13.04.2013 Views

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

em Foucault, disse: “Para mim, assim como para Foucault, a investigação histórica do<br />

passado é apenas a sombra da interrogação histórica sobre o presente.” 235<br />

114<br />

Os <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, em sua Primeira Época (1967-1974), surgiram como<br />

aprofundamento do periodismo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte abraçado pelo “grupo do semanário <strong>Marcha</strong>”,<br />

periódico em formato <strong>de</strong> tablói<strong>de</strong> fundado em Montevidéu por Carlos Quijano, em 23 <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> 1939. Antes <strong>de</strong> mais nada, expressaram a <strong>de</strong>fesa da nacionalida<strong>de</strong>, e, por<br />

conseguinte, consi<strong>de</strong>rando a manifestação <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>fesa no pensamento <strong>de</strong> Quijano, o embate<br />

antiimperialista, irmanando-se à linha que já havia sido traçada pela revista Amauta, “uma<br />

força beligerante e polêmica” 236 , conforme José Carlos Mariátegui (1894-1930), que a fundou<br />

em 1926.<br />

Antes <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong> e dos seus <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong>, Quijano fundara, em 1919, a revista Ariel,<br />

publicada até 1931. Mais tar<strong>de</strong>, atuou no jornal da ANDS, El Nacional, uma publicação <strong>de</strong><br />

corte político vinculada à fração social-<strong>de</strong>mocrata do Partido Nacional, que circulou entre<br />

agosto <strong>de</strong> 1930 e novembro <strong>de</strong> 1931. Também fundado por Quijano, em março <strong>de</strong> 1932,<br />

pouco tempo <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>rrota eleitoral da ANDS, o semanário Acción foi uma trincheira<br />

contra a ditadura <strong>de</strong> Gabriel Terra, e alcançou cento e oitenta e quatro números. Circulou até<br />

abril <strong>de</strong> 1939, tendo sido transformado por Quijano no semanário <strong>Marcha</strong>, cujo primeiro<br />

número saiu em 23 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1939.<br />

Os propósitos dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong>ram maior alento teórico ao projeto <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong> e <strong>de</strong><br />

todas essas publicações que lhe antece<strong>de</strong>ram, no interior das quais Quijano havia tido um<br />

papel protagônico. Sua linha editorial atrelou-se à indagação sobre o ser nacional, pedra-<strong>de</strong>-<br />

toque <strong>de</strong> seu projeto político-cultural: “Y no se trata sólo <strong>de</strong>l ser nacional uruguayo, sino,<br />

sobre todo, <strong>de</strong>l ser nacional latinoamericano y <strong>de</strong> nuestra inevitable integración - seamos o no<br />

concientes <strong>de</strong> ella - con los otros países <strong>de</strong>l Tercer Mundo.” 237 Os <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong>, po<strong>de</strong>ria dizer,<br />

surgiram com o anseio <strong>de</strong> <strong>de</strong>satar o “nó histórico da América Latina” para o qual Aníbal<br />

Quijano chamou a atenção. 238 Como o sociólogo peruano, o diretor dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong>, embora<br />

235 AGAMBEN, G. (2005, 18 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong>). “A Política da profanação”. Entrevista concedida a Vladimir<br />

Safatle. In: Folha <strong>de</strong> S. Paulo, Ca<strong>de</strong>rno Mais! [São Paulo].<br />

236 AGGIO, Alberto. Um mundo complexo. [online] Disponível na Internet via WWW. URL:<br />

http://www.unesp.br/aci/jornal/176/livros.htm. Arquivo consultado em 21 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008.<br />

237 QUIJANO, Carlos apud BASSO, Luisa Peirano. Op. cit., p. 99.<br />

238 A sugestiva figura <strong>de</strong> linguagem utilizada pelo sociólogo peruano diz respeito às tópicas medulares do<br />

pensamento latino-americano: a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>mocracia, a unida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento. Em<br />

sua opinião, ninguém encarnou mais essas tópicas do que o seu conterrâneo, o escritor e antropólogo, José María

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!