Inovação na era do conhecimento, por Cristina Lemos - Redetec
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INOVAÇÃO NA ERA DO CONHECIMENTO — 125<br />
mica, que se encontra facilmente disponível e transferível a qualquer agente<br />
econômico. Consid<strong>era</strong>m, ainda, que o processo inovativo é igual para<br />
esses agentes, independentemente <strong>do</strong> seu tipo, setor, estágio de capacitação<br />
tecnológica, local ou país em que está localiza<strong>do</strong>.<br />
Diferentemente desse enfoque, destaca-se neste capítulo a abordagem<br />
neo-schumpeteria<strong>na</strong> que aponta para uma estreita relação entre o<br />
crescimento econômico e as mudanças que ocorrem com a introdução e<br />
dissemi<strong>na</strong>ção de inovações tecnológicas e organizacio<strong>na</strong>is. Compreendese,<br />
sob esse ponto de vista, que os avanços resultantes de processos<br />
inovativos são fator básico <strong>na</strong> formação <strong>do</strong>s padrões de transformação da<br />
economia, bem como de seu desenvolvimento de longo prazo.<br />
Entretanto, reconhece-se que o entendimento existente sobre a <strong>na</strong>tureza<br />
das inovações e seus efeitos sobre o crescimento econômico são ainda<br />
limita<strong>do</strong>s. A busca de uma maior compreensão deste processo levou<br />
ao notável crescimento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s nesta área, ao longo das últimas décadas.<br />
À medida que se intensificaram formas anteriormente não sistematizadas<br />
no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo inovativo, novos aspectos pud<strong>era</strong>m ser<br />
incor<strong>por</strong>a<strong>do</strong>s ao quadro de referência anterior.<br />
Dessa forma, noções lineares sobre o processo inovativo — como<br />
aquelas que o tratavam como resulta<strong>do</strong> das atividades realizadas <strong>na</strong> esf<strong>era</strong><br />
da ciência, que evoluiria unidirecio<strong>na</strong>lmente para a tecnologia, até<br />
chegar à produção e ao merca<strong>do</strong> — já não se colocam mais no centro <strong>do</strong><br />
debate. Adicio<strong>na</strong>lmente, <strong>na</strong> mesma medida que a ciência não pode ser consid<strong>era</strong>da<br />
como fonte absoluta de inovações, também as demandas que vêm<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> não devem ser tomadas como o único elemento determi<strong>na</strong>nte<br />
<strong>do</strong> processo de inovação, como apresentavam teses contrárias. 1<br />
Quan<strong>do</strong> se aceita a existência de uma estrutura complexa de int<strong>era</strong>ção<br />
entre o ambiente econômico e as direções das mudanças tecnológicas,<br />
deixa-se de compreender o processo de inovação como um processo que<br />
evolui da ciência para o merca<strong>do</strong>, ou como seu oposto, que o merca<strong>do</strong> é a<br />
fonte das mudanças. Os diferentes aspectos da inovação a tor<strong>na</strong>m um processo<br />
complexo, int<strong>era</strong>tivo e não-linear. Combi<strong>na</strong><strong>do</strong>s, tanto os <strong>conhecimento</strong>s<br />
adquiri<strong>do</strong>s com os avanços <strong>na</strong> pesquisa científica, quanto as necessidades<br />
oriundas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> levam a inovações em produtos e processos e<br />
a mudanças <strong>na</strong> base tecnológica e organizacio<strong>na</strong>l de uma empresa, setor ou<br />
país, que podem se dar tanto de forma radical como incremental.<br />
1. Para detalhes sobre a crítica ao modelo linear e o longo debate acerca <strong>do</strong>s argumentos de science<br />
ou technology-push e demand ou market-pull, ver, entre outros, Freeman, 1988; Lastres, 1993 e<br />
<strong>Lemos</strong>, 1996.