PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA VI

dagógico por parte de vários educadores. Alguns se enveredaram por uma “busca eufórica” de aplicaçãoda interdisciplinaridade. No entanto, essa caminhada refletiu um descompasso entre a concepção e a práticada interdisciplinaridade. Revelando questões de fundo que dizem respeito às limitações dos mesmosquanto aos aspectos conceituais sobre a interdisciplinaridade, mas também de base metodológica.Em termos de estudos teóricos podemos destacar três momentos históricos que evidenciam a evoluçãodas discussões em torno da interdisciplinaridade no Brasil (Nogueira, 2005, apud Fazenda 1998),a saber:I – procura de um conceito para interdisciplinaridade (década de 1970);II – tentativas de explicitação de um método (década de 1980);III – inicio de uma busca por uma teoria da interdisciplinaridade (década de 1990).A explicitação de um método talvez seja a tarefa mais difícil e que ainda suscita sérias polêmicas– É possível delinear uma metodologia da interdisciplinaridade? Faz-se necessário definir ummétodo interdisciplinar?A busca por uma única resposta ou de respostas objetivas a essas indagações pode incorrer emmera objetivação da problemática e/ou reducionismo da discussão a uma simples questão de método.Pois, se assim o fizéssemos, reduziríamos toda a discussão à solução de elencar uma série de atividadesque dariam conta da caracterização de uma “prática interdisciplinar”.Além disso, poderíamos incorrer em um celebre erro que permeia a História da Educação Brasileira– a opção por modelos, por receitas prontas, por cópias de práticas bem sucedidas de outros países.Apesar da difícil tarefa em delimitar uma metodologia específica para a concretização da interdisciplinaridade,é preciso persegui-la enquanto ideal educacional que possibilite uma maior integraçãoentre as Ciências e os conhecimentos e que é capaz de garantir um sentido mais amplo à aprendizagemdos estudantes.Aproximação a um conceitoQuando abordamos qualquer temática surge a necessidade de apresentação de alguns conceitoselementares. No que tange à questão da interdisciplinaridade não é diferente. Todavia, é válido salientarque essa é uma temática que apresenta algumas limitações. Visto que a delimitação de seu conceito ou deum único conceito possibilita o reducionismo da complexidade desse tema. Mas, por questões didáticas,apresentaremos alguns conceitos relevantes.Segundo Bordoni (2007), do ponto de vista epistemológico, a interdisciplinaridade consiste nométodo de pesquisa e de ensino voltado para a interação em uma disciplina, de duas ou mais disciplinas,num processo que pode ir da simples comunicação de idéias até a integração recíproca de finalidades,objetivos, conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia e procedimentos. Mas podemos entendê-latambém como uma palavra nova que expressa antigas reivindicações (e outras delas nascidas), que surgiucomo necessidade de reunificar o conhecimento, como fenômeno capaz de corrigir todos os problemasprocedentes da fragmentação das disciplinas (TRINDADE, 2007).E, como reforço dessa discussão, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – ParecerCEB/CNB no. 15/98 – determinam que os currículos se organizem em áreas – “a base nacionalcomum dos currículos do ensino médio será organizada em áreas de conhecimento” – estruturadas pelosprincípios pedagógicos da interdisciplinaridade, da contextualização, da identidade, da diversidade e autonomia,redefinindo, de modo radical, a forma como têm sido realizadas a seleção e a organização deconteúdos e a definição de metodologias nas escolas em nosso país (BRASIL,1998).Pesquisa e Prática Pedagógica VI 9