21.10.2015 Views

1968

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

20 |||| 16 | SETEMBRO | 2015 |<br />

Uma águia<br />

americana… e inglesa<br />

Antes de mais, um<br />

esclarecimento aos<br />

leitores do AutoSport<br />

Histórico. A Eagle nunca<br />

foi uma equipa, mas<br />

sim uma marca. Criada pelo<br />

norte-americano Dan Gurney,<br />

que foi o seu principal piloto,<br />

para participar em provas de<br />

resistência nos States, na década<br />

de 60, os seus carros correram<br />

depois na IndyCar e na F5000,<br />

inscritos pela All American<br />

Racers – isso sim, uma equipa.<br />

Norte-americana, com sede<br />

em Santa Ana, California. Mais<br />

tarde, Dan Gurney quis correr<br />

– com a marca Eagle – na F1<br />

e fundou a Anglo American<br />

Racers, uma subsidiária da AAR,<br />

que tinha sede em Rye, East Sussex, na<br />

Grã-Bretanha, próximo da fábrica dos<br />

motores (ingleses) Weslake, com que<br />

correu quase sempre na F1. Era esta a<br />

equipa que, na F1, fez correr os Eagles<br />

– tendo ganho o GP da Bélgica de 1967,<br />

através de Dan Gurney.<br />

Recapitulando: a Eagle nunca foi<br />

uma equipa; a equipa que correu na<br />

F1 e venceu um GP de F1 chamava-se<br />

Anglo American Racers e tinha sede<br />

inglesa. É que, se agora um Mercedes é<br />

da Mercedes, ou um Ferrari é da Ferrari,<br />

nessa altura era frequente que uma<br />

marca não fosse inscrita pela marca:<br />

sabia, por exemplo, que a primeira<br />

equipa de Frank Williams, que se<br />

chamava Frank Williams Racing Cars,<br />

não começou por fazer correr Williams,<br />

mas sim Brabham, De Tomaso, March<br />

e Iso-Marlboro… – e isso foi uns anos<br />

depois da (marca) Eagle sair da F1?<br />

Esclarecidas as dúvidas e desfeitos os<br />

mitos – errados, como todos os mitos?<br />

Então, vamos aos pormenores e à (curta)<br />

vida da (marca) Eagle na F1, sob o manto<br />

protetor da (equipa) Anglo American<br />

Racers. Hélio Rodrigues<br />

Anglo American rAcers, Ltd.<br />

Uma equipa ‘ad hoc’<br />

Em 1964, Dan Gurney fundou a All American Racers,<br />

em Santa Ana, California. A ideia era correr em corridas<br />

de ‘sport’ nos ‘States’, nos tempos deixados livres pelos<br />

seus compromissos na F1, então com a Brabham – ele<br />

que desde 1959 (GP de França) já corria na F1 e até já<br />

tinha ganho três GP, com a Porsche (França 1962) e com<br />

a Brabham (França e México 1964).<br />

Mas a realidade acabou por ser diferente: ainda<br />

nesse ano, Carroll Shellby, que corria com o seu<br />

Cobra nas mesmas provas de ‘sport’, apresentou<br />

Gurney ao dono da Goodyear, cujos pneus utilizava.<br />

Sabia que ele queria correr nas Indy 500 com pneus<br />

Firestone e rapidamente os dois homens chegaram<br />

a acordo. Gurney começou a trabalhar no carro para<br />

a edição de 1966, contratando Len Terry, que tinha<br />

ganho a prova em 1965 com a Lotus – com uma ideia<br />

curiosa: fazer um carro que desse para correr quer<br />

nas provas de Indy, quer na de F1. O resultado foi o<br />

Eagle T1G – que usava motor Climax (e mais tarde<br />

Weslake) na F1 e motor Ford nos ‘States’.<br />

Para correr na F1, Gurney fundou, em Inglaterra,<br />

a Anglo American Racers, uma subsidiária da AAR.<br />

PALMARÉS (F1)<br />

F1: 12/06/1966-20/09/1969<br />

GP F1: 28<br />

1º GP F1: GP Bélgica 1966<br />

Último GP F1: GP Canadá 1969 (privado)<br />

Vitórias: 1<br />

1ª/Última Vitória F1: GP Bélgica <strong>1968</strong><br />

“Pole positions”: -<br />

Voltas Mais rápidas: 1<br />

Pódios: 2<br />

Pontos: 17<br />

Melhor resultado CM F1: 7º CM 1967 (13 pontos)<br />

Pilotos: Dan Gurney (1966-68: 27 GP); Phil Hill (1966: 1 NQ);<br />

Bob Bondurant (1966: 2 NQ); Richie Ginther (1967: 1 NQ); Bruce<br />

McLaren (1967: 3 GP); Ludovico Scarfiotti (1967: 1 GP); Al Pease<br />

(1967-69: 2 GP; 1 NP. Privado, nunca fez parte da equipa)<br />

Carros: Eagle T1G, com motores Climax S4 ou Weslake V12 (1966-<br />

69); McLaren M7A/Ford V8 (<strong>1968</strong>)<br />

GP A GP<br />

12/06/1966 – GP Bélgica: 15º/NC (DG)<br />

Ficava perto da fábrica da Weslake,<br />

onde deixou Aubrey Woods a<br />

desenhar o motor para a F1. Até<br />

estar pronto, fez três provas do<br />

Mundial de 1966 com um Eagle<br />

equipado com um motor Climax.<br />

Os primeiros pontos apareceram<br />

duas semanas depois, em França –<br />

e o carro com motor Climax correu<br />

ao GP da Alemanha e, mais tarde,<br />

também no México, pontuando<br />

de novo aqui. O motor Weslake ficou terminado já<br />

muito tarde de Gurney fez só duas provas com ele<br />

(Itália e Estados Unidos), desistindo em ambas com<br />

problemas mecânicos. Insatisfeito, passou o resto<br />

do ano a desenvolver o motor, chamando para o<br />

ajudar outro piloto americano, Bob Bondurant.<br />

Para 1967, Gurney contratou Richie Ginther como<br />

segundo piloto mas este, depois de ter sido humilhado<br />

no Mónaco, ao não conseguir a qualificação, decidiu<br />

deixar a F1… deixando ‘pendurado’ o seu patrão que,<br />

para o seu lugar, contratou Bruce McLaren em três<br />

03/07/1966 – GP França: 14º/5º (DG)<br />

16/07/1966 – GP Grã-Bretanha: 3º/Ab., Motor (DG)<br />

24/07/1966 – GP Holanda: 4º/Ab., Pressão de óleo (DG)<br />

07/08/1966 – GP Alemanha: 8º/7º (DG)<br />

04/09/1966 – GP Itália: 19º/Ab., Motor (DG); NQ (PH)<br />

02/10/1966 – GP Estados Unidos: 14º/Ab., Embraiagem (DG);<br />

16º/DQ (BB)<br />

23/10/1966 – GP México: 9º/5º (DG); 18º/Ab., Pressão de óleo (BB)<br />

02/01/1967 – GP África do Sul: 11º/Ab., Suspensão (DG)<br />

07/05/1967 – GP Mónaco: 7º/Ab., Bomba de óleo (DG); NQ (RG)<br />

04/06/1967 – GP Holanda: 2º/Ab., Injeção (DG)<br />

18/06/1967 – GP Bélgica; 2º/1º (DG)<br />

02/07/1967 – GP França: 3º/Ab., Fuga de óleo (DG); 5º/Ab.,<br />

Ignição (BM)<br />

15/07/1967 – GP Grã-Bretanha: 5º/Ab., Embraiagem (DG); 10º/<br />

Ab., Motor (BM)<br />

06/08/1967 – GP Alemanha: 4º/Ab., Semi-eixo (DG); 5º/Ab.,<br />

Fuga de óleo (BM)<br />

27/08/1967 – GP Canadá: 5º/3º (DG); 15º/NC (AP) (**)<br />

10/09/1967 – GP Itália: 5º/Ab., Motor (DG); 10º/Ab., Motor (LS)<br />

01/10/1967 – GP Estados Unidos: 3º/Ab., Suspensão (DG)<br />

22/10/1967 – GP México: 3º/Ab., Radiador (DG)<br />

01/01/<strong>1968</strong> – GP África do Sul: 12º/Ab., Fuga de óleo (DG)<br />

26/05/<strong>1968</strong> – GP Mónaco: 16º/Ab., Motor (DG)<br />

20/07/<strong>1968</strong> – GP Grã-Bretanha: 6º/Ab., Bomba de óleo (DG)<br />

04/08/<strong>1968</strong> – GP Alemanha: 10º/9º (DG)<br />

06/09/<strong>1968</strong> – GP Itália: 12º/Ab., Sobreaquecimento (DG)<br />

22/09/<strong>1968</strong> – GP Canadá: 4º/Ab., Radiador (DG) (*); NP, Motor<br />

(AP) (**)<br />

06/01/<strong>1968</strong> – GP Estados Unidos: 7º/4º (DG) (*)<br />

03/11/<strong>1968</strong> – GP México: 5º/Ab., Suspensão (DG) (*)<br />

20/09/1969 – GP Canadá: 17º/SQ (AP) (**)<br />

Notas:<br />

AP – Al Pease (15/10/1921 – 04/05/2014)<br />

BB – Bob Bondurant (27/04/1933)<br />

BM – Bruce McLaren (30/08/1937 – 02/06/1970)<br />

DG – Dan Gurney (13/04/1931)<br />

LS – Ludovico Scarfiotti (18/10/1933 – 08/06/<strong>1968</strong>)<br />

PH – Phil Hill (20/04/1927 – 28/08/2008)<br />

RG – Richie Ginther (05/08/1930 – 20/09/1989)<br />

(*) Com um McLaren M7A/Ford V8<br />

(**) Inscrição privada<br />

provas e Ludovico Scarfiotti em Itália, correndo apenas<br />

com um carro (o seu) na maior parte das provas.<br />

Em Spa-Francorchamps, Dan Gurney conquistou<br />

a única vitória do Eagle, tornando-se também no<br />

segundo piloto norte-americano, depois de Jimmy<br />

Murphy (12/09/1894 – 15/09/1924), em 1921 (GP de<br />

França), a vencer uma prova de Grand Prix. Porém,<br />

o programa na F1 era muito caro e, além disso, os<br />

recorrentes problemas do motor tornavam a operação<br />

ainda mais dispendiosa. No início de <strong>1968</strong>, Gurney<br />

estava já sem dinheiro – apesar do seu cada vez maior<br />

sucesso em ‘casa’. O desenvolvimento<br />

do Mk I parou e o seu sucessor , o Mk<br />

VI, nunca passou do papel. Gurney fez<br />

a maior parte da temporada com o<br />

velhinho T1G, desistindo sempre, exceto<br />

uma vez, em que terminou em 9º lugar.<br />

Por isso, abandonou de vez o Eagle e,<br />

nas três últimas corridas do ano, usou<br />

um McLaren M7A, conquistando os seus<br />

únicos pontos, ao terminar em 4º lugar<br />

o GP dos Estados Unidos. No final desse<br />

ano, decidiu deixar de vez a F1, fechando<br />

as portas da Anglo American Racers, a<br />

equipa ‘ad hoc’ da F1 - e concentrandose<br />

na IndyCar, depois de ver o seu piloto,<br />

Bobby Unser, sagrar-se campeão e<br />

ganhar as Indy 500…

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!