Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina
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Convidados <strong>de</strong> Plata, da editora Sandino e números dos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>. Quando<br />
indaguei ao senhor que aten<strong>de</strong> prestimoso a todos que chegam, proprietário da livraria,<br />
imagino, sobre o livro <strong>de</strong> Carpentier, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> indicar o nome da editora, ele me disse que<br />
seria muito difícil consegui-lo porque a Sandino havia sido fechada durante os anos da<br />
ditadura. Convidou-me para acompanhá-lo até o <strong>de</strong>pósito. Lá, mostrou-me pilhas <strong>de</strong> volumes<br />
com enca<strong>de</strong>rnações simples. Empilhados nos fundos <strong>de</strong> uma livraria, estavam todos os<br />
números do semanário <strong>Marcha</strong>. Folheei alguns <strong>de</strong>les para selecionar artigos que po<strong>de</strong>ria<br />
examinar posteriormente nos microfilmes da Biblioteca Nacional. Saí da Napolivros com a<br />
impressão <strong>de</strong> que aquele senhor guardava os volumes <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong> sem a intenção <strong>de</strong> vendê-<br />
los.<br />
Há uma anedota bastante burlesca sobre o Palácio Salvo. Conta-se que, quando Le<br />
Corbusier esteve em Montevidéu, em 1930, caminhou com um séquito pelas imediações do<br />
edifício projetado pelo arquiteto italiano Mario Palanti. De acordo com a anedota, Le<br />
Corbusier observou em silêncio aquele gigante opressor até que parou e disse abruptamente: -<br />
“Aqui!” O séquito que o acompanhava, entre espantado e curioso, perguntou: - “Aqui o quê,<br />
senhor?” Ao que ele, irreverente, respon<strong>de</strong>u: - “É aqui que <strong>de</strong>vem ser posicionados os<br />
canhões para <strong>de</strong>struírem esse edifício.”<br />
Fig. n° 4. Foto <strong>de</strong> Cecilia Brum. Palácio Salvo, maio <strong>de</strong> 2007.<br />
Ao cruzar o trajeto entre o Palácio Salvo e a Rua Tristan Narvaja, o caminhante<br />
percebe, com a niti<strong>de</strong>z translúcida da água pura, o que Carlos Real <strong>de</strong> Azúa intuiu a respeito<br />
do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Montevidéu: a cida<strong>de</strong> é repleta <strong>de</strong> elementos<br />
híbridos ou sincréticos, termos mais crus do que a palavra ecletismo, que os historiadores da<br />
arquitetura com freqüência empregam para caracterizar com pudor o amálgama <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado e<br />
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