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Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

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aquele foram extremamente bem sucedidos na tarefa <strong>de</strong> recolher prosélitos. Os “sermões<br />

laicos” são instrumentos i<strong>de</strong>ológicos imbatíveis porque têm um tremendo apelo emocional e,<br />

ao mobilizarem as paixões, impelem à ação. Imbuídos <strong>de</strong> fórmulas retóricas e pincelados com<br />

os corantes fortes da eloqüência, além <strong>de</strong> formados na escola da perfeita elocução logram<br />

muito sucesso naquilo que os gregos chamavam <strong>de</strong> “captação <strong>de</strong> benevolência”.<br />

Já chamei a atenção para o peso do Arielismo na formação do pensamento <strong>de</strong><br />

Quijano. Estaria incompleta, no entanto, toda a referência às afinida<strong>de</strong>s eletivas do diretor dos<br />

<strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, se não fosse consi<strong>de</strong>rada também a influência fortíssima do<br />

antidogmatismo vazferreiriano na constituição da sua concepção <strong>de</strong> mundo. A filosofia do<br />

uruguaio Carlos Vaz Ferreira, formado nas leituras <strong>de</strong> Bergson, James e Mill, foi um<br />

ingrediente substantivo no seu aprendizado intelectual e contribuiu muito, assim como o<br />

i<strong>de</strong>alismo rodoniano, na construção <strong>de</strong> sua sensibilida<strong>de</strong>. Examinar aquilo que foi selecionado<br />

dos dois “maestros” para figurar no conteúdo dos ensaios que compuseram os dossiês dos<br />

<strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong>dicados a eles é uma forma a<strong>de</strong>quada para compreen<strong>de</strong>r como algumas das<br />

tópicas <strong>de</strong> seus pensamentos foram resignificadas pelo grupo da publicação <strong>de</strong> Montevidéu.<br />

Sabendo que o ato <strong>de</strong> escolher implica critérios <strong>de</strong> valoração, vizualizar o <strong>de</strong>lineamento que<br />

as reflexões sobre Rodó e Vaz Ferreira adquiriram no corpus textual dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> po<strong>de</strong><br />

ajudar a trazer elementos para um melhor entendimento do seu projeto político e cultural.<br />

Embasada na metodologia <strong>de</strong> Héctor Borrat 98 , Peirano Basso observou a importância das<br />

ausências e recorrências <strong>de</strong> temas para o estudo dos propósitos dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong>:<br />

El mero tratamiento o exclusión <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados temas en cualquier publicación<br />

hemerográfica constituye un propósito en sí mismo [...] El estudio <strong>de</strong> los propósitos<br />

<strong>de</strong> los <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong> no se limita a los enunciados que hacen <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ellos<br />

mismos, sino que <strong>de</strong>be complementarse con el análises <strong>de</strong> por qué se eligen<br />

<strong>de</strong>terminados tópicos, que en algunas oportunida<strong>de</strong>s son tratados en más <strong>de</strong> dos<br />

números. 99<br />

No centenário <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> Vaz Ferreira foram publicados dois números<br />

consecutivos dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> para celebrar a efeméri<strong>de</strong>, o 63 e o 64, em julho e agosto <strong>de</strong><br />

1972 respectivamente. Com Rodó aconteceu o mesmo, mas houve um intervalo <strong>de</strong> quase<br />

cinco anos entre os números <strong>de</strong>dicados a ele. Sobre o primeiro, que foi o exemplar <strong>de</strong> abertura<br />

dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong>, publicado em maio <strong>de</strong> 1967, falarei na seção em que me <strong>de</strong>terei sobre os<br />

pressupostos teóricos instrumentalizadores das análises que tomaram corpo <strong>de</strong>ntro dos<br />

<strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> a respeito da política internacional.<br />

98 Passim BORRAT, Héctor. El periódico, actor político. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1989.<br />

99 BASSO, Luisa Peirano. Op. cit., p. 105.<br />

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