Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Também armava arapucas e outras armadilhas e nestas<br />
prendia ratos, mariposas, rãs, pintos e galinhas que haviam<br />
entrado no barracão em busca de algum alimento.<br />
O porrete e a espingarda pouco eram usadas. Piquira<br />
tinha preferência por pegar o bicho “às unhas”, fingindo-se<br />
de morto ou preso através das armadilhas. Quando conseguia<br />
pegar algum animal usando apenas suas mãos, seu grande<br />
prazer era esmagá-lo, esganando-o, até perceber que ele estava<br />
completamente dominado e morto. Piquira, n<strong>esse</strong>s momentos,<br />
dava urros, tinha todo o corpo contorcido à medida que percebia<br />
que o bicho estava preso e estrebuchando, diante do poder<br />
de sua mente e enviado às suas poderosas e potentes mãos.<br />
Às vezes, durante essas matanças, ele chegava a ter orgasmos<br />
altamente prazerosos. Depois de estrangular o animal com as<br />
mãos, este era jogado ao chão já morto e só n<strong>esse</strong>s momentos<br />
Piquira usava o porrete ou a espingarda: as armas serviam<br />
muito mais como rituais simbólicos de sua força e poder.<br />
Uma vez terminada a matança de ratos, sapos, lagartixas,<br />
bruxas, morcegos, escorpiões, isto é, de todos os animais<br />
caçados e mortos, estes eram colocados dentro de uma<br />
panela existente no terreiro da casa. A panela ficava dependurada<br />
no meio de uma barra de ferro comprida, barra essa<br />
que se apoiava, em cada extremidade, em duas forquilhas<br />
que sustentavam a barra e a panela. Em baixo da panela<br />
dependurada, era acesa uma fogueira improvisada.<br />
Os animais mortos, todos eles misturados, eram então<br />
cozidos na panela colocada na fogueira, sempre temperados<br />
com sal e limão capeta, este último colhido no próprio<br />
quintal da casa de Clara.<br />
141