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Cuadernos de Marcha - Universidade Federal de Santa Catarina

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colaboradores fizeram acerca do pensamento <strong>de</strong> dois importantes referenciais teóricos <strong>de</strong>ssa<br />

“geração”: o filósofo Carlos Vaz Ferreira e o escritor e ensaísta José Enrique Rodó. Devo<br />

advertir que minha análise sobre a presença <strong>de</strong> Vaz Ferreira nos <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> não será tão<br />

extensa como a que <strong>de</strong>dico a Rodó, o que não <strong>de</strong>ve levar à conclusão <strong>de</strong> que este tem maior<br />

relevância do que aquele para o projeto político e intelectual da publicação <strong>de</strong> Montevidéu. Se<br />

o tratamento que <strong>de</strong>i a um e a outro foi <strong>de</strong>sigual, foi apenas por opção e estratégia próprias <strong>de</strong><br />

investigação.<br />

No segundo capítulo, irei me concentrar estritamente em alguns dos temas políticos<br />

que estiveram presentes na conjuntura em que circularam os <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>. A<br />

publicação <strong>de</strong> dossiês temáticos, formato que assumiram os <strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, facilitou<br />

muito o exame <strong>de</strong> questões específicas, como a eclosão do regime autoritário no Brasil. Meu<br />

ponto <strong>de</strong> partida nesse capítulo será o estudo, por meio da leitura do número inaugural dos<br />

<strong>Cua<strong>de</strong>rnos</strong> <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1967, sobre a relação entre as enunciações <strong>de</strong> seus<br />

colaboradores acerca da política internacional com as idéias <strong>de</strong> Rodó. Resta interpretar o teor<br />

dos números <strong>de</strong>dicados à análise do panorama político brasileiro. Foram publicados dois<br />

números a respeito do Brasil. Um <strong>de</strong>les intitulado A revolução brasileira e o outro Torturas<br />

no Brasil. O primeiro, com o mesmo nome do polêmico livro <strong>de</strong> Caio Prado que gerou<br />

polêmica na Revista Civilização Brasileira, apresenta textos <strong>de</strong> analistas, selecionados por<br />

Paulo Schilling, sobre diversos matizes do processo político brasileiro: os antece<strong>de</strong>ntes do<br />

golpe <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> 1964, os posicionamentos da Igreja Católica sobre o statu quo, a<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação <strong>de</strong> um movimento social organizado para confrontar o<br />

establishment e ainda estudos sobre as diferentes correntes <strong>de</strong> pensamento do exército<br />

brasileiro. O segundo também apresenta textos e documentos selecionados por Paulo<br />

Schilling, <strong>de</strong>sta vez orientados para a <strong>de</strong>núncia da brutalida<strong>de</strong> dos po<strong>de</strong>res repressivos do<br />

Estado bonapartista. Com isso, concluirei esse capítulo.<br />

No terceiro capítulo, <strong>de</strong>vo recair, em dois momentos, sobre a análise das linhas <strong>de</strong><br />

força do pensamento latino-americano, entalhadas na tessitura textual da publicação <strong>de</strong><br />

Montevidéu. No primeiro, estudarei um pouco do conceito <strong>de</strong> nacionalismo, i<strong>de</strong>ologema<br />

crucial para o projeto político do grupo <strong>de</strong> <strong>Marcha</strong>, uma verda<strong>de</strong>ira “idéia-força”,<br />

parafraseando a conhecida expressão <strong>de</strong> Fouillée 68 , no léxico da publicação e sua penetração<br />

68 Emprego aqui a mesma expressão utilizada por Quijano em sua análise sobre a idéia <strong>de</strong> “revolução”. A noção<br />

foi <strong>de</strong>senvolvida pelo filósofo francês, Alfred Jules Émile Fouillée (1838-1912), em três obras: L'Evolutionnisme<br />

<strong>de</strong>s idées-forces (1890), La Psychologie <strong>de</strong>s idées-forces (1893), e La Morale <strong>de</strong>s idées-forces (1907). Cf.<br />

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