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AS AVES DO AMBIENTE COSTEIRO DO BRASIL ... - Viva Marajó

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é um fator fundamental para a presença desta espécie no ambiente costeiro.<br />

Infere-se que tais ilhas são usadas para pouso pelos indivíduos não<br />

enganjados na reprodução, ou seja, pelas aves sexualmente imaturas ou em<br />

descanso reprodutivo, e que constituem uma grande proporção da população.<br />

Todas as ilhas sem ninhais mas com sítios de pouso devem também ter o<br />

status de unidade de conservação com acesso restrito. Ilhas com mata devem<br />

ter sua vegetação conservada para que elas mantenham sua função para as<br />

aves que pousam em árvores. Por outro lado, em ilhas com ninhais, o<br />

crescimento da mata deve ser controlado, para que estas ilhas não percam sua<br />

função para as aves que nidificam no chão em terreno descampado.<br />

A presença humana nas praias e as aves costeiras neárticas<br />

Ao longo da costa do Brasil, a zona intermareal das praias e dos manguezais é<br />

importante como habitat para os Charadrii, tanto migratórios e como residentes<br />

no país. As aves alimentam-se dos invertebrados da endofauna destes habitats<br />

Nas áreas de condicionamento das aves costeiras neárticas, a abundância dos<br />

organismos que constituem o alimento destas aves obedece a ciclos sazonais,<br />

e os picos desta abundância ocorrem em tempos fixos e previsíveis. O<br />

cronograma da chegada das aves nas suas "áreas de condicionamento" é<br />

ajustado para coincidir com estes picos do alimento. Assim por exemplo, a<br />

chegada das aves na Baía de Delaware, na costa atlântica dos Estados<br />

Unidos, no mês de maio, coincide com a desova do carangueijo-ferradura<br />

Limulus polyphemus na zona intermareal da praia, onde então os ovos deste<br />

crustáceo são o alimento das aves (Harrington, 1983). Na costa do Rio Grande<br />

do Sul, a chegada de Calidris canutus rufa e Calidris fuscicollis no mês de abril<br />

coincide com o pico da abundância de pequenos moluscos e crustáceos na<br />

zona de varrido (Gianuca, 1983; Vooren & Chiaradia, 1990). O manejo<br />

ambiental deve resguardar grandes áreas com estas características<br />

alimentares, e deve preservar o habitat da zona intermareal nestas áreas. Se<br />

ocorresse uma mudança ambiental que impedisse a realização da muda prénupcial<br />

e o acúmulo de reservas lipídicas suficientes na costa do Rio Grande<br />

do sul durante o mês de abril, Calidris canutus rufa e Calidris fuscicollis não<br />

seriam capazes de cumprir o cronograma da sua migração no sentido de<br />

chegar na data certa nas suas áreas de nidificação na tundra do Ártico. Nestas<br />

áreas, condições adequadas para a reprodução das aves existem somente<br />

durante os meses de junho e julho, e todas as fases da reprodução, desde o<br />

acasalamento dos adultos até a produção de juvenis aptos a voar, devem<br />

acontecer dentro deste curto período de tempo. Se o cronograma da migração<br />

para o norte fosse perturbado, a reprodução tornar-se-ia impossível. A<br />

propósito de Calidris fuscicollis, Harrington et al. (1991, p. 621) concluem que<br />

"o sistema de migração deste pequeno maçarico torna-o vulnerável à perda de<br />

habitats estratégicos na sua rota migratória". Esta conclusão aplica-se a todas<br />

as aves costeiras neárticas que passam pela costa do Brasil durante suas<br />

migrações. Fora a disponibilidade de abundante alimento em "áreas de<br />

condicionamento" ao longo da rota migratória, as aves precisam de condições<br />

ambientais que as permitem utilizá-lo. Em tais áreas, as aves migratórias<br />

neárticas devem alimentar-se intensamente e constantemente para assim<br />

realizarem a muda pré-nupcial e/ou o acumulo de gordura dentro do curto<br />

período previsto no cronograma da migração. As "áreas de condicionamento"<br />

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