AS AVES DO AMBIENTE COSTEIRO DO BRASIL ... - Viva Marajó
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estuarinos, que são a base alimentar das aves (Naves, 1999). Até o ano de<br />
1997 o local era de difícil acesso, e pouco visitado por pessoas.<br />
Evidentemente, são estes os cinco fatores que qualificam o local como sítio<br />
adequado para o pouso de Rhynchops. No ano de 1998 foi construída uma<br />
estrada pelo pontal, em função de obras portuárias na proximidade, e começou<br />
o movimento constante de tráfico motorizado. As aves permaneceram no local<br />
até a presente data (agosto de 1999). A fidelidade das aves a este sítio, a<br />
pesar da recente perturbação humana, é indício de que são poucos os lugares<br />
que possuem as cinco características favoráveis para o pouso dos bandos, e<br />
de que não existem locais alternativos para pouso na região. Existe certamente<br />
um limite da tolerância das aves diante da perturbação humana, e quando este<br />
limite for ultrapassado no referido pontal, as aves provavelmente<br />
desaparecerão da região. Para que Rhynchops nigra intercedens permaneça<br />
como integrante da biodiversidade das regiões onde esta ave ocorre, seus<br />
poucos sítios de pouso devem ser preservados. A restrição da presença<br />
humana nos sítios de pouso é fundamental.<br />
Bandos multiespecíficos de Laridae pousam na praia ao longo da costa<br />
do Rio Grande do sul, e consistem dos migrantes austrais Larus dominicanus,<br />
Sterna hirundinacea, Sterna eurygnatha e Sterna maxima, e das espécies<br />
locais Larus maculipennis, Sterna trudeaui e Sterna superciliaris, que nidificam<br />
no interior. As espécies de Sterna pescam nas águas costeiras e descansam<br />
na praia. Larus dominicanus alimenta-se na praia e nas águas adjacentes, e<br />
seus bandos ocorrem distribuídos sobre toda a extensão da costa, sem padrão<br />
regular de sítios fixos de pouso (Vooren & Chiaradia, 1990). Larus<br />
maculipennis e as cinco espécies supracitadas de Sterna pousam junto aos<br />
bandos de L. dominicanus, como também foi observado no Uruguai por<br />
Escalante (1970). Para este conjunto de duas gaivotas e quatro trinta-réis, toda<br />
a extensão de 770 km de praia da Região Subtropical tem, durante outono e<br />
inverno, a função de área de pouso, a partir da qual as aves tem acesso aos<br />
recursos alimentares de toda a região. Para as populações de aves costeiras<br />
que vivem desta maneira, com a repartição de espaço entre bandos ao longo<br />
da praia, extensões de praia da ordem de centenas de quilômetros devem ser<br />
preservadas e mantidas livres de perturbação humana. Esta conclusão deverá<br />
orientar a estratégia de preservação ambiental na costa do Brasil como um<br />
todo.<br />
A captura acidental de albatrozes e petréis na pesca com espinhel<br />
A parte das capturas que é rejeitada no mar pelos barcos de pesca é atraente<br />
fonte de alimento para muitas espécies de aves marinhas e especialmente para<br />
albatrozes e petréis. As aves aprenderam a viver em comensalismo com a<br />
pesca, e seguem os barcos (Vooren & Fernandes, 1989). No caso dos barcos<br />
que pescam com o espinhel, as aves apanham também os anzóis iscados. As<br />
aves fisgadas durante a largada do espinhel morrem afogadas. As aves<br />
fisgadas durante a recolhida, se não morrem, são libertadas com ferimentos ou<br />
com o anzol preso no estômago. Frotas de espinheleiros pescam em toda a<br />
área de distribuição das aves nos oceanos do mundo. Decréscimo das<br />
populações reprodutoras nos principais ninhais de Diomedea exulans devido à<br />
mortalidade assim ocasionada, já foi constatado na década de 80, quando o<br />
número mínimo estimado de albatrozes de todas as espécies em conjunto,<br />
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