13.04.2013 Views

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

110<br />

clarificado y el imperio, por primera vez, no se sienta entre nosotros. Pue<strong>de</strong> que esa<br />

organización flexible, nos permita marchar hacia <strong>de</strong>lante. 227<br />

Para Quijano, qual era o maior <strong>de</strong>safio da América Latina na nova cartografia<br />

geopolítica mundial que emergiu no pós-guerra e tomou forma nos anos da Guerra Fria? O<br />

sistema-mundo que <strong>de</strong>rivou daí adquiriu um contorno bipolar. A emergente or<strong>de</strong>m<br />

internacional pendia para a concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em zonas <strong>de</strong> infuência repartidas entre os<br />

Estados Unidos e a União Soviética. No Uruguai, como já mencionei, gestou-se uma corrente<br />

<strong>de</strong> pensamento que foi <strong>de</strong>signada como “tercerismo”, segundo a qual o país <strong>de</strong>veria ter uma<br />

atuação in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte no cenário internacional. Essa corrente teve forte presença nos<br />

enunciados <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong> e dos seus <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> e embasou muitas <strong>de</strong> suas análises, como as <strong>de</strong><br />

Ardao e Real <strong>de</strong> Azúa. Enquanto a crítica <strong>de</strong> Quijano ao mo<strong>de</strong>lo soviético era normalmente<br />

tíbia, seus libelos contra o mo<strong>de</strong>lo estadouni<strong>de</strong>nse costumavam ser explícitos e contun<strong>de</strong>ntes,<br />

como este que foi feito no interior <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações sobre um dos nós históricos da América<br />

Latina, a união <strong>de</strong> suas nações:<br />

He ahí el <strong>de</strong>safío. En este mundo <strong>de</strong> las gran<strong>de</strong>s concentraciones y <strong>de</strong> los gran<strong>de</strong>s<br />

centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, para sobrevivir <strong>de</strong>bemos unirnos, pero para unirnos <strong>de</strong>bemos<br />

trazarnos, una clara meta común. En la revolución <strong>de</strong> nuestra in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia, fueron<br />

las masas populares las que instintivamente se batieron contra las propias<br />

oligarquías criollas, por la república. E se fue el rumbo. Ahora <strong>de</strong>berán combatir por<br />

la liberación y por la justicia. Contra el imperio y contra el capitalismo. 228<br />

Se Quijano, por um lado, nutria uma gran<strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong> pelo capitalismo, o socialismo<br />

que reivindicou, por outro, não era o socialismo real soviético ou maoísta sobre os quais ele<br />

tinha inúmeras reservas. 229 Her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> uma arraigada tradição liberal uruguaia, o<br />

principismo, que na sua juventu<strong>de</strong> o levara a formar parte das hostes do Partido Nacional, na<br />

ANDS, uma fração política social-<strong>de</strong>mocrata, colocando-o em dissenso com o lí<strong>de</strong>r socialista<br />

uruguaio, Emilio Frugoni, Quijano posteriormente <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a noção <strong>de</strong> um socialismo<br />

<strong>de</strong>mocrático e imprimiu no projeto político dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> a marca <strong>de</strong>ssa noção. A tría<strong>de</strong><br />

socialismo <strong>de</strong>mocrático, antiimperialismo e latino-americanismo constituiu a espinha dorsal<br />

227 Ibi<strong>de</strong>m, p. 270.<br />

228 Ibi<strong>de</strong>m, p. 269.<br />

229 Em entrevista com Ana María Fagal<strong>de</strong>, realizada em junho <strong>de</strong> 1982, em que Quijano respon<strong>de</strong> a uma série <strong>de</strong><br />

perguntas sobre a conjuntura política internacional e latino-americana, há uma breve passagem acerca do<br />

socialismo real que revela sua crítica ao mo<strong>de</strong>lo autárquico soviético: “Esa es la tragedia <strong>de</strong>l mundo actual. El<br />

capitalismo ha entrado en una crisis irreversible. Y el socialismo real, a mi modo <strong>de</strong> ver, ha entrado en otra crisis<br />

también a la cual no le veo salida y por consiguiente no pue<strong>de</strong> constituir un mo<strong>de</strong>lo.” Cf. QUIJANO, Carlos.<br />

Capitalismo, socialismo real y América Latina. In: QUIJANO, Carlos. Op. cit., (1989), p. 296. Mais tar<strong>de</strong>, essa<br />

entrevista veio a ser publicada no primeiro número da Terceira Época dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, em junho <strong>de</strong><br />

1985.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!