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1 Narrativas de experiências sexuais em torno da internet: a ...

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Narradores também usam in<strong>de</strong>xicais avaliativos, estas pistas pressupõ<strong>em</strong> algo sobre as<br />

posições sociais dos personagens e a posição do narrador com relação a elas. Faz isso, através <strong>de</strong> itens<br />

lexicais, construções gramaticais, sotaques e outros pares lingüísticos que se refer<strong>em</strong> a um <strong>de</strong>terminado<br />

grupo e funcionam como índices para esses grupos, quando usado pelo narrador.<br />

Por fim, com relação à mo<strong>da</strong>lização epistêmica, que t<strong>em</strong> a ver com o tipo <strong>de</strong> acesso que o<br />

narrador t<strong>em</strong> no evento narrado e com a posição que toma nas histórias. Por ex<strong>em</strong>plo, ele po<strong>de</strong> se<br />

posicionar como um espectador privilegiado ou como um participante mais contingente.<br />

Essas pistas têm sido, freqüent<strong>em</strong>ente, utiliza<strong>da</strong>s por Wortham (2000ii) <strong>em</strong> análises <strong>de</strong><br />

contextos etnográficos particulares. De maneira próxima, elas também serão utiliza<strong>da</strong>s aqui para<br />

analisar os posicionamentos <strong>de</strong> Fábio num evento narrativo. Consi<strong>de</strong>ro que este é um caminho útil para<br />

enten<strong>de</strong>rmos como as i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> são construí<strong>da</strong>s nos processos interativos.<br />

Metodologia e contexto<br />

A narrativa analisa<strong>da</strong> abaixo foi gera<strong>da</strong> através <strong>de</strong> uma investigação etnográfica <strong>em</strong> uma “Lan<br />

House”, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Mais especificamente, essa “Lan House” localiza-se no subúrbio<br />

do Rio, on<strong>de</strong> os freqüentadores, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, são <strong>de</strong> classe média baixa. Os <strong>da</strong>dos foram gerados<br />

através <strong>de</strong> gravação <strong>em</strong> áudio. A narrativa <strong>em</strong> análise foi conta<strong>da</strong> no dia <strong>de</strong>zessete <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />

2007, numa interação <strong>de</strong> 28min e 38 segundos.<br />

Entre os participantes <strong>da</strong>quela narrativa estão: Lívia, Carlos, Cazu, Diego, Paulo, Sandro e eu.<br />

Todos possu<strong>em</strong> computador <strong>em</strong> casa, mas freqüentam com assidui<strong>da</strong><strong>de</strong> a “Lan House”, por causa <strong>da</strong><br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> amigos feitas lá. Com relação a Fábio, este t<strong>em</strong> 20 anos e durante a interação ele é levado a faz<br />

performances f<strong>em</strong>ininas ao narrar uma experiência heterossexual. De todo material gravado, selecionei<br />

um pequeno fragmento <strong>em</strong> que Fábio conta essa experiência.<br />

Adotei neste estudo uma visão interpretativista <strong>de</strong> pesquisa (MOITA LOPES, 1994) xii , visto<br />

que este tipo <strong>de</strong> investigação reconhece o conhecimento como produto <strong>da</strong> interpretação interpessoal <strong>da</strong><br />

linguag<strong>em</strong>, ou seja, consi<strong>de</strong>ra o conhecimento como fabricado, produto <strong>da</strong> força discursiva nas<br />

interações sociais. Desse modo, é importante ressaltar que também sou participante ativa na construção<br />

do contexto narrativo analisado.<br />

Para facilitar as análises dos <strong>da</strong>dos feitas abaixo tomo como base algumas convenções <strong>de</strong><br />

transcrição propostas por Schanck et al ( 2005) xiii .<br />

A análise e consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Nas histórias que me contaram, naquela pequena sala cheia <strong>de</strong> computadores, o que mais me<br />

impressionava, não era o enredo, o <strong>de</strong>sfecho, a morali<strong>da</strong><strong>de</strong>; e sim o fato <strong>de</strong> elas ser<strong>em</strong> conta<strong>da</strong>s ali e<br />

não a meia voz, entre sussurros e promessas <strong>de</strong> segredos. A sala escura, as pessoas s<strong>em</strong>pre à meia luz,<br />

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