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princípio da subtracção que admite que, não sendo possível criar uma nova estrutura cognitiva depois de uma lesão cerebral, o comportamento linguístico de um doente afásico seria equivalente ao de uma pessoa normal, com excepção daquele que está relacionado com os módulos afectados (Basso, 2003). A PAL interessou-nos particularmente porque, contrariamente à PALPA, possibilita uma avaliação da produção da linguagem a nível frásico e, sobretudo, porque permite um trabalho psicométrico 3 . As vantagens de termos, para a língua portuguesa, uma bateria de provas psicolinguísticas, com características psicométricas bem estabelecidas, são por demais evidentes (Nunnally, 1978, pp. 5-9). Por outro lado, e uma vez que a PAL original não contempla os níveis discursivo e prosódico da linguagem, decidimos acrescentar às vinte e oito provas originais, mais sete provas que abrangem estes níveis. Relativamente à segunda condição já explicitada – obtenção de medidas em tempo diferido e em tempo real – o desenvolvimento de uma versão computorizada das trinta e cinco provas, vai permitir uma precisão de milisegundos na apresentação dos estímulos e na recolha dos parâmetros associados às respostas: tempos de duração e latências. Para tal, todas as provas serão implementadas num programa para PC - E-Prime - que é precisamente um programa que possibilita a criação de situações experimentais e a recolha de respostas com uma precisão de milésimas de segundo. Poderemos, deste modo, obter, em simultâneo, medidas em tempo diferido, como o número de respostas correctas e a tipologia de erros, e medidas em tempo real, como os tempos de reacção. Na sua versão final, a PAL-PORT terá, assim, trinta e cinco provas implementadas num programa para PC. A elaboração dos itens das diferentes provas, incluindo a daqueles que se baseiam na PAL, é feita tendo em conta as características da língua portuguesa. Nas provas retiradas da PAL são rigorosamente respeitadas as variáveis psicolinguísticas seguidas pelos autores. No entanto, como facilmente se compreende, dadas as especificidades da nossa língua, os itens da PAL-PORT serão bem distintos dos da versão original. A equipa conta com a colaboração de linguistas que apoiam a elaboração e construção dos itens. Do mesmo modo, o recurso a bases de natureza psicolinguística como a PORLEX (Gomes, & Castro, 2003) e a CORLEX (Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 2003) constituem uma ajuda imprescindível, respectivamente, no estabelecimento da extensão das palavras e da sua frequência. Após a construção dos itens, todas as provas serão implementadas no programa E- Prime, dando origem à versão computorizada da PAL-PORT. A realização de estudos piloto vai permitir verificar a adequação das instruções e dos itens e o estudo de características como a validade e a fidelidade vai possibilitar a definição das características psicométricas da PAL- PORT 4 . 4
Devido às suas características - ser um instrumento baseado num modelo psicolinguístico construído de acordo com as especificidades da língua portuguesa, permitir a obtenção de medidas em tempo real e em tempo diferido e ter qualidades psicométricas -, a PAL-PORT vem preencher um lugar que estava vazio, em Portugal, no âmbito da avaliação das afasias e das perturbações da linguagem. PAL-PORT: Provas, Variáveis Psicolinguísticas e Componentes Linguísticos Avaliados Como já vimos, a PAL-PORT, na sua versão final, incluirá trinta e cinco provas, sendo vinte e oito delas retiradas da PAL original. Relativamente a estas últimas, todas as suas características são mantidas na PAL-PORT e, tal como acontece na PAL, as provas avaliam os níveis lexical (fonémico e semântico), morfológico e frásico, nas variantes escrita e auditiva do código linguístico, em tarefas de compreensão e de produção 5 . As sete provas novas, para além de avaliarem alguns aspectos destes mesmos níveis não contemplados na PAL, permitem estudar o processamento discursivo e prosódico, que também não é visado pela PAL. Dada a complexidade e extensão da PAL-PORT, será impossível, no âmbito deste artigo, fazer uma apresentação detalhada das suas provas, das variáveis psicolinguísticas que presidem à escolha de todos os itens e, ainda, das representações e processos linguísticos avaliados por cada um dos testes de toda a bateria. Por essa razão, escolhemos algumas provas de modo a podermos exemplificar, quer o papel das variáveis psicolinguísticas, quer o modo como os diferentes testes avaliam os componentes linguísticos do modelo subjacente à PAL-PORT. Assim, após uma apresentação geral e muito sumária das provas, descreveremos as variáveis de natureza psicolinguística das provas semânticas e, por último, referiremos as representações e processos linguísticos avaliados pelos diferentes testes de compreensão oral de palavras simples. Provas da PAL-PORT As provas da PAL-PORT, como já referimos, podem ser classificadas de acordo com o nível linguístico que avaliam. Começando com as provas comuns à PAL original, estas podem ser divididas em provas ao nível lexical, ao nível morfológico e ao nível frásico. Em cada um destes níveis, podemos, ainda, considerar as provas segundo o tipo de tarefas em que estão incluídas: compreensão oral, compreensão escrita, produção oral e produção escrita. As provas ao nível lexical, dezasseis no total, pretendem avaliar as representações e processos linguísticos necessários ao reconhecimento e compreensão de palavras simples. Os 5
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