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COMUNICAÇÕES 248 - VIRGÍNIA DIGNUM: IA RESPONSÁVEL PRECISA DE "REGRAS DE TRÂNSITO"

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negocios 48 O projeto

negocios 48 O projeto foi anunciado na edição de 2022 da Web Summit. A ambição é desenvolver pelo menos 21 produtos com IA responsável até 2025 e gerar 250 milhões de euros em exportações até 2030, com a criação de 210 postos de trabalho altamente qualificados. Pouco mais de um ano depois do arranque, o Center for Responsible AI, que junta startups a centros de investigação e grandes grupos industriais, num modelo verdadeiramente colaborativo e inovador, já tem resultados concretos. Reiterando as metas e objetivos, os seus stakeholders começam agora a pensar a longo prazo. Posicionar Portugal na vanguarda da inteligência artificial (IA) responsável é o compromisso do consórcio. O que passa por desenvolver produtos com impacto concreto na vida das pessoas. Para isso, conta com um investimento total de 78 milhões de euros, dos quais 51,5 milhões são financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No final de novembro, havia já 20 produtos identificados, sendo que nove já agregavam uma startup, um centro de investigação e um grupo industrial – o modelo ideal do projeto, sendo responsáveis pela criação de 90 postos de trabalho, altamente qualificados. A meta é agora acelerar. RETER E ATRAIR TALEN- TO Tudo começou por iniciativa de dois unicórnios de origem portuguesa, a Unbabel e a Feezai, e dois dos seus co-fundadores: Paulo Dimas, vice-presidente de inovação de produto da Unbabel e agora também CEO do consórcio, e Pedro Bizarro, chief science officer da Feedzai. Ambos trabalhavam há muitos anos na área da IA e queriam criar “uma massa crítica de talento em IA responsável”, explica Paulo Dimas. “Essencialmente, foi a nossa primeira motivação: fazer com que o talento nacional nestas áreas fique no país, continuando a aprender, a avançar e a valorizar-se com os melhores. Além de se poder atrair pessoas de referência, que estão lá fora, a regressarem, permitindo criar um futuro de vanguarda na IA”, diz. “Sentimos que era a oportunidade para avançar. Temos muito pouco tempo para fazer coisas que não são essenciais ao nosso negócio, mas achámos que o valor que ia ser criado era suficientemente grande para dedicarmos atenção a esta iniciativa. Até porque a questão da criação da atração de talento é absolutamente fun- Objetivo: desenvolver pelo menos 21 produtos com IA responsável até 2025 e gerar 250 milhões de euros em exportações até 2030 damental”, acrescenta. Quando avançou, o projeto juntava, além destes unicórnios, mais nove startups - Sword Health, Apres, Automaise, Emotai, NeuralShift, Priberam, Visor.ai, YData e Youverse. Assim como oito centros de investigação de Lisboa, Porto e Coimbra - Fundação Champalimaud, CISUC, FEUP, Fraunhofer Portugal AICOS, INESC-ID, IST, IST-ID/ISR e Instituto de Telecomunicações. E cinco líderes de indústria portugueses nas áreas das Ciências da Vida, Turismo e Retalho - Bial, Centro Hospitalar de São João, Luz Saúde, Grupo Pestana e Sonae, a par da sociedade de advogados VdA. Uma combinação de stakeholders que é justificada por Paulo Dimas pelos objetivos definidos à partida: “A ideia foi ter um modelo que permitisse uma colaboração por produtos, pelo que era muito importante que criássemos o máximo de ligações possíveis. É um modelo onde se junta uma startup de IA que desenvolve o produto, a um ou mais centros de investigação e, idealmente, a um líder de indústria. O objetivo do centro é essencialmente criar produtos que cheguem à vida das pessoas, que respondam a problemas reais. No fundo, juntamos as três perspetivas – do produto em si, da necessidade de criar valor económico e de fazer crescer a economia nacional e as exportações e o emprego”. Formalizado o consórcio, foi preciso apostar em criar as necessárias ligações entre os parceiros. Assim, logo em janeiro de 2023 organizou-se um evento de kick off, juntando todos à mesma mesa e a “as coisas aconteceram de forma espontânea”, como refere o gestor, até porque o consórcio reúne empresas industriais visionárias, que estão entre as mais inovadoras do país. Resultado, logo ali foram identificados dois potenciais produtos a desenvolver. FALAR A MESMA LÍNGUA Paulo Dimas diz não ter dúvidas de que se “está a criar um espaço de colaboração muito virtuoso. Estão todos a aprender a falar a mesma língua, sempre a partir do problema e não da tecnologia. Estamos a ter muitas colaborações”, citando exemplos em que startups como a Sword Health, que no início estava reticente em trabalhar com centros de investigação, achando que não tinham a velocidade de que precisava. Ou de centros de investigação, que acabaram por perceber que têm de ir além da investigação e da produção de papers, criando ligações com startups e com líderes de indústria. “Quando se juntam estas valências, a conversa

Paulo Dimas: “Quando as pessoas estão entusiasmadas, há resultados, tanto mais que a IA é determinante para a competitividade a nível global” fica completamente diferente. Todos ficam muito curiosos em perceber qual é o problema da Bial ou da Sonae e todos querem ajudar. No final, tem sempre a ver com pessoas: quando estão entusiasmadas, há resultados. Ainda mais que a IA é determinante para a competitividade ao nível global”, destaca. Os resultados falam por si, tendo em conta o principal KPI usado para medir o sucesso da iniciativa: o número de produtos em desenvolvimento que já juntam as três valências. O consórcio tinha no início de 2023 um total de 18 produtos identificados, dos quais apenas dois juntavam as três valências (startup, centro de investigação e grupo industrial). No final de novembro, já havia nove produtos com as três valências, cinco com parcerias com centros de investigação e seis com líderes de indústria. Todos tinham fases distintas de desenvolvimento, sendo que uns nasceram já no consórcio e outros estão a ser aumentados com IA no seu âmbito. Uma coisa é certa: “Todos partem sempre de problemas reais de mercado e assentam nos princípios de uma IA responsável, que tem como pilares a equidade, explicabilidade que leva à confiança, privacidade e sustentabilidade ou eficiência energética – que é um dos temas muito presentes – porque estes modelos consomem cada vez mais energia”, salienta o líder do consórcio. E exemplifica: “com a passagem do GPT3 para o GPT4, o consumo energético aumentou 40 vezes no treino do modelo. São estimativas feitas por investigadores e não pela OpenAI, que mostram um crescimento exponencial de consumo, porque o volume de dados cada vez é maior e a dimensão dos modelos também, o que leva a um consumo de energia absolutamente extraordinário”. Tendo em conta estes pilares, o Center for Responsible AI está a realizar “um trabalho de educação das startups para a necessidade de usarem a IA de forma responsável. No fundo, estamos a criar uma cultura de desenvolvimento de produtos baseados numa IA que parte logo destes princípios”. FALHAR É COMPONENTE ESSENCIAL Paulo Dimas é um defensor acérrimo do ‘modelo startup’, que tem o ‘ingrediente’ certo para o mundo tecnológico: “introduz um sentido de urgência que faz com que as coisas tenham de acontecer num determinado intervalo de tempo. É o modelo que, no fundo, domina 49

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