Estudo de caso de cuatro países: Brasil, Argentina, Paraguai ... - FDCL
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Agroenergia na América Latina<br />
Intoxicações por agrotóxicos pulverizados e repressão pelo governo<br />
Nos centros da sojicultura, nos <strong>de</strong>partamentos Itaipúa, Alto Paraná e Canin<strong>de</strong>yú, as comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> agricultores e indígenas restantes vêem-se ilhadas por monoculturas <strong>de</strong><br />
soja. Elas sofrem especialmente com a pulverização <strong>de</strong> agrotóxicos sobre as plantações<br />
<strong>de</strong> soja que intoxica suas próprias lavouras e animais e que é responsável por numerosas<br />
doenças. O <strong>caso</strong> mais conhecido diz respeito ao falecimento <strong>de</strong> Silvino Talavera <strong>de</strong><br />
11 anos que morreu em 2003 das conseqüências da pulverização <strong>de</strong> agrotóxicos sobre<br />
os campos <strong>de</strong> soja nos arredores <strong>de</strong> sua casa, enquanto seus familiares fi caram gravemente<br />
doentes. A Coor<strong>de</strong>nação Nacional das Mulheres Rurais e Indígenas (CONAMURI)<br />
apoiou a família para mover um processo contra os responsáveis e lançou uma intensa<br />
campanha <strong>de</strong> informação sobre os perigos dos agrotóxicos. 135<br />
No entretanto, muitos sem-terra e pequenos agricultores resistem à expansão agrária,<br />
ocupam terras, bloqueiam estradas e impe<strong>de</strong>m a pulverização <strong>de</strong> agrotóxicos sobre<br />
os campos. O governo reage com repressão brutal a estes protestos, com o <strong>de</strong>spejo<br />
forçoso das ocupações dos sem-terra e com a <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> ativistas e sindicalistas.<br />
Organizações <strong>de</strong> pequenos agricultores e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos relatam numerosos<br />
<strong>caso</strong>s em que os latifundiários agem <strong>de</strong> modo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte através <strong>de</strong> empresas<br />
<strong>de</strong> segurança privadas ou <strong>de</strong> grupos paramilitares, expulsando os sem-terra e até<br />
assassinando pessoas. A polícia também é responsável por algumas mortes durante confrontações<br />
com pequenos agricultores. Entre 1990 e 2004, o Centro <strong>de</strong> Documentação<br />
e <strong>Estudo</strong>s (Centro <strong>de</strong> Documentación y Estudios, CDE) contou ao total 885 confl itos <strong>de</strong><br />
terra, 407 ocupações, 350 <strong>de</strong>spejos e mais <strong>de</strong> 7000 <strong>de</strong>tenções <strong>de</strong> ativistas. 136<br />
As reivindicações da socieda<strong>de</strong> civil<br />
Em gran<strong>de</strong> parte, as organizações <strong>de</strong> pequenos agricultores e sem-terra, os sindicatos<br />
e os diferentes grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do meio-ambiente e dos direitos humanos recusam<br />
os objetivos do governo em relação aos agrocombustíveis. Em uma <strong>de</strong>claração conjunta<br />
sobre as “armadilhas dos agrocombustíveis”, uma aliança abrangente <strong>de</strong> movimentos<br />
sociais e organizações não-governamentais <strong>de</strong>nuncia “todas as medidas políticas e<br />
econômicas que promovem o <strong>de</strong>senvolvimento dos agrocombustíveis e a expansão das<br />
monoculturas em gran<strong>de</strong> escala”. O cultivo <strong>de</strong> culturas energéticas em gran<strong>de</strong> escala<br />
seria somente possível “aos custos das fl orestas restantes e através da substituição <strong>de</strong><br />
culturas existentes e da expulsão <strong>de</strong> pequenos agricultores e indígenas”. 137<br />
Os movimentos sociais exigem que, ao invés disso, as políticas favoreçam a permanência<br />
das comunida<strong>de</strong>s rurais e indígenas em suas terras, realizando uma reforma agrária<br />
integral e “recuperando a soberania nacional alimentar, territorial e cultural”. Ao invés<br />
da promoção da produção <strong>de</strong> agrocombustíveis em gran<strong>de</strong> escala e <strong>de</strong> sua exportação,<br />
<strong>de</strong>veriam ser tomadas medidas sérias para garantir a soberania alimentar e energética<br />
135 Palau/Kretschmer, 2004, nota <strong>de</strong> rodapé 129.<br />
136 FIAN/La Via Campesina, 2007, nota <strong>de</strong> rodapé 130.<br />
137<br />
Declaración ofi cial <strong>de</strong> Chake Ñuha. Sobre las trampas <strong>de</strong>l agrocombustible y los servicios<br />
ambientales. Assunção, 24/4/2007.<br />
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