br />

edwardsii, nidifica no Arquipélago de Cabo Verde (Harrison, 1989). No Brasil,<br />

esta ave tem sido registrada nas costas dos estados de Bahia, São Paulo e Rio<br />

Grande do Sul (Lima et al., 1997a; Olmos & Martuscelli, com. pess.; Petry,<br />

Bugoni & Fonseca, com. pess.). Oceanodroma leucorhoa leucorhoa nidifica no<br />

norte do Oceano Atlântico e inverna no Golfo de Guiné e ao largo de Brasil,<br />

Namíbia e África do Sul (Harrison, 1989). No Brasil, a espécie ocorre nas<br />

Regiões Equatorial e Tropical Sul, entre Amapá e Rio de Janeiro (Sick, 1997).<br />

Os migrantes pelágicos do sul: albatrozes e petréis<br />

Com base nos mapas de distribuição das aves marinhas em Harrison (1989),<br />

foi elaborada a Tabela 12. Os locais de nidificação das Procellariiformes no sul<br />

do Oceano Atlântico são agrupados em quatro regiões. A costa sul da<br />

Patagônia e as Ilhas Malvinas são relativamente próximas uma às outras, são<br />

semelhantes na sua ornitofauna marinha, e são por estes motivos agrupadas<br />

em uma região. O mesmo argumento justifica agrupar as ilhas de Geórgia,<br />

Sandwich e Orcadas do Sul em uma região, e as ilhas de Tristão da Cunha e<br />

Gough em outra região. A quarta região é a Península Antártica e as costas<br />

continentais e ilhas adjacentes. Trinta-e-três espécies de Procellariiformes<br />

nidificam nas quatro regiões em conjunto, e deste total de espécies, 18 (ou<br />

55%) ocorrem regularmente nas águas costeiras e oceânicas do Brasil. Para<br />

cada uma das quatro regiões em separado, o número de espécies que ocorre<br />

habitualmente no Brasil é como segue: Costa Sul da Patagônia e Malvinas, 7<br />

do total de 12; Península Antártica e adjacências, 6 do total de 7; Geórgia,<br />

Sandwich e Orcadas do Sul, 10 do total de 16; Tristão da Cunha e Gough, 8 do<br />

total de 14. As águas brasileiras são uma parte importante do espaço de vida<br />

da maioria dos albatrozes e petréis que nidificam nas ilhas subantárticas e na<br />

costa antártica, no Sul do Oceano Atlântico. Ao mesmo tempo, as 18 espécies<br />

de albatrozes e petréis destas regiões que ocorrem habitualmente no Brasil,<br />

constituem 29% do total das 62 espécies de aves que frequentam as águas<br />

costeiras e/ou oceânicas do país como um todo (habitat AO na Tabela 13).<br />

Aves subantárticas e antárticas constituem um elemento importante na<br />

biodiversidade do ambiente costeiro do Brasil. Da categoria das<br />

Procellariiformes com status MS, o número de espécies dentro do total das<br />

aves do ambiente marítimo varia regionalmente como segue: Região<br />

Subtropical, 16 em 39, ou 41%; Região Tropical Sul, 17 em 57, ou 30%; Região<br />

Equatorial, 4 em 28, ou 14%. (ver categorias S, T e E na Tabela 12, e coluna<br />

AO na Tabela 13).<br />

144


Albatrozes e petréis do sul: os migrantes de inverno<br />

A contribuição das Procellariiformes austrais à biodiversidade das águas<br />

costeiras e oceânicas diminui de sul para norte: das 18 espécies que nidificam<br />

no Atlântico Sul, apenas 4 alcançam a Região Equatorial, 2 destas<br />

esporadicamente (Tabelas 5 e 12). Do total das 19 Procellariiformes austrais<br />

com status MS, que inclui Diomedea epomophora que nidifica no Oceano<br />

Pacífico, 9 espécies ocorrem no Brasil principalmente ou exclusivamente<br />

durante o inverno nas águas da plataforma continental: Diomedea melanophris,<br />

Procellaria aequinoctialis, Pachyptila desolata, Pachyptila belcheri,<br />

Macronectes giganteus, Macronectes halli, Fulmarus glacialoides e Daption<br />

capense. Todas estas espécies nidificam em, no mínimo, uma das três regiões<br />

mais austrais ou seja, SPM, PA e/ou GSO (Tabela 12). Para estas aves, a<br />

plataforma continental brasileira entre Cabo Frio e Chuí tem a função de área<br />

de invernagem (Tabela 5). A população mundial de D. melanophris está<br />

atualmente em torno de 3 000 000 indivíduos, e 682 000 casais nidificam<br />

anualmente. Da população mundial desta espécie, 80% nidifica nas Ilhas<br />

Malvinas, e 14% nidifica no Arquipélago de Geórgia do Sul. Fora do período<br />

reprodutivo, as aves de Geórgia do Sul ocorrem ao largo da África do Sul,<br />

enquanto as aves das Malvinas invernam na plataforma continental da América<br />

do Sul desde o sul da Argentina até as águas sul-brasileiras, onde a espécie é<br />

o albatroz mais abundante durante o inverno (Vooren & Fernandes, 1989;<br />

Gales, 1998; Prince et al., 1998).<br />

Fregetta tropica e Fregetta grallaria nidificam no verão, nas regiões PA,<br />

GSO e TCG, e invernam nas latitudes tropicais do hemisfério sul (Harrison,<br />

1989). No Brasil, estas duas espécies foram registradas entre Rio de Janeiro e<br />

os Penedos de São Pedro e São Paulo (Sick, 1997; Brusque, com. pess.), mas<br />

os dados são escassos e não permitem a descrição da distribuição espacial e<br />

temporal destas aves. Oceanites oceanicus e Puffinus griseus nidificam no sul<br />

do Oceano Atlântico e, segundo Harrison (1989), invernam no hemisfério norte.<br />

As águas brasileiras fazem parte da rota migratória e/ou da área de<br />

invernagem destas espécies (Tabela 5). Diomedea epomophora nidifica na<br />

região da Nova Zelândia e realiza migração circumpolar cuja rota inclui a costa<br />

atlântica da América do Sul até a latitude de 23º S na costa do Brasil (Harrison,<br />

1989). Há vários registros da espécie durante o inverno nas costas dos estados<br />

de São Paulo até Rio Grande do Sul (Vooren & Fernandes, 1989; Sick, 1997).<br />

Um exemplar foi capturado pelo espinhel de atum em agosto de 1999 no Rio<br />

Grande do Sul (Vooren, não publicado). No mar, a espécie é difícil de distinguir<br />

de Diomedea exulans. Diomedea epomophora é provavelmente mais comum<br />

na costa sudeste e sul do Brasil do que parece ser pelos poucos registros de<br />

ocorrência, e Harrison (1989) afirma que esta espécie "é possivelmente a mais<br />

comum dos albatrozes com o dorso branco" nas costas da América do Sul. Por<br />

este motivo, a espécie é classificada como migrante do sul com ocorrência<br />

habitual no Brasil<br />

Albatrozes e petréis do sul: a fauna de Tristão da Cunha e Gough<br />

Quatro espécies nidificam em Tristão da Cunha e Gough durante o verão e<br />

ocorrem durante este período em grandes números no sul do Brasil, Diomedea<br />

chlororhynchos e Puffinus gravis na plataforma continental, e Pterodroma<br />

145


incerta e Procellaria conspicillata nas águas oceânicas fora da plataforma<br />

(Vooren & Fernandes, 1989; Vaske, 1991; Neves & Olmos, 1998). A distância<br />

entre Tristão da Cunha e a costa brasileira é de 3500 km aproximadamente.<br />

Albatrozes buscam habitualmente o alimento para o ninhego a grandes<br />

distâncias do ninho, da ordem de milhares de quilômetros (Prince et al., 1998).<br />

Isto justifica a hipótese de que as aves de Tristão da Cunha e Gough que<br />

ocorrem no Brasil durante o verão são reprodutoras. É também possível que se<br />

trata da presença de aves juvenis e/ou de aves adultas em repouso sexual.<br />

Durante o inverno, Diomedea chlororhynchos, Pterodroma incerta e Procellaria<br />

conspicillata pemanecem abundantes, enquanto Puffinus gravis torna-se<br />

escasso, e aparece Pterodroma mollis que também é oriunda de Tristão da<br />

Cunha e Gough (Vooren & Fernandes, 1989; Neves, 1999a). Schiavini et al.<br />

(1998) não menciona D. chlororhynchos para a Argentina, e esta espécie é<br />

pouco abundante ao largo de Uruguai (Stagi et al., 1998). Não há registros de<br />

Procellaria conspicillata em Uruguai e Argentina. Diomedea chlororhynchos<br />

nidifica somente nas ilhas de Tristão da Cunha e Gough, com uma população<br />

de 36 800 casais (Gales, 1998). Procellaria conspicillata é restrita a uma única<br />

ilha do Arquipélago de Tristão da Cunha, com uma população reprodutora em<br />

torno de apenas 1000 casais (Ryan, 1998). As águas brasileiras entre Chuí e<br />

Cabo Frio são de especial importância para as aves de Tristão da Cunha e<br />

Gough, particularmente para Procellaria conspicillata.<br />

O caso de Diomedea exulans<br />

Duas subespécies de Diomedea exulans nidificam no Oceano Atlântico. De<br />

Diomedea exulans dabbenena, a cada ano nidificam 1000 casais em Tristão da<br />

Cunha e Gough. Não há informações sobre o âmbito destas aves no oceano.<br />

Da subespécie Diomedea exulans exulans, a cada ano nidificam 8500 casais<br />

no mundo todo, e 2178 casais, ou 26 % do total mundial, nidificam em Geórgia<br />

do Sul (Gales, 1998). Durante o inverno, as aves reprodutoras de Geórgia do<br />

Sul buscam o alimento para o ninhego sobre toda a porção Sudoeste do<br />

Oceano Atlântico entre as latitudes de 55º S (extremo sul da Argentina) e 33º S<br />

(latitude da cidade de Porto Alegre, sul do Brasil). As fêmeas reprodutoras<br />

concentram seu esforço alimentar nas águas do talude continental do Uruguai<br />

e Rio Grande do Sul (Prince et al., 1998). Nestas mesmas águas ocorre no<br />

inverno o pico sazonal da abundância de Illex argentinus (Haimovici, 1998). Os<br />

albatrozes alimentam-se de calamares, e incluem Illex argentinus na sua dieta<br />

(Marchant & Higgins, 1990; Cherel & Klages, 1998). Em Uruguai e no sul do<br />

Brasil, D. exulans ocorre com maior frequência no inverno (Vooren &<br />

Fernandes, 1989; Stagi et al., 1998) e isto coincide com a atividade trófica<br />

supracitada das fêmeas reprodutoras nestas áreas. Durante o inverno, as<br />

águas sul-brasileiras são importante área alimentar para a população de<br />

Diomedea exulans exulans que nidifica em Geórgia do Sul.<br />

Os migrantes pelágicos do sul: Spheniscus magellanicus<br />

O pingüim-de-magalhães Spheniscus magellanicus nidifica nos meses de<br />

setembro a abril ao longo da costa do Cone Sul, com o limite norte em 37º S<br />

(norte de Chile) na costa Pacífica e em 43º S (Península de Valdéz) na costa<br />

146


Atlântica, e ainda nas Ilhas Malvinas. Durante o inverno, a espécie é abundante<br />

na plataforma continental do sul do Brasil e do Uruguai, e grande número de<br />

aves mortas ou moribundas aparecem nas praias. Esta mortalidade de inverno<br />

era já no ano de 1927 conhecida como fenômeno habitual, quando ainda não<br />

existia a poluição das águas costeiras por óleo e plásticos. A maioria das aves<br />

nas praias são juvenis, mas adultos ocorrem também em pequeno número. A<br />

composição dos bandos de aves sadias no mar, em termos das proporções de<br />

juvenis e adultos, não é conhecida. Aves anilhadas na Península de Valdéz<br />

foram recuperadas no Brasil (Escalante, 1970; Harrison, 1989; Azevedo, 1993;<br />

Vooren & Ilha, 1995; Sick, 1997). Conclui-se que as águas da plataforma do sul<br />

do Brasil, ao largo de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, são parte da área<br />

de invernada dos juvenis de Spheniscus magellanicus da população da<br />

Península de Valdéz, e possivelmente também para aves adultas. Isto pode<br />

estar relacionado com a elevada abundância do pequeno peixe pelágico<br />

Engraulis anchoita na referida área durante o inverno (Castello, 1998). Aves<br />

solitárias avançam para o norte e alcançam as águas tropicais do Nordeste do<br />

Brasil em pequeno número (Sick, 1997). As aves mortas nas praias do sul são<br />

sintoma da mortalidade natural normal das aves juvenis durante o inverno, mas<br />

há indícios de que em anos recentes a poluição por óleo vem causando<br />

mortalidade adicional.<br />

CAPÍTULO 4<br />

A Variação da Biodiversidade no Espaço<br />

Os tipos de habitat<br />

Sete diferentes tipos de habitat são reconhecidos no presente estudo, (Tabela<br />

4). A maioria das espécies de aves ocorrem em mais de um destes tipos de<br />

habitat. Para cada habitat, o "número de espécies" é a cifra de biodiversidade<br />

contribuída pela categoria de aves considerada. Cada um dos cinco grandes<br />

grupos taxonômicos de aves contribui desta mesma maneira à biodiversidade<br />

dos sete tipos de habitat. As Tabelas 13 e 14, e o texto que segue abaixo,<br />

devem ser interpretados desta maneira, no sentido de que "número de<br />

espécies" no habitat significa "pontos de biodiversidade" contribuídos ao habitat<br />

pelo conjunto de espécies taxonômicas. Do total das 111 espécies que ocorrem<br />

habitualmente no país, 62 espécies (56% do total) utilizam o habitat das águas<br />

costeiras e oceânicas (AO), e 52 espécies (47%) utilizam a praia oceânica<br />

(PO). Quarenta e quatro espécies (40%) ocorrem em ilhas costeiras e/ou<br />

oceânicas (IO e IC), 35 espécies (32%) ocorrem em praias estuarinas (PE), e<br />

28 espécies (25%) ocorrem na costa de mangue (MA) (Tabela 13). Estas cifras<br />

quantificam a importância das aves na biodiversidade destes habitats e, ao<br />

mesmo tempo, a importância de cada um destes habitats para a existência de<br />

aves como elemento da biodiversidade do país.<br />

Grupos taxonômicos e habitats<br />

As aves Procellariiformes ocorrem somente nas águas oceânicas, e contribuem<br />

com 44% à biodiversidade de aves neste tipo de habitat. Os maçaricos,<br />

147


atuíras e afins, da Subordem Charadrii, ocorrem principalmente nas praias<br />

oceânicas e/ou estuarinas, e contribuem com 44% à biodiversidade de aves<br />

destes habitats. Da categoria "outras aves", 70% ocorre no manguezal e<br />

constitui ali 57% do número de espécies de aves (Tabela 13). Todas as<br />

espécies de Lari e de Pelecaniformes alimentam-se nas águas. Nas praias<br />

continentais e/ou nas ilhas, estas aves pousam para descanso e nidificam.<br />

Para estes dois grupos, a contribuição absoluta (em número de espécies do<br />

grupo) e a contribuição relativa (em % do número total de espécies de aves), é<br />

como segue: Lari, 29 espécies (40%) nas águas oceânicas e estuarinas, 26<br />

espécies (30%) nas praias oceânicas e estuarinas, e 9 espécies (24%) nas<br />

ilhas oceânicas e costeiras; Pelecaniformes, 11 espécies (15%) nas águas, 2<br />

espécies (2%) nas praias, e 11 espécies (30%) nas ilhas (Tabela 13). Estas<br />

cifras quantificam a importância dos diferentes grupos taxonômicos de aves na<br />

biodiversidade destes habitats e, ao mesmo tempo, a importância de cada um<br />

destes habitats para a existência destas aves no país como um todo. As<br />

relações entre os grandes grupos taxonômicos de aves, e os tipos de habitats,<br />

no país como um todo, são basicamente como segue (Tabelas 5 e 13):<br />

águas oceânicas e estuarinas: Procellariiformes, Lari, Pelecaniformes (67<br />

espécies do total de 73);<br />

praias oceânicas e estuarinas: Lari, Charadrii (64 espécies do total de 86);<br />

ilhas costeiras e oceânicas: Lari, Pelecaniformes (20 espécies do total de 37);<br />

manguezal: principalmente Ciconiiformes, Phoenicopteriformes, Gruiformes,<br />

Falconiformes, Charadrii e Sternidae (26 espécies do total de 28).<br />

A nível das três grandes regiões biogeográficas e climáticas, os padrões<br />

são semelhantes a este (Tabela 13). A biodiversidade das águas estuarinas é<br />

baixa, de apenas 8 a 11 espécies, mas Rhynchops nigra e Phalacrocorax<br />

olivaceus alimentam-se principalmente neste habitat. A biodiversidade de 44<br />

espécies das ilhas costeiras e oceânicas inclui 20 espécies que nidificam<br />

somente nestes habitats. Estes são dois exemplos de como um determinado<br />

tipo de habitat pode ser de importância crucial para a existência de certas<br />

espécies.<br />

Interrelações entre tipos de habitat, e entre regiões geográficas<br />

Muitas espécies dependem tanto de habitats aquáticos como de habitats<br />

emersos. As condições ambientais das águas costeiras, onde Rhynchops nigra<br />

e espécies de Larus e Sterna encontram seu alimento, determinam a<br />

biodiversidade das praias onde estas aves pousam. Na Região Equatorial, as<br />

11 espécies que nidificam exclusivamente nas ilhas oceânicas, contribuem com<br />

39% da biodiversidade das águas oceânicas, onde estas aves encontram seu<br />

alimento (Tabela 14). A biodiversidade de cada tipo de habitat depende, na<br />

maioria dos casos, não somente das condições ambientais daquele habitat,<br />

mas também da situação em outros habitats. Para a manutenção da<br />

biodiversidade das aves do ambiente costeiro como um todo, todos os tipos de<br />

habitat devem ser preservados simultaneamente em todas as regiões do país,<br />

e de acordo com o papel de cada tipo de habitat na existência das diferentes<br />

espécies de aves. Larus maculipennis, Rhynchops nigra e Himantopus<br />

himantopus melanurus são exemplos de aves que reproduzem no interior do<br />

país e deslocam-se para a costa no período não-reprodutivo. A biodiversidade<br />

dos habitats costeiros destas aves, e dos habitats onde tais aves nidificam, são<br />

148


interdependentes. O manejo ambiental de banhados e de praias ribeirinhas no<br />

interior do país poderá afetar a biodiversidade do ambiente costeiro, e vice<br />

versa. Calidris canutus nidifica na tundra do Ártico da América do Norte, e<br />

Charadrius falklandicus reproduz na costa da Patagônia. Ambas estas espécies<br />

contribuem à biodiversidade de praias do Brasil que são sua áreas de<br />

invernagem ou suas áreas de condicionamento na rota migratória. Duas<br />

subespécies de Calonectris diomedea nidificam em ilhas no norte do Oceano<br />

Atlântico, e Procellaria conspicillata reproduz nas Ilhas de Tristão da Cunha.<br />

Estas três aves ocorrem, sazonalmente ou durante o ano todo, em águas<br />

oceânicas do Brasil. Do total das 111 espécies de aves que ocorrem<br />

habitualmente na costa do Brasil, 66 espécies, ou 59% do total, são aves<br />

migratórias que utilizam um ou mais dos sete tipos de habitats do ambiente<br />

costeiro do país. A biodiversidade destes habitats depende da preservação dos<br />

habitats de nidificação nas terras de origem destas aves migratórias. Por<br />

exemplo, decisões ambientais tomadas na tundra do Ártico ou nas Ilhas de<br />

Tristão da Cunha poderão afetar a biodiversidade da costa do Brasil, e<br />

decisões ambientais tomadas nesta costa poderão repercutir na biodiversidade<br />

da costa da Patagônia e das Ilhas de Cabo Verde. Para a manutenção da<br />

biodiversidade do ambiente costeiro do Brasil, a preservação dos habitats de<br />

nidificação e de invernagem das aves migratórias deve ser coordenada a nível<br />

nacional e internacional.<br />

Variação regional da biodiversidade<br />

Do total das 111 espécies com ocorrência habitual no país, 104 espécies (94%<br />

do total) ocorrem na Região Tropical Sul. Nas Regiões Subtropical e Equatorial<br />

a biodiversidade é menor, a saber, 72 (65%) e 66 (59%) espécies<br />

respectivamente (Tabelas 6 e 14).<br />

Na Região Subtropical, apenas 18 espécies nidificam. As aves<br />

migratórias predominam, com 54 espécies (75% do total regional) nas<br />

categorias MS e MN em conjunto. Os Charadrii MN e os Procellariiformes MS<br />

contribuem com 36 espécies, ou 50% da biodiversidade da região (Tabela 6).<br />

Na Região Equatorial, 38 espécies nidificam e 29 espécies são<br />

migrantes sazonais. Na Região Tropical Sul, 48 espécies nidificam e 59<br />

espécies ocorrem como migrantes sazonais. Charadrii do hemisfério norte<br />

contribuem com 17 espécies na Região Equatorial, e com 20 espécies na<br />

Região Tropical Sul, onde ocorrem também 19 espécies de Procellariiformes<br />

do hemisfério sul (Tabelas 6 e 14). Em resumo, o quadro dos componentes<br />

principais da biodiversidade regional, em número de espécies, é como segue:<br />

Subtropical Tropical Sul Equatorial<br />

Procellariiformes MS 17 19 2<br />

Charadrii MN 19 20 17<br />

Lari R 6 15 9<br />

Pelecaniformes R 1 8 7<br />

Outros R 7 17 17<br />

Do total das 111 espécies com ocorrência habitual no país, 13 espécies<br />

têm sua distribuição restrita a somente uma das três regiões. Trinta e sete<br />

espécies são distribuídas ao largo de toda a costa do país, e 61 espécies<br />

ocorrem em duas das três regiões (Tabela 16). Aproximadamente a metade<br />

149


das espécies cuja distribuição abrange toda a costa do país são Charadriidae e<br />

Scolopacidae, migrantes sazonais da América do Norte. A maioria das<br />

Procellariiformes austrais têm no Cabo Frio o limite norte da sua distribuição<br />

habitual. O Cabo de Santa Marta Grande é o limite sul da distribuição dos<br />

gêneros Sula e Fregata. Sterna fuscata, Gygis alba e as duas espécies de<br />

Anous tem seu limite sul nas Ilhas da Trindade e Martin Vaz. A vegetação do<br />

manguezal e as aves da categoria "outros" que ali nidificam (principalmente<br />

Ciconiiformes e Gruiformes) têm seu limite sul na Ilha de Santa Catarina. Vinte<br />

e três espécies de Charadriidae e Scolopacidae ocorrem como migrantes<br />

sazonais na Região Tropical Sul e ao mesmo tempo em uma das outras duas<br />

regiões, ou em ambas. Onze espécies de Lari e Charadrii são migrantes<br />

austrais que distribuem-se sobre as Regiões Subtropical e Tropical Sul. Tudo<br />

isto explica a elevada biodiversidade da Região Tropical Sul. Nesta região,<br />

sobrepõem-se as distribuições geográficas de espécies de diferentes grupos<br />

faunísticos, desde tropicais até árticas e antárticas. A grande maioria das<br />

espécies de aves costeiras e marinhas do Brasil têm distribuição ampla na<br />

costa do país. Ao mesmo tempo, para 16 espécies de aves marinhas que<br />

nidificam no país, esta ampla distribuição é sustentada por poucos sítios de<br />

nidificação. Oito das 9 espécies de Pelecaniformes, e 8 das 15 espécies de Lari<br />

que nidificam no país, o fazem somente nas ilhas costeiras e oceânicas das<br />

Regiões Tropical Sul e Equatorial.<br />

Áreas secundárias de invernagem para as aves costeiras neárticas<br />

Embora as aves costeiras neárticas utilizem áreas delimitadas, com extensão<br />

da ordem de poucas centenas de quilômetros, para invernagem e<br />

condicionamento, a maioria das espécies ocorrem também com menor<br />

densidade fora destas áreas ao longo da costa do Brasil. Por exemplo, Calidris<br />

canutus e Arenaria interpres ocorrem desde o extremo sul do país até a Região<br />

Equatorial, inclusive nas ilhas oceânicas equatoriais (Tabelas 5 e 17). A Coroa<br />

do Avião, uma paisagem costeira de manguezal, praia e bancos de areia na<br />

costa do estado de Pernambuco, não é importante área de invernada nem de<br />

condicionamento, mesmo assim 13 espécies de Charadriidae e Scolopacidae<br />

neárticas ocorrem habitualmente em pequenos números e são importantes<br />

componentes da biodiversidade do local (Azevedo Júnior, 1993). A<br />

conservação de "áreas secundárias" como esta, não é crítica em curto prazo,<br />

do ponto de vista das aves a nível de grupo, mas tem elevado valor em termos<br />

humanos e culturais. Em tais áreas, cientistas estudam aspectos fundamentais<br />

(por exemplo, Azevedo Júnior, 1992a, 1993), enquanto a presença e as<br />

migrações sazonais das aves são vivenciadas pelas pessoas comuns, e são<br />

recursos para a educação ambiental sobre interrelações ecológicas a nível do<br />

planeta terra como um todo. Do ponto de vista das aves, tais áreas são úteis<br />

como opções alternativas para as funções das "áreas primárias" onde<br />

atualmente a maioria dos indivíduos concentram-se para invernagem e<br />

condicionamento. A distribuição de uma espécie sobre uma variedade de locais<br />

dentro de uma grande área geográfica resulta em flexibilidade ecológica e<br />

promove a sobrevivência da espécie. As "áreas secundárias" são refúgios onde<br />

vivem indivíduos que elaboram novas estratégias migratórias e onde a espécie<br />

sobrevive quando o habitat torna-se desfavorável em outras partes da sua área<br />

de distribuição geográfica. Para a sobrevivência das espécies em longo prazo,<br />

150


suas "áreas secundárias" devem ser preservadas.<br />

Semelhante argumento vale para as ilhas oceânicas. Onze espécies de<br />

Scolopacidae, 3 de Charadridae, 3 de Laridae, 1 de Procel1ariidae, 1 de<br />

Ardeidae, 1 de Threskiornithidae e 1 de Falconidae, todas elas aves migratórias<br />

do hemisfério norte, foram registradas desde o ano de 1981 nas três ilhas da<br />

Região Equatorial (Tabela 17). Graças a sua capacidade de vôo, aves imigram<br />

frequentemente em locais fora dos limites originais da sua distribuição<br />

geográfica. Tais fenômenos são observados com especial nitidez em ilhas<br />

remotas, onde imigrantes exploram novos nichos ecológicos e elaboram novas<br />

soluções do problema da sobrevivência. Desde os estudos de Darwin (1979)<br />

nas Ilhas Galápagos sabe-se que ilhas oceânicas são "laboratórios da<br />

evolução", onde aspectos fundamentais da vida podem ser observados. A<br />

ocorrência supracitada de 21 espécies de aves nas ilhas equatoriais do Brasil<br />

tem seu significado neste contexto. Este é um dos argumentos que justificam a<br />

preservação ambiental das ilhas oceânicas.<br />

CAPÍTULO 5<br />

O Impacto Humano sobre as Aves Marinhas e Costeiras<br />

Introdução<br />

O ser humano influi na biodiversidade das aves marinhas e costeiras do Brasil<br />

em maneiras negativas e positivas. Influências negativas decorrem da<br />

interferência direta com as aves, e das modificações do habitat, pelas quais o<br />

ser humano interfere com as aves de maneira indireta. As influências negativas<br />

são o "impacto humano", e incluem a simples presença de pessoas no habitat,<br />

a poluição ambiental, e a ocupação do habitat das aves pelo uso da terra e<br />

pelo desenvolvimento urbano e industrial. Influências positivas decorrem da<br />

legislação que controla o impacto humano, e da educação ambiental que<br />

promove atitudes de responsabilidade com relação às aves, no público em<br />

geral. No Brasil, a interferência direta com as aves é regulamentada pelo Art.<br />

29 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9605 de 12 de Fevereiro de 1998, que<br />

proíbe "matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,<br />

nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização<br />

da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida". Esta lei protege as<br />

aves na sua área de distribuição como um todo. Existe ainda o "sistema<br />

nacional de unidades de conservação" (SNUC) no ambiente costeiro, nas quais<br />

as interferências diretas e indiretas são controladas. Mesmo assim, as aves<br />

marinhas e costeiras sofrem influências antropogênicas negativas por fatores<br />

discutidos a seguir.<br />

Interferência humana em ilhas<br />

Todas as ilhas oceânicas têm status de unidade de conservação. Das 42 ilhas<br />

costeiras localizadas entre as latitudes de 20º S a 30º S e utilizadas por aves<br />

para nidificação ou pouso, apenas 20 têm status de unidade de conservação<br />

onde a presença humana é controlada. Nas outras 22 ilhas ou arquipélagos<br />

151


costeiros, as aves contam somente com a Lei nº 9605 supracitada, mas esta lei<br />

não regulamenta o acesso às ilhas nem a conservação das condições<br />

ambientais necessárias para a nidificação das aves. Das dez espécies que<br />

nidificam nestas ilhas, sete espécies de aves dos gêneros Puffinus, Sula,<br />

Haematopus, Larus e Sterna citadas na Tabela 7 nidificam no chão<br />

descampado. As aves convivem com pequenos mamíferos que ocorrem<br />

naturalmente em muitas ilhas (ver por exemplo Filippini, 1993). No entanto, a<br />

ausência de mamíferos de maior porte é fundamental para a existência dos<br />

ninhais. A fauna acompanhante do ser humano inclui onívoros e carnívoros,<br />

como a ratazana, o porco, o cão e o gato, e ainda herbívoros como a cabra,<br />

que modificam a vegetação e cujos rebanhos pisoteiam os ninhais. A frequente<br />

presença humana em ilhas resulta geralmente na introdução de tais animais, e<br />

isto causa o desaparecimento dos ninhais (Ziswiler, 1967). Mesmo a simples<br />

presença humana, sem infrações no sentido da Lei nº 9605, causa problemas,<br />

como é demonstrado pelo caso da Ilha Deserta na costa do estado de Santa<br />

Catarina. Esta ilha faz parte da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, uma<br />

unidade federal de conservação com acesso restrito. Nos anos de 1991 a 1993<br />

foram realizados trabalhos científicos na ilha, no sentido de "acompanhamento<br />

da reprodução das aves", com anilhamento. Larus dominicanus, Sterna<br />

eurygnatha, e Sterna hirundinacea nidificaram no ano de 1991. No ano<br />

seguinte, Sterna eurygnatha já não o fez, e nos anos de 1993 e 1995 apenas<br />

Larus dominicanus nidificou (Filippini, 1993; Villanueva et al., 1996). De modo<br />

geral, o gênero Sterna não tolera a presença humana no ninhal. As aves<br />

abandonam o ninhal quando perturbadas pelo homem, especialmente quando<br />

isto acontece na fase inicial da reprodução, antes da eclosão dos ovos.<br />

Existem exceções: Sterna fuscata no Atol das Rocas tolera bem a constante<br />

presença humana no local (Azevedo Júnior, 1992b). As espécies de trinta-réis<br />

denominadas por certos autores com o nome genérico de Thalasseus são<br />

especialmente sensíveis a perturbação humana (Veen, 1977; Halewyn, 1987,<br />

1989), e este grupo inclui Sterna eurygnatha e Sterna maxima. Infere-se que a<br />

perturbação humana causou o desaparecimento dos ninhais de Sterna<br />

eurygnatha e Sterna hirundinacea na Ilha Deserta após o ano de 1991. Na Laje<br />

de Santos, unidade estadual de conservação, Sterna maxima nidificou no ano<br />

de 1993, mas faltou em anos subsequentes (Neves, 1994; Neves, com. pess.),<br />

e isto pode ser outro caso de abandono do ninhal após perturbação humana.<br />

Em conclusão, é imprescindível que todas as 26 ilhas ou arquipélagos<br />

costeiros com registros de ninhais de aves marinhas tenham status de unidade<br />

de conservação. No caso de ninhais de espécies de Sterna (com a exceção de<br />

Sterna fuscata), tais unidades devem ser da modalidade "intocável", com<br />

atividades de pesquisa restritas a observações visuais a uma distância que<br />

permita censos e monitoramento dos ninhais sem espantar as aves. Atividades<br />

de manejo tais como, controle da vegetação e eliminação de predadores,<br />

devem ser realizadas quando as aves estão ausentes das ilhas de nidificação.<br />

Certas ilhas não abrigam ninhais, mas têm função importante como local<br />

de pouso. Este é o caso com as Ilhas do Arvoredo, Ratones Grande, e<br />

Campeche, situadas na costa de Santa Catarina e onde Fregata magnificens<br />

pousa em grande número (Tabela 9). Estas ilhas são cobertas por mata<br />

(Filippini, 1993; Naves et al., 1997; Vooren, com. pess.). Fregata magnificens<br />

não nidifica em locais de mata, mas usa-os para o pouso habitual de descanso,<br />

empoleirada em árvores. A disponibilidade de ilhas adequadas para este pouso<br />

152


é um fator fundamental para a presença desta espécie no ambiente costeiro.<br />

Infere-se que tais ilhas são usadas para pouso pelos indivíduos não<br />

enganjados na reprodução, ou seja, pelas aves sexualmente imaturas ou em<br />

descanso reprodutivo, e que constituem uma grande proporção da população.<br />

Todas as ilhas sem ninhais mas com sítios de pouso devem também ter o<br />

status de unidade de conservação com acesso restrito. Ilhas com mata devem<br />

ter sua vegetação conservada para que elas mantenham sua função para as<br />

aves que pousam em árvores. Por outro lado, em ilhas com ninhais, o<br />

crescimento da mata deve ser controlado, para que estas ilhas não percam sua<br />

função para as aves que nidificam no chão em terreno descampado.<br />

A presença humana nas praias e as aves costeiras neárticas<br />

Ao longo da costa do Brasil, a zona intermareal das praias e dos manguezais é<br />

importante como habitat para os Charadrii, tanto migratórios e como residentes<br />

no país. As aves alimentam-se dos invertebrados da endofauna destes habitats<br />

Nas áreas de condicionamento das aves costeiras neárticas, a abundância dos<br />

organismos que constituem o alimento destas aves obedece a ciclos sazonais,<br />

e os picos desta abundância ocorrem em tempos fixos e previsíveis. O<br />

cronograma da chegada das aves nas suas "áreas de condicionamento" é<br />

ajustado para coincidir com estes picos do alimento. Assim por exemplo, a<br />

chegada das aves na Baía de Delaware, na costa atlântica dos Estados<br />

Unidos, no mês de maio, coincide com a desova do carangueijo-ferradura<br />

Limulus polyphemus na zona intermareal da praia, onde então os ovos deste<br />

crustáceo são o alimento das aves (Harrington, 1983). Na costa do Rio Grande<br />

do Sul, a chegada de Calidris canutus rufa e Calidris fuscicollis no mês de abril<br />

coincide com o pico da abundância de pequenos moluscos e crustáceos na<br />

zona de varrido (Gianuca, 1983; Vooren & Chiaradia, 1990). O manejo<br />

ambiental deve resguardar grandes áreas com estas características<br />

alimentares, e deve preservar o habitat da zona intermareal nestas áreas. Se<br />

ocorresse uma mudança ambiental que impedisse a realização da muda prénupcial<br />

e o acúmulo de reservas lipídicas suficientes na costa do Rio Grande<br />

do sul durante o mês de abril, Calidris canutus rufa e Calidris fuscicollis não<br />

seriam capazes de cumprir o cronograma da sua migração no sentido de<br />

chegar na data certa nas suas áreas de nidificação na tundra do Ártico. Nestas<br />

áreas, condições adequadas para a reprodução das aves existem somente<br />

durante os meses de junho e julho, e todas as fases da reprodução, desde o<br />

acasalamento dos adultos até a produção de juvenis aptos a voar, devem<br />

acontecer dentro deste curto período de tempo. Se o cronograma da migração<br />

para o norte fosse perturbado, a reprodução tornar-se-ia impossível. A<br />

propósito de Calidris fuscicollis, Harrington et al. (1991, p. 621) concluem que<br />

"o sistema de migração deste pequeno maçarico torna-o vulnerável à perda de<br />

habitats estratégicos na sua rota migratória". Esta conclusão aplica-se a todas<br />

as aves costeiras neárticas que passam pela costa do Brasil durante suas<br />

migrações. Fora a disponibilidade de abundante alimento em "áreas de<br />

condicionamento" ao longo da rota migratória, as aves precisam de condições<br />

ambientais que as permitem utilizá-lo. Em tais áreas, as aves migratórias<br />

neárticas devem alimentar-se intensamente e constantemente para assim<br />

realizarem a muda pré-nupcial e/ou o acumulo de gordura dentro do curto<br />

período previsto no cronograma da migração. As "áreas de condicionamento"<br />

153


caracterizam-se pela ausência ou escassez de inimigos naturais. São áreas<br />

seguras e tranquilas, onde as aves podem dormir e alimentar-se com baixo<br />

nível de perturbação. Quando a presença do ser humano na área de<br />

condicionamento torna-se frequente, esta área perde sua funcionalidade para<br />

as aves, apesar da presença do alimento. A presença humana inclui todas as<br />

formas de recreação, turismo, tráfico terrestre e aéreo, ruídos, obras, pesca, e<br />

animais domésticos. Para a costa do Brasil não existem dados quantitativos<br />

sobre tal perturbação humana, e sobre os efeitos da mesma nas aves. A<br />

experiência geral é que nos trechos de praia na proximidade de cidades e<br />

balneários, as aves desaparecem quando o movimento de pessoas aumenta<br />

em períodos de férias e feriados (Vooren, com. pess.). Para os migrantes<br />

neárticos que fazem invernagem ou condicionamento na costa do Brasil, a<br />

presença humana deve ser mantida em nível reduzido sobre trechos da costa<br />

com extensão suficiente para o sustento das populações destas aves.<br />

No ano de 1982, a população total mundial de Calidris canutus rufa era<br />

em torno de 200 000 aves, e deste total, 150 000 aves invernaram na costa da<br />

Patagônia (Harrington, 1982). Infere-se que a costa do Rio Grande do Sul é<br />

área de condicionamento destas 150 000 aves. Nesta costa, existem dois<br />

trechos de praia com status de área de conservação, a saber 35 km de praia<br />

do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, e 18 km de praia da Estação Ecológica<br />

do Taim, totalizando-se 53 km de praia protegida dentro da extensão de 640<br />

km de praia que é a costa como um todo. Grandes números de Calidris<br />

canutus rufa ocorrem habitualmente na praia da Lagoa do Peixe, por exemplo,<br />

11 000 aves no dia 29 de abril de 1984 (Harrington et al., 1986). Isto pode dar a<br />

impressão de que com a conservação dos 35 km de praia da Lagoa do Peixe, a<br />

área de condicionamento de Calidris canutus rufa no sul do Brasil é garantida.<br />

Porém, não há evidência de que este pequeno trecho de praia sustenta, ou é<br />

capaz de sustentar, o condicionamento de todos os 150 000 rufa que passam<br />

pela costa sul do país no mês de abril. Na Praia do Cassino, 120 km ao sul da<br />

Lagoa do Peixe, as aves ocorrem também em grandes números no mês de<br />

abril, e realizam ali também seu condicionamento, ou seja, a muda pré-nupcial<br />

e o acúmulo de gordura. Vooren & Chiaradia (1990) demonstraram isto e<br />

registram no mês de abril do ano de 1983, num trecho de 60 km desta praia,<br />

580 aves no dia 11, 8900 no dia 17, e 590 no dia 26. No dia 17, as aves<br />

ocorreram com densidade média de um indivíduo por 6,7 m de extensão de<br />

praia, alimentando-se exclusivamente numa faia estreita da zona de varrido.<br />

Alimentação intensa com tal densidade populacional deve causar considerável<br />

impacto sobre os recursos alimentares em pouco tempo. Isto implica em que as<br />

aves devem deslocar-se constantemente, colhendo e esgotando o alimento a<br />

medida que avançam pelo habitat. Evidência a favor desta hipótese é a grande<br />

variação temporal supracitada da abundância das aves na Praia do Cassino no<br />

mês de abril do ano de 1983, da ordem de milhares de aves em poucos dias.<br />

Isto leva à conclusão de que para a população de rufa que faz invernagem na<br />

Argentina, não somente a praia da Lagoa do Peixe, mas a costa do Rio Grande<br />

do Sul como um todo é a área de condicionamento no mês de abril. Isto tem<br />

consequências para o manejo ambiental desta costa, e da costa do Brasil em<br />

geral. As populações das aves costeiras neárticas que utilizam a costa do país<br />

para invernagem e acondicionamento são grandes, da ordem de centenas de<br />

milhares de indivíduos, e os tamanhos das áreas de conservação devem<br />

corresponder com isto. Tais áreas devem abranger trechos da costa com<br />

154


extensão da ordem de centenas de quilômetros. A unidade de conservação<br />

"Reentrâncias Maranhenses" na Região Equatorial, é situada na Região Norte-<br />

Central citada na Tabela 11. Esta unidade de conservação abrange uma<br />

extensão em torno de 600 km de costa, o que corresponde com sua elevada<br />

importância como área de invernagem para aves costeiras neárticas.<br />

Extensões de costa com tamanho semelhante devem ser preservadas, com<br />

status de unidade de conservação, nas costas dos estados de Amapá e Rio<br />

Grande do Sul, que são as outras principais áreas de invernagem de aves<br />

costeiras neárticas.<br />

A presença humana nas praias e os Laridae, Sternidae e Rhynchopidae<br />

Gaivotas, trinta-réis e o talha-mar alimentam-se nas águas estuarinas e<br />

costeiras, e pousam nas praias em bandos para o descanso e os cuidados da<br />

plumagem (Escalante, 1970; Vooren & Chiaradia, 1990; Naves, 1999). A<br />

disponibilidade de praias adequadas para o pouso é condição fundamental<br />

para a presença destas aves em determinada região.<br />

Na costa do Rio Grande do Sul, Sterna hirundo e Rhynchops nigra<br />

pousam em bandos monoespecíficos, em lugares fixos (Vooren & Chiaradia,<br />

1990; Naves, 1999). Dois requerimentos básicos para o sítio de pouso são:<br />

proximidade à área de pesca, e baixo nível de perturbação pelo homem. No<br />

caso de Sterna hirundo, lugares com estas características são sítios fixos de<br />

pouso desta espécie para grandes números de indivíduos durante todo o<br />

verão. Sítios conhecidos de pouso desta espécie existem na Lagoa do Peixe,<br />

com até 14 000 aves nos anos de 1986 e 1987, e na desembocadura da Lagoa<br />

dos Patos, com até 1400 aves no ano de 1997 (Lara Resende & Leeuwenberg,<br />

1987; Vooren, 1997c). Bandos menores de S. hirundo ocorrem ao longo da<br />

praia oceânica, mas não em lugares fixos (Vooren & Chiaradia, 1990). A costa<br />

do Rio Grande do Sul é utilizada pelo homem para diversas atividades e<br />

principalmente para recreação, com maior intensidade durante o verão. A praia<br />

oceânica oferece condições para o trânsito com veículos de todos os tipos, e<br />

funciona ao longo do ano como rota de tráfico motorizado (Vooren & Chiaradia,<br />

1990). É provável que originalmente toda a costa do Rio Grande do Sul<br />

possuía as condições básicas para sítio de pouso de S. hirundo, e funcionava<br />

como tal. Atualmente restam poucas áreas onde os bandos podem pousar sem<br />

serem perturbados frequentemente pelo homem. Para que S. hirundo continue<br />

como elemento da biodiversidade do país, estas áreas devem ser preservadas.<br />

No Rio Grande do Sul, sítios fixos de pouso de Rhynchops nigra<br />

intercedens existem somente na Lagoa do Peixe (Belton, 1994) e na<br />

desembocadura da Lagoa dos Patos (Vooren & Chiaradia, 1990; Vooren & Ilha,<br />

1995; Naves, 1999). Belton (1994) cita ainda a presença de bandos na Lagoa<br />

Mirim no ano de 1974, mas a ave não foi registrada posteriormente naquele<br />

local. O sítio na Lagoa dos Patos já era conhecido no ano de 1973 (Belton,<br />

1994), e continua em uso até a data do presente estudo (Naves, 1999). Este<br />

sítio é um pontal de areia onde as aves permanecem durante nove meses do<br />

ano, em repouso sexual, sendo ausentes somente nos meses de setembro a<br />

novembro. O pontal é plano e com pouca vegetação, situa-se no ambiente<br />

estuarino, possui margens protegidas nas quais as aves pousam, e é rodeado<br />

por águas rasas e calmas com elevada abundância de pequenos peixes<br />

155


estuarinos, que são a base alimentar das aves (Naves, 1999). Até o ano de<br />

1997 o local era de difícil acesso, e pouco visitado por pessoas.<br />

Evidentemente, são estes os cinco fatores que qualificam o local como sítio<br />

adequado para o pouso de Rhynchops. No ano de 1998 foi construída uma<br />

estrada pelo pontal, em função de obras portuárias na proximidade, e começou<br />

o movimento constante de tráfico motorizado. As aves permaneceram no local<br />

até a presente data (agosto de 1999). A fidelidade das aves a este sítio, a<br />

pesar da recente perturbação humana, é indício de que são poucos os lugares<br />

que possuem as cinco características favoráveis para o pouso dos bandos, e<br />

de que não existem locais alternativos para pouso na região. Existe certamente<br />

um limite da tolerância das aves diante da perturbação humana, e quando este<br />

limite for ultrapassado no referido pontal, as aves provavelmente<br />

desaparecerão da região. Para que Rhynchops nigra intercedens permaneça<br />

como integrante da biodiversidade das regiões onde esta ave ocorre, seus<br />

poucos sítios de pouso devem ser preservados. A restrição da presença<br />

humana nos sítios de pouso é fundamental.<br />

Bandos multiespecíficos de Laridae pousam na praia ao longo da costa<br />

do Rio Grande do sul, e consistem dos migrantes austrais Larus dominicanus,<br />

Sterna hirundinacea, Sterna eurygnatha e Sterna maxima, e das espécies<br />

locais Larus maculipennis, Sterna trudeaui e Sterna superciliaris, que nidificam<br />

no interior. As espécies de Sterna pescam nas águas costeiras e descansam<br />

na praia. Larus dominicanus alimenta-se na praia e nas águas adjacentes, e<br />

seus bandos ocorrem distribuídos sobre toda a extensão da costa, sem padrão<br />

regular de sítios fixos de pouso (Vooren & Chiaradia, 1990). Larus<br />

maculipennis e as cinco espécies supracitadas de Sterna pousam junto aos<br />

bandos de L. dominicanus, como também foi observado no Uruguai por<br />

Escalante (1970). Para este conjunto de duas gaivotas e quatro trinta-réis, toda<br />

a extensão de 770 km de praia da Região Subtropical tem, durante outono e<br />

inverno, a função de área de pouso, a partir da qual as aves tem acesso aos<br />

recursos alimentares de toda a região. Para as populações de aves costeiras<br />

que vivem desta maneira, com a repartição de espaço entre bandos ao longo<br />

da praia, extensões de praia da ordem de centenas de quilômetros devem ser<br />

preservadas e mantidas livres de perturbação humana. Esta conclusão deverá<br />

orientar a estratégia de preservação ambiental na costa do Brasil como um<br />

todo.<br />

A captura acidental de albatrozes e petréis na pesca com espinhel<br />

A parte das capturas que é rejeitada no mar pelos barcos de pesca é atraente<br />

fonte de alimento para muitas espécies de aves marinhas e especialmente para<br />

albatrozes e petréis. As aves aprenderam a viver em comensalismo com a<br />

pesca, e seguem os barcos (Vooren & Fernandes, 1989). No caso dos barcos<br />

que pescam com o espinhel, as aves apanham também os anzóis iscados. As<br />

aves fisgadas durante a largada do espinhel morrem afogadas. As aves<br />

fisgadas durante a recolhida, se não morrem, são libertadas com ferimentos ou<br />

com o anzol preso no estômago. Frotas de espinheleiros pescam em toda a<br />

área de distribuição das aves nos oceanos do mundo. Decréscimo das<br />

populações reprodutoras nos principais ninhais de Diomedea exulans devido à<br />

mortalidade assim ocasionada, já foi constatado na década de 80, quando o<br />

número mínimo estimado de albatrozes de todas as espécies em conjunto,<br />

156


capturados pela frota atuneira japonesa, era de 44 000 por ano, e o problema<br />

desta "captura acidental" persiste (Brothers, 1991; Gales, 1998). Na Região<br />

Sudeste-Sul do Brasil, a pesca com espinhel pelágico opera desde o ano de<br />

1977. Nesta região, a safra de atuns, e consequentemente o maior esforço de<br />

pesca com espinhel, ocorre durante o inverno, coincidindo com o pico sazonal<br />

de Diomedea exulans e Diomedea melanophris na área. A captura acidental de<br />

aves nesta pescaria inclui estes dois albatrozes, e ainda Diomedea<br />

epomophora, Diomedea chlororhynchos, Procellaria aequinoctialis, Procellaria<br />

conspicillata, Fulmarus glacialoides e Puffinus gravis. A pescaria com espinhelde-fundo<br />

nesta região captura as mesmas espécies (Vaske, 1991; Silva, 1992;<br />

Neves & Olmos, 1998; Vooren, não publicado). No ano de 1998, a frota de<br />

pesca com espinhel pelágico sediada na região era de 22 barcos, e a tendência<br />

é de aumento do esforço de pesca com o tempo (Santos, 1999). A captura<br />

acidental de albatrozes e petréis pela pesca nas águas brasileiras constitui uma<br />

ameaça às populações das oito espécies supracitadas. No caso de Diomedea<br />

exulans da Geórgia do Sul, são especificamente as fêmeas em reprodução que<br />

procuram nas águas sul-brasileiras o alimento para o ninhego no inverno,<br />

enquanto os machos em reprodução fazem isto mais ao sul (Prince et al.,<br />

1992). A mortandade das fêmeas em reprodução de D. exulans ocasiona ao<br />

mesmo tempo a morte lenta dos ninhegos em Geórgia do Sul, pois o alimento<br />

que o macho continua trazendo após a morte da fêmea é insuficiente para a<br />

sobrevivência da prole. As populações de Diomedea chlororhynchos e<br />

Procellaria conspicillata são pequenas e concentram-se nas águas brasileiras<br />

ao sul de Cabo Frio. A mortandade pela captura acidental na pesca com<br />

espinhel nesta região é uma grave ameaça a estas populações, especialmente<br />

para Procellaria conspicillata, cuja população mundial foi em torno de apenas<br />

1000 casais reprodutores no ano de 1980 (Ryan, 1998). O controle da captura<br />

acidental de aves pela pesca com espinhel no Brasil é necessário para a<br />

preservação da biodiversidade deste país e das outras regiões por onde<br />

passam os albatrozes e petréis cujo ciclo de vida inclui períodos de<br />

permanência nas águas brasileiras. No ano de 1998, os países membros da<br />

FAO adotaram o "Plano Internacional de Ação para Aves Marinhas". O Plano<br />

prevê que, até o ano de 2001, cada país avaliará a magnitude do problema da<br />

captura acidental de aves nas suas pescarias com espinhel, e implementará<br />

um "Plano Nacional de Ação" que resolverá o problema (FAO, 1998). No caso<br />

do Brasil, a existência e a magnitude do problema já foram claramente<br />

evidenciadas para a Região Sudeste-Sul (Vaske, 1991; Neves & Olmos, 1998;<br />

Prince et al., 1998). A solução do problema consiste na adoção de "medidas<br />

mitigadoras", que são técnicas utilizadas na pesca e que não eliminam<br />

totalmente o problema, mas que reduzem as capturas acidentais de aves.<br />

Cinco medidas mitigadoras são atualmente disponíveis: (1) largar o espinhel a<br />

noite, não durante as horas de luz do dia; (2) usar o "espantador de aves" ("bird<br />

line"), durante a largada e o recolhimento do espinhel, o espantador é uma<br />

corda com linhas laterais, arrastada de maneira suspensa sobre a área de risco<br />

atrás do barco; (3) usar isca bem descongelada, pois esta isca afunda<br />

rapidamente, enquanto a isca congelada flutua; (4) no espinhel pelágico, usar a<br />

"máquina lançadora de isca"; (5) no espinhel de fundo, usar a técnica do<br />

"lançamento submerso" do espinhel, através de um tubo na popa do barco. A<br />

eficácia destas medidas foi claramente demonstrada na Austrália (Klaer &<br />

Polacheck, 1995) e na costa da Noruega (LØkkeborg, 1998a). O Brasil possui<br />

157


todos os elementos necessários para elaborar e implementar um "Plano<br />

Nacional de Ação para Aves Marinhas", visando a solução imediata do<br />

problema na Região Sudeste-Sul e a avaliação inicial do problema nas outras<br />

regiões do país. Esta tarefa deve ser empreendida sem demora.<br />

As aves marinhas e costeiras e a poluição por óleo<br />

Petróleo cru e seus refinados são, neste texto, reunidos no termo "óleo". Este<br />

óleo entra no ambiente marinho de diferentes maneiras, ocasionando a<br />

"poluição por óleo", cujos efeitos sobre as aves marinhas são amplamente<br />

conhecidos. Uma revisão do assunto é encontrada em Vooren & Borges<br />

(1994). Óleo entra no mar de maneira crônica, pelo fluxo constante dos<br />

pequenos vazamentos "normais" ou "rotineiros" que ocorrem na produção e no<br />

uso do petróleo, e de maneira aguda, na forma de derramamentos maciços de<br />

petróleo cru ou de refinados, ocasionados pelos acidentes com navios<br />

petroleiros e com plataformas de petróleo. Óleo flutua na superfície do mar, fica<br />

em suspensão na coluna d'água, e entra no sedimento. Óleo na superfície suja<br />

a plumagem das aves que nadam ou mergulham. Dependendo da quantidade<br />

de óleo na plumagem, as aves morrem em poucos dias, ou sofrem efeitos<br />

fisiológicos mais demorados pela entrada do óleo no organismo, com distúrbios<br />

hormonais e perda de resistência a condições ambientais adversas. Óleo na<br />

plumagem do ventre das aves incubadoras é transferido para a casca dos seus<br />

ovos, e causa a morte do embrião no ovo. O óleo em suspensão entra na<br />

cadeia trófica, e o alimento assim contaminado prejudica o crescimento<br />

corporal, a formação das penas e a produção de ovos.<br />

Entre as aves marinhas do Brasil, a espécie mais vulnerável ao contato<br />

direto com o óleo é o pingüim-de-Magalhães Spheniscus magellanicus, por ser<br />

esta uma ave que vive permanentemente na água. Na amostra de 282<br />

exemplares mortos de S. magellanicus coletados nos anos de 1985 a 1989 na<br />

praia do Cassino na costa do Rio Grande do Sul, 82 exemplares (ou 29%)<br />

estavam oleados (Barbieri & Vooren, 1993). Dos 140 pingüins vivos desta<br />

espécie, recebidos no ano de 1998 no Centro de Recuperação de Animais<br />

Marinhos do Museu Oceanográfico na cidade de Rio Grande, 77 tinham a<br />

plumagem suja de óleo (Barcellos, não publicado). Em amostras de petréis<br />

mortos coletadas na praia do Cassino, nos anos de 1979 a 1989, os dados<br />

foram: Fulmarus glacialoides, 60 exemplares, dos quais 5 (8%) com óleo;<br />

Puffinus puffinus, 51 exemplares, dos quais 7 (14%) com óleo (Vooren &<br />

Fernandes, 1989). Na costa do estado do Paraná, Krul & Moraes (1998)<br />

obtiveram amostras como segue: Spheniscus magellanicus, 36 exemplares,<br />

dos quais 17 com óleo; Sula leucogaster, 42 exemplares, dos quais 3 com óleo.<br />

Evidentemente, a poluição por óleo é um problema real nas águas costeiras do<br />

Brasil, e atinge as aves marinhas em geral, inclusive exímios voadores como<br />

petréis e atobás. A entrada crônica de óleo no mar pela lavagem dos tanques<br />

de carga dos navios petroleiros, e pelo despejo de óleo lubrificante servido<br />

pelos navios em geral, pode ser controlada pelo procedimento de "Load On<br />

Top" ou LOT nos navios petroleiros (Clark, 1986) e pela instalação nos portos<br />

marítimos de sistemas de recebimento e reciclagem do óleo lubrificante<br />

servido. Estas tecnologias existem, e devem ser adotadas para a preservação<br />

da biodiversidade das aves marinhas no Brasil.<br />

Aves costeiras sofrem o contato direto com óleo depositado nas praias.<br />

158


Do pequeno maçarico Calidris alba, migrante da Sibéria, todos os indivíduos<br />

observados por Swennen (1978) em bandos de 300 a 1000 aves nas praias da<br />

Holanda no inverno do ano de 1978 estavam sujos de óleo. As aves pisavam<br />

nas partículas de óleo na areia, sujando assim os dedos da pata. Quando a ave<br />

dobrava uma perna para descansar na outra, o óleo era transferido para a<br />

plumagem do ventre. A ave coçava a cabeça, sujando-a com o óleo grudado<br />

nos dedos. As praias do Brasil são importantes regiões de invernagem de<br />

Charadrii neárticos. A poluição destas praias por óleo deve ser combatida. Isto<br />

é motivo adicional para a adoção urgente das medidas supracitadas de<br />

controle da entrada do óleo no mar.<br />

As aves marinhas e a poluição por plásticos<br />

Polietileno e outros plásticos flutuam na água. Como matéria prima, polietileno<br />

é geralmente opaco e incolor, e vem na forma de pequenos cilindros com altura<br />

e diâmetro ao redor de 3 a 4 mm, conhecidos como "nibs" na indústria<br />

petroquímica. Nas praias do mundo inteiro, inclusive no litoral do Rio Grande<br />

do Sul, grande número destes nibs são freqüentemente encontrados.<br />

Observações no porto de Rio Grande levam a concluir que o derramamento<br />

durante a carga e descarga de navios é um dos fatores responsáveis pela<br />

presença do material no ambiente marinho (Vooren, com. pess.). Cordas,<br />

redes, embalagens, recipientes descartáveis e muitos outros produtos são<br />

feitos de polietileno e outros plásticos e fazem parte do lixo que os navios<br />

despejam no mar. Plástico é extremamente resistente contra a degradação<br />

química, e uma vez introduzido no mar, permanece flutuando na superfície<br />

durante muito tempo. Observações dos conteúdos das moelas de aves<br />

oceânicas encontradas na praia ao sul de Rio Grande nos anos de 1982 a<br />

1995, confirmam o fato já constatado em outros lugares, de que albatrozes e<br />

petréis ingerem plástico, tanto nibs de polietileno como fragmentos que<br />

resultam da decomposição de itens maiores. Presença de plástico foi<br />

constatada em Diomedea melanophris, Daption capense, Puffinus puffinus,<br />

Puffinus griseus, Puffinus gravis, Procellaria aequinoctialis, Procellaria cinerea,<br />

Fulmarus glacialoides, Pachyptila belcheri e Pachyptila desolata. Dos 168<br />

exemplares examinados deste conjunto de espécies, 91 tinham polietileno na<br />

moela. Os únicos petréis sem polietileno foram Pterodroma mollis e Pterodoma<br />

incerta. A espécie com maior incidência foi Puffinus gravis. Nos 46 exemplares<br />

examinados desta espécie, 36 tinham nibs e/ou outros plásticos. O número<br />

destes itens por moela foi em média 7, sendo que um exemplar conteve 43<br />

itens, entre estes 34 nibs e um pedaço de fio elétrico com capa de polietileno<br />

(Vooren & Fernandes, 1989; Zarzur, 1995). De 67 exemplares do pingüim-de-<br />

Magalhães Spheniscus magellanicus examinados por Azevedo (1993), 11<br />

tinham plástico no trato digestivo. Estes dados são um indício do grau de<br />

poluição por plásticos das regiões do oceano percorridas pelas aves<br />

supracitadas.<br />

Os efeitos da ingestão crônica de plásticos foram estudados em<br />

ninhegos do albatroz-de-Laysan Diomedea immutabilis no Atol de Midway, nos<br />

anos de 1994 e 1995, por Auman et al. (1998). Os adultos ingerem no mar<br />

objetos de plástico, e estes são transferidos para o estômago do ninhego junto<br />

com o alimento regurgitado pelo adulto. Em média, ninhegos encontrados<br />

mortos nos ninhos continham duas vezes mais plásticos (em g), e tinham o<br />

159


peso corporal 16% menor, que ninhegos saudáveis, mortos por acidentes com<br />

automóveis. Grandes pedaços de plástico as vezes feriram ou bloquearam o<br />

trato digestivo. Os autores citados admitem a possibilidade de que o acúmulo<br />

de plástico tenha dificultado a alimentação e a digestão, causando<br />

enfraquecimento das aves afetadas. Por outro lado, há evidência de que<br />

ninhegos malnutridos ativamente ingerem objetos estranhos presentes no chão<br />

ao redor do ninho. O acúmulo de plástico seria então um efeito da má nutrição,<br />

e esta seria a causa principal da morte. Os autores citam ainda evidências de<br />

que, junto com o plástico proveniente do mar, as aves ingerem grandes<br />

quantidades de organoclorados adsorvidos à superfície do plástico, e que os<br />

emolientes, corantes e antioxidantes presentes no plástico podem ser tóxicos<br />

para as aves. O plástico seria, neste caso, um veículo inócuo por si só, mas<br />

pelo qual substâncias tóxicas entram na ave. As evidências são circunstânciais,<br />

e nada foi diretamente comprovado sobre causas e efeitos no que diz respeito<br />

à ingestão de plástico pelas aves marinhas. Porém, diante das fortes suspeitas<br />

sobre os efeitos diretos e indiretos da ingestão de plástico pelas aves<br />

marinhas, a conclusão é que a entrada de plásticos no mar deve ser<br />

combatida. Nas águas brasileiras, o vazamento de "nibs" deve ser impedido, o<br />

despejo de lixo inorgânico no mar pelos navios deve ser desestimulado, e<br />

sistemas de recebimento de tal lixo devem ser instalados no portos marítimos.<br />

As aves marinhas e a poluição ambiental por hidrocarbonetos<br />

halogenados<br />

Aves marinhas que comem peixes e lulas constituem o elo final de uma cadeia<br />

trófica. Devido ao hábito geral de periodicamente acumular reservas de<br />

gordura, estas aves estão sujeitas à bioacumulação dos poluentes tóxicos que<br />

são solúveis em lipídeos. Organoclorados tais como os inseticidas DDT e<br />

dieldrin, os bifenis policlorinados ou PCBs e as dioxinas, têm causado estes<br />

efeitos em aves piscívoras de águas costeiras. Durante os períodos de jejum,<br />

as aves utilizam suas reservas de lipídeos, e as substâncias tóxicas<br />

acumuladas nestas reservas entram na corrente sanguínea. Em casos<br />

extremos ocorre a morte por intoxicação aguda. As substâncias tóxicas são<br />

incorporadas na gema do ovo e afetam o desenvolvimento do embrião e do<br />

ninhego. Na década de 1960, populações de Sterna sandvicensis que comem<br />

peixes nas águas costeiras da Holanda foram dizimadas por intoxicação aguda<br />

das aves adultas e dos ninhegos, devido à presença de dieldrin na cadeia<br />

trófica (Koeman et al., 1967). Ludwig et al. (1998) mediram os teores de<br />

diversos organoclorados em ovos, fígados e gordura visceral dos albatrozes<br />

Diomedea nigripes e Diomedea immutabilis do Atol Midway, no Oceano<br />

Pacífico, nos anos de 1994 e 1995. O nível de contaminação de D. nigripes era<br />

acima do conhecido limiar para o risco de efeitos teratogênicos no embrião, de<br />

redução da viabilidade do ovo, e de redução da espessura da casca do ovo, e<br />

tudo isto aconteceu: em D. nigripes, a taxa de eclosão foi mais baixa, e a<br />

incidência de esmagamento do ovo foi mais alta, do que em D. immutabilis,<br />

cujo nível de contaminação era abaixo do limiar para tais riscos. Os efeitos da<br />

contaminação reduziram a taxa de recrutamento de D. nigripes com 2 a 3 %.<br />

Este é um exemplo dos efeitos sutis, mas significativos em longo prazo, da<br />

contaminação do ambiente na dinâmica populacional de aves marinhas.<br />

Ludwig et al. (1998) e Auman et al. (1998) informam que organoclorados<br />

160


entram na atmosfera pela incineração de lixo industrial e doméstico, na forma<br />

de cinzas e gases. Os ventos carregam estas substâncias para a superfície do<br />

oceano, onde elas entram na rede trófica e são adsorvidos aos pedaços de<br />

plástico que ali flutuam e que são ingeridos pelas aves. Plásticos derretidos ou<br />

parcialmente queimados, provenientes dos processos de incineração de lixo,<br />

são despejados no mar, já carregados de contaminantes adsorvidos. Espumas<br />

de fosfolipídeos, provenientes do despejo de detergentes no oceano, flutuam<br />

na superfície e hiper-concentram contaminantes trazidos pelo ar. Estas são<br />

algumas das vias de entrada dos contaminantes organoclorados no ambiente<br />

onde vivem as aves marinhas.<br />

Não existem dados sobre estes aspectos nas águas costeiras do Brasil.<br />

Grandes cidades e importantes centros de indústria existem ao longo da costa<br />

da Região Tropical Sul, e constituem possíveis fontes de contaminação das<br />

águas costeiras. Estas águas são o habitat de aves migratórias e das aves que<br />

nidificam nas ilhas da Região Tropical Sul. As experiências em outras regiões<br />

do mundo justificam que o sucesso reprodutivo das aves marinhas que<br />

nidificam no Brasil, e os teores de organoclorados nas aves e nos seus ovos,<br />

sejam monitorados. A qualidade ambiental das águas costeiras é também<br />

relevante para as aves costeiras neárticas, cujo habitat no Brasil é a zona<br />

intermareal. A importância da costa do Brasil como área de invernagem de<br />

aves provenientes da América do Norte e da Antártica justifica a cooperação<br />

internacional no monitoramento da contaminação das aves migratórias. Ao<br />

mesmo tempo, as vias de entrada dos contaminantes organoclorados no<br />

ambiente costeiro do Brasil devem ser identificadas e fechadas.<br />

CAPÍTULO 6<br />

As Unidades de Conservação no Ambiente Costeiro do<br />

Brasil<br />

O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal<br />

(MMA) é o responsável pela jurisdição, pelas políticas e pelas diretrizes<br />

referentes ao meio ambiente. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos<br />

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é o órgão executor deste Ministério e o<br />

administrador das unidades federais de conservação. O IBAMA através do<br />

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) determina as linhas<br />

gerais da política de criação, valoração e utilização destas unidades. Neste<br />

sistema, existem áreas protegidas em três níveis: federal, estadual e municipal.<br />

Existem dois grupos de categorias de manejo, segundo as possibilidades de<br />

aproveitamento direto ou indireto dos recursos das áreas. As unidades de uso<br />

direto incluem as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas Nacionais e as<br />

Reservas Extrativistas. As de uso indireto são os Parques Nacionais, as<br />

Reservas Biológicas, as Reservas Ecológicas e as Estações Ecológicas.<br />

Há outras organizações governamentais e não governamentais que<br />

participam na conservação de determinadas áreas. As Organizações Não<br />

Governamentais (ONGs) apoiam as unidades de conservação através de<br />

ações em parceria com o IBAMA formalizados por acordos de cooperação<br />

técnica ou convênios. Estas são importantes aliadas na implementação e<br />

consolidação das áreas protegidas. Atuam, principalmente, na área da<br />

161


educação ambiental e no planejamento das unidades, podendo também<br />

auxiliar em recursos humanos. Um exemplo é o Núcleo de Educação e<br />

Monitoramento Ambiental - NEMA, no município de Rio Grande-RS, que<br />

executa convênios com o IBAMA no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, e no<br />

Refúgio da Vida Silvestre do Molhe Leste, entre outros (Crivellaro, com. pess.).<br />

IBAMA (Becker, 1996) apresenta uma listagem das unidades federais e<br />

estaduais de conservação existentes no ambiente costeiro do Brasil no ano de<br />

1996, com suas áreas de superfície e com a descrição das unidades em<br />

termos de tipos de habitat. Estas unidades são, com relação ao grau de<br />

restrição do impacto humano, divididas em duas grandes categorias. A<br />

primeira, as "unidades de uso indireto" (temática ARF e ARE), são aquelas em<br />

que a exploração direta dos recursos naturais é proibida, admitindo-se apenas<br />

o aproveitamento sem interferência física direta, como por exemplo, o ecoturismo<br />

ou a observação científica. A segunda, as "unidades de uso direto"<br />

(temática ULF e ULE), são áreas protegidas parcialmente, onde a exploração<br />

direta dos seus recursos naturais é permitida. Dentro destas duas categorias<br />

principais existe uma grande diversidade de tipos de unidades, designadas por<br />

siglas, desde reservas sem acesso público, até áreas abertas à visitação<br />

pública ou onde residem populações humanas, podendo haver extrativismo<br />

pelas comunidades locais.<br />

A listagem das áreas protegidas na costa continental, nas ilhas<br />

oceânicas e nas ilhas costeiras foi feita pela consulta dos mapas do<br />

Macrodiagnóstico da Zona Costeira do Brasil (Becker, 1996), do catálogo de<br />

ilhas da costa do Estado de São Paulo (Ângelo, 1989) e do Guia de Praias<br />

Quatro Rodas (Spina, 1997, 1998). Para algumas unidades a referência foi<br />

específica, a saber: Ilhas Moleques do Sul-SC (Bege & Pauli, 1988), Penedos<br />

de São Pedro e São Paulo (Brusque et al., 1998), Ilha da Trindade e Ilhas<br />

Martin Vaz (Fabris, com. pess.), e Refúgio da Vida Silvestre do Molhe Leste-<br />

RS, (Silva, com. pess.). Com base nestas informações foram elaboradas as<br />

Tabelas 18, 19 e 20. As Tabelas 21 e 22 foram elaboradas pelo rearranjo de<br />

informações da Tabelas 18, 19 e 20. Na listagem das unidades de conservação<br />

em ilhas costeiras (Tabela 20), não estão incluídas as ilhas estuarinas e<br />

litorâneas que fazem parte de unidades de conservação da costa continental<br />

(Tabela 18), com a exceção das Ilhas Moleques do Sul por serem estas um dos<br />

mais importantes sítios insulares de reprodução de aves marinhas na costa do<br />

país. Também não estão incluídas na Tabela 20 as 133 unidades insulares de<br />

conservação listadas por Ângelo (1989) para a costa de São Paulo, mas pelas<br />

quais não existem registros da presença de aves. O catálogo de todas as ilhas<br />

estuarinas e costeiras do Brasil permanece como objetivo de futuros estudos.<br />

O número de unidades federais e estaduais de conservação na costa do<br />

Brasil era no ano de 1996 como segue: 139 na costa continental, 22 em ilhas<br />

marítimas costeiras, e 7 no ambiente oceânico (Tabelas 18, 19 e 20). As<br />

unidades no ambiente oceânico são seis ilhas ou arquipélagos, e ainda o<br />

Parcel de Manuel Luís, que é a única unidade de conservação completamente<br />

submersa. Estas cifras refletem a situação atual da preservação do ambiente<br />

costeiro do Brasil, a nível federal e estadual. Na cidade de São José do Norte-<br />

RS existe uma unidade municipal de conservação denominada Refúgio da Vida<br />

Silvestre do Molhe Leste, e as Ilhas da Trindade e Martin Vaz são unidade de<br />

conservação do município de Vitória-ES. É possível que unidades municipais<br />

de conservação existam também em outras regiões, mas não foram<br />

162


encontrados dados publicados a respeito. Na presente revisão, a situação do<br />

ambiente costeiro é avaliada com base na conservação a nível federal e<br />

estadual.<br />

Todas as cinco áreas definidas no presente trabalho como "ilhas<br />

oceânicas" têm status de unidade de conservação (Tabela 19). Com relação às<br />

aves marinhas, o status legal das ilhas oceânicas do Brasil constitui base<br />

adequada para a preservação ambiental.<br />

Não existe uma listagem completa das ilhas costeiras da Região Tropical<br />

Sul, que abrange a costa do país desde o Rio Grande do Norte até Santa<br />

Catarina. Tal listagem existe somente para o estado de São Paulo, com o total<br />

de 149 ilhas, ilhotas e lajes (Ângelo, 1989). Na Região Tropical Sul como um<br />

todo, 174 arquipélagos, ilhas, lajes e rochedos costeiros são unidades federais<br />

ou estaduais de conservação. Esta cifra inclui as 133 unidades insulares de<br />

conservação na costa do estado de São Paulo, não listadas nas Tabelas 9 e<br />

20. Apesar deste elevado número de ilhas protegidas, a maioria das ilhas<br />

costeiras com importantes ninhais de aves marinhas, tais como, a Ilha dos<br />

Currais no estado do Paraná, e o arquipélago de Cabo Frio no estado do Rio<br />

de Janeiro, não são unidades de conservação (Tabelas 9 e 20). A preservação<br />

ambiental das ilhas costeiras do Brasil como um todo é insuficiente. O<br />

levantamento das ilhas costeiras deve ser realizado, e todas as ilhas usadas<br />

pelas aves marinhas para nidificação ou pouso devem ser identificadas, e<br />

preservadas como unidades de conservação.<br />

Um elevado número de unidades federais e estaduais de conservação<br />

existe na costa continental: são 139 unidades ao todo. Deste total, 111 (ou<br />

80%) existem na Região Tropical Sul, a área de superfície destes é 13% do<br />

total (Tabela 21), e elas são distribuídas ao longo da costa da Região (Figura<br />

13). Na Região Equatorial, 21 unidades constituem somente 15% do total em<br />

número, mas 86,5% em área de superfície. Nestas duas Regiões, a distribuição<br />

dos tipos de habitat sobre o total de 132 unidades de conservação é como<br />

segue: 51 unidades com águas estuarinas, 84 com manguezal, 63 com praias<br />

estuarinas, e 78 com praia oceânica (Tabela 22). Com relação à biodiversidade<br />

em escala regional, a conservação da costa continental das Regiões Equatorial<br />

e Tropical Sul é bem encaminhada, com muitas e grandes unidades de<br />

conservação ao longo da costa, que incluem os diferentes tipos de habitat das<br />

aves marinhas e costeiras.<br />

A Região Subtropical, que engloba as praias arenosas de Rio Grande do<br />

Sul e do Sul de Santa Catarina, conta com 7 unidades federais e estaduais de<br />

conservação que constituem 5% do total nacional em número, e apenas 0,5%<br />

em área de superfície. Da extensão total de 770 km de praia marítima da<br />

Região, uma área de apenas 53 km, ou<br />

7% do total, está incluída nas unidades de conservação da Reserva Ecológica<br />

do Taim, e do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. A preservação ambiental da<br />

costa da Região Subtropical é insuficiente. A necessidade da ampliação da<br />

área de praia preservada é demonstrada no Capítulo 5 do presente estudo (ver<br />

páginas 47 a 53). A política da preservação ambiental da costa do Rio Grande<br />

do Sul deve ser revisada, com o objetivo de estabelecer unidades de<br />

conservação que abrangem uma área suficiente para as necessidades das<br />

aves costeiras da região. A importância da costa da Região Subtropical como<br />

área de invernagem de grandes números e muitas espécies de aves<br />

migratórias, justifica que unidades de conservação com extensão da ordem de<br />

163


100 a 200 km de praia sejam estabelecidas em diversos pontos da costa da<br />

Região.<br />

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