AS AVES DO AMBIENTE COSTEIRO DO BRASIL ... - Viva Marajó
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principais da Região-Norte-Central foram Calidris pusilla e Calidris minutilla,<br />
que constituíram a grande maioria das 192 204 "aves pequenas nãoidentificadas"<br />
que em conjunto constituíram 9% do total desta categoria na<br />
América do Sul. Para quatro espécies, os números presentes na Região-Norte-<br />
Central constituíram proporções do total da América do Sul como segue:<br />
Arenaria interpres 76%, Pluvialis squatarola 54%, Numenius phaeopus<br />
hudsonicus 44%, Catoptrophorus semipalmatus 49%. Estes resultados são<br />
evidência de que a costa equatorial do Brasil é uma das principais áreas de<br />
invernada das aves costeiras neárticas. Os maiores números ocorrem no<br />
trecho de aproximadamente 500 km de costa do estado de Maranhão entre as<br />
cidades de Viseu, na foz do Rio Gurupí, e a cidade de Guimarães, na Baía do<br />
Cuma. Esta área é conhecida pelo nome de Reentrâncias Maranhenses.<br />
A costa do Rio Grande do Sul é uma praia arenosa que estende-se<br />
sobre 640 km entre as latitudes de 29º 18' S e 33º 48' S, no extremo sul do<br />
Brasil. Nesta costa, a maré lunar tem amplitude em torno de 50 cm apenas, e<br />
pequenas moluscos bivalves, crustáceos e poliquetas ocorrem com alta<br />
densidade na zona de varrido (Gianuca, 1983). Morrison et al. (1989), nos<br />
censos aéreos supracitados no mês de janeiro do ano de 1982, constataram<br />
que esta região foi a segunda mais importante da costa do Brasil, com o total<br />
de 25 847 aves. Calidris fuscicollis, Calidris alba e Pluvialis dominica foram as<br />
principais espécies identificadas (Tabela 11). No mês de janeiro, Calidris<br />
canutus não foi encontrado nesta região, mas ocorreu em número de cerca de<br />
150 000 na costa da Patagônia (Harrington, 1982). Trata-se da subespécie<br />
Calidris canutus rufa que nidifica na zona de tundra do Ártico da América do<br />
Norte. Harrington, Antas & Silva (1986), em censos aéreos e terrestres em abril<br />
de 1984, encontraram grandes números desta espécie na praia de Lagoa do<br />
Peixe (31º 21' S), por exemplo 11 000 exemplares no dia 29 de abril. Vooren &<br />
Chiaradia (1990) contaram 8900 indivíduos da espécie no trecho de 16 km de<br />
praia ao sul do Balneário do Cassino (32º 30' S) no dia 17 de abril de 1983. Em<br />
ambas estas praias, as aves realizaram no mês de abril a muda pré-nupcial e<br />
logo em seguida aumentaram seu peso corporal médio de 120 g para 200 g<br />
pela deposição de gordura subcutânea. As aves desapareceram no início de<br />
maio. Harrington (1982) cita que Calidris canutus aparece na costa sudeste dos<br />
Estados Unidos em meados de maio. Pelo conjunto destes resultados, concluise<br />
que para Calidris canutus rufa, a costa do Rio Grande do Sul é uma das<br />
"áreas de condicionamento" ("staging areas" na literatura internacional) da rota<br />
migratória na direção norte entre a região de invernagem na Patagônia, e os<br />
locais de nidificação no Ártico do Canadá. Isto quer dizer que na costa do Rio<br />
Grande do Sul existem condições ecológicas adequadas para que a ave em<br />
aproximadamente um mês realize a muda pré-nupcial e acumule reservas<br />
energéticas suficientes para o vôo migratório sem escalas até a próxima área<br />
de condicionamento na costa sudeste dos Estados Unidos. Para outras<br />
espécies, tais como, Calidris fuscicollis e Calidris alba, esta costa tem a mesma<br />
importância estratégica na migração de retorno ao Ártico (Harrington et al.,<br />
1986, 1991).<br />
Os migrantes costeiros: os Charadrii do Sul<br />
Três espécies de Charadriidae nidificam na Patagônia. Oreopholus<br />
(Eudromias) rufficollis nidifica no interior. Esta espécie ocorre no inverno no<br />
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