Clique aqui para baixar esse livro! - Galeno Alvarenga
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O contato do pai com Clara tinha, talvez sem sua<br />
consciência, o objetivo de agradá-la, fazê-la feliz diante da<br />
vida na fazenda.<br />
Clara e sua mãe<br />
Diante de Clara, Donana exibia uma conduta carregada<br />
de uma mistura de afetos positivos - muita alegria e<br />
carinho - mas ao mesmo tempo demonstrava, de quando<br />
em quando, tristeza e mesmo raiva. Essa dupla emoção,<br />
positiva e negativa, talvez possa ser compreendida pelas<br />
recordações dolorosas que a presença de Clara lhe trazia<br />
constantemente ao compará-la com a filha que não teve. Os<br />
sentimentos contraditórios de Donana emergiam quando<br />
olhava, ouvia ou carregava o corpo da filha adotiva. Assim<br />
as duas se relacionavam: a presença bela e alegre da criança<br />
de um lado, e a raiva e tristeza misturadas à satisfação do<br />
contato, de outro.<br />
Os encontros entre mãe e filha provocavam em Donana<br />
crises, às vezes passageiras, às vezes demoradas, de mal-estar,<br />
desânimo, inquietação, bem como o de afastá-la de seus<br />
olhos. Donana, às vezes, parecia não enxergar Clara diante<br />
dela, via a filha morta após seis meses de vida intra-uterina.<br />
Era frequente observar Clara, com seus pequenos<br />
olhos claros e vivos, sorrir <strong>para</strong> a mãe. Demonstrando uma<br />
grande necessidade de carinho e amor, muitas vezes Clara<br />
caminhava em direção a Donana, tentando se aconchegar no<br />
colo da mãe, entretanto, n<strong>esse</strong> instante, terríveis recordações<br />
acerca da gravidez e do aborto apareciam intensamente.<br />
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