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In C. Machado, L. Almeida, A. Guisande, M. Gonçalves, V. Ramalho ...

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A frequência é uma outra variável que se sabe ter importância no processamento das<br />

palavras. O reconhecimento de palavras é mais fácil e mais rápido quando se trata de palavras<br />

muito frequentes, comparativamente a palavras pouco frequentes, tanto no que se refere a<br />

palavras ouvidas (Savin, 1963), como no que se refere a palavras lidas (Forster & Chambers,<br />

1973). Deste modo, não é de estranhar que tenha sido uma das variáveis tidas em consideração<br />

pelos autores da PAL. Tomando a CORLEX como referência, seguimos a mesma proporção<br />

adoptada na PAL, para estabelecer os limites de baixa e elevada frequência, tendo, assim, ficado<br />

definido como “pouco frequente” o limite máximo de 27 ocorrências e como “muito frequente”<br />

o limite mínimo de 162 ocorrências.<br />

A categoria semântica surge como uma das variáveis mais significativas nas provas aqui<br />

analisadas. A importância desta variável decorre, em grande parte, da constatação da existência,<br />

em pacientes com lesões cerebrais, de défices de natureza semântica restritos a certas categorias<br />

de objectos. São muitos os casos relatados de doentes que apresentam dificuldades em tarefas de<br />

compreensão do significado, relativas a objectos pertencentes à categoria dos seres vivos (e.g.,<br />

animais, frutos, legumes), não apresentando qualquer problema relativamente a objectos<br />

pertencentes à categoria dos seres não vivos (e.g., artefactos, instrumentos). O padrão inverso<br />

também é, frequentemente, encontrado (Forde & Humphreys, 2002). Embora muitas<br />

explicações deste fenómeno apontem para uma diferenciação de sistemas semânticos assente em<br />

sistemas de reconhecimento neuronal específicos de cada categoria (Santos & Caramazza,<br />

2002), alguns dados observados, ao denotar uma divisão menos nítida entre objectos de<br />

diferentes categorias, estão na origem de outras hipóteses explicativas. É o caso dos trabalhos de<br />

Warrington e Shallice (1984) que vieram sustentar uma explicação conhecida como sensorial-<br />

funcional para os défices encontrados nas diferentes categorias semânticas. Estes autores, ao<br />

observar doentes com défices específicos de determinadas categorias, verificaram que,<br />

alargando o estudo das categorias habitualmente consideradas, o padrão seres animados versus<br />

seres inanimados podia ser ligeiramente alterado. De facto, um dos doentes observados, não<br />

manifestando problemas na categoria dos seres inanimados (e.g., instrumentos) apresentava<br />

dificuldades na compreensão dos seres vivos (e.g., animais, legumes), mas também de outros<br />

objectos como instrumentos musicais e peças de vestuário. Uma vez que estes últimos não se<br />

podem incluir nos seres vivos, os autores avançaram com uma hipótese explicativa, segundo a<br />

qual o conhecimento semântico estaria organizado em dois subsistemas independentes: um<br />

visual que armazenaria informação relativa às propriedades visuo-semânticas dos objectos e<br />

outro funcional que teria informação acerca das propriedades funcionais dos objectos. Ainda<br />

segundo esta teoria, o primeiro subsistema (visuo-semântico) seria mais importante na<br />

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