EDIÇÃO 06 | MARÇO DE 2013 | FASE II - Agulha Revista de Cultura
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<strong>de</strong> catexia; pelo processo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação po<strong>de</strong> apropriar-se <strong>de</strong> toda a catexia <strong>de</strong> várias<br />
outras i<strong>de</strong>ias”. De modo que Freud vem a propor que esses dois processos constituem<br />
marcas próprias do chamado processo psíquico primário, ao passo que a racionalida<strong>de</strong>, a<br />
distinção acerca <strong>de</strong> tempo e espaço, a perspectiva causal e a tendência à separação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias,<br />
no sentido conceitual, são marcas do processo psíquico secundário – dominante no sistema<br />
Pcs. - cs.<br />
Os processos do sistema Ics. são intemporais, isto é, não são or<strong>de</strong>nados temporalmente, não<br />
se alteram com a passagem do tempo; não têm absolutamente qualquer referência ao<br />
tempo. A referência ao tempo vincula-se, mais uma vez, ao trabalho do sistema Cs.<br />
Do mesmo modo os processos Ics. dispensam pouca atenção à realida<strong>de</strong>. Estão sujeitos ao<br />
princípio do prazer; seu <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do grau <strong>de</strong> sua força e do atendimento às<br />
exigências da regulação prazer-<strong>de</strong>sprazer.<br />
Resumindo: a isenção <strong>de</strong> contradição mútua, o processo primário (mobilida<strong>de</strong> das catexias),<br />
a intemporalida<strong>de</strong> e a substituição da realida<strong>de</strong> externa pela psíquica – tais são as<br />
características que po<strong>de</strong>mos esperar encontrar nos processos pertencentes ao sistema Ics.<br />
Esses processos inconscientes se tornam por nós parcialmente cognoscíveis sob, por<br />
exemplo, as condições <strong>de</strong> sonho e neurose; segundo Freud, quando os processos do sistema<br />
Pcs. - cs., “mais elevado”, são trazidos <strong>de</strong> volta a uma fase antece<strong>de</strong>nte, a um estágio mais<br />
baixo, mediante a regressão. Quanto às vicissitu<strong>de</strong>s relativas ao plano energético, em termos<br />
<strong>de</strong> catexia, investimento <strong>de</strong> energia psíquica:<br />
Os processos do sistema Pcs. exibem – não importando se são conscientes ou somente<br />
capazes <strong>de</strong> se tornarem conscientes – uma inibição <strong>de</strong> tendência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias catexizadas à<br />
<strong>de</strong>scarga. Quando um processo passa <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia para outra, a primeira i<strong>de</strong>ia conserva<br />
uma parte <strong>de</strong> sua catexia e apenas uma pequena parcela é submetida a <strong>de</strong>slocamento. Os<br />
<strong>de</strong>slocamentos e as con<strong>de</strong>nsações, tais como ocorrem no processo primário, são excluídos<br />
ou bastante restringidos. Essa circunstância levou Breuer a presumir a existência <strong>de</strong> dois<br />
estados diferentes <strong>de</strong> energia catexial na vida mental: um em que a energia se acha<br />
tonicamente 'vinculada' e outro no qual é livremente móvel e pressiona no sentido da<br />
<strong>de</strong>scarga. Em minha opinião, essa distinção representa a compreensão interna (insight)<br />
mais profunda que alcançamos até agora a respeito da natureza da energia nervosa, e<br />
não vejo como po<strong>de</strong>mos evitar fazê-la. Uma apresentação metapsicológica exigiria com a<br />
máxima urgência um exame ulterior <strong>de</strong>sse ponto, embora, talvez, isso fosse ainda um<br />
empreendimento muito ousado.<br />
Quanto a informações sobre a mencionada segunda tópica, elaborada especialmente a<br />
partir da década <strong>de</strong> 1920, um texto <strong>de</strong> especial auxílio é o “Esboço <strong>de</strong> psicanálise”, escrito<br />
por Freud em 1938, no qual apresenta os resultados <strong>de</strong> suas pesquisas teórico-clínicas <strong>de</strong><br />
forma abrangida e clara, fornecendo uma espécie <strong>de</strong> “curso <strong>de</strong> atualização”. Neste, para<br />
nosso trabalho, a parte mais rica e relevante é a nomeada como Qualida<strong>de</strong>s psíquicas.<br />
Vejamos certo panorama.<br />
Não seria necessário caracterizar o que é chamado “consciente”. Trata-se do mesmo que a<br />
consciência segundo muitos filósofos ou o senso comum. Tudo o mais que po<strong>de</strong> ser<br />
caracterizado como psíquico, para a psicanálise, é “o inconsciente”. Então, perfaz-se<br />
<strong>de</strong>terminada divisão importante nesse inconsciente. Alguns processos se tornam conscientes<br />
sem dificulda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> sê-lo, mas po<strong>de</strong>m retornar, po<strong>de</strong>ndo ser lembrados ou<br />
reproduzidos. Isto nos lembra da extrema fugacida<strong>de</strong> da consciência. O consciente assim o é<br />
só por um momento. Aquilo que for inconsciente e “que se comporte <strong>de</strong>sta maneira, que<br />
po<strong>de</strong> assim facilmente trocar o estado inconsciente pelo consciente, é, portanto,<br />
preferivelmente <strong>de</strong>scrito como ‘capaz <strong>de</strong> tornar-se consciente’ ou como pré-consciente”.<br />
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