Estudo de caso de cuatro países: Brasil, Argentina, Paraguai ... - FDCL
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<strong>Argentina</strong>: As conseqüências da produção <strong>de</strong> agrocombustíveis<br />
uma campanha abrangente foi capaz <strong>de</strong> fazer com que o governo nacional <strong>de</strong>sistisse do<br />
<strong>de</strong>smatamento. Uma parte do projeto foi parada e a população resi<strong>de</strong>nte recebeu títulos<br />
para novas terras; para os Wichí, foi estabelecida uma reserva.<br />
Porém, as terras concedidas aos atingidos são menores do que as terras que eles antes<br />
possuíam. Além disso, eles terão que pagar por estas terras nos próximos anos, sob perigo<br />
<strong>de</strong> perdê-las. Por esta razão, muitos dos reassentados não estão na posição <strong>de</strong> se<br />
alimentar com base em sua própria produção agropecuária, <strong>de</strong> modo que eles vivem <strong>de</strong><br />
outros trabalhos ou <strong>de</strong> programas sociais governamentais. Além disso, também as novas<br />
terras estão ilhadas pelos corredores <strong>de</strong> soja crescentes. Se este processo continuar,<br />
os poucos pequenos produtores terão que viver “como um sanduíche entre as gran<strong>de</strong>s<br />
monoculturas”. 177<br />
Organizações locais alertam que estes confl itos po<strong>de</strong>rão aumentar ainda com a produção<br />
agroenergética incipiente. Eles relatam que há uma campanha intensiva na mídia<br />
em favor da agroenergia no Noroeste do país que é fi nanciada por empresas, os governos<br />
das províncias e pela pesquisa agropecuária governamental. Grupos como a empresa<br />
canavieira Le<strong>de</strong>sma ou o produtor <strong>de</strong> soja Des<strong>de</strong> el Sur, que querem aten<strong>de</strong>r a procura<br />
por agrocombustíveis, uniram-se na Fundação para o Desenvolvimento Sustentável<br />
do Noroeste Argentino (FUNDESNOA). Esta fundação tenta infl uenciar a política do or<strong>de</strong>namento<br />
territorial e ambiental no Noroeste no sentido das indústrias da cana e da<br />
soja. Ela também está entre os adversários da nova lei fl orestal argentina. 178<br />
As posições da socieda<strong>de</strong> civil<br />
Atualmente, há diferentes posições <strong>de</strong> organizações individuais da socieda<strong>de</strong> civil com<br />
orientações parcialmente divergentes. O Grupo <strong>de</strong> Refl exión Rural supõe que a produção<br />
das culturas energéticas orientada nas exportações levará a uma redução muito<br />
menor das emissões <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono do geralmente projetado. Ao mesmo tempo,<br />
o grupo teme uma propagação dos efeitos negativos da produção <strong>de</strong> ração animal:<br />
perda da soberania alimentar, <strong>de</strong>gradação dos solos, diversida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong>crescente<br />
assim como infrações aos direitos humanos por agências estatais e latifundiários que<br />
reprimem os protestos das organizações <strong>de</strong> campesinos.<br />
Apesar <strong>de</strong>stes riscos, o grupo opina que “o aproveitamento <strong>de</strong> alguns biocombustíveis<br />
<strong>de</strong>ve ser fomentado”, porém, somente sob <strong>de</strong>terminadas condições. Desta forma, a terra<br />
<strong>de</strong>ve servir em primeira linha à produção alimentar e quaisquer fomentos <strong>de</strong>vem estar<br />
integrados em uma política energética mais abrangente que orienta-se, em especial,<br />
em uma redução do consumo no setor do transporte. Da mesma forma, as energias renováveis<br />
<strong>de</strong>vem ser fomentadas como um todo, não só os biocombustíveis. 179<br />
177 Oscar Delgado, 2007: La ruta <strong>de</strong> la soja en el Noroeste argentino. Em: Javiera Rulli (Coord.):<br />
Repúblicas Unidas <strong>de</strong> la Soja. Grupo <strong>de</strong> Refl exión Rural, 2007, pp. 132-158.<br />
178 Ibid.<br />
179 Stella Semino, 2006: La fi ebre por los biocombustibles en la <strong>Argentina</strong>. Grupo <strong>de</strong> Refl exión<br />
Rural, 20/7/2006.<br />
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