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Estudo de caso de cuatro países: Brasil, Argentina, Paraguai ... - FDCL

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Agroenergia na América Latina<br />

A pressão competitiva sobre os pequenos agricultores no Sul<br />

A passo que, no Centro-Oeste, o cultivo da soja é dominado por empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

porte, no Sul há tradicionalmente muitos pequenos produtores, freqüentemente da<br />

agricultura familiar. Mesmo assim, a agricultura familiar per<strong>de</strong>u o seu caráter tradicional<br />

com o início do cultivo da soja. As culturas diversifi cadas, as lavouras <strong>de</strong> subsistência e<br />

o forte vínculo à economia regional ce<strong>de</strong>m freqüentemente o lugar à cultura em rotação<br />

do trigo e da soja e à produção contratada voltada para os mercados nacional e internacional.<br />

Este processo é complementado pelo aumento da mecanização e da utilização<br />

<strong>de</strong> insumos químicos com a correspon<strong>de</strong>nte perda <strong>de</strong> emprego. 79<br />

Com a disseminação da soja geneticamente modifi cada Roundup Ready, o cultivo da<br />

soja intensivo e em gran<strong>de</strong>s áreas torna-se cada vez mais a norma, criando uma pressão<br />

competitiva consi<strong>de</strong>rável para os pequenos produtores restantes no Sul. Em 2005,<br />

o <strong>Brasil</strong> legalizou o cultivo da soja Roundup Ready da multinacional estado-uni<strong>de</strong>nse<br />

Monsanto, que já havia sido cultivada ilegalmente. No momento da legalização, 30% da<br />

colheita já eram provenientes da espécie da Monsanto. Des<strong>de</strong> este período, a percentagem<br />

<strong>de</strong> soja transgênica cresceu a dois terços da colheita brasileira. Desta forma, a<br />

produção <strong>de</strong> soja requer cada vez mais capital.<br />

Como escreve Antônio Andrioli, os produtores familiares adotam o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção<br />

intensiva com base nas promessas <strong>de</strong> aumentos da produtivida<strong>de</strong> com menos trabalho<br />

e começam, “com ajuda da tecnologia, a competir entre si pela sobrevivência”. 80<br />

Porém, a longo prazo, eles não são competitivos. A pressão dos custos exige cada vez<br />

mais terras, mais insumos, mais máquinas e uma infra-estrutura custosa. Muitas pequenas<br />

empresas no Sul não possuem os recursos fi nanceiras necessários, entram em dívida,<br />

ven<strong>de</strong>m as suas terras e migram para outras regiões. Desta forma, a concentração<br />

fundiária aumenta cada vez mais.<br />

As ameaças aos ecossistemas<br />

As taxas <strong>de</strong> crescimento mais altas da sojicultura são registradas nos estados do Centro-<br />

Oeste, do Norte e do Nor<strong>de</strong>ste do <strong>Brasil</strong>. Desta forma, a soja está avançando cada vez<br />

mais no Cerrado e na Floresta Amazônica. Entre 1995 e 2003, o cultivo da soja cresceu<br />

só nos estados do Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Piauí em mais <strong>de</strong> 300%.<br />

Nestas regiões prevalecem as gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s com terras entre 300 hectares e<br />

50 mil hectares. No seu avanço sobre o Cerrado e a Amazônia, elas <strong>de</strong>slocam comunida<strong>de</strong>s<br />

indígenas que vivem freqüentemente da agricultura <strong>de</strong> subsistência e da coleta<br />

<strong>de</strong> produtos fl orestais. Só para poucos entre eles, a soja garante uma renda nova.<br />

Conforme estimativas, a média <strong>de</strong> trabalhadores nas gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s é <strong>de</strong> 10 trabalhadores<br />

a cada mil hectares, sendo quatro <strong>de</strong>les fi xos e seis temporários. 81<br />

79 Veja: Sergio Schlesinger, 2006: O grão que cresceu <strong>de</strong>mais. A soja e seus impactos sobre a<br />

socieda<strong>de</strong> e o meio ambiente. FASE, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2006, p. 38 e seg.<br />

80 Antônio Inácio Andrioli: Biosoja versus Gensoja: Eine Studie über Technik und Familienlandwirtschaft<br />

im nordwestlichen Grenzgebiet <strong>de</strong>s Bun<strong>de</strong>slan<strong>de</strong>s Rio Gran<strong>de</strong> do Sul/<strong>Brasil</strong>ien.<br />

Resumo da tese <strong>de</strong> doutorado com o mesmo título.<br />

81 Schlesinger, 2006, nota <strong>de</strong> rodapé 79, p. 43 e seg.<br />

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