AS AVES DO AMBIENTE COSTEIRO DO BRASIL ... - Viva Marajó
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peso corporal 16% menor, que ninhegos saudáveis, mortos por acidentes com<br />
automóveis. Grandes pedaços de plástico as vezes feriram ou bloquearam o<br />
trato digestivo. Os autores citados admitem a possibilidade de que o acúmulo<br />
de plástico tenha dificultado a alimentação e a digestão, causando<br />
enfraquecimento das aves afetadas. Por outro lado, há evidência de que<br />
ninhegos malnutridos ativamente ingerem objetos estranhos presentes no chão<br />
ao redor do ninho. O acúmulo de plástico seria então um efeito da má nutrição,<br />
e esta seria a causa principal da morte. Os autores citam ainda evidências de<br />
que, junto com o plástico proveniente do mar, as aves ingerem grandes<br />
quantidades de organoclorados adsorvidos à superfície do plástico, e que os<br />
emolientes, corantes e antioxidantes presentes no plástico podem ser tóxicos<br />
para as aves. O plástico seria, neste caso, um veículo inócuo por si só, mas<br />
pelo qual substâncias tóxicas entram na ave. As evidências são circunstânciais,<br />
e nada foi diretamente comprovado sobre causas e efeitos no que diz respeito<br />
à ingestão de plástico pelas aves marinhas. Porém, diante das fortes suspeitas<br />
sobre os efeitos diretos e indiretos da ingestão de plástico pelas aves<br />
marinhas, a conclusão é que a entrada de plásticos no mar deve ser<br />
combatida. Nas águas brasileiras, o vazamento de "nibs" deve ser impedido, o<br />
despejo de lixo inorgânico no mar pelos navios deve ser desestimulado, e<br />
sistemas de recebimento de tal lixo devem ser instalados no portos marítimos.<br />
As aves marinhas e a poluição ambiental por hidrocarbonetos<br />
halogenados<br />
Aves marinhas que comem peixes e lulas constituem o elo final de uma cadeia<br />
trófica. Devido ao hábito geral de periodicamente acumular reservas de<br />
gordura, estas aves estão sujeitas à bioacumulação dos poluentes tóxicos que<br />
são solúveis em lipídeos. Organoclorados tais como os inseticidas DDT e<br />
dieldrin, os bifenis policlorinados ou PCBs e as dioxinas, têm causado estes<br />
efeitos em aves piscívoras de águas costeiras. Durante os períodos de jejum,<br />
as aves utilizam suas reservas de lipídeos, e as substâncias tóxicas<br />
acumuladas nestas reservas entram na corrente sanguínea. Em casos<br />
extremos ocorre a morte por intoxicação aguda. As substâncias tóxicas são<br />
incorporadas na gema do ovo e afetam o desenvolvimento do embrião e do<br />
ninhego. Na década de 1960, populações de Sterna sandvicensis que comem<br />
peixes nas águas costeiras da Holanda foram dizimadas por intoxicação aguda<br />
das aves adultas e dos ninhegos, devido à presença de dieldrin na cadeia<br />
trófica (Koeman et al., 1967). Ludwig et al. (1998) mediram os teores de<br />
diversos organoclorados em ovos, fígados e gordura visceral dos albatrozes<br />
Diomedea nigripes e Diomedea immutabilis do Atol Midway, no Oceano<br />
Pacífico, nos anos de 1994 e 1995. O nível de contaminação de D. nigripes era<br />
acima do conhecido limiar para o risco de efeitos teratogênicos no embrião, de<br />
redução da viabilidade do ovo, e de redução da espessura da casca do ovo, e<br />
tudo isto aconteceu: em D. nigripes, a taxa de eclosão foi mais baixa, e a<br />
incidência de esmagamento do ovo foi mais alta, do que em D. immutabilis,<br />
cujo nível de contaminação era abaixo do limiar para tais riscos. Os efeitos da<br />
contaminação reduziram a taxa de recrutamento de D. nigripes com 2 a 3 %.<br />
Este é um exemplo dos efeitos sutis, mas significativos em longo prazo, da<br />
contaminação do ambiente na dinâmica populacional de aves marinhas.<br />
Ludwig et al. (1998) e Auman et al. (1998) informam que organoclorados<br />
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