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Mudanças Climáticas Mudanças Climáticas - EcoEco - Sociedade ...

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42<br />

ECEC<br />

fenômeno contemporâneo do aquecimento do<br />

planeta. Evidências atestam a origem antropogênica<br />

das emissões de gases de efeito estufa<br />

(GEE) nos últimos 50 anos (Rahmstorf, 2008).<br />

Outros estudos apontam para impactos que<br />

ocorrerão com base na projeção de um aumento<br />

da temperatura entre 1,5ºc e 4,5ºc. Neste<br />

debate, perguntas de caráter variado pipocam,<br />

inclusive aquelas de cunho ético e social. Quem<br />

são os atingidos? Como eles serão atingidos?<br />

Quais são as suas vulnerabilidades?<br />

Se admitirmos estas evidências, estas são questões<br />

que nos remetem ao questionamento do<br />

modelo de desenvolvimento, mais especificamente,<br />

da sua base capitalista industrial. Afinal,<br />

as emissões de GEE estariam, intrinsecamente,<br />

relacionadas a padrões de produção e consumo,<br />

enfim, elas estão ligadas ao comportamento do<br />

ser humano e como ele interage com a Natureza.<br />

Admitindo isto, as questões anteriores passam<br />

a ter um caráter político e ético, o que situa<br />

a questão climática e seus impactos na esfera da<br />

relação entre pessoas ou entre nações e as suas<br />

relações com a natureza (Sachs, 2008).<br />

A dimensão ético-política<br />

Falar de populações vulnerabilizadas no enfrentamento<br />

das mudanças climáticas é, antes de<br />

tudo, uma questão ética, envolvendo a transformação<br />

de valores da nossa civilização, o que<br />

nos remete ao questionamento da sustentabilidade<br />

do capitalismo industrial e das bases do modelo<br />

desenvolvimento (Edenhofer et al, 2008).<br />

Afinal, o fenômeno das MC ameaça as bases<br />

naturais de sustentação de toda a vida no planeta<br />

- inclusive a nossa enquanto Humanidade,<br />

apesar de todo o desenvolvimento tecnológico<br />

Boletim da <strong>Sociedade</strong> Brasileira de Economia Ecológica<br />

colocando ou acentuando, por conseguinte, as<br />

vulnerabilidades de comunidades. Isto considerado,<br />

concorda-se com Sachs (2008) quando<br />

ele situa as mudanças climáticas no cerne dos<br />

direitos humanos.<br />

É sob este ângulo que deve ser assegurada a<br />

equidade de diretos à vida a todos, garantindo<br />

o acesso a condições de vida dignas e justas<br />

das comunidades, principalmente, aquelas que,<br />

hoje, já são vulnerabilizadas. Estas comunidades<br />

são aquelas que já vivem em condições de vida<br />

extremas, quando suas necessidades básicas não<br />

são atendidas – a vulnerabilidade social. Além<br />

disto, quando os seus meios de subsistência são<br />

submetidos à exploração econômica irracional<br />

e irresponsável ou estando, ainda, situadas em<br />

áreas com alto grau de degradação ambiental,<br />

elas estão em situação de vulnerabilidade ambiental.<br />

Elas estão, portanto, duplamente expostas<br />

a ameaças tanto sociais como ambientais<br />

(O`Brien & Leischenko, 2000), o que nos faz<br />

recorrer, assim, a noção de vulnerabilidade socioambiental<br />

(Alves, 2006) para caracterizá-las.<br />

A vulnerabilidade é a incapacidade de um grupo<br />

social em evitar o perigo relacionado a catastrofes<br />

naturais ou a condição de ser forçado<br />

a viver em tais condições de perigo (O`Riordan<br />

apud, Braga et al, 2006). No caso das mudanças<br />

climáticas, podemos apreender que a vulnerabilidade<br />

é a incapacidade de populações em<br />

enfrentarem os impactos advindos de eventos extremos,<br />

tanto por conta da fragilidade de sua situação<br />

social como da sua condição ambiental.<br />

Dentro deste quadro, se faz necessário a construção<br />

ou o reforço da capacidade de resiliência do<br />

tecido social para aumentar a sua capacidade<br />

de enfrentamento e de absorção de impactos.

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